Sobremesa Vermelha escrita por kicaBh


Capítulo 1
Capítulo 1




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Aqui estou eu contando minha vida nos últimos dias.

E de como eu, um perito em criar planos e armações, cometi uma sucessão de equívocos digno de qualquer pessoa crua, amadora.

Imperdoável.

Entendam, eu raramente me engano. Não é só bravata para esconder meus reais sentimentos, bem, é isso também, mas eu realmente observo as pessoas, as enxergo, conheço e sei exatamente como manipula-las para fazerem exatamente o que eu quero.

E eu não quero que Teresa Lisbon me deixe e vá embora para a capital com seu namorado. Eu a conheço, sei que ela também não quer ir. Não estou enganado, não sobre ela.   

Conheço Teresa a muitos anos, trabalhamos juntos na CBI. Ela ajudou na busca de minha vingança contra Red John. Posso dizer que ela me resgatou. Ao me permitir trabalhar de outra forma, eu consegui me reconectar com a vida.

Foi por ela que eu não acabei comigo mesmo ao matar Red John. Cheguei a apontar a arma para mim, mas ao vislumbrar o sofrimento que causaria a Teresa simplesmente corri para longe de tudo que me cercou até aquele momento.

Vivi 2 anos num paraíso tropical e, não fosse a ausência de Teresa, teria vivido para sempre falando um espanhol ruim e tendo calor o ano inteiro. 

Então o FBI fez uma isca boba, mas eficaz para mim, e eu voltei. Kim Fischer foi a primeira mulher, em dois anos, com quem eu pude falar em inglês e criar uma conexão. Eu sequer lembrei de ler se ela estava fingindo ou não.

No final das contas isso não fez a menor diferença, porque foi bom retornar e voltar a trabalhar.

Eu fiquei feliz no FBI com Lisbon novamente ao meu lado e tudo estaria em perfeita harmonia na nossa vida.

Mas o destino é caprichoso e quis me mostrar que se minha vida havia ficado mais leve sem o Red John sobre minha cabeça, a vida de Lisbon também ficou mais leve com o bom emprego que ela havia conseguido. E pessoas leves começam a pensar na vida e no que a falta, inclusive uma companhia  .

Eu também pensei nisso, mesmo com todo o medo que isso me causa. Pensei em ter uma mulher ao lado quando vi Kim naquela ilha, um pouco antes disso ao escrever cada carta para Teresa e pensei nisso quando cheguei a Austin. Mas eu sei que não sou um homem capaz de ter um relacionamento novamente, não consigo me entregar.

E pensei que talvez Teresa fosse assim como eu. Ela sempre foi tão fechada em suas relações, tão econômica em seus sentimentos. Eu sei que a perda dos pais, a criação dos irmãos e o duro que ela deu para se fazer respeitada deu a ela essa couraça para as emoções. Então concluí que seriamos o par perfeito um para o outro, amigos, companheiros e distantes.

Entretanto o todo onipresente Agente Pike simplesmente apareceu nas nossas vidas e chamou a Lisbon para um encontro.

Aqui começa o meu calvário.

Não deveria me assustar que ela aceitasse o convite de Marcus Pike depois de um caso disfarçada de minha namorada onde eu me flagrava admirando a ela somente quando sabia que ela não estaria me olhando de volta. Mas eu me assustei, uma fincada no meio do peito me atingiu enquanto pensava nela sorrindo para ele, se permitindo ser tocada.

Mas confiante como eu sou, primeiro pensei: nada entre Teresa e Pike vai para frente, seria uma noite onde ela veria que eles não têm nada em comum, justamente por serem parecidos, protocolares, transparentes.

Curiosamente minha amiga e parceira gostou de Marcus Pike. Toda aquela compreensão e previsibilidade dele fizeram Teresa se sentir segura e amada. E eu me vi com sendo deixado de lado por uma amiga que sempre me tratou como prioridade.

O romance entre Teresa e Pike floresceu e eu soube que ele teria que afastá-la de mim. Eu não sou bobo, eu sei que eu e Teresa temos uma conexão profunda. Que se não fosse minha tremenda inabilidade em ter um relacionamento novamente, talvez estivéssemos juntos.

