Sobremesa Vermelha escrita por kicaBh


Capítulo 2
Capitulo 2




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AUSTIN -  Dias depois

Abbott me deu 15 dias de suspensão pela carta falsa e todo o desenrolar da história. Nem mesmo a solução do caso e a prisão da assassina amenizou meu chefe.

Ele ficou um pouco bravo, mas me deu um grande sorriso quando contou que Teresa pediu o cancelamento da transferência. E que ela pediu para manter as férias porque precisava rearrumar as coisas na antiga casa, já que não iria para Washington.

Teresa não me procurou nestes primeiros dias, nem eu a ela, pois imaginei que ela estivesse resolvendo as coisas com Marcus Pike e não quis interferir. Mas para marcar minha presença eu mandei chocolates, porque eu sabia que precisava cortejar a mulher em questão. Ela me amava, eu a amava de volta, mas um relacionamento era algo que precisávamos construir. E eu a impedi de ter uma casamento com Pike, eu tinha que valer a pena.

Mas hoje era 6ª feira, o dia do romance. E eu tomei coragem e mais cedo mandei um mimo para Lisbon, pães e suco para um café da manhã saudável e um convite para um jantar esta noite. E flores, as margaridas que eu sei que são as favoritas dela.

O Suerte era o melhor restaurante de comida latina de Austin, o lugar era chique, romântico e discreto, como Teresa e eu merecíamos.

Me arrumei formalmente, um terno a anos não usado, uma camisa de listras finas, não aquelas floridas do período de isolamento. E uma gravata, coisa que eu não usava a anos.

Eu agora estou na porta do Suerte, já havia conferido a mesa que eu reservara, com vista para a bonita cidade de Austin. Eu aguardava minha convidada e sabia que poderia ter ido busca-la, mas eu conheço Teresa, eu quero que ela sinta que está no controle, porque isso é importante para ela. Não quero pressioná-la, apenas me mostrar completamente disponível.

E também, confesso, estou nervoso. Ligar e confirmar a vinda dela me soou assustador, com medo dela rejeitar o convite.

Quando vi o sedã cinza escuro que ela dirige se aproximar do restaurante meu coração parou por um segundo e então ficou apressado. Mas eu estava feliz, apesar de toda ansiedade, ela veio ao meu encontro, ou melhor, ao nosso encontro.

O manobrista foi até o veículo e eu vi Teresa descer do carro.

Linda.

O vestido era na altura dos joelhos de um tom rosa escuro. Ela usava os cabelos soltos e brincos longos. O batom vermelho completava o look, pois combinava com os saltos mortais que ela usava também.

Eu sabia que tinha um sorriso bobo colado no rosto, mas não podia evitar. Ela se aproximou de mim e eu sorri ainda mais.

Lugar legal, Jane. Lisbon falou retribuindo meu sorriso. Ela não parecia estar com raiva.

Ainda não viu nossa mesa.

Nós fomos conduzidos a “nossa” mesa e eu senti que Lisbon ficou impactada. A cidade de Austin era linda de onde estávamos e na “nossa” mesa havia o melhor champagne do lugar e um rosa vermelha ao lado.

Uau. Foi a reação de Lisbon para meu completo deleite.

Eu estou me esforçando, Teresa. Eu respondi pegando a mão dela e depositando um beijo em seu punho.

Ela não me respondeu nada, mas não precisava, seu olhar dizia tudo. Ela também queria que nós déssemos certo como casal.

Nós escolhemos nossos pratos com muita tranquilidade enquanto apreciávamos o champagne. Ela me contou que estava arrumando a casa e também estava aproveitando as férias para ler e cozinhar, coisas para as quais ela mal tinha tempo devido ao nosso trabalho.

Estávamos na sobremesa quando ela me contou que o supervisor de Washington não ficou muito satisfeito com a desistência dela.

Sinto muito por essa confusão toda, Lisbon. Eu fiz meu pedido oficial de desculpas.

Foi uma coisa muito idiota que você fez, sabia?

Foi um ato de desespero. Seu eu soubesse... se eu soubesse.... Eu não consegui terminar a frase.

Se você soubesse o que, Jane?

Que bastava falar com você, dizer o que eu sentia.

