O Engano escrita por Linesahh


Capítulo 7
Felizes para Sempre (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Yooo!!!

Eis o PENÚLTIMO capítulo da short-fic, pessoal! Cara, que emoção que dá quando uma obra está chegando ao fim ;-;

Bokuakas, estão preparados??? O momento finalmente chegou ^-^

Boa Leitura ♥️



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/798679/chapter/7

Em meio aos raios cálidos e dourados daquela poente de domingo, havia a figura de um rapaz de cabelos brancos-acinzentados dirigindo-se para os portões da Academia Fukurodani. Quem desviasse os olhos para observá-lo, repararia nitidamente em seu andar derrotado e nos ombros caídos em desventura, constatando que, certamente, aquele estava sendo um dia difícil para o rapaz.

Koutarou Bokuto estava passando por um dia ruim. Terrível, era a palavra mais indicada. Primeiro que não havia conseguido dormir direito depois do desastre da noite anterior, e segundo que, infelizmente, fora obrigado a sair de casa três vezes naquele dia — primeiro para comprar o gohan para o café-da-manhã e depois para comprar o missô que havia esquecido que ia junto com o gohan —; isso quando o que mais queria era ficar na cama até o mundo todo esquecer sua existência.

Simplesmente não conseguia se livrar da vergonha e da frustração de ter sido rejeitado por Akaashi. Era como se esses sentimentos estivessem presos em si, amarrados em suas pernas e pregados em seu coração. Naquela manhã, havia passado um bom tempo falando com Kuroo pelo celular, mas não conseguiu filtrar muita coisa que o capitão do Nekoma dissera, por estar triste e jururu demais.

Os dois haviam relatado os resultados de suas respectivas declarações, e foi com surpresa e tristeza que constataram que ambas acabaram em um fracasso total. Bokuto sentiu-se piedoso ao saber que Kuroo havia se dado tão mal a ponto de Kenma sequer ter escutado uma única palavra de seus sentimentos, por estar usando os fones-de-ouvido na hora. Ainda censurou Kuroo, dizendo que, em primeiro lugar, ele devia ter checado isso antes de começar a falar.

Quando chegou a vez de Bokuto, Kuroo ficou confuso quando o platinado disse que foi “friamente” rejeitado por Akaashi. Ele indagou o quê exatamente Bokuto havia dito na declaração, palavra por palavra. Após a citação, a voz de Kuroo ficou nitidamente irritada na linha:

— Sua coruja-bastarda! Você não seguiu o roteiro como combinamos. É claro que Akaashi não entendeu nada! — bradou em cólera.

Perplexo com seu erro, Bokuto até tentou argumentar que vôlei era o único assunto que conseguiu manipular em palavras na hora, e que por isso utilizou-se dele. Kuroo, no fim, estava impaciente demais para ouvir, e somente disse que “se arrependia de ter gastado horas de sua vida planejando o roteiro da declaração de um idiota como Bokuto” e desligou em seguida.

“Mas do que adiantaria, também?”, pensou consigo mesmo, franzindo o cenho, concentrado. Entendendo ou não a declaração, Akaashi estava com Kenma no fim das contas. O máximo que ele faria seria rejeitá-lo de uma forma educada, dando a desculpa de que estava comprometido.

— Akaashi… — pronunciou o nome em voz baixa, sentindo o peito comprimir em tristeza e pesar.

Não conseguiria encará-lo nunca mais em sua vida, não iria suportar algo assim, principalmente depois de tudo acontecera na fatídica noite anterior. Bokuto não conseguia lembrar nem quando e nem onde seus sentimentos começaram a se originar pelo levantador que era um ano mais novo que si. Eles apenas brotaram ali, como se tivessem sido plantados em seu peito desde de seu nascimento, e, só no momento em que Akaashi entrou em sua vida, há mais de um ano e meio, passaram a florescer e tomar forma em seu interior; vibrantes, carentes e, com certeza, apaixonados.