Qualquer homem que se aproximasse de Teresa e quisesse tê-la por inteiro, teria que me tirar da jogada. Por sorte, ou destino, Marcus Pike, o perfeito, foi promovido e iria para Washington e claro, chamou Teresa para ir com ele.

E eu, terrivelmente arrogante, achei que seria o fim do romance deles, que ela não iria. Teresa voltaria para mim, talvez chorasse nos meus ombros dizendo que não conseguiu se envolver totalmente. E que todo aquele meu ciúme ridículo dos últimos meses teria fim.

Ah, sim, eu admito. Eu senti ciúme de Lisbon com Pike. Muito. Sequer me reconheci, mal conseguindo dizer a Teresa as palavras que deveriam ser “não quero que você vá embora, por favor fique comigo”, mas foram “eu quero que você seja feliz, faça o que deixar você feliz”. Ela tinha lágrimas nos olhos e eu tinha pânico. Fazia anos que eu não era tomado por essa intensa sensação de não saber o que fazer.

Mas ela aceitou se transferir com Pike e sequer teve a coragem de me contar que iria embora. Quando fiquei sabendo eu entrei em desespero por não saber o que fazer com todos os sentimentos embaralhados dentro do meu peito. 

Quando conheci Angela e nós namoramos tudo foi uma aventura. Nosso romance, os sonhos, nossa filha. Era tudo leve e possível. Na minha cabeça nada poderia nos destruir. Meu romance com Angela foi algo fresco, não havia passado, ou medos, apenas duas pessoas vivendo o dia e sonhando com o futuro

E tudo isso foi tirado de mim, por minha culpa.

E apesar de minha vingança, o que eu perdi não posso mais recuperar. Não sou mais um homem inteiro, não sou mais capaz de viver o romance, eu sou um homem quebrado.

Só não sei bem como que eu, mesmo quebrado, me permiti me ligar novamente a uma pessoa. Eu considero Teresa tão parte de mim que não consigo deixar ela ir embora com o melhor homem que conheceu na vida. Um homem que não mediria esforços para faze-la feliz.

E ao invés de simplesmente ceder, baixar minha guarda e deixar o que quer que eu sinta sair do meu peito, eu fiz um plano para ela não ir embora para Washington.

Eu proporcionaria a Teresa o melhor de trabalhar comigo, lugares bonitos, imprevisibilidade, diversão e um jantar para que ela saiba que eu também a aprecio. Vestidos bonitos para ela se sentir desejada e vinho e comida de primeira qualidade.

Nesse jantar eu vou dizer a ela que não quero que ela vá embora, que somos imbatíveis juntos. E tenho certeza que ela notará que ir é a decisão errada.

Eu iria seduzi-la com um jantar, mas na minha cabeça eu não iria seduzi-la como mulher, eu não iria me envolver. Esse quase flerte seria apenas para mantê-la em Austin.  

E aqui estou eu, sentado no restaurante do IslaMorada esperando Teresa Lisbon. Eu desenterrei um caso velho, embora de uma mulher importante, para nos transportar para Miami, sol, mar, liberdade.

Abbott e Cho tentaram empatar meu jantar, mas eu os despachei para o meu quarto. Quem sabe o assassino de Greta Dijorio apareça e eles resolvam o assassinato enquanto eu concretizo a ideia de não perder minha parceira.

Quando olho para a escada, vejo Teresa descer os degraus.

Dos vestidos que deixei não pensei em qual ela escolheria, mas fico feliz com o resultado. Um branco para consertar o caso onde ela fingiu ser minha namorada, um verde para combinar com seus olhos. E um rosa, lembrando o vestido de madrinha de Van Pelt, onde ela estava linda, embora não assumisse.

Ela escolheu o rosa e eu simplesmente não consigo tirar os olhos dela, devo ter um olhar bobo na face, um sorriso grudado no meu rosto ao ver Teresa. Ela é linda, ainda mais quando se permite ser tão feminina quanto neste momento. Ela sorri para mim de volta e tudo que meu coração grita, batendo forte no me peito é: “você não pode viver sem essa mulher, camarada”.