Então eu olhei para Lisbon e ela estava olhando para mim de volta, tão aberta quanto naquele jantar onde eu contei da falsificação da carta.

Maravilhoso como Lisbon é disponível a mim. E como isso me assusta até os ossos.

Eu não consegui continuar falando e ela me olhava serena, os olhos úmidos e me encarando de volta.

Eu assusto você, Jane? Ela segurou minha mão, que suava e estava fria, denunciando meu nervosismo.

Mortalmente. Eu admiti e sorri para ela.

Você me assusta também. Lisbon falou e nós nos fitamos sorrindo, nos conectando, não precisando que mais nada fosse dito entre nós. Foi confortável estar ali com ela, naquela mesa, mãos unidas e olhos conectados. E de certa forma esse ato me acalmou, porque não era só eu quem estava em pânico com toda essa novidade. Lisbon também estava e acho que era isso que faria nossa nova “parceria” funcionar.

Eu era um homem quebrado, um novo relacionamento era um salto no escuro para mim. No desespero de não querer perder a Teresa eu me declarei, mas só aqui agora, nesta mesa eu tive dimensão de quanto eu realmente quero estar com ela.

E querer estar com ela é estar disposto a me abrir a ela, mostrar meu eu sem trapaça. E vê-la como ela é realmente é, também. Teresa sempre a mais reservada das mulheres com quem já tive amizade ou trabalhei. Muito pouco da vida e das emoções dela estão disponíveis na superfície, eu sei que para ela é tão difícil quanto para mim, se abrir e admitir que está tão assustada quanto eu neste momento.

Eu aproximei minha cadeira da dela, ficando bem pertinho e a puxei para perto de mim, para dentro dos meus braços. Ela aceitou o carinho e se aninhou a mim, eu pude sentir seus cabelos invadindo meu pescoço, caindo pelo me peito.

Eu quero ser o seu namorado, Teresa. Você me aceita? Eu falei baixinho no ouvido dela.

Sim. Ela respondeu sem olhar para mim, mas eu puxei o rosto dela para cima, com delicadeza, e depositei um selinho nos lábios dela.

Nós ainda tomamos um café no Suerte, antes de pedir nossa conta. E eu dispensei o manobrista e pedi para acompanha-la até seu carro.

A noite estava agradável e eu gostaria de passar mais um tempo com Teresa. Não queria me despedir ainda, também não queria forçar a barra e uma das coisas que eu tenho aprendido é que entre mim e Teresa é preciso que as coisas sejam verdadeiramente ditas.

Nós chegamos ao carro dela e antes dela apertar o alarme, para desarmar as portas, eu a virei e a encostei no carro e me aproximei muito de Teresa. Eu era capaz de sentir todo o meu corpo colado ao dela.

Depois de uma noite de muitos sorrisos e abraços e toques eu sabia que havia sido completamente perdoado, então eu queria dar um beijo de despedida em Teresa. Eu beijo devidamente dado, mas agora que estou colado a ela, não sei se quero me despedir.

Eu me mantive colado a ela, perdido naqueles olhos verdes, e deixei minhas mãos vagarem pela cintura dela e uma no pescoço. Eu enfiei minha mão na nuca de Teresa e puxei o rosto dela para perto do meu. Eu até quis dizer alguma coisa, mas eu senti a respiração curta do nariz dela batendo na minha boca e soube que seria desnecessário.

Então a beijei. Se fosse possível eu me colei ainda mais nela, a pressionando entre mim e o carro e me permiti vivenciar o gosto de Teresa Lisbon. Eu senti ela passar a mão pela minha cintura, me puxando para mais perto ainda e nada mais passou pela minha cabeça naquela momento a não ser o quanto eu a desejava. Se eu tinha algum medo por sermos amigos, por nos conhecermos a muitos anos, tudo isso foi embora enquanto a língua de Teresa duelava com a minha e o cheiro dela me envolvia.

Já passou a noite num airstream, Teresa? Eu falei quando nosso beijo terminou, mas eu não me afastei. Eu continuava tendo Lisbon presa entre mim e o carro.

Ela negou com a cabeça para responder minha pergunta.

Dizem que é a melhor parte de se relacionar com alguém de circo. Eu falei baixinho bem perto da orelha dela, deixando meu nariz vagar pelo pescoço de Teresa.

