My little angel escrita por Lou5858


Capítulo 1
Diagnóstico




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Isabella Swan sentiu um forte aperto no coração quando observou o beicinho magoado da sua filha. Alice não tinha o costume de fazer manhas, portanto, quando ela reclamava de algum incomodo ou dor, era porque eles definitivamente estavam lá.

A menininha de dois anos de idade olhou para cima e seus olhos marejados fizeram o coração da sua mãe constringir em dor, enquanto sua garganta fechava forte. Bella era uma mulher segura e bastante independente, mas ver a sua filha sofrendo era um golpe baixo para a mãe solteira.

— Já está chegando a sua vez, querida. Espera só mais um pouquinho para mamãe? – Bella suplicou, tentando segurar o próprio choro.

Alice meneou a cabeça em concordância e escalou a cadeira ao lado da sua mãe. Bella, pensando diferente, trouxe a menina para o seu colo e suavemente acariciou os cabelos negros da pequena, enquanto cantarolava Let it Be dos Beatles. Sua mãe Renée sempre cantou essa música antes de Isabella dormir - até os dez anos de idade - e, como se fosse automático, Bella passou a ter o hábito com sua filha. E agora, mais do que nunca, ela desejava que sua menina pudesse dormir para que a dor abandonasse-a, ao menos nesse curto período de tempo.

Quando Alice se aconchegou no peito da sua mãe, Bella olhou para baixo e ao notar os olhinhos da sua filha fechados, deixou suas próprias lágrimas escaparem. Tímidas e tentativas, enquanto observava as fisionomias da sua menina. Sua filha era desproporcionalmente pequena se comparada a qualquer criança da sua idade, seu rostinho era decorado com um cabelo curto e bastante preto, seus lábios e nariz finos eram delicados e davam um tom jovial àquele rosto gorducho da criança. O os olhinhos agora cobertos pela pálpebra, eram da cor mais fiel aos da sua mãe. Era quase como se os olhos da Bella tivessem passado diretamente para a sua filha.

Bella suspirou cansada e abraçou-a mais forte.

— 'Tá imagando eu. – Alice murmurou contra a blusa da sua mãe. Bella riu fraquinho e afrouxou o aperto.

Quando a menina voltou a ficar quietinha, Bella depositou um beijo na testa da sua filha e observou os arredores. As paredes eram brancas e verdes claro. As cadeiras eram também brancas e quase não existia espaçamento entre as fileiras de 6 que ficavam uma atrás das outras.

Alice e Isabella Swan estavam na sala de espera da emergência do único hospital de Forks, Washington.

A pequena criança reclamava a mais uma semana de dores intensas na cabeça. O pediatra dela receitou alguns analgésicos que surtiam efeito pelo tempo determinado pelo remédio. Alice sofria com náuseas e enxaquecas há pouco mais de quatro meses, mas elas eram esporádicas demais para estarem conectadas de alguma forma.

A gota d'água para a ida delas ao hospital foi a ligação que Isabella recebeu da creche sobre um súbito desmaio que Alice sofreu logo depois de ter vomitado na manhã deste mesmo dia. Faltavam poucos dias para a véspera de natal e, portanto, Bella teve que se revirar para sair da loja que trabalhava para conseguir buscar sua filha. Angela, sua amiga desde a época do colégio, substituiu-a no seu turno para que Isabella pudesse cuidar da sua menina.

Bella não sabia o que estava acontecendo com Alice, e a sensação de impotência a corroia por dentro.

Ela soltou um suspiro cansado quando um casal passou na sua frente, segurando um recém-nascido no colo. Bella encostou sua cabeça na parede gelada do ambiente nostálgico demais e acariciou o rosto quente da sua filha.

Desde que ela buscou a menina na creche, percebeu uma febre e só não discutiu com a professora da Alice porque a pressa de levar sua filha recém-desperta ao hospital era muito maior; não só pela dor que sua pequena sentia, mas porque a que surgiu no seu coração estava ficando insuportável.

Ela engoliu o soluço que tentava sair do seu peito, enquanto lembrava dos gemidos de dor que sua pequena menina - que nem andar direito sabia - emitia durante o sono.

— Alice Swan. – Isabella ouviu uma voz masculina chamar. Ela olhou para cima e viu um rapaz alto, e extremamente forte. Seus cabelos eram pretos e cacheados. A estatura do homem teria intimidado a mulher, caso ele não tivesse um sorriso caloroso moldado com duas profundas covinhas.

Bella suspirou e acariciou as bochechas rosadas e febris da sua filha.

— Licinha? Amor? – ela chamou suavemente. Alice gemeu e abraçou o pescoço da sua mãe, negando-se a acordar. – Bebê. O tio vai te atender agora pra ver a sua cabecinha... – ela sussurrou, acariciando os cabelos finos da sua filha.

— Mimindo.

Bella depositou um beijo na testa da menina e suspirou mais uma vez. O homem que as chamou tinha uma expressão suave, enquanto observava a interação entre as mulheres.

Isabella levantou-se e colocou Alice no seu colo, com a cabeça no seu ombro e as pernas circulando sua cintura, enquanto os braços finos e preparados da mãe seguravam atrás das pernas e nas costas. Quando se aproximou do homem grande demais, sorriu e acenou com a cabeça.

