Cartas para Bella escrita por Lu Cullen


Capítulo 3
Mas que porra é essa? Admirador Secreto?


Notas iniciais do capítulo

Heyyyyyy.... Eu disse q ainda postaria hoje mais um.... Esse capítulo é mais monótono só para conhecer a rotina da Bella e as pessoas que ela conhce... Então, vamo lá, vamo lá



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Isso foi há dois meses e cinco dias, para ser exata. Dois meses que eu me condenei ao meu inferno particular, chamado Forks, a cidade alienígena e insignificante na Península Olympic, a noroeste de Washington onde mais da metade do tempo o sol não aparece. 

— BELLA! - escuto o grito de Sue, vindo do andar de baixo. 

Não é a minha primeira vez morando aqui. Passei mais de um ano com os meu avô no início do nono ano. Digamos que não foi a minha melhor estada em um lugar.

A porta do meu quarto é aberta após uma batida e a cabeça de Seth aparece. Seth tem cabelos negros, uma pele bronzeada e olhos puxados. Presidente Miau entra no quarto, enroscando-se em minhas pernas enquanto eu fecho o livro à minha frente com certa força.

— É melhor você descer. - ele diz, jogando-se na minha cama. Dou-lhe um tapa em sua barriga de fora. Ele resmunga de dor.

— Você tem muito fogo no rabo garoto. - resmungo. Ele nunca usa uma camisa dentro de casa.

— Eu sou tão quente que o meu corpo precisa mostrar isso. 

— Com o seu suor nojento? - retruco - E é melhor você sair da minha cama. - digo. - Vai infestar ela com suas doenças. - ele me lança um sorriso sem mostrar os dentes 

— Eu não tenho doenças mentais como você que já está estudando a essa hora. - diz, saindo o mais rápido possível do quarto.

 Abro a porta branca do quarto para o closet. Tiro de lá uma calça jeans, regata preta, uma camisa rosa, jaqueta preta e meus all-star vermelhos. Visto-me rapidamente para, em seguida, pegar a mochila de um ombro só. Pego o livro de história que usei para estudar alguns minutos antes, guardo-o assim como meus óculos de leitura, que para a falar a verdade, eu mal usava.

Desço as escadas com o carpete velho para ir à pequena cozinha. Na mesa de quatro lugares, há Seth, devidamente vestido, devorando uma tigela de cereal enquanto mexe no celular. Eu abro a geladeira para pegar um iogurte. Nesse meio tempo, pego meu celular para checar as mensagens. 

Hayley me dando bom dia, Charlie com fotos e várias no grupo da classe de 2020. Nada particularmente interessante. Sento-me na mesa para comer um cereal junto do iogurte. Largo tudo na pia para encher um copo térmico com café. Eu não sobrevivo um dia sem essa bebida dos deuses. Cafeína tem que estar sempre em meu sangue. 

— Bella. - Sue chama-me. Procuro por ela até que encontro-a fora de casa. Pela janela da cozinha vejo-a conversando com Billy Black, ao seu lado está seu filho, Jacob Black. Resmungo baixo.

Largo o café na bancada da pia e caminho para fora da casa quente. O vento joga meus cabelos para trás e sinto uma leve garoa. Novidade! Sue põe as mãos nos meus olhos. Eu arqueio a sobrancelha.

— O que? - murmuro, quando ela pede para eu andar.

Caminhamos lentamente, porque 1: eu não enxergo nada e 2: eu podia escorregar facilmente na grama molhada. Paramos bruscamente. A voz de Sue está animada demais para o meu gosto.

Nesses dois meses pude perceber o quão previsível ela é. Está sempre animada, feliz, com um motivo para sorrir. É destrambelhada e esquecida, por isso tem mil e um bilhetes espalhados pela casa toda. Seth disse que aprendeu a viver com esse jeito alegre demais e que agora não o incomoda mais. Ele me chama de ranzinza por odiar isso.

Talvez eu esteja me tornando ranzinza. Esse lugar me deixa assim, infeliz.

