Cartas para Bella escrita por Lu Cullen


Capítulo 4
Querida Bella….


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!!!!



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— Que tal se nós formos em Port Angeles esse final de semana? - Alice me pergunta. Tombo a cabeça para o lado, largando o lápis na mesa.

— Eu não sei, Ali. Tenho que ver.

— Você sempre me enrola dizendo que vai ver. - ela resmunga. Eu apenas ignoro.

— Eu vou ser convidado? - Newton pergunta.

— Claro que não. - Alice responde, passando batom em seus lábios. - Será uma noite das garotas, seu intrometido.

— Eu não sou intrometido!

— É, sim!

Eu tinha desistido de tentar fazer o trabalho em trio. Eu faria mais tarde, daria metade do crédito para Alice e Mike. Agora, minha cabeça está em outro lugar. Ou melhor, em outra coisa. A carta. 

Uma semana havia se passado. Mais nenhuma carta apareceu e minha curiosidade quis me engolir ao longo da semana! Durante os dias, tentei prestar uma atenção maior ao meu redor. Se alguém suspeito passasse pelo meu armário frequentemente, se alguém estaria me olhando mais que o normal. Não cheguei a nada! Minha conclusão final é que foi tudo uma brincadeira de mau gosto, provavelmente de Mallory. Que certamente eu odiei, já que até o sono daquela bosta me fez perder.

Respirando fundo, escuto o sinal tocar. Pego meus materiais e juntas, lado-a-lado, Alice e eu caminhamos para nossos respectivos armários. Nós nunca tínhamos prestado atenção uma na outra antes, então depois do nosso encontro no hospital, foi engraçado ver que sempre estivemos perto uma da outra.

— Tchau, garotas. - Mike se despede. 

Alice gargalha ao ver minha cara de descontentamento. Quantos foras ele precisa para entender que eu não quero nada com ele? Nada com ninguém? Bufo. Ele é estranho. A porta do meu armário emperrada não me deixa pegar minhas coisas. Alice tagarela ao meu lado enquanto faço força para abri-lo, mas de nada adianta. Dou um chute, assustando a baixinha ao lado que cala a boca rapidamente.

— Quer que eu chame o zelador, Bella? - Alice pergunta. 

Ah! Eu também estive com um péssimo humor a semana inteira!

— Mas que porra mesmo. - murmuro, dando outro pontapé no armário.

— Oi, gatinha. Precisa de ajuda? - viro para trás dando de cara com Emmett e seus amigos. Incluindo: Lauren Mallory e Edward Cullen. 

Alice revira os olhos e volta a olhar para dentro do seu armário cor de rosa. Eu já havia notado como os dois irmãos se ignoravam na escola, o que é no mínimo estranho.

— Claro, McCarty. Use seus músculos para algo útil. - resmungo, afastando-me do armário 364. Com um soco e um puxão meu armário se abre.

— Você sabe que eu posso utilizar os meus músculos para muitas coisas.

— Uma pena que os do cérebro você não usa. Se o fizesse, talvez poderíamos ter uma conversa normal.

Emmett gargalha. Ele pisca para mim para em seguida ir com seu grupinho. Eu volto ao meu armário, retirando o livro de espanhol. 

— Jasper pode sentar com nós na hora do almoço?

— Claro. Por que está me perguntando isso?

— Não sei. É que ele é amigo da… Lauren. - Alice finge vomitar. Juntas gargalhamos. 

— Desde que ele não conte nossos planos maquiavélicos contra ela, por mim tudo bem. - Alice abre um sorriso enorme, jogando-se em cima de mim. Infelizmente nos separamos, cada uma indo em uma direção.

Sorrio para a professora de espanhol, tomando a liberdade de sentar em sua frente. Após uma longa hora e meia de aula, sou liberada. Não sem antes descobrir que temos que fazer um trabalho em espanhol sobre a obra prima de Dom Quixote de La Mancha. Ela está de brincadeira com a minha cara, não é?!

Vou para o refeitório encontrando Eric e Jasper no caminho. Jasper, namorado oficial de Alice há um mês e meio, é loiro e faz parte do time da escola. Os dois se esbarraram no jogo um pouco depois de uma apresentação de Alice com os líderes de torcida e ficou apaixonado por ela imediatamente - palavras dele, não minhas. Ele é um cara engraçado.

— Como está Bellinha?