O médico que vestia um jaleco branco e tinha o nome 'Dr. McCarthy' bordado em verde.

— Me acompanhem. Sou Emmett e vou fazer uma triagem antes de enviá-la para o pediatra, tudo bem? – o homem perguntou à Isabella, que apenas meneou a cabeça em concordância.

Alice não voltou a acordar. Emmett identificou um quadro febril, mas pressão e batimentos cardíacos estavam normais. Ele ficou com uma expressão preocupada quando Bella relatou os sintomas que sua filha vinha sentindo na última semana. Dr. McCarthy, que estava apenas acelerando o trabalho do seu amigo porque ele chegaria um pouco atrasado no hospital, preferiu não comentar suas desconfianças, mas certificou-se de escrevê-las no formulário que preencheu da pequena. Edward, o amigo em questão, não era clinico geral, mas Carlisle - o médico dessa área - não poderia comparecer ao hospital hoje e, cobrando um favor que Masen o devia, pediu para substituí-lo.

Depois que o médico instruiu que elas voltassem para a sala de espera, Bella sentiu sua ansiedade crescer ainda mais.

Todos diziam que ela era nova demais para ser mãe, e não havia nada que pudesse fazê-la discordar. Mas sua pouca idade não implicava em uma incapacidade de criar sua filha. Isabella Swan engravidou com dezessete anos, no seu último ano do colégio quando um grupo de universitários de Seattle visitou a pacata Forks para entrevistar e analisar os nativos de La Push, em uma pesquisa antropológica.

Ela nunca voltou a ver o rapaz que não só tirou sua virgindade, como a ajudou a gerar uma vida dentro de si. Seu nome era Peter e ela não conseguia nem se lembrar se eles trocaram sobrenomes. Isabella estava completamente bêbada quando conheceu o rapaz e só começou a se preocupar com as consequências daquela noite algumas semanas depois.

Charlie Swan, o pai da Isabella, rastreou o homem que estragou o futuro promissor da sua filha e quando estava prestes a confrontá-lo foi impedido por Bella, que não só proibiu-o de comunicar o garoto da gravidez surpresa como de fazer qualquer tentativa de avisar a alguém.

Alice era filha apenas da Isabella, e não havia nada no mundo que pudesse fazê-la pensar o contrário.

Definitivamente ela foi imatura quando decidiu ter sua filha sozinha; mas o que poderia esperar de uma criança que em pouco tempo estaria criando outra? Portanto, seu pai optou por respeitar seus anseios e jurou ajuizar sua filha quando o estresse do momento passasse. Ele, como pai, sabia da importância que um filho exerce na vida de alguém. E por mais que seus dedos coçassem para utilizar a arma contra o menino que engravidou sua criança, ele sabia que o rapaz merecia, pelo menos, saber que estava prestes a colocar um filho no mundo.

Algum tempo passou até que o sobrenome das duas fosse chamado. A voz era grossa, mas macia e baixa; as chamou quase como num sussurro.

Bella estava cansada, mas ergueu o rosto e procurou – com os olhos – o dono da voz que a chamara. Seus olhos se depararam com um homem que era simplesmente lindo. Seu corpo era esguio, os ombros largos e cobertos por um longo jaleco branco. Seu rosto era angular, o maxilar extremamente definido e decorado por uma barba mal feita. Seus lábios eram finos e vermelhos. O nariz era reto e tinha uma leve imperfeição no meio. As sobrancelhas eram grossas e da mesma cor castanha avermelhada dos cabelos levemente bagunçados. Os olhos pareciam ser verdes, mas ela não poderia precisar a cor com tanta certeza.

Cautelosamente Isabella levantou-se da cadeira, e quando reposicionou Alice no seu colo sentiu a respiração quente da sua filha no seu pescoço e o barulho de um bocejo. Então ela sorriu, acariciando as costas pequenas da menina enquanto fazia seu caminho ao médico que sim, tinha olhos verdes, e que tinha o nome Dr. Masen bordado no bolso do jaleco.

O médico de olhos verdes fitou a menina por um tempo, enquanto olhava de esgueira para a prancheta em sua mão. A criança parecia pequena demais para dois anos de idade. Talvez Emmett tivesse enganado-se quanto a essa informação. Depois que seus olhos clínicos analisaram Alice, ele levou-os à mãe. E por deus, se ela não era jovem demais. Irmã, talvez?

A mulher tinha seus cabelos castanhos presos num coque mal feito, usava uma jeans folgada e uma camiseta branca. O tênis, da cor da camiseta, era surrado e estava sujo. Seus olhos, apesar de possuírem a profundidade e cor de uma amêndoa, estavam cansados e vermelhos.

A menina trajava um vestido rosa brilhante e uma pequena coroa na cabeça. Seus pés eram calçados por uma sandália rosa e rasteira. Seus cabelos pretos estavam espetados e bagunçados. A respiração tranquila da criança demonstraria que ela estava dormindo - se não estivesse acariciando com seu polegar a pele nua do pescoço da mulher que a carregava.

— Tudo bom com vocês? – Dr. Masen perguntou assim que as mulheres tinham se aproximado dele.