E agora? Como suportaria olhá-lo mais uma vez, sabendo que todos esses sentimentos ainda estavam enjaulados em seu coração, não tendo previsão nenhuma de que iriam se desfazer ou ao menos diminuir algum dia?

Quem sabe poderia fingir que estava doente e faltar pelo resto do ano? Essa até poderia ser uma boa opção, isso se ainda não faltasse mais de seis meses até as aulas terminarem.

“O que eu vou fazer? O quê?”, fechou os olhos, respirando fundo e tentando ao menos deter um pouco daquela ansiedade absurda que sentia no fundo do estômago.

Uma coisa era certa: não queria ver Akaashi tão cedo.

Foi como se tivesse apenas piscado e no instante seguinte já estava em frente às portas do ginásio de vôlei. O sol já havia ido embora, somente restando as estrelas e a brisa fresca da noite. Havia recebido uma mensagem de Konoha meia hora atrás, pedindo para encontrá-lo ali. Bokuto não queria ter saído de casa, mas o Akinori foi bem insistente, dizendo que era importante.

Segurou as maçanetas, suspirando. Seja o que fosse que Konoha queria, aquele não era o melhor dia para Bokuto conversar. Havia um único lado bom: obviamente, havia feito questão de perguntar mais de cinco vezes se Akaashi também estaria presente, e ficou aliviado quando o colega garantiu que não.

Prendendo-se à essa boa notícia, Bokuto abriu a porta, adentrando o ginásio.

Na mesma hora, paralisou, brecando o passo.

… Pois ali, diante de si, parado no meio da quadra, havia apenas uma figura de cabelos pretos, encarando-lhe de volta. Seus olhos — dotados da cor azul mais fascinante que Bokuto já tivera o privilégio de contemplar — fixados completamente em sua alma.

Não era Konoha que o esperava. Era Akaashi.

 

◾◾◾

 

Era a décima quinta vez que Akaashi checava o relógio em menos de vinte minutos. Havia tornado-se uma mania nos últimos minutos que não conseguia, ainda que tentasse, conter — originada de sua ansiedade crescente e nervosismo esmagador.

Ele estava chegando. Bokuto iria passar pelas portas daquele ginásio a qualquer momento, e Akaashi simplesmente não conseguia pensar como seria sua reação ao ver o ás ali, tão perto e tão longe ao mesmo tempo, ainda mais depois de tudo que havia sido dito mais cedo pelos companheiros de time.

Konoha e Komi passaram um bom tempo explicando o que Bokuto realmente quisera dizer para Akaashi na noite anterior, utilizando-se dos termos de vôlei para construir sua “declaração-peculiar”. Não foi segredo que Akaashi sentiu-se frustrado e culpado por não ter compreendido as palavras de Bokuto. Normalmente, sempre conseguia compreender o Koutarou antes mesmo que este próprio se compreendesse, mas, dessa vez, não foi capaz de fazer isso, assim como também não foi capaz de supor que o motivo de Bokuto e Kuroo terem ficado tão esquisitos na última semana era, ironicamente, a proximidade entre ele e Kenma.

Quando foi que passou a falhar tanto assim? Por que simplesmente não estava mais conseguindo compreender as coisas? Havia realmente perdido seu dom? Sentiu-se tão envergonhado por sua falha, que mal conseguiu se desculpar direito com seus veteranos mais cedo.

— É que eu pensei que… — tinha tentado argumentar, contudo, foi cortado por Konoha.

— Esse é o problema, Akaashi: você pensa demais. — ele frisou, irritado, enquanto Komi apenas balançava a cabeça em afirmação.

— Você tem que parar com isso. Não se pressione tanto. — o líbero aconselhou, empático.

Akaashi já havia escutado isso antes. E, com certeza, aquela não seria a última vez. Desde que se entendia por gente, havia criado o hábito de pensar; pensar mais do que os outros, mais rápido do que os outros, mais veemente e mais frequentemente do que os outros. Isso o ajudava a sair de situações difíceis, como quando estava numa jogada decisiva em campo e precisava decidir, numa fração de segundo, a pessoa para a qual levantaria a fim de que o jogo virasse à seu favor; no entanto, às vezes, pensava tanto e com tanta concentração, que chegava a ponto de exceder seus limites e começar a prejudicar seu raciocínio lógico.