— Tudo certo, Jasper. E você?

— Cheio de trabalhos para fazer. É difícil achar um tempo para fazer quando tenho treino quase todas as tardes.

— Que merda!

— Nem me diga.

Eric tem as bochechas coradas a cada palavra que Jasper fala. Ele não sabia o que fazer com outras pessoas em volta. Muito tímido quando estamos com outras pessoas, o que também o prejudica um pouco. 

Na cafeteria, vemos Alice na mesa esperando com comida. Imediatamente, a repreendo por comprar a minha comida, eu podia pagar por ela. Alice tenta fazer descaso, alegando que estávamos atrasados e que ficaríamos pouco tempo juntos, se entrássemos na fila. Dando de ombros, lhe entrego duas notas de dez pratas, ignorando suas lamúrias.

— Você é uma chata. - resmunga.

— Sou mesmo, você que lute. - retruco, mostrando a língua.

— Somos anjos por aguentar você. - Eric diz, baixinho.

— Pode apostar, Eric. - Jasper fala, lhe dando um soco no braço. Ele abaixa a cabeça escondendo sua vermelhidão.

— Acho que vou ter que levar Pulga ao seu pai, Jasper.

— Por que? - o loiro indaga.

— O motor está fazendo um barulho estranho.

— Aquele motor do Pulga deveria já ter ido a óbito.

— Pulga é um péssimo nome. - Alice se intromete, no meio da minha conversa com Jasper.

— Já conversamos sobre o nome, Ally.

Após uma longa discussão sobre nomes de carros, o sinal bate. Alice, Jasper e Eric vão na frente já que eu iria atrás deles em poucos minutos. Levanto-me preguiçosamente da mesa com as bandejas com resto de comida para levá-las ao lixo. Ao me virar para caminhar, para a minha infelicidade alguém passava atrás de mim, esbarro-me na pessoa, derrubando tudo sobre ela. E o pior, caindo com ela!

Envolta de lixo, sento-me no chão, atordoada. Levanto-me rapidamente, dando de cara com, ah merda,  Jacob Black. Fico de pé, estendo a minha mão para o ajudar a levantar-se. Ele me ignora, levantando-se para em seguida passar as mãos pela cabeça.

— Olha por onde anda, Isabella. - ele rosna.

— Jacob, me desculpe, eu...

Sem mais, nem menos, ele sai de perto de mim. Eu nunca entendi o seu ódio por mim. O que eu fiz para ele ter tanto rancor? Um dia éramos melhores amigos e no outro ele não queria mais saber da minha cara. Suspirando alto, uma moça da limpeza disse para deixar tudo com ela. Agradecendo, caminho de volta para o meu armário entristecida.

Sento no fundo da sala de álgebra, decidida a me dar um descanso. Eu sentia falta do meu melhor amigo, engraçado, divertido e legal. Esse Jacob não é o mesmo que eu conhecia há três anos atrás. O de três anos atrás nunca me trataria com tanta frieza e nem seria um escroto. O que quer que tenha acontecido, acabou com o meu melhor amigo, dando lugar a esse desconhecido.

Aperto o punho com força, mandando esses pensamentos para longe. Quem Jacob Black acha que é para me tratar desse jeito? Foda-se que fomos amigos, eu sou um ser humano e mereço respeito! Ele vai escutar da próxima vez. 

Saio da sala, tempestivamente, caminhando furiosamente pelos corredores. Abro meu armário violentamente, pego meus materiais de biologia indo rumo a sala, onde na porta Edward dividia um cigarro com Lauren. Sem paciência esbarro nos dois com os ombros ao entrar na sala. Jogo meu material de biologia na mesa para em seguida sentar na cadeira. 

Abro o caderno, quase arrancando a capa dele com força. Porra! Se eu não tivesse vindo para Forks, não veria Jacob! É tudo culpa dessa cidade de merda! Mas foi você que decidiu vir para cá! Meu cérebro me lembra. Foi por pura pressão! Eu tinha decido não vir e no final, cedi. 

— Parece que alguém está irritadinha hoje. - viro para Edward. 

— Cala a boca, Cullen.

Ele gargalha.

— Então, o que está incomodando?

— Nada que seja particularmente do seu interesse.

— Ouch! - ele diz, pondo a mão no peito. - Assim me machuca, Bella.

Eu reviro os olhos.