Bella sorriu de lado, enquanto murmurava uma afirmativa da pergunta. O médico lançou-lhe um sorriso apologético ao passo que começava a andar pelo corredor branco, silencioso e brilhante demais.

A sala que foram tinha a parede decorada com personagens da Disney e de desenhos famosos, quase todos os cantos eram arredondados e o chão, acolchoado. A mesa era de uma madeira clara, e as cadeiras eram coloridas.

— Nininho, mamãe! – Alice gritou subitamente, enquanto apontava para um desenho da 'Sininho', a fada do Peter Pan, na parede.

— É, querida. Sininho. – Bella concordou e corou, quando notou o olhar do médico na interação das duas.

Dr. Masen gesticulou para a cadeira, convidando-as para sentarem ali. Bella sentou e colocou Alice no seu colo, de frente pro médico, mas a pequena logo virou de lado e afundou seu rosto no pescoço da sua mãe.

A mulher sorriu fraquinho e acariciou os cabelos da sua filha.

— Ei boneca. – Dr. Masen disse. Bella imediatamente o fitou e corou quando notou que ele falava com Alice. Edward, notando o olhar curioso da mulher, piscou para acalmá-la, enquanto inclinava-se na mesa na direção delas.

— É uma boneca, não é? – perguntou com um tom jovial. Alice afundou mais seu rosto no colo da sua mãe e Bella gargalhou fraquinho.

— Hum... Talvez uma pirata... – ele pensou em voz alta. Alice riu fraquinho. – Não? Uma bruxa? Nah. Esqueça essa. Você é bonita demais para ser bruxa.

Alice virou lentamente para olhar para o médico, mas logo voltou a esconder seu rosto.

— Mamãe. Ele é tão bonito. Um plíncipe. – Alice afirmou num sussurro tão alto que seria audível para alguém que estivesse passando no corredor

Bella corou mais forte quando se notou incapaz de negar.

— Você não é uma princesa, é? – Dr. Masen perguntou com um tom descrente.

O rosto da Alice virou-se rápido na direção dele, enquanto concordava tão enfaticamente que a coroa foi parar na testa. Ela saiu do colo da sua mãe e ficou em pé no chão. Então puxou a barra do vestido para o lado, colocou um pé atrás do outro e dobrou seus joelhos.

— Plincesa Alice. – concluiu.

— Oh. Entendo... – o médico ponderou. – Algumas pessoas do seu castelo vieram me procurar. A senhorita está com algum problema?

Ela franziu a testa sem entender a pergunta.

— Dor. Sente alguma dor, Princesa Alice?

Ela suspirou e concordou com a cabeça.

— Onde? – perguntou. Alice apontou para a cabeça com um beicinho, enquanto olhava para sua mãe, procurando aprovação. Bella sorriu e concordou, urgindo-a a continuar a conversa.

— A senhorita se incomodaria de subir no trono do hospital? – quando a menina continuou sem entender, ele fez uma reverência na direção da maca e apontou para lá.

— Oh sim. – a menina concordou e foi, mas antes de afastar-se muito, voltou para a sua mãe e puxou-a pela mão.

Bella explicou tudo o que Alice vinha sentido, enquanto o médico fazia exames de rotina. Pouco tempo depois tinha encaminhado a menina para o laboratório do hospital, onde nela fizeram exames de sangue, urina e tiraram algumas radiografias do tórax e cabeça.

O médico desconfiava que poderia ser labirintite por conta da dor de cabeça constante e das náuseas, mas quando observou a anotação do seu amigo Emmett na ficha da paciente somada à sombra do raio-x da cabeça, optou por manter a menina na pernoite e receitar uma tomografia computadorizada na primeira hora da manhã.

Alice tinha se comportado muito, o que era diferente se comparado a sua personalidade hiper-ativa. Ela não correu por todos os lugares, e nem falou sem parar. Alice deitava onde tinha que deitar, fazia os exames que tinha que fazer e só reclamava quando queria utilizar o banheiro, ou estava com fome.

Bella notou essa súbita mudança de humor, mas não estranhou porque ela estava agindo assim há alguns meses. Hora agitada demais, hora bastante calma. Preocupando-se que isso poderia ser um sintoma, foi até a ilha das enfermeiras e procurou pelo Doutor Masen, que estava no refeitório. Bella esperou sua menina dormir para ir atrás do médico; e quando foi, arrependeu-se imediatamente porque ele não só estava fazendo a sua refeição, como estava com aquele mesmo homem que vira mais cedo.

Ela pegou um copo grande de café e sentou-se à uma mesa longe da dele, mas que o mantinha em seu alcance visual. Ela batia a perna num padrão frenético, enquanto sentia o nervosismo aumentar. Cada vez que lembrava de como sua filha tinha se comportado nos últimos meses, mais percebia que o problema com a cabeça não era algo tão recente assim.

Isabella sentiu seus olhos arderem e lutou contra um soluço quando percebeu que algo realmente acontecia com a sua filha. Bebeu um café num gole só e apreciou a queimação na sua garganta. Tão rápido quanto seus passos permitiriam, Bella fez seu caminho até a mesa com os dois homens que examinaram sua filha.

— Boa noite, Doutores. E me desculpem pela interrupção. – ela falou num sussurro firme.

— Isabella. – Dr. Masen cumprimentou. – Quer sentar? – ofereceu.