Como aconteceu agora.

No fim, antes que Konoha e Komi fossem embora, acabou pedindo para o Akinori ligar para Bokuto, solicitando para ele ir até o ginásio. Conhecendo o Koutarou como conhecia, sabia que ele não viria se fosse Akaashi a mandar a mensagem. Ele deveria estar morrendo de vergonha e humilhação; contudo, acima de tudo, precisava consertar a situação.

Mas a coisa mais surpreendente e surreal daquela história toda, foi saber que Bokuto nutria sentimentos por sua pessoa, a ponto de ter tentado até mesmo se declarar. Então era por isso que o ás ficara tão estranho durante todos aqueles dias, por não aguentar a ideia de Akaashi estar com Kenma.

Tão simples e tão… assustador.

Não sabia o que pensar ou o que sentir. Era uma mistura terrível de sentimentos que o acompanhava desde o momento em que os rapazes revelaram esse fato. Sentia medo e receio, euforia e empolgação, dúvidas e questionamentos, tudo numa tacada só.

Bokuto gostava dele. De verdade. O que achou que nunca aconteceria, estava acontecendo. Sua covardia em esperar que o ano terminasse, deixando o mais velho escapar quando acabasse o colégio, havia sido fatalmente atingida, desabando e jazendo sobre o chão. Agora, estava livre, sem pesos, fingimentos ou auto-enganações. Precisava tomar o primeiro passo. Precisava tomar uma atitude. Era sua vez de agir.

Agora, mais do que nunca, precisava fazer o levantamento perfeito.

… Foi quando a porta do ginásio se abriu.

O coração de Akaashi parou no momento em que viu a maçaneta girar. Sua respiração falhou no instante em que a cabeleira branca-acinzentada adentrou seu campo de visão. Seu cérebro apagou no momento em que os olhos dourados chocaram-se com os seus.

Mas, mais do que tudo, sua alma encheu-se de vida, elétrica e inflamável, ao reconhecer ali, diante dela, sua outra metade; sua razão e seu propósito de existência.

Era certa e convicta. Como predestinada e escrita desde os primórdios.

O encontro entre as almas.

Por um momento, ambos pareciam ter congelado, não fazendo nada além de se encarar. Os corações, naquele instante, tornaram-se um só, com suas batidas céleres e tumultuadas, tão altas e intensas que seus ecos poderiam ser escutados por todo ginásio; silenciosamente ensurdecedoras.

Bokuto, parecendo sair gradualmente de seu estupor e choque, piscou várias vezes, como se a imagem de Akaashi fosse falsa, uma miragem fascinante e ao mesmo tempo cruel.

Abriu a boca devagar:

— Aka… Akaashi... — pronunciou seu nome como se estivesse vendo uma assombração. — Mas… Eu pensei que fosse o Konoha que…

— Eu sei, eu que mandei o Konoha-san te pedir para vir aqui. — Akaashi encontrou, enfim, sua voz, respirando fundo e tentando frear a cachoeira de emoções que lhe assolavam o interior. Fechou os olhos, tentando organizar os pensamentos. — Eu sabia que você não viria se soubesse que era eu… Desculpe por isso. — disse sincero.

Bokuto ainda segurava a maçaneta, e, pelos nós brancos de seus dedos, a apertava com força, como um modo infrutífero de passar o turbilhão de sentimentos para a estrutura férrea.

— Mas… Por que você me chamou aqui? — foi a única pergunta que pôde pensar em fazer.

Com semblante sério, Akaashi deu um passo em sua direção, decidido e determinado.

— Precisamos conversar, Bokuto-san.