Jane. Isso é demais. Os vestidos são lindos. Eu estou na mesa, boca aberta, olhando para Teresa. Eu lembro que sou o cavalheiro desta noite, me levanto, puxo a cabeira bem próxima a minha para ela se sentar e então me lembro de dizer algo.

Você está linda.

Você também. Teresa responde para mim e eu ainda estou olhando bobamente para ela, meu cérebro em curto.

Meu Deus, o que estou fazendo? Eu devia estar no controle da situação e deveria estar seduzindo minha parceira o suficiente para ela desistir de ir embora e perceber que ficar em Austin é a melhor decisão. No entanto, estou aqui paralisado, coração disparado e mãos suando diante dela e do quão disponível a mim ela se mostra. Ela sempre foi tão dura comigo, onde está essa mulher agora?

Estamos nos olhando sem dizer nada, admirando um ao outro. E eu não consigo desviar o meu olhar, não consigo deixar de admirar os belos olhos esmeraldas de Teresa Lisbon ou quanto o vestido tomara que caia fica bem nela.

Jane, tem certeza de que isso é correto? O assassino pode aparecer a qualquer momento por aqui.

Eu sei, Cho e Abbott estão de prontidão no meu quarto, caso isso aconteça. E Teresa me olhou espantada, mas eu não deixei que ela se levantasse quando percebi que ela queria ir ao encontro deles, voltar a trabalhar. Relaxa, Agente Lisbon, eles virão aqui se precisarem de ajuda. Curiosamente, Teresa relaxou e eu mantive minha mão sobre a dela e voltei a fita-la, só desviando o olhar quando o nosso vinho foi servido.

A partir daí eu pensei ter reassumido o controle da noite e deixei que Teresa escolhesse seu jantar e resolvi acompanha-la nas vieiras ao molho bechamel, servidas com o vinho da melhor safra do restaurante.

Conversamos amenidades e tanto eu, quanto ela, esquecemos completamente que um caso estava em andamento. No entanto, eu precisava fazer meu plano funcionar. Teresa precisava desistir da ideia estupida de ir embora.

Me sentindo confiante o suficiente, após o delicioso suflê de sobremesa, eu tomei as mãos de Teresa nas minhas novamente, querendo me fazer sedutor. Sequer notei que ela não resistiu, ao contrário, Teresa me olhava sempre com um pequeno sorriso nos lábios, como se gostando e esperando que eu fizesse isso.

Obrigada pelo nosso último jantar como parceiros, Jane. Foi incrível. Ela me falou sorridente e toda a minha resolução de seduzi-la apenas para que ela não fosse embora foi pelo ralo.

Eu simplesmente parei meu movimento com as mãos dela,  perdido dentro do olhar que Teresa me dirigia e percebendo, naquele momento, o quanto ela estava entregue ao que estávamos vivendo aqui. Enquanto eu pensava em cada ato para fazê-la ficar, ela simplesmente parecia aproveitar a oportunidade de ficar perto de mim.

Não sei o que me deu, mas as palavras pularam da minha boca sem que eu tivesse qualquer efeito sobre elas.

Não quero que você vá embora, Lisbon. Essas eram as palavras que eu deveria dizer no final da noite, depois de saber que tinha Teresa completamente enredada no meu plano. Não agora, agora era cedo demais, o restaurante ainda estava claro e o vinho ainda não tinha nos tirado do prumo. Era o meu golpe final da noite, não o começo.

Teresa não disse nada, não me deu uma resposta. Não sei, talvez ela estivesse pensando em alguma coisa para dizer, ou talvez ela esperasse que eu dissesse mais alguma coisa. Completasse a frase, explicasse porquê.

Mas eu não conseguia pensar em nada, nem continuar a dizer qualquer coisa, porque Teresa chegou mais perto de mim e me olhou fundo nos olhos, emocionada. Sem controle sobre meu próprio corpo eu posso dizer que minhas mãos tocaram o rosto dela e nos aproximou, colando nossas testas. Eu descobri que queria beijá-la, muito mesmo. Mais do que eu me lembrava de querer alguma vez beijar uma garota.