— Não sei. – disse sincera. – É só porque tem umas coisas que eu fico lembrando e acho que podem ser importantes.

— Ou você senta conosco ou Edward vai pensar a noite inteira o que você teria a dizer. – Emmett urgiu.

— Edward sou eu. – ele estendeu a mão, apresentando-se à Isabella com um sorriso caloroso no rosto. Isabella uniu a sua à dele e notou como estava gelado. Retirou rapidamente a sua mão do seu aperto, sentindo a intimidade do momento a incomodar.

Isabella agradeceu aos dois médicos e sentou-se à cadeira que Edward puxou para ela.

— Desculpa mesmo interromper. Eu ia esperar que acabassem, mas não consegui. – ela lutou contra uma risada chorosa. Os dois homens lançaram olhares compreensivos.

— Fique a vontade, Isabella. Alice é minha paciente. Não se preocupe em me procurar sempre que estiver aqui no hospital.

— Obrigada... – ela sussurrou, e antes que pudesse falar alguma coisa, o bipe do Emmett apitou alto, avisando que ele era requisitado na ala da emergência com urgência. Ele murmurou algumas desculpas e rapidamente saiu do refeitório.

Depois que ambos voltaram a se acomodar à mesa, e Edward pagou um suco para ela, que começou a falar tudo o que passou pela sua cabeça. Como Alice passou a ter uns raros lapsos de memória, a freqüência, relativamente alta, com a qual vomitou nessa última semana, ou como não conseguia comer muito bem, falou das dores constantes de cabeça e como sua filhinha sofria calada e explicou a mudança constante de humor.

Edward ponderou por alguns instantes e então fechou as mãos em punho e socou a mesa com força.

Não. Ela era a sua primeira paciente e ele não admitiria isso.

Não. Alice era nova demais para passar por esse tipo de situação.

Não. Talvez fosse tarde demais.

— Doutor? – Bella sussurrou, sentindo suas lágrimas escorrerem pelo rosto. A expressão do médico foi suficiente para incitar medo na mãe da paciente.

— Desculpa Isabella. – ele respirou fundo. – Incomodaria se adiantássemos os exames?

— N-não. P-por quê?

— Porque se Alice tiver o que imagino que tenha, talvez o tempo seja nosso único aliado. Ou inimigo.

— O senhor está me assustando. – ela admitiu.

— Me desculpe por isso. – ele foi sincero até nos gestos, quando puxou o cabelo atrás da nuca.

Muito tempo passou até que qualquer um dos dois falasse.

— Ela é adorável. – ele comentou.

Bella emitiu um som parecido com um grunhido agoniado, enquanto lágrimas de pesar e alegria inundavam seu rosto. Ela estava tão preocupada. A sensação de ter sua pequenina numa cama de hospital fazia com que seu coração espatifasse-se em milhões de pedacinhos; ela só esperava conseguir superar essa vinda ao hospital. A única vez que Alice passou mais de uma semana internada foi quando nasceu.

A pequena Swan nasceu prematura; com apenas oito meses e dois dias. Bella sempre foi muito desastrada, e embora tenha passado a prestar muito mais atenção no seu caminho depois que ficou grávida, levar um tombo era só questão de tempo. Quando estava passando o aspirador de pó no tapete da sala, ela tropeçou no fio embolado e teve o início do trabalho de parto alguns minutos depois. Alice só foi nascer no dia seguinte. Bella passou mais de 24 horas em dor e antecipação, mas quando sua filha chegou ao mundo, seus pulmões não estavam completamente formados, portanto teve que ficar sete dias numa incubadora. Isabella achou que não passaria por aquela dor de ver sua filha internada pelo resto da sua vida; até o momento que Doutor Masen decidiu internar sua menina.

A mão do médico na sua a trouxe de volta à realidade.

— Sinto muito. – ela murmurou e ele apenas sorriu compreensivamente.

— Vou agilizar a tomografia. Em alguns minutos passo no quarto para te dizer os riscos e te entregar os termos de responsabilidade para que você leia; tudo bem?

Ela apenas concordou com a cabeça. Hesitando por um minuto, Edward levantou-se da cadeira e fez seu caminho para fora do refeitório. Com olhar perdido, Bella observou o homem de branco até que ele saísse do seu campo visual. Ficou na mesma posição até que o café tivesse esfriado. Levantou-se então e o jogou na lixeira; voltando para o quarto da sua filha.

Alice estava deitada em posição fetal, com o polegar entre os lábios, enquanto dormia, aparentemente, de maneira profunda.

Não demorou muito para que a menina acordasse. A reclamação da dor na cabeça foi quase imediata e assim que Bella apertou a campainha para chamar as enfermeiras, uma batida na porta foi ouvida, seguida por uma cabeleira castanha avermelhada.

— Posso entrar? – o médico dela perguntou.

— Pode. – Alice respondeu com a voz fraquinha.

— Trouxe comida! – ele levantou as sobrancelhas, esperançoso. Alice estava enjoada, e deixou transparecer nas suas emoções. – Talvez mais tarde. – ele acrescentou antes de repousar a bandeja em cima da bancada do quarto.

Aquele cômodo não tinha praticamente nada. Um sofá-cama individual, a cama hospitalar, uma poltrona e uma pequena bancada.

