Vocaloid - Monogatari Wa Utau escrita por matthewillians


Capítulo 16
I Like You, I Love You


Notas iniciais do capítulo

Se Len não sabia amar, Rin amava demais. Ou pensava que sim, porém estava mesmo era numa saia justa. De quem ela gostava afinal? Do irmão mais novo, seu gêmeo, com quem partilhara a vida até agora ou garoto alto, idiota e gentil que conhecera a apenas cinco meses atras?



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            Eu sempre amei meu irmão de uma forma meio possessiva, talvez porque quando éramos menores ele costuma ser o principal alvo dos valentões e, embora isso tenha mudado com o passar dos anos, minha forma de tratá-lo não mudou, porém ele nunca pareceu se importar.  Isso talvez se deva ao fato de que eu também nunca fui muito sociável. A típica garota problema. Brigona, pavio curto, tagarela, implicante. Sem ele, sem a nossa dupla, eu sou apenas uma delinqüente, eu estou sozinha. Eu odeio ficar sozinha.

            Estou dizendo, sei que sou egoísta, narcisista, uma verdadeira peste para qualquer um que cruze meu caminho ousando discordar de mim, entretanto ele sempre me aceitou, apesar de tudo e de todos. Talvez seja por isso que amá-lo seja tão natural para mim. Tão obvio, tão certo, que acabei me apaixonando por aqueles olhos azuis, cabelos louros e personalidade carismática sem me dar conta.

            Neste meio tempo, eu me aproximei de outro garoto, de cabelos e olhos tão azuis quanto a noite mais bela, alto e possuidor de uma personalidade que hora pende para a idiotice extrema, hora para um galanteador carinhoso e gentil. Eu pensei que pela primeira vez estava gostando de alguém, mas não era isso, foi um engano meu, a verdade é que ele foi algo como meu primeiro amigo garoto, a primeira pessoa de quem me tornei próxima sem ser meu irmão.

            Como descobri isso? Foi naquela semana logo após a gravação de World is Mine, ou melhor, tudo começou bem antes, quando eu vi Len com a Neru, sua namorada. Eu odeio ter que admitir, mas a verdade é que me mordi de ciúmes. COMO ASSIM ELE ESTAVA NAMORANDO? E como assim eu era a ÚLTIMA a saber? Eu sou irmã dele, tenho os meus direitos. No começo achei que fosse coisa de irmã coruja, daquelas que não larga do pé e meio que ignorei, mas depois desse dia não pude deixar de notar, nós estávamos cada vez mais afastados. E o pior, a culpa era mais minha do que dele. Andava pensando tanto em Kaito que sequer me dei conta de como Len poderia estar se sentindo e agora eu já era tarde, eu tinha perdido o direito de repreendê-lo por viver a própria vida e me deixar de lado.

            Então veio o incidente do Kaito com a Miku em que ele me consolou, o dia que passeamos juntos no parque e à tarde na gravadora. Havíamos voltado aos velhos tempos, éramos novamente a dupla Kagamine, eu estava tão feliz que sequer me importava mais com o garoto de cabelos azuis. Um dia depois, entretanto eu o ouvi falado no telefone com a Haku, nós éramos apenas irmãos, então porque eu me sentia tão traída? Tão destruída por dentro? Perguntas assim assolavam minha consciência.

            A semana foi passando e eu tentei ao máximo nos reaproximar, juro. Sempre o convidava para jogar videogame ou sair para passear, quem sabe comer alguma coisa, mas era só ele falar de alguém – de alguma garota – que eu me irritava e saía bufando. Depois acabei até desistindo, era melhor virar a cara do que brigar todo santo dia. Isso só fez as coisas piorarem entre nós, no entanto. Len cada vez aparecia menos em casa, e satisfações para onde ia ele nunca deu, não era agora que ia começar.

            Conforme crescia a barreira entre nós, àquele grande vácuo em nosso relacionamento, crescia também a nossa mágoa.