— Pronta? - Sue guincha no meu ouvido.

— Eu nem sei para o que que deveria estar pronta.

— Ah, vamos! Está pronta?

— Claro. - respondo sarcasticamente. Suas mãos saem dos meus olhos e eu franzo a testa.

Há uma lata velha vermelha na minha frente. Um chevy de dois milhões de anos atrás. Talvez Jesus tenha andado nessa coisa. Viro-me para Sue. Ela bate palminhas enquanto Billie Black abre um grande sorriso. Jacob tem um sorriso sarcástico no rosto. Oh isso..

— Isso é para mim? - pergunto. 

— SIM! - Sue grita, jogando os braços para cima. 

— Você comprou?

— Claro. Achei que você ia gostar. É vintage e sei que gosta de coisas velhas. Além do mais, Billy me deu um bom desconto.

Chego perto da caminhonete, dando uma batidinha em sua porta. Parece tudo estar certo, em seu devido lugar. Abro a porta do motorista e enfio-me dentro do carro, sentindo o cheiro de menta com tabaco. No espelho tem um chaveiro de dados coloridos.

— Então. - Sue apoia seu queixo na janela. - Gostou?

Gostar é eufemismo. Eu amei! É uma lata velha caindo aos pedaços, mas é a minha lata velha caindo aos pedaços! A caminhonete tem o seu próprio estilo que combina muito com o meu. Sinto meus olhos encherem de água, mas trato de segurar as lágrimas. 

— Sim. - murmuro, passando as mãos pelo volante. Sorrio para Sue. - Eu adorei essa lata velha. Obrigada. 

Uma coisa eu não podia reclamar de Sue, ela sempre tenta fazer com que a minha estadia aqui não seja infeliz. Tanto que deixou eu arrumar o meu quarto do jeito que queria, arranjou um gato quando eu disse que gostava e agora essa lataria. 

— Ótimo! Então você já pode levar Seth e Jacob e estrear essa belezinha. - Billy fala. Ele cutuca Jacob, que revira os olhos.

— Isso! Pelo menos agora posso riscar das minhas notas para buscar vocês. - Sue muxoxo para si mesma.

Ela já nos esqueceu na escola, milhares de vezes. Tendo algumas dessas vezes, algum colega bondoso decidir me dar uma carona.

 - Todos vão invejar a Bessy.

— Bessy? - pergunto.

— O nome da caminhonete. - o garoto ao lado do cadeirante responde.

Minha lata velha, meu nome. Nada de Bessy. Não combina com ela.  Penso. 

Volto para dentro de casa correndo. Pego minha mochila e como sempre apreço Seth. Ele fica emburrado ao ver a caminhonete, pois eu ganhara um carro primeiro. Fiz a coisa mais madura do mundo e lhe mostrei a língua. Antes de partirmos, despido-me dos dois adultos.

O caminho para a escola foi quieto. Se não fosse pelo rádio tocando, poderia se escutar uma agulha caindo no chão. Eu prestava atenção na estrada, Seth entupia-se com café ao meu lado e Jacob estava no banco de trás, calado.

Ao chegarmos na escola, Seth desce do carro, indo em direção aos seus amigos. Respiro fundo, olhando Jacob pelo retrovisor e quando faço menção de abrir a boca, ele cai fora, me deixando sozinha. Pego minha mochila e saio da lata velha. Eu ainda lhe daria um nome decente. Bessy? Humpf! Que horrível!

Distraída deixo a chave escorregar pelos meus dedos, caindo em uma poça de água. Resmungando abaixo para pegar, no entanto, uma mão já se colocava dentro da poça, retirando as chaves de lá. Ergo minha cabeça e sorrio ao ver Edward Cullen, meu parceiro em biologia e um delinquente.

Ele já havia tido feias brigas de rua, rachas com sua moto, um pulmão no caminho da autodestruição e um incrível número de garotas com uma leve queda por ele. Fora isso, toda a sua má conduta de bad boy, os momentos que tive com ele sempre foram agradáveis. 