— Ela está há muito tempo acordada? – Edward perguntou para Isabella que negou com um sorriso pequeno.

Edward concordou e injetou um analgésico no cabo do soro, assim que Isabella falou sobre a dor.

Alice estava distraída colorindo um livro de desenhos que Isabella retirou da mochila da menina, enquanto Edward gesticulou para Isabella ir para o canto do quarto com ele. Ao chegarem lá ele explicou em sussurros que a tomografia seria em duas horas e que achava melhor que explicassem à Alice o que aconteceria com ela para evitar traumas.

Isabella concordou e depois de ler os termos de responsabilidade – que assinou -, sentou-se ao lado da filha para explicar, com a ajuda do Edward, os procedimentos que ela teria que passar em poucas horas.

— Entendeu tudo, Princesa? – o médico perguntou com um sorriso. Alice olhou para a sua mãe e a expressão de choro foi suficiente para que Bella entendesse que sua filha não entendeu nada.

Isabella olhou para Masen e negou com a cabeça.

— Hm... tenho uma ideia. – Edward comentou. – Mas vou precisar da sua mãe; você me empresta? - Alice olhou do homem para a mulher e depois de muito tempo se nada falar, ele complementou, - não vamos sair deste quarto e te devolvo daqui a pouco.

Alice meneou a cabeça de maneira tentativa. Edward sorriu, enquanto puxava o sofá cama para o meio do quarto de modo que ficassem em frente à Alice. Bella roeu a unha, apreensiva enquanto olhava, sem fazer ideia do que estava acontecendo, para o médico.

Edward movimentou sua cabeça para o lado, urgindo que Bella se aproximasse. Ele instruiu que sentasse no sofá.

— Primeiro você vai pra uma cama dura, - ele fez uma careta. – onde algumas pessoas vão fazer isso, - e então esticou o polegar, simulando uma seringa e conectou com o braço da Bella. Esta ofegou e Edward arregalou os olhos para ela. – E nem vai doer. – concluiu, então Bella sorriu amplamente, enquanto negava com a cabeça. – Isso vai servir para que as fotos que vamos tirar da sua cabeça fiquem mais claras. – Alice sorriu e concordou entendendo.

— Depois você vai deitar numa posição de bebê na barriga da mãe. – Bella deitou-se na posição fetal, de costas para Alice. – Onde eu vou fazer isso, - seu dedo tocou o meio da coluna da Bella, novamente simulando seringa. – Dessa vez vai doer um pouquinho, mas vai ser rápido se você conseguir ficar completamente parada. – Alice olhou atentamente prestando atenção nos movimentos da mãe. Ela já estava sentada na cama e quando Bella mexeu o pé, Alice gritou 'estátua' e gargalhou alto.

Os dois adultos acompanharam a risada da criança e depois Edward virou Bella pelo ombro, a urgindo a deitar de costas na cama.

— Depois vamos amarrar você aqui e aqui. – Apontou para braços e pernas. – E aqui. – acariciou a cabeça da mulher, enquanto encarava seus profundos olhos amendoados.

Bella sentiu seu coração disparar com o contato que já não era mais tão inocente e um frio na sua barriga a fez sentir levemente nauseada. Ela corou e desviou o olhar, certificando-se de não mexer a cabeça.

Edward pigarreou e continuou uma longa encenação para explicar à criança o procedimento da IRM.

No final da atuação de quinze minutos, Alice estava quase quicando na cama dizendo que também queria brincar. Edward fez os procedimentos fictícios nela duas vezes e Alice passou o resto do tempo até o momento do exame chegar fazendo na sua mãe, enquanto Doutor Masen foi atender outros pacientes.

O exame passou rápido, mas Alice chorou e gritou por conta da dor da punção lombar que fizeram nela, e depois ficou inquieta dentro da máquina. Bella assistiu a tudo aquilo sem poder fazer nada, exceto chorar junto, por trás do vidro que isolava a sala. Edward estava analisando os monitores da saleta adjunta, enquanto Isabella focava-se em cada movimento da sua filha. Demorou quase uma hora para retirarem-na da máquina, e assim que fizeram, a menina foi cambaleante para o colo da sua mãe, onde choraram juntas.

— 'tá cholando mamãe? – Alice perguntou limpando as lágrimas da sua mãe. Bella riu e negou com a cabeça, trazendo mais o corpo da sua filha pra si.

— Srta. Swan. – o enfermeiro chamou. Bella olhou e ele disse que precisava levar Alice na maca de volta para o quarto. Bella segurou as mãos da menina, enquanto voltavam para o conhecido quarto 241, onde passariam aquela primeira noite de muitas.

Ao mesmo tempo que Bella e Alice dormiam grudadas na pequena cama hospitalar, Edward estava na sua sala, com os exames presos no quadro luminoso, analisando cada raio-x retirado da cabeça da menina. A ideia de labirintite há muito esquecida. Ele andava de um lado para o outro, enquanto Emmett estava sentado na sua larga e confortável cadeira, olhando o quadro junto dele.

— Acha que é, cara? – Emmett perguntou.

Edward suspirou profundo algumas vezes e depois meneou a cabeça, confirmando as suspeitas do amigo.