            Cheguei a conclusão, por fim, que tinha mais era que parar de me estressar com isso. Len não parecia estar se importando mesmo e ele mesmo havia dito que eu pensava demais. Tinha mais era que bolar um plano e me declarar de uma vez para Kaito, o garoto de quem eu supostamente gostava ao invés de ficar ali me preocupando com coisas como brigas de família. E foi o que fiz. Calculei o dia e o horário perfeitos. Era uma quarta-feira, os últimos raios fortes, teimosos ainda brilhavam e tingiam o céu de laranja e rosa em um belo pôr do sol. A escola estaria mais vazia àquele horário, eu só tinha de pedir que ele me esperasse em sua sala.

X

            A jovem de curtos cabelos louros exitou antes de aparecer no arco da porta, seu coração batia rápido em um ritmo frenético, estava nervosa. Ela que havia pedido por isso, entretanto, não podia simplesmente se dar ao luxo de não comparecer. Juntou suas forças, fechou os olhos e adentrou a sala.

            Ao reabri-los o que viu foi um garoto alto olhando pela janela, os raios de sol tornavam toda a sala em tons pasteis, de forma que ela não pode deixar de lembrar do próprio irmão, o que a deixou bastante irritada, embora ela não tenha deixado transparecer em nenhum momento.

            - Kaito... – Chamou apreensiva, o jovem se virou.

            - Ah, oi Rin – Ele sorriu ingenuamente, se aproximando um pouco – Você queria falar comigo?

            - Sim, é que... Sabe... Eu, aaah, como se fazem essas coisas? Eu não sou boa nisso – apertou os olhos, virando-se de costas e levando as mãos de encontro ao coração – A questão é que, bem... Eu, eu gosto de você Kaito, é isso. – Foi rápido e embora tenho começado exitante, as últimas palavras saíram decididas e firmes.

            O garoto de cabelos azuis arregalou um pouco os olhos, sem saber como reagir. Ele gostava da garota, mas não a via dessa forma. Além do mais, ele não sentia como se Rin realmente o amasse, ele nunca tivera essa impressão, era como se a garota estivesse enganando a si mesma ao falar aquelas palavras, ao menos era o que dizia o seu sexto sentido. Apesar de que, era bem verdade, ele estava ignorando o fato de que este era quase inexistente e pouco confiável.

            - Rin-chan, sem quere ser rude, não é como se eu estivesse duvidando de você, mas... Você tem certeza disso? – Levou uma das mãos à cabeça e virou o rosto, visivelmente sem jeito por fazer aquela pergunta. Normalmente ele aceitaria qualquer garota de bom grado, mas Rin era sua amiga, ele não queria machucá-la.

            A jovem foi pega de surpresa – O que quer dizer com isso? – Perguntou voltando-se novamente para o outro abruptamente.

            - Beem, é que você nunca demonstrou isso néh. Além do mais, você me da um pouco de medo, sem querer ofender claro – ele balançava as mãos em frente ao corpo como se para evitar algum golpe violento com uma gota na cabeça – Estar com você e é quase como estar com o Len-kun e isso é estranho... Mais estranho ainda é vê-los com outras pessoas na verdade.- Q

            Por mais raiva que sentisse por seus sentimentos tão puros estarem sendo questionados, Rin permitiu-se ponderar sobre aquelas palavras. De fato ela se sentia estranha por estar longe de Len, além disso, suas personalidades se completavam. Ficava com raiva sempre que o via junto de outra garota, ou mesmo ouvia-o falar sobre alguém do mesmo sexo que ela. Seria isso ciúmes? Ciúmes de irmã? Não, era mais do que isso. Ela se sentia mais feliz ao lado de Len do que de qualquer outra pessoa, inclusive Kaito. Len a entendia, compreendia, aceitava.

            Ela amava Len.

            Essa constatação a fez cambalear, apoiando-se com uma das mãos numa das classes vazias. A cabeça baixa, a franja fazendo sobra em seus olhos de forma a impossibilitar a visão dos mesmos, mas um sorriso de canto surgiu em seus lábios.

            - Rin-chan? 'Cê ta bem?- Como eu sou idiota... Sou uma imbecil, nem posso falar dele... – as palavras saiam como um murmúrio.

            - O quê?  Hã, Rin, não foi o que eu quis dizer sabe... Tipo, na paz, se não fa...