Bokuto mal conseguia encará-lo. Estava tão desconfortável e agoniado que era um milagre ainda não ter dado meia volta e saído em disparada dali, fugindo da verdade. Olhar para os olhos de Akaashi estava além de suas forças; fixar as pupilas azuis capazes de despertar todo tipo de sentimento em seu interior, desde a mais ardente paixão até o mais terrível medo, era demais para si.

No fim, acabou não conseguindo resistir. Desviou os olhos para o chão, fechando-os fortemente em covardia.

— Não dá, não consigo olhar para você, Akaashi! — cerrou os dentes, sentindo a humilhação varrer cada célula de seu corpo. — Estou morrendo de vergonha por ontem… — revelou num choramingo.

Akaashi sentiu-se mal por está-lo forçando àquela situação, mas precisava ir até o fim.

— Tente aguentar, por favor. — pediu, um pouco angustiado. — Precisamos resolver tudo isso.

— Eu não consigo… — o ás desabafou. — Simplesmente não consigo…

Ao ver que Bokuto realmente não iria aguentar ficar por muito tempo naquele ambiente, Akaashi decidiu passar por cima de tudo e ignorar cerca de 80% por cento do que precisava ser dito e ir diretamente ao ponto mais importante de toda aquela história.

Dando um passo à frente, Akaashi soltou a revelação com voz neutra e firme:

— Bokuto-san. Eu e Kenma não estamos juntos.

E, pela segunda vez naquele dia, tais palavras ecoaram pelo ginásio, mais reais e verdadeiras que nunca. Bokuto, movido pelo choque, subiu os olhos para encará-lo de volta. Demorou cerca de um minuto inteiro até que ele falasse algo. Akaashi, calmo e paciente, esperou até que a informação começasse a penetrar na mente do ás.

E a única coisa que Bokuto se dispôs a dizer, perplexo, foi:

— O quê?

Akaashi continuou impassível.

— Eu e Kenma. Nunca tivemos nada. — repetiu, reforçando as palavras.

Bokuto só pareceu ficar ainda mais incrédulo, afastando-se da porta e aproximando-se do levantador com agitação.

— Mas como isso é possível?! — exclamou alto. — Eu e Kuroo tínhamos certeza que sim, nós vimos vocês dois no ginásio do Nekoma dormindo lado a lado, com as cabeças encostadas bem assim, ó. — ele gesticulou com as mãos, unindo-as, como para dar vida e forma a fala. Continuou: — A rede nem estava montada, e nem havia bola de vôlei presente! Vocês não tinham se encontrado para treinar. — insistiu.

Akaashi demorou certa de 0,5 segundos para recordar-se do dia que Bokuto estava citando. Ele e Kenma haviam passado tantas horas jogando que acabaram pegando no sono no ginásio. Se fosse considerar a data, batia com os dados de seu jogo e com a época em que Bokuto e Kuroo haviam ficado estranhos.

Então era isso.

— Vocês se enganaram. — falou, cansado. Pegou o celular, desbloqueando a tela. — Olhe, eu estava jogando esse jogo com o Kenma, por isso temos nos encontrado bastante nos últimos dias e… Bokuto-san, você está me escutando? — questionou, franzindo o cenho.

Bokuto não parecia estar escutando uma única palavra do que dizia, apenas resmungando e murmurando coisas para si mesmo, ainda incrédulo e, aparentemente, cético.

— Não, não, tem algo muito errado nessa história. — não parava de dizer. — Eu tinha certeza de que você e Kenma estavam juntos, certeza absoluta. — frisou. — Até já estava esperando vocês saírem dos status de “solteiro” a qualquer momento nas redes sociais!... — balançou a cabeça, descrente. — Não, não, tem algo errado nessa história…

— Bokuto-san. — o chamou.

— Você só pode estar brincando comigo, Akaashi, isso é muito cruel para se fazer, mas só pode ser isso…

— Bokuto-san. — insistiu, aumentando o tom de voz, sentindo a impaciência e a irritação começarem a brotar em seu consciente.