— Essa cidade está me incomodando. - muxuxo. Ele tomba a cabeça para o lado.

— Eu sei como é. - responde, vagamente.

Quando o senhor Medina entra na sala, tento esquecer todo o desaforo de Jacob. Quase consigo esquecer. Eu ainda estava irritada com ele, só que mais calma. 

Uma ansiedade domina meu corpo. Vejo os olhos no meu celular 5 vezes em um intervalo de dez minutos. Minha perna balança o tempo inteiro. Olho por cima do meu ombro, encarando a sala inteira. Procurando nada em particular. Bato meus olhos em Tyler Crowley que me encarava. Eu reviro os olhos, voltando a prestar atenção na aula.

Quando o sinal toca, quase suspiro de alegria. Levanto-me rapidamente, fazendo meu caderno cair no chão. Eu o pego e saio correndo da sala. Algo em meu interior está muito agitado.

Corro para meu armário, abro-o rapidamente. Jogo meu caderno lá dentro sem mais, nem menos para em seguida puxar minhas roupas de ginástica. Espera um segundo! Meus olhos arregalaram ao ver um pedaço de envelope cair no chão. Ah não! Não, não, não! Olho para os lados, em busca de uma pessoa, qualquer pessoa! Mas.. Mas tem vários alunos no corredor, saindo de suas aulas. Puta que pariu! Merda, merda, merda! 

Lentamente, fico na altura do chão. Pego a carta em minhas mãos. Minhas mãos tremem e tento guardá-las em meus bolsos. 

— Olha só, então recebeu uma carta, é?

Levanto meu rosto o encarando.

— Se eu recebi ou não, não é da sua conta. 

— Deixa eu ver. - Tyler diz, pegando o envelope da minha mão.

— Me devolve, Crowley. 

— Eu só quero ver o que tem escrito.

— Eu já disse que não te interessa, porra.

— Está arisca hoje, hein. Vamos fazer um trato, eu te dou a carta se... - ele faz um suspense. - for ao baile comigo.

— Você tem algum problema mental, caralho? Eu já disse que não, porra! Nem se você me comprasse a porra da Apple eu iria com você, nem se fosse a porra do último homem que existisse! Porque você é a porra de um moleque chato, com culpa no cartório e que não aceita um não! Agora para de palhaçada, porque essa é minha carta! Minha propriedade e se não me entregar vou te acusar de roubo e você pode pegar uma suspensão daqui! 

Talvez, só talvez eu tenha exagerado um pouco e descontado toda a minha raiva em cima desse idota. Mas, caralho, eu estou quase cega de tanta raiva. Tyler estendeu a carta para mim e quase arranco de suas mãos. Com o rabo entre as pernas, ele volta a caminhar até o final do corredor com alguns dos nossos colegas rindo de sua cara.

Fecho a porta do armário, encostando a testa na superfície metálica.A maldita carta me tentando para abri-la. Eu deveria? Ou só por fogo? Ou simplesmente ignorar a existência? Percorro meus dedos pelo envelope com a respiração trancada. Eu queria saber o que tinha dentro? Sim! 

ESTÁ ATRAPALHANDO SEUS ESTUDOS, SUA OTÁRIA! Minha consciência grita. Porra! Largo a carta imediatamente, como se esta queimasse as minhas mãos. 

Caminho em direção ao ginásio, pensando nos prós e contras em ler a carta.

Prós: saciar sua curiosidade.

Contras: te afastar dos estudos, te deixar enlouquecida atrás da pessoa, mais curiosidade.

Ah, foda-se! 

Chego no ginásio, sentando-me em uma das arquibancadas. Com as mãos tremendo, abro a carta, a pondo na altura do meu colo, onde ninguém enxergaria. Olho para a turma, procurando algum olhar sobre mim. Ao não ver ninguém, volto minha atenção ao papel. Engulo o seco ao ver uma folha totalmente escrita com caligrafia impecável.

 

Querida, Bella

Quando te conheci, pensei que você seria como qualquer outra garota existente na nossa pequena escola. Fútil, sem planos para o futuro e que está correndo atrás de um garoto. 

A primeira coisa que notei em você, foi os seus olhos castanhos e, em seguida, sua boca suja. Desde a sua chegada, fiquei hipnotizado com sua personalidade. Tão forte e admirável! São poucas pessoas que dizem o que pensam e poucos adolescentes que não são falsos.