— Não tem como precisar por causa dessa sombra. Vou agendar uma Angiografia Cerebral e se o resultado não for conclusivo, vou partir pro Eletroencefalograma.

— Por que não faz logo uma biopsia, Edward?

A cabeça deste rapidamente virou e ele tinha uma expressão alarmada no rosto.

— Você tem ideia dos riscos de uma biopsia do cérebro, Emmett? Está fora de si?

— Acho que eu tenho essa noção mais do que você, não? – o neurologista debochou. – Se ela for feita por um profissional bom, ela não correria quase riscos.

— Isso está fora de cogitação, Emmett. Vou fazer os exames de praxe e se mesmo assim o resultado for inconclusivo, faço a biopsia.

Emmett concordou, optando por não se intrometer no primeiro caso do seu amigo onde ele não mais seria o residente chefe. Ele já estava suficientemente tenso por pegar um paciente tão complicado quanto Alice Swan; ouvir o que seria ou não melhor fazer só serviria para fazer a ansiedade do pediatra oncologista aumentar.

O dia seguinte prosseguiu da mesma forma. De manhã a menina fez a Angiografia Cerebral. O resultado saiu e como a sombra que apareceu no raio-x foi mexida, Edward optou por uma repetição do exame e no dia seguinte, o Eletroencefalograma.

Os dias seguintes prosseguiram da mesma forma. Exames, remédios, visitas não agendadas do médico ator, e conversas rápidas entre ele e a mãe. Os resultados dos exames chegaram praticamente juntos e foram bastante claros quanto ao diagnóstico da menina.

Doutor Masen suspirou cansado com os envelopes de todos os exames numa mão, enquanto percorria a outra pelos seus cabelos. Sua barba estava ainda maior tendo em vista que a noite passada fez plantão.

Seus passos eram morosos, mas levaram-no até o quarto 241. Antes de bater, ouviu o barulho de uma gargalhada fina e infantil bastante alta e uma outra mais grossa, de adulto, mas também feminina. Ele bateu na porta suavemente e quando uma mulher a abriu, ele notou que Isabella e Alice estavam em cima da cama, brincando de bater mãos. Alice apenas usando uma por conta do soro preso na outra.

A mulher que abriu a porta pigarreou e Edward levou seu olhar a ela.

— Olá. Pode me chamar Isabella, por favor? – pediu gentilmente.

A mulher sorriu e chamou-a por "Bella", enquanto substituía a mãe da Alice na cama. Assim que Isabella chegou à porta, Alice o viu. O sorriso estampado pelos lábios pequenos e finos naquele rosto gorducho fez o coração do Edward apertar frente à notícia que ele estava prestes a dar. Quando ela acenou enfaticamente para ele, o médico precisou pigarrear para limpar a sensação de agonia que repentinamente o atingiu.

— Se incomoda de me acompanhar até a minha sala? – ele perguntou. Isabella, que tinha um sorriso no rosto, empalideceu quando notou a expressão séria que ele usava.

Ela apenas deu um passo na direção da sala dele, dizendo, por meio de gestos, que o seguiria.

Em pouco tempo o barulho de passos apressados dos corredores daquele hospital foram mortos pelo clique mudo da porta. Isabella não perdeu tempo para acomodar-se na cadeira mais próxima à porta, em frente a mesa do doutor que, pela sua expressão, não lhe daria boas notícias.

Edward tentou sorrir, mas o gesto mais pareceu uma careta. Então ele respirou fundo, retirou todas as imagens de raio-x e prendeu-as no quadro luminoso. Em seguida, parou a dois passos de distância dos exames e cruzou os braços no peito.

Demorou minutos para que qualquer um dos dois emitisse qualquer som diferente das suas respirações pesadas; quando aconteceu, foi um soluço seco vindo da mulher sentada à mesa. Ela não entendia absolutamente nada que aquelas imagens tentavam dizer. Seu emprego de vendedora nada acresceu para sua compreensão médica. E essa sensação de impotência fazia o seu nível de ansiedade e frustração só aumentar. Bella estava completamente dividida entre gritar exigindo uma explicação, ou chorar porque seu coração simplesmente sentia que algo estava muito errado.

Quando Edward ouviu a manifestação de agonia da Isabella, virou sua cabeça na direção da mulher e praticamente se bateu por ter ficado tanto tempo calado, pensando nas alternativas.

Ele fez seu caminho até a frente dela e suspirou profundamente, enquanto coçava a sua nuca.

Ela olhou para ele com seus olhos extremamente cansados e vermelhos.

O médico ofereceu sua mão.

A mãe aceitou e, de mãos dadas, foram até o quadro luminoso.

Edward passou um longo tempo explicando que a sombra do lado direito do cérebro podia demonstrar um coágulo que poderia ser facilmente retirado em uma cirurgia quase sem riscos. Quando ele viu um sorriso aliviado no rosto dela, arrependeu-se de dar esperanças e prosseguiu explicando que o angiograma comprovou que não era um coágulo, mas sim uma massa celular e que essa massa é o culpado pelas dores de cabeça constantes porque produzem uma pressão intracraniana. O médico continuou explicando que essas células estavam com vasos sanguíneos e que ele estava quase certo que eram cancerígenas.

Ao ouvir a palavra relacionada a câncer, Bella estremeceu e fitou-o.