— Pensando em Yale?

Diferente de mim, Edward não se importa muito com os estudos - previsível. No entanto, o desgraçado tirava notas incrivelmente boas - totalmente imprevisível. 

— Pensando no nome que darei para essa lata velha. - digo, quando ficamos de pé. Ele entrega-me as chaves e muda o foco de seus olhos verdes para a picape.

— Eu colocaria de Petúnia.

— Muito grande. - respondo quando começamos a caminhar lado a lado para a escola que parecia um conjunto de casas geminadas.

— E Cece?

— Muito pequeno.

— Que tal Pulga?

— Pulga?! Você não escutou o barulho que aquela coisa faz? Não viu o tamanho dela?

Edward e eu paramos em frente aos armários, ele abre um sorriso, tirando de dentro da jaqueta de couro um cigarro. Acende e dá uma tragada enquanto passa as mãos pelos seus cabelos ruivos.

— Exatamente. - ele diz, me lançando uma piscadela. Ele vira-se e vai embora.

Revirando os olhos, vou para meu armário. Depois de pôr a senha no cadeado e enfrentar uma grande luta para abrir a porta emperrada, abro-o, coloco meu casaco e mochila dentro. Pego a apostila de inglês e penso nos trabalhos depois da escola. Eu devia ter pensado duas vezes antes de aceitar trabalhar. 

Fecho o armário verde com um pouco de força mais que necessário e tomo um susto ao ver Mike Newton ao meu lado. Instintivamente bato com minha apostila em seu ombro. Ele faz uma careta de dor.

— Filho da puta. - guincho. Ele abre um sorriso.

— Aula de inglês, mademoiselle. Vamos? - ele pega meus livros sem pestanejar, saindo a minha frente.

Mike Newton, diferente de Edward e assim como Jacob, nasceu e cresceu em Forks. Eu duvidava que ele sairia desse lugar. Tem um rosto rechonchudo e cabelos loiros. Ele podia ser muito grudento, mas até que é legal.

Ao entrarmos na sala, sento-me no meu lugar na frente do quadro. Quase suspiro de alegria ao ver uma baixinha com sapatos alto rosa entrar na sala junto do professor. Alice Cullen, baixinha, fissurada por moda e com um coração enorme.

Nos conhecemos quando tive que ir ao hospital, onde seus pais trabalham. A van de Tyler Crowley quase me matou, se tivesse ido mais 30 centímetros para a direita, com certeza teria o feito. Alice estava lá e me fez companhia até Sue e Seth chegarem para me pegar. Viramos amigas, desde então.

— Bom dia. - ela diz, me abraçando, seguida de um beijo na bochecha. Ela é muito carinhosa.

— Como está?

— Nada aconteceu de ontem para hoje, a não ser que Jasper foi conhecer meus pais oficialmente. Foi divertido e nada aterrorizante.

— Isso é bom, eu acho.

— É sim. 

O assunto acaba por aí, pois o professor começa a falar e eu não gostaria de perder uma palavra do que ele falava. Literalmente. Eu coloco o meu celular para gravar, assim, reviso quando chego em casa.

Consegui me adaptar muito bem na escola. Achei até um pouco mais fácil que a minha em Nova Iorque. Isso não quer dizer que fiquei molenga. Arranjei um trabalho na cafetaria de uma amiga de Sue, senhora Croft e de 15 em 15 dias ia ao abrigo dos animais como trabalho voluntário. Tudo isso tinha um único objetivo, faculdade.

Cada hora, cada minuto que eu estudava e trabalhava, era para esse e somente esse objetivo. Algumas vezes me dava a liberdade de ir na casa de Alice ou assistir algum filme com Seth, mas nada demais. Eu poderia fazer isso quando estivesse com a minha bolsa 100% na faculdade de Yale.

Tomo um gole do meu café quando o sinal toca, avisando a troca de período. Alice, Mike e eu caminhamos juntos até o prédio três, onde cada um de nós seguiu um caminho diferente. Entro na sala da senhorita Blake que ensina espanhol. Eu não sou particularmente fã, mas fazer o quê?!