            - Você tem razão Kaito – e então ela finalmente levantou a face, seus olhos brilhavam intensamente em um azul vívido e um grande sorriso ela abriu – Eu adoro você Kaito, mas é o Len quem eu realmente amo! Valeu Bakaitoo!! Você é demais mesmo! Fico te devendo uma! – A jovem pulava de felicidade, enquanto agradecia, deu um longo a apertado abraço no jovem – abraço que poderia ser facilmente maliciado – para logo depois sair saltitando e cantarolando da sala, deixando o jovem de cabelos azuis sozinho e atordoado.

            - WTF?! Ok, que foi isso tudo? Eu levei um fora ou é impressão minha? – Ele levantou uma sobrancelha, não podendo deixar de imaginar, só por diversão, como seria caso ele gostasse de "outra forma" de Meiko ou Akaito, tendo calafrios – NÃO! Tah, vou precisar de terapia depois dessa...

x

            No dia seguinte, à tarde, Len e Rin se encontraram rapidamente. O coração da garota palpitou forte pela segunda vez aquela semana. A descoberta ainda era muito recente para ela, não conseguia se soltar embora ele fosse o mesmo Len de sempre. Por um momento até tornou-se uma conversa natural, mas quando ela viu aquele sorriso nos lábios do garoto, tão lindo e branco de fazer qualquer garota suspirar, não teve jeito, inventou uma desculpa e saiu correndo.

            Mais tarde, a garota e sua ex-quase-paixonite Kaito foram embora juntos da escola, a pedido do garoto, ele precisava de um favor.

            - Ok Kaito, pode me soltar agora. Não quero problemas para o meu lado com esse bando psicótica que são as suas fãs.

            - Hehe – ele a soltou, pois a havia abraçado por trás de surpresa. – Até ontem você era uma delas pelo que sei.

            - Disse alguma coisa? – Olhar assassino + sorriso angelical = perigo

            - Nada... * se encolhe* Você e a outra peste amarela são MESMO gêmeos sabe...

            - Eu sei – Sorriso alegremente feliz, brilho ofuscante com direito a corações no background. – Mas então o que você precisa?

            - Que você me fale sobre que tipo de doce a Miku-chan gosta – olhos brilhando.

            - Hummm, deixa-me ver – Pensando um pouco – Lembro de ela ter dito uma vez que gostava de Pudim.

            - Nhaa, valeu Rin-chan!! – Abraça e sai correndo.

            - Como eu fui gostar desse idiota? – Gota.

           

X

            Aquela noite Len novamente não dormira em casa, já era a terceira vez na semana. A gêmea não pode se forçar a dormir, só imaginar que tipo de "coisas" seu irmão estava fazendo lhe dava vontade de espancar a primeira pessoa que aparecesse em sua frente, porém limitou-se a morder o travesseiro.

            O evitou tanto quanto possível no dia que se seguiu, mas acabou por encontrá-lo no terraço da escola. E ele estava tão lindo! Sua camisa com os primeiros botões abertos, a gravata vermelha largada, o rabo de cavalo desarrumado e a cara de sono embora perplexa. Tudo isso somado à leve brisa que insistia por soprar naquele fim de tarde, carregando com sigo algumas pétalas de cerejeira e davam um ar leve e sublime à cena.

            Ela não esperava a declaração e muito menos o beijo que se seguiu, embora também já nem pensasse sobre isso. Ela o xingou de lesma quando se achava ainda mais lerda, ficou paralisada de tanta euforia, esperou ser beijada quando queria mais era se jogar nos braços do irmão. Não importava no final ela era mesmo assim, contraditória por natureza, só a sua metade para lhe entender, aquele que a completava, que tinha o que lhe faltava. Len, seu único amor.


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Notas finais do capítulo

E fim ^^ Acabou-se minha gente, último capítulo da primeira temporada. Ainda vai sair mais um essa semana, mas ele é mais um especial pequenininho, que vai vir junto com o preview para a segunda :D Sejam felizes e aproveitem o presente de Natal. Boas festas para vocês!

Ja nee o/