— O-o que? – sussurrou, sentindo que se falasse em voz alta, a última afirmativa dele poderia realizar-se.

— Ainda não tem como saber se é maligno, mas o tamanho está bastante grande e isso pode ser perigoso. Se você disse que ela está sentindo essas dores há quatro meses, posso supor que esse tumor existe há quase um ano. – explicou.

— Tumor? – soluçou. – Minha Alice tem um tumor? No cérebro? – sua voz saiu tremida e muito fraca, praticamente não audível.

Edward apenas concordou.

— P-por quê? C-como?

— Uma proliferação das células do tecido cerebral.

— Mas como?

Edward acariciou com seu polegar a mão pequena que ainda segurava a sua.

— A ciência ainda não descobriu como surgem as células cancerígenas; existe uma corrente de oncologistas que afirma que algumas pessoas já nascem com elas no corpo e que o meio ambiente vai fazê-las acordarem. Existem pessoas que morrem com as células sem nem saber que possuíam. Não há um momento ou uma determinada característica que faz o câncer aparecer, ele apenas acontece; talvez por isso o câncer seja uma doença tão fascinante.

Bella chorou desde o momento que ele proferiu a palavra câncer, mas quando disse que a doença em questão era fascinante ela ofegou alto, sentindo-se estapeada.

— Não! – ele exclamou. – Isso saiu errado. Me desculpe! Não quis dizer que é fascinante que sua filha esteja com câncer, porque não é. – ele falou com segurança na voz. – Estou dizendo que a doença é intrigante.

Bella apenas concordou silenciosamente, enquanto as lágrimas continuavam a inundar seu rosto.

— Ei, - Edward sussurrou levantando com a ponta do dedo o queixo daquela mulher. Ele parou de falar e a encarou desavergonhadamente. Ela era simplesmente linda. Até mesmo chorando. Seus olhos que pareciam cor de amêndoa, quando inundados por lágrimas ficavam profundos e pareciam ser de vidro de tão límpidos. Seu rosto branco estava tingido de vermelho, ao passo que ela despia-se de suas emoções na frente dele e seus lábios grossos estavam extremamente vermelhos.

Bella fungou, enquanto sentia seu rosto queimar pelo olhar intenso do médico que acabou de destruir seu coração. Ela sabia que a culpa não era dele, mas a necessidade de aplicá-la a alguém a fez mirar nele.

Talvez acontecera pela proximidade, ou pela intensidade e intimidade do momento onde ambos estavam próximos demais e que ela enxergava no olhar dele o quão chateado ele estava por noticiar o fato que sua menina tinha câncer, mas a mãe nada conseguiu fazer exceto fechar suas mão livre em punho e socar o peito dele seguidas vezes, enquanto a mão que ainda segurava a dele, apertava cada vez mais forte.

Ela não conseguia dizer se queria trazê-lo mais para si ou afastá-lo.

Se queria socar ou abraçar.

Chorar ou gritar.

Tudo passava na cabeça dela, enquanto suas lágrimas derrubavam todas as barreiras que os dois construíram tão firmemente ao redor deles.

Edward deixou-a socá-lo até que a mão delicada da mulher caísse límpida ao lado do seu corpo, foi só então que ele chutou a ética médica para longe e puxou-a para si; abraçando-a tão apertado que se sentiu enclausurado.

Bella enterrou seu rosto no peitoral dele e envolveu sua cintura em um abraço forte demais. Ela estava perdida. Não fazia ideia de como agir ou o que fazer. Como contar ao seu pai, ou à Angela. Ou a sua menina.

— Tem cura, não é? – ela suplicou chorosa depois de vários minutos naquela mesma posição.

Isabella não fazia ideia do que estava acontecendo. Ela sabia que o abraço era simplesmente errado.

Ela nunca se abriu tanto a um desconhecido como fez com ele, mas a maneira amorosa com a qual tratou sua menina desde o momento em que se encontraram na sala de espera da emergência, a deu a certeza que ele era, de alguma forma, diferente.

Algo nele a atraía, e não era só sua beleza – que era estonteante -, mas talvez a maneira com a qual se abriu para conquistar a confiança delas duas fora suficiente. Era quase como se ele tivesse se inserido naturalmente na vida dessa mulher e criança.

Quando Doutor Masen estava longe, atendendo outros pacientes, Alice perguntava dele ou comentava de situações que ele estava presente. E quando a menina estava dormindo ou distraída com outras coisas, a voz, o toque dele no seu braço, ombros e rosto faziam-na pensar em nada exceto ele.

Talvez porque ela não voltou a deitar-se com algum homem desde o seu primeiro, ou porque ele era simplesmente lindo. Ou ainda, porque ela nunca tinha visto-o em Forks, mas ouvido falar dele por semanas.

A ideia de mistério e descoberta o atraía a ela. E se estivessem em qualquer outra situação que não fosse essa, a do diagnóstico da sua filha, ambos fariam questão de demonstrar que sentiam alguma coisa diferente pelo outro. Algo muito forte.

Sentindo o momento - íntimo demais - escalar para um nível praticamente insuportável, Bella espalmou suas mãos no peito dele e fez força para não prestar atenção na definição do seu peitoral largo, mas falhou. Então algum tempo depois de ficar com as mãos ali, teve seu corpo afastado pelas mãos dele no seu quadril, enquanto dividiam um olha cúmplice. Um olhar que explicava que o momento não foi imaginado, todavia impróprio.