Eu ainda esperava, lá no fundo, que Teresa me afastasse e me lembrasse de que ela era comprometida. Mas ela não fazia nada do que eu esperava, ao contrário, ela fechou os olhos e manteve nossos rostos cada vez mais próximos. E se eu não perdi minha capacidade de observação, eu percebi que ela entreabriu os lábios, esperando pelo meu beijo.

E exatamente neste momento eu perdi o controle da minha vida. Nada do que eu havia planejado iria acontecer conforme eu esperava, porque a mulher diante de mim não ofereceu resistência, como eu previra anteriormente. E porque, exatamente nesse momento, eu me senti culpado por enganá-la quando ela simplesmente se abria para mim.

Então fiz a coisa mais estupida da noite, ao invés de beijá-la até que perdêssemos o folego, eu falei:

Eu escrevi a carta desse caso para o FBI, Lisbon.

Eu senti o momento exato da resistência. Ela endureceu o corpo, abriu os olhos em espanto e afastou seu rosto do meu.

Eu adoraria dizer que vi raiva no rosto dela, mas foi pior, eu vi decepção.

Teresa Lisbon me olhou novamente, espantada desta vez e se levantou.

Eu a vi subindo as escadas em direção ao seu quarto e fiquei sentado na mesa do restaurante pensando o que diabos havia me dado para não conseguir esconder a verdade dela. Eu tive um ataque de sinceridade, algo inédito a muitos anos na minha vida. Eu sempre consegui me safar e esconder minhas emoções e ações em qualquer situação. Como não consegui mentir para ela?

Ainda fiquei um tempo sentado no restaurante e não procurei saber o que houve no meu quarto, mas vi Abbott e Cho passaram com todos os suspeitos a tiracolo.

Eu não consegui mentir para a Lisbon. Eu não havia percebido o quanto a amava e o quanto me enganava sobre isso.

Preciso ir atrás da Lisbon.

— PORTA DO QUARTO DE TERESA LISBON – ISLAMORADA

Lisbon, eu preciso falar com você. Eu falei depois de bater na porta do quarto dela.

Vá embora, Jane. Aí estava, a raiva. Algo com o qual eu sabia lidar.

Por favor, me ouça.

Te ouvir? Para que? Para você me enganar novamente? Va embora, Jane. Me deixe ir embora.  

E eu pensei mesmo em ir embora e deixar que Teresa fosse ser feliz com Marcus Pike. Mas depois do que vivemos no jantar, eu não poderia. Ela esperava mais de mim, ela não se protegeu de mim naquele jantar, mesmo tendo um futuro garantido com Marcus Pike.

E pela primeira vez em muitos anos, eu esperava mais de mim. E eu queria mais dela.

Eu abri a porta do quarto de Teresa. Curiosamente ela não havia trancado.

Ela já estava de roupa trocada, a camisa verde que combinava com seu olhos e a calça preta.

Os olhos dela estavam úmidos, ela parecia um tanto quanto furiosa e havia chorado. E eu quis desistir e fugir dali, mas me mantive firme.

Eu disse para você ir embora, Jane. Ela disse enquanto enfiava as roupas na sacola de qualquer maneira.

Me ouça.

Para que? O que você quer me dizer, Jane? Que tipo de jogo eu sou para você ?

E eu não falei nada imediatamente. Fiquei olhando para Teresa pensando no que fazer, no que dizer.

Eu posso dizer que não quero que ela vá embora, mas parece pouco diante do que estamos vivendo aqui.

Eu sinto muito.

Por atrasar a minha ida para Washington? Por desenterrar um caso velho? Por tentar me seduzir com um jantar? Pelo que você sente muito, Jane?

Eu não quero que você vá embora, foi por isso que fiz tudo isso.

— E não teria sido mais fácil, mais direto, falar comigo?

— Teria funcionado? Lisbon olhou para mim e não respondeu, mas enxugou as lágrimas.

Então eu entendi. Meu Deus, teria funcionado. Eu não precisava de nada disso, bastava que eu tivesse sido sincero.

Meu taxi já vai chegar.