A falsidade é o que mais nos rodeia, principalmente nesses anos de escola. Temos que fingir a vida perfeita, fingir que nos gostamos, fingir que temos amigos e que nada nos abala. Por isso, sou do jeito que sou. E me camuflo, escondendo partes de mim que ninguém conhece, nem mesmo eu. Sendo falso comigo mesmo.

E você não é assim, Bella. Tem clareza dos seus objetivos e os deixa claro para todos. Sabe o que é errado e certo. Não tem papas na língua para dizer o que pensa. Isso é algo muito corajoso. Você é muito corajosa, Bella. E eu gostaria de ser como você. 

Você me surpreendeu, no momento que abriu a sua boca para dizer as primeiras palavras direcionadas a mim. E isso não é algo que acontece com muita frequência. O modo como é determinada e não está disposta a ceder, me deixou surpreso. Positivamente, é claro. Fiquei extasiado com o seu jeito de ser.

Sua teimosia é algo admirável, assim como quando fica irritada e franze o nariz. É fofo. Os dois são.

A segunda coisa que reparei em você foi o seu amor por livros. Você carregou o exemplar de Jane Austen o tempo todo no seu primeiro dia de aula e o modo como você ficou submersa dentro dele, me mostrou o amor que sente por livros. Ele irradia. 

Naquele mesmo dia, eu senti algo que me atrai até você e, para ser sincero, até hoje não entendo muito bem o que é. Uma força? Talvez, o destino? Isso, eu não posso responder. Infelizmente ou felizmente, não tenho uma resposta.

Você deve provavelmente estar se perguntando o porquê de eu estar lhe mandando cartas. Poderia dizer que é algo romântico, mas não estaria sendo honesto com você. A verdade é que tenho medo que me rejeite ao saber quem sou. Não sou alguém que você gostaria. Não sou o suficiente para você e saber disso, me machuca. No entanto, isso não importa. Não agora. Por hora, o que importa são essas pequena declarações.

Com carinho,

Admirador Secreto

 

Sinto todo o meu sangue esvair do meu rosto. Puta merda! Eu? Corajosa? Enfiei-me nesta cidade verde por medo de achar que acabaria com o casamento dos meus pais, mesmo que isso não fosse acontecer. Estudo quase 24 horas por dia, porque tenho medo de não ser aceita. Minha vida é rodeada por inseguranças. A ideia que essa pessoa tem de mim é ridícula! Eu não sou confiante! Metade do meu tempo escondo no meu próprio quarto para não ter que lidar com as fases da minha vida!

— Senhorita Swan? - escuto o senhor Clapp me chamar. - Senhorita Swan, está tudo bem?

— Eu acho que ela está prestes a desmaiar. - escuto algum aluno, falando distante.

Eu morro de medo de baratas. Tenho medo que minha vida, até então planejada, siga um caminho diferente, tenho medo de aranhas e também tenho medo de que um dia eu possa ficar solteirona como a minha a tia avó Batilda!

Eu não sou o suficiente para gostar de mim! Isso é loucura, certo? Eu só penso em estudar, não tenho tempo para isso. Não é um homem que vai me tornar a editora chefe de uma grande editora. Eu sou chata, intrometida e feia. Ele realmente acha que ele não é suficiente?

Sem nem perceber, Emmett aproxima-se de mim, me ajudando a sair da sala. Meus pés mal encostando no chão, sentamos juntos no chão com o senhor Clapp ao nosso lado. 

Minha visão fica turva. Ai, meu deus. Escuto algumas vozes abafadas, distantes. Minha cabeça começa a pesar. 

— Bella. - sinto o hálito de cigarro e menta em meu rosto. Viro para meu lado, encontrando os olhos azuis de Edward. Arregalo os olhos. Escuto as minhas veias pulsando em meus ouvidos. - Preste atenção na minha voz, okay?!

Minha respiração fica desregulada. Não consigo respirar. A mão de Edward toca em meu pulso.

— Me diz o que você está enxergando. 

— O que? - sussurro, sem entender. 

— O que você está vendo? Me fale.

Olho ao nosso redor. Acho que é a sala de professores. 

— Treze cadeiras. - digo. - Duas janelas e duas cortinas. 

— Isso continua. - pede, fazendo círculos em meus pulsos. 

— Um frigobar, quatro estantes e oito computadores.