— Você e Kenma estão juntos sim, eu tenho certeza de que…

Foi nesse momento que tudo explodiu na mente de Akaashi. Todos os sentimentos embolaram-se num só ao mesmo tempo em que seus pensamentos desapareceram instantaneamente. Sua mente, como um véu que acaba de ser puxado, clareou-se, e sua alma soube, naquele instante, que havia chegado a hora.

A hora de fazer seu levantamento.

Antes que Bokuto pudesse sequer notar o que estava acontecendo, a alma de Akaashi levou-o até ele, pegando-o pela jaqueta e unindo seus lábios pela primeira vez na vida.

O silêncio reinou. O ginásio, antes preenchido pelas vozes alteradas e pelos sentimentos ensurdecedores, agora encontrava-se quieto, respeitoso e complacente, apenas assistindo ao encontro de duas almas destinadas.

E que encontro. Era como se o beijo já tivesse um gosto conhecido, familiar, ainda que nunca houvessem se beijado. Foi como se tivessem se encontrado depois de muito tempo perdidos, apenas vagando na estrada da ignorância e da decadência, tolos em não terem tido a capacidade de olhar para o lado e se depararem um com o outro.

Mas finalmente haviam se encontrado. E isso era tudo que importava. Nada naquele mundo seria capaz de desuni-los novamente.

Pois quando há o encontro entre as almas, nada pode separá-las. É algo irrefutável, irreversível, impossível. E isso perduraria por toda a eternidade.

À princípio, Akaashi apenas pôde sentir o choque do outro, abalado com sua ação inesperada. Suas mãos continuavam firmemente presas à gola da jaqueta, sentindo seus polegares roçarem a pele exposta e quente do ás. Estava no comando do beijo e decidiu por deixá-lo lento e amistoso, dando oportunidade para que Bokuto se acostumasse e, com isso, passasse a correspondê-lo.

Ao ver que isso estava demorando, afastou-se um pouco, num desígnio de dar fim ao contato; no entanto, foi surpreendido pelo ímpeto do ás, que uniu seus lábios novamente, dando início a um beijo intenso; efervescente; real. Os corpos se uniram como nunca havia acontecido antes, as carícias eram suaves e ardentes; inocentes e veementes; quentes como os raios cálidos do sol e frias como as gotas de uma garoa fresca.

Agora, havia chegado a vez do ás entrar em campo.

Akaashi sentiu-se surpreso e parcialmente indefeso, sentindo um arrepio terrível e ao mesmo prazeroso subir-lhe à espinha. A desconhecida sensação assustadora e excitante de estar vulnerável o inundava sem escrúpulos; a sensação de estar ocupando agora o papel do ente dominado, enquanto que Bokuto, devagar e irresistivelmente, tomava seu posto de ataque; um ataque dominante, daqueles que possuem todo o controle da situação; exatamente o mesmo posto que ele assume nas vésperas de protagonizar uma cortada sensacional.

E o ponto marcado foi perfeito.

Os braços fortes de Bokuto o rodeavam, firmes e possessivos, deixando claro que não o deixaria sair dali tão cedo. Akaashi apenas acariciava o maxilar dele com os polegares, num gesto doce e ao mesmo tempo estarrecedor. Naquele momento, sua mente estava vazia, sem pressões ou pensamentos em abundância, apenas deixando-se focar no momento que compartilhavam, permitindo-se aproveitar ao máximo cada segundo, cada toque, cada carícia, cada respiração, cada movimento. Naquele momento, apenas um sentimento era sentido:

Felicidade. A mais pura e mais complacente das felicidades terrenas.

Com a intensificação do beijo, veio a célere falta de ar, o que consequentemente os levou a separar os rostos, quebrando o contato. Estavam ofegantes e corados, os olhos ainda fechados, aproveitando os últimos segundos de apreciação e proximidade que compartilhavam, frutos do momento mais importante que já haviam passado juntos.

Como em câmera lenta, abriram os olhos. Não houve palavras, sorrisos ou mais beijos. Nem mesmo uma queimação nos olhos, antecipando a queda de algumas lágrimas.