Após uma longa aula com “mucho” e “peros”, somos liberados para o almoço. Espero que todos os alunos saiam para eu ter uma conversa com a senhorita pela nota errada que ela me dera em seu último teste. Depois de alguns minutos, ela entrega-me novamente o teste com um “A+”. Sorrindo, volto para o meu armário para largar meus materiais e corro para a lanchonete com meu estômago implorando por comida.

Entro na extensa fila, com a minha atenção no grande local. Lembro-me no meu primeiro dia, que eu estava com as calças quase borradas de medo, onde sentei na mesa de Seth. Seus amigos foram até legais, tirando as piadas sexistas e o modo porco como são. Sentada ali que vi Jacob Black pela primeira vez, depois que voltei para cá.

Jacob Black e eu fomos amigos por muito tempo, ele morava em Nova Iorque até Billy decidir voltar para Forks. No entanto, ele foi posto em uma escola militar e nunca mais nos vimos. Quando cheguei, foi um choque grande ao vê-lo. Tentei conversar, mas Jacob me mandou para longe.

Pago a moça quando pego nuggets, hambúrguer e um refrigerante. Eu nunca fui alguém com uma alimentação saudável, na verdade minha dieta é exatamente igual a de uma criança de 5 anos de idade. Percorro os olhos pelo refeitório, encontrando Alice, Eric e, que diabos, Crowley. Passo pelas mesas com cuidado para não derrubar nada em ninguém como uma vez fiz com Lauren Mallory. Foi horrível!

Algo que eu sempre achei estranho foi como Lauren e Edward fazem parte do mesmo grupo de amigos, onde teoricamente era para Alice estar. Edward mesmo sendo um cafajeste metido a besta, é gente boa, diferente de Lauren que é uma vadia.

— Oi, gente. - digo, ao sentar na mesa.

— Nuggets! - Alice diz, pegando um. Eu reviro os olhos, pegando uma de suas batatas fritas. 

— Então, Bella, sobre a minha proposta.

— Olha, Tyler, eu já disse não. 

— Só que você nem me deixou explicar os planos.

— Simplesmente não quero saber como seria uma noite épica. Agora, se você não tem mais nada a dizer, eu ficaria muito feliz se você saísse daqui.

— Tchau, Tyler. - Alice diz, sorrindo e acenando. O garoto bufa e saí.

— Ele é um pé no saco. - digo. 

— Um babacão. - As bochechas de Eric coram. Ele é tão tímido

— Novidades? 

— Nada. - diz. - Posso pegar um de seus nuggets? - alcanço a bandeja para ele pegar.

— Você tem que eu sei. - Alice me acusa.

— Tenho?!

— Tem!

— Qual que eu não estou sabendo?!

Eric ri baixinho. 

— Você está com uma caminhonete.

— Falaram que meu irmão até te ajudou a escolher o nome para a lata velha.

Abro a boca. Como?

— Não é nada demais. 

— Qual o nome? - Eric pergunta.

— Pulga. 

— Que nome ruim. - Alice comenta. Reviro os olhos, sorrindo.

— Não é tão ruim.

— É péssimo, Bella. - Eric concorda.

— Estraga prazeres.

— Da próxima vez, converse comigo para bons conselhos.

Eu poderia passar todo o tempo do mundo conversando com esses dois, mas tudo o que é bom, dura pouco. Logo o sinal bate novamente e mesmo desanimada, levanto da mesa e juntos caminhamos pelos corredores. Pego os livros dos últimos períodos: álgebra avançada e biologia. 

Antes de voltar ao meu caminho, uma cabeleira loira passa ao meu lado, batendo em meus livros de propósito. Lauren Mallory, com seus incríveis olhos verdes, encara-me de cima a baixo antes de gargalhar e voltar a caminhar.

— Claro, aceito suas desculpas, Mallory. - digo, alto o bastante para ela escutar. A loira se vira, arqueia a sobrancelha e saí pisando firme para longe. 