Eu não consegui deixa-la passar, ficando na frente da porta. Era infantil, eu sabia, mas eu precisava que ela entendesse. Mas Teresa era policial e não recuou, ela avançou sobre mim e eu a deixei chegar à porta. Quando ela pôs a mão na maçaneta eu consegui coragem o suficiente para dizer:

Teresa, eu sei que você está furiosa comigo e que eu fui um idiota. Mas, por favor, não se case com o Pike por raiva de mim.

Nem tudo é sobre você, Jane.

Isso é. Ela se voltou para mim, furiosa, como eu nunca vi antes.

Não é por raiva de você que estou indo embora, ou vou me casar com o Pike, é porque ele me ama e me respeita.

E se você sente tudo isso por ele também, eu não vou insistir. Mas se não sente, por favor, fique furiosa comigo, mas não vá embora.

E porque eu ficaria, Jane ?

Porque eu te amo.

E Lisbon ficou olhando estática pra mim, acho que sem acreditar, assim como eu, que as palavras tivessem saído da minha boca. Meu coração galopava e eu fui, neste momento, o homem mais assustado do planeta. Não consegui segurar minhas palavras depois disso.

Eu sou o homem mais assustado do mundo por te dizer isso, Teresa. Porque de todos, você é a única que sabe o quanto é difícil para mim deixar alguém se aproximar. Mas eu vivi longe de você por 2 anos e eu não quero passar por isso de novo. Eu não quero mais ver você com outro homem. E depois que você me perdoar por este bobagem toda, eu quero que você fique comigo.

E eu queria mesmo. Incrível como eu menti pra mim mesmo nos últimos meses. Vendo Lisbon e Pike como um casal eu mentia que estava tudo bem, que eu entendia, mas era tudo uma mentira gigante. Eu a amava e sentia um baita ciúme deles juntos. Tudo que eu queria era estar no lugar de Marcus Pike, mesmo que isso me assustasse até o ossos.

Lisbon ainda estava olhando para mim e as lágrimas dela escorriam soltas, o rosto esboçando um sorriso. Eu toquei suavemente a bochecha dela, enxugando a lágrima que corria como um rio em sua face. E então ela me abraçou.

Eu estou muito brava com você. E Lisbon me abraçou ainda mais forte e eu retribui, não desejando que ela se afastasse de mim.

Eu iria começar a falar alguma coisa quando ela simplesmente colocou os dedos sobre meus lábios. E falou algo que eu não esperava.

Eu sinto o mesmo por você, Jane.

Eu sei. Eu pensei, mas não disse. E por favor, não pensem que isso é arrogância. Não tem nada de arrogante nisso. Mas eu sempre soube, embora não admitisse, que a Lisbon me amava tanto quanto eu a ela. Só não queríamos admitir e encarar o que tudo isso significa na nossa relação.

Então eu a beijei, sem me importar com o fato dela estar muito brava comigo no momento. Ela também pareceu não se importar, porque ela correspondeu ao meu beijo sem resistência alguma.

Não foi um beijo cinematográfico. Ao contrário, eram um beijo de duas pessoas que se conheciam a muito tempo, conheciam o cheiro um do outro e estavam, até certo ponto, envergonhadas por admitirem que havia amor entre elas e também desejo.

Foi um beijo calmo, suave. Eu abraçava Teresa enquanto descobria qual o gosto ela tinha. E sentia ela me apertando de volta, ambos sem saber se era certo avançar mais nestes carinhos. Éramos novos e velhos conhecidos, era prazeroso, mas estranho, ao mesmo tempo.

Nós terminamos o beijo e ficamos abraçados um tempo, sem falar nada, apenas nos acostumando a sensação de estarmos juntos e perto um do outro.

E o Pike? Não era um assunto que eu gostaria de trazer à tona, mas eu não queria essa mulher pela metade.

De certa forma, acho que ele sabe.

Acho que sim.

Mas naquela noite ela não ficou comigo. Eu a ajudei a colocar a mala do carro e entrar no taxi. Um pouco de insegurança com medo dela desistir de me dar uma chance e resolver escolher o porto seguro que era Marcus Pike.

Mas esperançoso de que ela me deixava ali naquele hotel simplesmente porque não poderia começar um relacionamento comigo sendo noiva de outra pessoa.

Eu sabia que no meu retorno para Austin um novo capítulo da minha vida estaria sendo escrito.


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