Aos poucos, minha respiração se estabiliza. Assim como o meu coração diminui o ritmo das batidas.

—  Tem uma sacola de tintas e um bolo de chocolate em cima da mesa.

— Mais alguma coisa que chamou a sua atenção?

— Tem um globo de neve de Nova Jersey.

Edward solta um riso fraco. Ele pede para eu respirar fundo três vezes, nesse meio tempo, senhor Clapp foi em busca de um copo de água para mim e Emmett está do meu outro lado com um pano molhado. Ele põe na altura da minha nuca, enquanto o senhor Clapp  me entrega o copo. Bebo tudo de uma vez.

— Está se sentindo melhor, senhorita Swan? - o professor pergunta. Eu me limito a balançar a cabeça.

— Talvez seja melhor se você a liberasse. - Emmett diz. 

— Claro! Pode ir. Não quer passar na enfermaria primeiro? - nego, rapidamente. Eu só queria me jogar na cama.

— Obrigada. - murmuro para todos. Sinto minhas bochechas esquentarem por perder o controle para aquela carta. 

Emmett me ajuda a me levantar. Em silêncio, nós três caminhamos pelos corredores até os carros, após passarmos pelo meu armário. Lá, Edward pegou minha mochila e agora estamos no estacionamento. 

— Não precisam me levar. - digo, com um fio de voz. - Consigo ir sozinha.

— Não perguntei se consegue ir sozinha. - Edward responde rispidamente. Ele está bravo. - Vou levá-la para casa.

— Não quero que me leve. Já sou bem grandinha para ter alguém cuidando de mim.

Seus olhos brilham furiosos.

— Talvez, seja melhor se ele te levar, Bellinha.

Eu encaro Emmett irritada.

— HEY! - viro-me, encontrando com Seth. Ding, ding, ding! Salvador da pátria. - Soube que passou mal. Vim o mais rápido que pude.

Ele pega minha mochila do ombro de Edward, sorrindo para os garotos.

— Você vai se aproveitar e sair mais cedo.

— Você sabe que sim. - dá de ombros jogando as mochilas no banco de trás da caminhonete. - Mas fiquei preocupado também. Quase morreu.

— Está exagerando.

— Ela está mentindo, carinha. 

— Cala a boca, McCarty. - silvo, irritada.

— Enfim. - diz, mudando de assunto. Ele aperta a mão de Edward, em seguida de Emmett. - Obrigado, caras. Agora eu tomo conta desta barata tonta.

— Eu posso estar um pouco tonta, mas isso não quer dizer que não consiga te meter um soco, Seth.

Ele gargalha. Edward acena a cabeça parecendo ainda estar irritado e saí. Emmett me dá um beijo na bochecha e um soco no ombro de Seth.

Seth dirige para casa. O que talvez tenha sido uma péssima ideia. Ele passou correndo por um quebra-mola, quase acabando com o meu carro, por pouco não atropelou um esquilo; e quase quebrou o espelho em uma caçamba de lixo.

Ao chegarmos em casa, Seth me carregou para o sofá (mesmo dizendo que não era preciso), onde me enrolou com um cobertor quentinho. Ele fez um sanduíche com queijo acompanhado de um café para mim. Depois, sentou-se ao meu lado e ligou a TV. Passamos a tarde assistindo filmes.

Como sempre, nem prestei atenção ao filme Hotel Transilvânia na minha frente. A carta está em minha cabeça. Eu tive vontade de me esconder de vergonha pela minha reação. Como eu fiquei tão afetada? Naquele exato momento, em minha mente, eu decidi que descobriria quem a pessoa é. A confrontaria. Por último, pediria desculpa por se apaixonar por alguém que não existe.

Isso resolveria a minha falta de concentração e acabaria com a minha curiosidade. Eu voltaria a focar a todo vapor na escola, deixaria toda essa história de admirador secreto de lado.

Um gosto amargo vem à minha boca. Admirador secreto. Não! Prefiro, mil vezes mais, correspondente secreto. Isso é muito melhor! 

Ele disse na carta que admira a sua teimosia.— meu cérebro me lembra.

Volto a ignorar meu cérebro. 

O tempo passa devagar até a hora de Sue chegar. Ela vem até nós, arregala os olhos para sentar ao meu lado e começa a enlouquecer ao se lembrar da ligação da escola. Ela checa a minha temperatura, pergunta se estou com dor e diz que me levaria ao hospital. Eu digo que não é preciso, Seth já tinha cuidado de mim. A única coisa que precisava era um banho quente. 