Jura? Ela sorriu a provocação e me respondeu.

Quer comprovar? Eu perguntei já sabendo a resposta.

Adoraria.

AIRSTREAM – final de noite

Por sorte, inspiração e claro, motivação, meu trailer estava limpo e perfumado. Havia um champagne na geladeira e a cama tinha lençóis novos.

Fazia muito tempo desde que eu recebi uma mulher na minha casa. Nessa casa aqui, especificamente, eu nunca recebi uma mulher. Ainda mais uma que eu desejo muito conquistar.

Lisbon estava tensa, eu pude sentir. É fácil ceder aos impulsos enquanto rola um beijo, mas minha parceira é completamente analítica, ela está pensando se vir aqui foi uma boa ideia. Ela tinha os ombros rígidos enquanto olhava em torno do meu lugar.

Eu sei que é uma frase clichê, Teresa, mas nada vai acontecer aqui que você não deseja. E Lisbon sorriu para mim, não relaxando, mas tendo consciência de que o que eu falava era verdade.

Eu sei. Ela respondeu suave, mas com o semblante ainda preocupado.

Então o que está preocupando você?

O quanto sou fácil para você !

Você acha?

Você não? Jane, eu nunca te disse não nestes anos todos juntos. Mesmo agora, com toda bobagem que você fez, eu estou aqui.

Eu me aproximei dela e pensei a respeito, principalmente pensando no que responder. Era verdade, Lisbon nunca se opôs a mim. Tá certo que eu sempre tive a bravata de usar minhas habilidades para fazer as pessoas se curvarem as minhas vontades.

Mas não era o caso aqui. O que importava para mim, no relacionamento que me via querendo ter com a Teresa, era a sinceridade com que podia me mostrar a ela. Como ela se abria para mim neste momento. Talvez se sentindo menos interessante porque não era uma mulher de truques, se ela queria, ela dizia sim. E só agora eu percebi que nossa convivência foi forjada nessa atitude transparente dela. Fosse raiva, preocupação, pena ou amor, Teresa era sempre disponível para mim.

E por isso eu não consegui não amar você. E acredite em mim, eu tentei muito, Teresa. Eu tentei ignorar seu ciúme que aparecia de vez em quando e colidia com o meu, eu tentei deixar você e viver isolado, eu tentei deixar você ir embora com o cara legal que apareceu. E eu falhei em todas as minhas tentativas, porque desde que você me acolheu na CBI eu desconfiei que seria fisgado.

Acho que minha resposta agradou porque Teresa simplesmente fechou os olhos, passou as mãos pelo meu pescoço e me beijou, profundamente.

E eu retribui sabendo que ela não iria embora antes do sol nascer.

Eu deitei Teresa na minha cama, ficando sobre ela e curtindo que o vestido que ela usava fosse curto o suficiente e macio para ser retirado. Eu não me preocupei com minha própria vestimenta, porque Lisbon pareceu gostar muito de desabotoar cada peça do meu terno.

Então o cheiro de Teresa encheu minhas narinas, um cheiro que eu sabia que era só dela e a muito tempo eu sabia que me seduzia. Quando vivi na ilha, esse cheio era uma lembrança forte na minha cabeça, eu era capaz de reproduzi-lo em minha mente. O cheiro de Teresa, que seria minha em instantes e que se eu quisesse que isso durasse o suficiente para impressioná-la e dar prazer a ela, teria que pedir para que ela parasse de me segurar desse jeito suave e certeiro. Eu mal conseguia pensar em outra coisa a não ser na mão de Teresa me endurecendo.

Eu a beijei mais profundamente ainda, se é que era possível. E nossas roupas foram retiradas na maior velocidade possível, eu precisava me perder nela. E ela dizia que me queria, no meu ouvido, eu não consegui resistir. Eu entrei fundo em Teresa, nos ajustando a essa conjunção enquanto as pernas dela me enlaçam e puxavam mais fundo.

Se fizemos alguns sons eu não sei dizer, eu perdi o foco do que foi realidade ou não, só me lembro de sentir as ondas do interior de Teresa me sugando e me deixei levar, me derramando nela enquanto dizia que a amava.

E eu finalmente admiti a mim mesmo que nunca mais ficaria longe da Teresa.

F I M


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