Eu me sentia incrivelmente bem sabendo que não tinha aula com essa vadia.

Ajoelho-me no chão para pegar meus materiais. Duas grandes mãos juntam-se comigo e reviro os olhos ao ver Emmett McCarty, capitão do time de futebol, à minha frente. Ele me tirava do sério com seus flertes descarados. 

— Uma princesa não deveria ser tratada desse jeito.

Eu não disse?!

— Se estivéssemos no meu reino, já teria mandado cortar a cabeça dela.

Levanto-me rapidamente. Emmett entrega-me as minhas coisas.

— Eu poderia te tratar do jeito que você merece.

— Dispenso. - digo, caminhando para longe. Escuto sua risada histérica quando dobro o corredor.

Eu não sei quando ou porquê tudo isso começou. Primeiro nos esbarramos no corredor, outro dia ele me viu derrubar a comida em Lauren e não ficar quieta para seus desaforos e por fim, levei uma bolada sua. Depois disso, essas investidas - totalmente ignoradas por mim - começaram.

A aula de álgebra passa voando. Eu agradeci por saber o conteúdo inteiro, pois já o tinha estudado, então fiz os cálculos dados rapidamente para me livrar rapidamente daquelas contas.

A professora Lake é conhecida por ser insuportavelmente chata, no entanto, eu não acho. Ela só não tem a matéria mais emocionante do mundo. Meu coração se aperta ao ver que muitos não prestam atenção em sua aula.

Dou um tchau para a senhora e vou para o prédio 1 para a aula de biologia. Ao chegar lá, há quatro garotas falando baixo entre si, encarando Edward, obviamente, que fumava. O mais silenciosamente que posso, sento-me ao seu lado, tentando não abrir minha grande boca metida, no entanto, eu simplesmente não consigo. 

— Se você continuar fumando assim, aos 40 anos não terá um pulmão que preste.

— Você se importa muito com o pulmão das pessoas?

— Fico preocupada com o modo que as pessoas fumantes destroem-se.

— Morremos um pouco a cada dia.

— Mas o cigarro só acelera esse processo.

Edward abre um sorriso. Ele dá uma tragada para depois soltar a fumaça em minha direção. Eu reviro os olhos, tentando tirar a fumaça de perto de mim, movendo a mão pelo ar.

— Eu tenho umas teorias.

Ele franze a testa.

— Sobre?

— Você fumar.

Ele tira o cigarro da boca para assoprar.

— Essa eu quero ver.

Sento-me na mesa, tendo uma visão melhor de seu rosto.

— Ou você é alguém depressivo que realmente quer se matar quando tiver 40 anos de idade. - ele sorri. - Ou você faz isso para enlouquecer o seu pai, pois sabe que ele não suporta isso.

Suas feições tornam-se sérias.

— E por que ele não suporta?

— Ele é médico. - digo, óbvia. Ele balança a cabeça, jogando a bituca pela janela.

— Ótima tentativa. Melhore na próxima.

Abro a boca em um “O”. Melhorar? Ele está brincando, não é?! 

— Qual o nome da sua moto? - pergunto, tentando mudar de assunto ou eu o mataria. Melhorar?! Eu não preciso melhorar!

— Por que acha que minha moto tem um nome?

— Por que você parece aqueles garotos indies de filme misteriosos, bonitos que só sabem responder uma pergunta com outro?

— Então me acha bonito? - ele sussurra perto de mim. 

— Não é o ponto. - rebato. O professor entra na sala. - Além do mais, você tinha muitas ideias para nomes.

Abro minha apostila e pego o telefone para começar a gravar a aula.

— Rambo. - murmura. Eu franzo a testa.

— Rambo?! - repito.

— Calada. - ele silva. Eu seguro a minha risada e volto meu foco ao professor.

O resto da aula passamos em silêncio. Não conversamos muito. Há dias que ignoramos um ao outro. O cara é estranho e eu não tinha disposição e muito menos vontade para tentar entender.