Depois que Bella voltou a sentar-se, Edward explicou a necessidade da biopsia para checar se o tumor era maligno ou benigno. Falou das complicações das mesmas – que seriam muitas já que os médicos teriam que colher uma amostra do tecido cancerígeno cerebral -, e expôs suas considerações pessoais quanto aos tratamentos de combate a câncer.

Isabella ouviu tudo calada. Apenas concordando ou negando quando uma pergunta era feita a ela. Sua participação naquela conversa seria questionável para qualquer pessoa de fora da bolha que os dois estavam imersos, mas para ele, Bella estava apenas cuidadosamente ponderando todos os pontos colocados na mesa.

— Quando?

— Vou ver a disponibilidade de um neurologista, mas espero que seja amanhã.

— Obrigada. – Bella concordou sentindo seus olhos cansados voltando a lacrimejar, enquanto a pressão no seu peito tornava-se praticamente insuportável. – C-como falo com ela? – o nó da sua garganta impediu que sua voz saísse uniforme. E ele não conseguiu se incomodar com o tremor e baixo volume da frase sussurrada por Isabella.

— A melhor maneira de lidar com uma criança é com honestidade. Fale com ela em uma linguagem que consiga compreender. Deixe-a gritar, chorar e dizer que odeia o mundo, mas tenha seu colo disponível pra quando ela quiser chorar.

Ela meneou a cabeça em concordância.

— E você? – ele murmurou quase como se não quisesse que Bella ouvisse, mas ela ouviu; e sua expressão de dúvida fez o coração dele socar a sua caixa toráxica, enquanto um frio atingia a sua barriga.

— Eu o que? – ela sussurrou, confirmando o medo dele de que tinha, de fato, ouvido.

— Como faço para lidar contigo? – expressou sua insegurança sem vergonha alguma.

Ela apenas moveu seus lábios em um sorriso triste, enquanto encarava às orbes verdes – escuras demais – com intensidade.

— Com paciência. – admitiu e, sem mais nada falar, levantou-se da cadeira e voltou para o calor dos braços da sua filha.

Angela, sua amiga que fora visitar as duas, foi embora logo que Bella voltou porque sentiu que ela necessitava de um momento apenas com sua menina.

Naquela noite Bella e Alice dormiram abraçadas na pequena cama hospitalar. A mãe não contou nada a filha, porque a coragem de proferir aquelas palavras em voz alta não existia dentro dela.

Naquela noite Edward convenceu a enfermeira do andar que ele deveria aplicar o remédio noturno na menina já que passaria no quarto para checar seus sinais vitais de qualquer forma. O que não era uma mentira, mas que também estava fora da sua lista de obrigações.

Ao entrar no quarto, da maneira mais silenciosa possível, sentiu seu coração constringir com a imagem de mãe e filha unidas num abraço de aço. E quando injetou o analgésico no tubo do soro e viu a gota âmbar do remédio unir-se à transparente daquele, sentiu o nó da sua garganta dissipar-se em formas de grossas lágrimas.

A ideia de perder aquela menina no seu primeiro caso médico o destruía, enfraquecia. Especialmente quando a menininha em questão era a adorável Princesa, que tinha como mãe uma das mulheres mais fortes e mais bonitas que ele já viu em um longo tempo.

As lágrimas caíram pelo seu rosto, escondidas pela sombra da noite e o silencio do quarto adormecido. E ele tinha certeza que ninguém saberia que ele chorou por aquela criança e sua mãe - aparentemente solitária porque só recebeu a visita de meia dúzia de pessoas nesses quatro dias de internação.

Para o médico, seu choro seria um segredo apenas dele e do quarto.

Talvez se Edward tivesse atrevido-se a olhar para Isabella instantes antes de deixar o cômodo, notaria que ela observou calada todas as emoções passarem pelo rosto dele, até extravasarem-se em formas de lágrimas.

Se prestasse mais atenção nas habitantes do quarto ao invés de se preocupar se notariam ou não as suas lágrimas, ele teria percebido a mulher chorar junto dele.

E se tentasse ouvir sons, ouviria os cumprimentos de Natal que ecoavam pelo hospital.

Mas não. Edward Masen apenas fez seu caminho até a sua casa onde releu, durante a noite e madrugada, alguns casos de tumores cerebrais primários em crianças.


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Notas finais do capítulo

Yep. Isso mesmo, leram certinho.

Acho que deu pra entender um pouquinho do teor da fic, não é?

O que acharam do Edward? E da Bella? E da Alicinha!?

Queria agradecer ao Rodrigo Reis por ter betado esse capítulo e pelas opiniões. Baby, sem seus dedos mágicos *levanta sobrancelhas sedutoramente* eu definitivamente não conseguiria ter feito algo assim.

E sim! Essa fic é meu retorno ao lado escritora dramática que enterrei quando apertei o botão 'complete', em Entre o Amor e a Obrigação.

Espero de coração que vocês tenham gostado da fic tanto quanto eu!*-*

Beijocas,
Lou.

*e se quiserem abraços, só precisam avisar... =/*



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