Não. Houve apenas um único gesto, capaz de dizer tudo ao mesmo tempo em que não se ouve nada:

Abraçaram-se. O mais puro dos gestos, o mais capaz de explicar com exatidão os sentimentos de duas almas que se encontram e querem agradecer uma à outra por sua existência.

Isso era o suficiente. Nem mais, nem menos.

Como um sonho que chega ao fim, um som alto de gritos e vivas preencheu o ginásio, vindas de um grupo que, até então, estivera escondido, assistindo à toda a cena intensa e, com certeza, a mais emocionante que teriam o privilégio de ver em vida, quem dirá vivenciar.

Eram eles Konoha, Komi, Yamato, Washio e Onaga; todos ostentando radiantes sorrisos e comemorando como se tivessem vencido a partida mais difícil e importante do mundo.

— Finalmente vocês se acertaram! — Konoha deu um tapa estalado nas costas de Bokuto, enquanto Komi apenas ofertou umas batidinhas no ombro de Akaashi.

— Já não era a hora. — o líbero piscou.

Akaashi sentiu o rosto avermelhar instantaneamente com a ideia de que todos ali haviam assistido seu momento íntimo com Bokuto, mas o Koutarou, por outro lado — e como já esperado —, abriu o mais enorme e radiante sorriso, brandindo os braços para o alto e anunciando as tão esperadas e saudosas palavras que todos já estavam ávidos para escutar há dias:

— Hey, hey, hey! — gritou o mais alto que conseguiu, extravasando toda sua empolgação e felicidade.

— Hey, hey, hey! — os outros fizeram coro, pela primeira vez, felizes em pronunciar tais palavras. Akaashi só fez rir baixo, constrangido mas, no íntimo, sentindo uma felicidade avassaladora preencher seu peito.

O velho Bokuto havia retornado. Para a alegria de todos.

Ele, então, virou-se para Akaashi.

— Então é isso mesmo, né? Você e o Kenma não estão juntos, certo? — olhou-o com expectativa, realizando, como sempre, uma de suas perguntas sem-noção.

Akaashi conteve-se à vontade de revirar os olhos, somente sorrindo leve e assentindo positivamente.

— Exatamente, Bokuto-san. Pode ficar tranquilo. — assegurou.

O platinado deu um salto, empunhando uma palma triunfante. Após isso, enlaçou a mão do Keiji, puxando-o e anunciando que iria comprar cinco onigiris para ele. Akaashi apenas seguiu-o para fora do ginásio, saindo noite adentro, sentindo o contato de suas mãos esquentar-lhe o interior de uma forma que nem mesmo a mais potente estrela solar conseguiria.

E foi nesse instante, encarando as costas de Bokuto, disposto a sempre segui-lo a qualquer lugar do mundo se isso significasse sempre poder ter essa visão, que a verdade ficou clara diante de seus olhos.

Akaashi sempre seria a pessoa a tomar a dianteira; a iniciativa; o primeiro passo. Era ele, afinal, o levantador, a peça responsável por erguer a bola no alto, a responsável por estender as jogadas, dando todas as possibilidades e as infinitas formas para serem completadas com sucesso.

Mas, no fim, era sempre Bokuto quem iria, perpetuamente e infindavelmente, terminar a partida. Era um ciclo infinito, mas que, para ambas as almas, era, mais do qualquer outra coisa, perfeito


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

SIM, senhoras e senhores, tivemos o tão amado "Hey, hey, hey" para fechar com chave de ouro ^-^

Quanto ao capítulo... bem, assim como o anterior, não tenho palavras para expressar o que senti ao escrevê-lo/lê-lo. Só espero que tenham gostado!

E não vão fugindo não, hein! O epílogo saíra amanhã mesmo, e já adianto aqui que darei avisos MEGA IMPORTANTES no final (pode-se considerar até mesmo uma surpresa das autoras ^-^).

Beijos da Line ♥️



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Engano" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.