Após uma aula sobre núcleos de células, a aula acaba. Bato com a testa na mesa de leve. A pior parte do meu dia vinha: educação física. Levanto-me da cadeira, respirando fundo, sabendo que ocorreria uma competição de badminton. Eric, Tyler e Emmett estão nessa mesma sala, assim como Jéssica o pau mandado de Mallory.

Arrastando-me em direção ao vestiário, ponho a calça de moletom, a blusa e o casaco da escola. Quando chego no ginásio, não fico surpresa quando o professor diz que McCarty havia me escolhido como dupla. Corajoso.

Nos posicionamos atrás da rede e obviamente nossa vitória é por Emmett. Continuamos ganhando seguidamente. Eu só ficava plantada enquanto ele fazia tudo. Eu até tentava rebater, mas mantinha a raquete parada em seu canto, sem perigo.

Emmett após o final das partidas diz que arrasamos e que eu sou incrível. Tinha como ser mais cômico? Graças a deus, um garoto o chamou e ele largou do meu pé. 

Você foi incrível, gata. Consigo imaginar no que mais você pode ser incrível. Ah, merda. Essa não era para usar com você. — Eric imita o capitão. Eu gargalho.

— Ele não tem filtro, não é?

— E nem cérebro. - Eric retruca, sentando-se ao meu lado nas arquibancadas. - Como você o aguenta?

— Ele me dá nota em educação física.

— O usando para um bem maior, Bella. - Eric brinca. - Maléfica, você.

— Obviamente, meu querido Eric. 

— Isso é tortura. - Eric reclama ao ver sua dupla o chamar. 

— Não faça corpo mole.

— Você tem um grandão que faz tudo por você. Eu tenho que suar. Me deixe sofrer.

Eric desce e Emmett sobe. Apesar dos flertes, ele é engraçado com sua língua sem escrúpulos.

— Então, minha rainha, já decidi quando será nosso casamento. 

— Certo, e será?

— Na primavera. Não vai ser nem um calorão e nem uma friaca.

— Você é doido. 

— Só por você. - ele pisca. Eu empurro para longe de mim, gargalhando.

— Eu odeio, mas ao mesmo tempo te adoro. 

— Isso foi uma declaração.

— Foi um pensamento alto. Ainda estou me decidindo qual é mais. - digo, levantando ao escutar o sinal de final das aulas.

— Você ama eu e minhas cantadas. - ele se levanta. Caminhamos para o vestiário.

— Elas são péssimas. 

— Assim machuca.

— Perfeito! - falo, entrando no vestiário.

Tomo um banho correndo, ponho minhas roupas e saio do vestiário podendo pegar um resfriado. Eu preferia isso a ter tinta no meu cabelo por Jéssica e Mallory como fizeram com a pobre Ângela.

Seth encontra-se parado em meu armário, conversando com Jacob. Eu não entendo como eles são amigos. Seth é tão bondoso e Jacob tornou-se tão… sério.

— Vamos, vamos. - Seth apreça-me. - Quero comer aquela pipoca quando a gente chegar. Ah! E os nachos, nossa, ia ser incrível.

Sim, Seth só pensa em comer.

— Eu tenho trabalho hoje. - digo, lhe dando um tapa na cabeça para se afastar do armário. Ele o faz.

— Finge estar doente. 

— Seth! - repreendo-o, dou um soco no armário tentando desemperrar. Seth revira os olhos, me ajudando a abrir essa desgraça.

Pego a mochila, passo-a no meu ombro, colocando o livro de álgebra e biologia na mochila. Franzo a testa ao ver um envelope cair do meu casaco. Pego o envelope do chão, procuro por algum remetente, mas nada. Viro para Seth e Jacob mostrando.

— Vocês colocaram isso aqui dentro do armário.

Os dois negam.

— De quem é? - Seth pergunta curioso, pondo sua cabeça na frente da carta.

— Não tem remetente.

— Veja o que tem aí. 

Quando abro-o, escuto um bufo, olho para Jacob.