Sue me pede desculpas com os olhos marejados. Ela me abraça, dando beijos estalados nas minhas duas bochechas. Ao me livrar de seu carinho excessivo, dou uma boa noite para as duas pessoas. Subo lentamente as escadas com a mochila em meu ombro, tomo um banho mais que demorado, para enfim, deitar em minha cama.

Conto as ripas no teto por um tempo indeterminado até eu tomar coragem para voltar a retirar a carta de dentro da mochila, onde eu a enfiei rapidamente para ninguém perceber. Respirando fundo, volta a encará-la. Não me recordo de ninguém com uma letra tão bonita. Sentia inveja, ninguém entendia os meus garranchos.

Uma parte bem pequena de mim, quer deixar tudo para lá, não me esquentar, deixar as cartas virem. Eu nunca me distraí tanto. E aí está o meu ponto. Nunca desfoquei tanto dos estudos. Talvez, eu deva relaxar um pouco, para ir atrás dessa pessoa. Depois, bom, depois é o depois. Eu volto para o meu canto com os livros.

Retiro um caderno de anotações da mochila junto com o estojo. Sento-me na mesa com a carta aberta, o meu telefone e o caderno. Eu encararia isso como um crime. Todo o crime tem seu assassino, no caso, o meu é o correspondente. Até a polícia achar o assassino, esta tem os suspeitos. E é exatamente isso que vou fazer.

No topo do caderno escrevo o título, suspeitos. De cara um nome vem a minha cabeça. Michael Newton. 

Lembro-me do primeiro dia na escola. Ele fez um tour comigo, ofereceu sua mesa no almoço e quando aceitei o seu lápis na aula de inglês, na cabeça dele, eu só devia ter aceitado seu pedido de casamento. Ou eu que sou maluca e confundo o seu jeito carinhoso como algo romântico, sendo que na verdade pode ser amizade. 

Certo, também tem o Tyler Crowley. Será que ele seria capaz de escrever algo assim? 

Sua idiota ele arrancou a carta de você antes de passar mal.

Exato! E se ele estava fingindo? Ele quer que eu vá de qualquer jeito para o baile. Para eu perdoar pelo acidente. Se ele acha que eu vou para o baile por causa das cartas está muito enganado.

Eu tenho aversão a bailes desde o meu primeiro ano, onde me prenderam dentro de um armário na antiga escola. Foi assustador. Eu meio que resolvi isso mais tarde. Desde então, nunca mais fui a bailes.

Não preciso me esforçar muito para pensar em outra pessoa: Emmett McCarty. Não é preciso explicar. Ele mesmo já é um grande motivo.

 E que tal Eric Yorkie? Ele sempre é tão fofo, gentil, engraçado. Eu consigo o imaginar escrevendo algo assim. Uma carta. Só que a carta parece um pouco agressiva, não combina muito com o seu jeitinho tímido. Bem, qualquer coisa é só descartá-lo.

Será que Jacob poderia ser um dos suspeitos? Na primeira vez que recebi a carta, ele estava bem apressado para irmos embora, como se não quisesse que eu lê-se a carta naquele momento. Muito suspeito. Ele que me conhece melhor que ninguém. O antigo Jacob com certeza faria algo assim. 

Respiro fundo, olhando o relógio na parede. Bocejo alto para largar tudo de lado. Rastejo até a minha cama, puxo os cobertores e deito. Antes de adormecer, meu celular apita. Eu vejo a mensagem de um número desconhecido.

Espero que esteja bem. Depois que passou mal hoje. 

Arregalo os olhos.

Quem infernos é você

 

Demora apenas alguns segundos para a mensagem chegar até mim.

 

Só o seu admirador secreto.

Mas que porra?

Se vc tá de volta com a sua boca suja, acho que ja tá bem.

 

Arregalo os olhos. Argh!

 

Não vai me dizer quem é?

Sério?

Tenha uma boa noite, princesa.

 

Ele havia me cortado? AH mas que desgraçado!

 

Má noite, seu cuzão.

 


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Notas finais do capítulo

Bem foi isso ... Espero que tenham gostado! Vejo vocês na semana que vem, só que mais cedo kkkk



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