— Algum problema? - indago. 

— Eu tenho coisas para fazer, então será que você pode ver isso mais tarde?

Bufando, guardo a carta entre meus cadernos, disposta a ler depois que eu chegasse em casa. Sem Jacob para me atrapalhar. Fecho a porta do armário com força, descontando minha vontade de estrangular meu ex-melhor amigo ali mesmo.

Vamos juntos para o estacionamento, onde havia somente Pulga e três carros. Dirijo o mais rápido que posso para a casa de Jacob que agradece rapidamente e pula do assento, saindo do carro, levando consigo a tensão.

Seth e eu vamos conversando banalidades. No entanto, minha mente encontrava-se na carta, no meio. De quem era? Quem mandava cartas no século 21?

— Merda! - praguejo ao ver o horário no relógio da cozinha.

Tenho tempo para por meu uniforme azul claro e pegar um pacote de cookies, antes de sair de casa. Dou um beijo na bochecha de Seth e saio correndo, mandando uma mensagem para Sue avisando que chegaria em casa por volta das seis quase sete horas.

Não é um trabalho, trabalho. É mais um favor que faço. A senhora Croft precisava de alguém para lhe ajudar de segundas às quartas, durante as 16:00 até 18:00, pois ela tinha que fazer hemodiálise, durante esse tempo. Eu aceitei na hora por pena. Mas agora me arrependo um pouco, porque é cansativo.

Durante o expediente que parece não acabar nunca, sinto-me ansiosa para chegar em casa. A carta. A maldita carta. Eu queria lê-la. Desesperadamente. E eu ainda não podia ler, porque estava aqui.

A cada tic, meu coração batia mais rápido, a cada tac, eu tinha mais vontade para me isolar no meu cantinho. Quando a senhora Croft e seu marido passam pela porta, me dando um sorriso, corro para tirar o avental e chegar em casa o mais rápido possível, levando donuts para mim, Seth e Sue.

Largo o pacote em cima da mesa, escutando Sue perguntar sobre o meu dia. Grito algo como “bem” e subo as escadas, arrancando os tênis fora. Tomo um banho correndo, ponho um pijama e meias quentes para em seguida entrar no meu quarto e trancar-me dentro.

Encosto-me na porta, encarando a mochila vinho deixada na cadeira. O quarto é pequeno. A escrivaninha fica grudada na janela, aos pés da cama box grudada na parede oeste, com luzinhas tailandesas por cima da cabeceira branca. Ao lado da cama há um pequeno bidê. Na parede oposta da janela, há uma pequena porta do closet. As paredes são pintadas de azul turquesa. 

Rapidamente, pego a carta. Ponho meus óculos na cara e jogo-me para debaixo das cobertas. Abro o envelope, correndo e respirando fundo desdobro o papel dobrado ao meio. A primeira coisa que noto é a caligrafia delicada e suave. Quem dera ter isso, meus garranchos estão com inveja.

Arrumando os óculos, prendo a respiração ao ler o ínicio.

 

 Eu gosto de você. 

               

                 Att.

          Admirador Secreto                   

 

Mas que porra é essa? Admirador Secreto? Lauren estaria pregando uma peça? Qual é o problema dela? Ou seria Jacob? Ou isso é real e existe alguém que goste de mim? 

— BELLA, JANTAR! - Sue grita.

— DESCENDO! - grito de volta.

Decepcionada, jogo a carta em cima da mesa. Sinto-me enfurecida: eu fiquei desesperada para isso?! Eu sou tão burra! Com certeza que Lauren está querendo me pregar uma peça por causa do incidente do refeitório. Ela não pode simplesmente esquecer? Fecho a porta do quarto, descendo as escadas, ficando ainda mais brava comigo mesma ao querer descobrir se isso é verdade, e se for, eu tenho duas perguntas: 

1 - Por quê uma carta?

2 - Por quê gostar de mim?


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Notas finais do capítulo

Uhuuuu... Cartaaaa chegou... Espero que tenham gostado, volto no próximo domingo certo?!



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