Preencha meu Futuro, minha Rainha (Royai) escrita por Linesahh


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

LINE NA ÁREA!!

Bem-vindos, amantes de Royai! ^-^
Essa é a minha primeira fanfic desse universo. Portanto, é a primeira vez que escrevo sobre esse casal. A ideia inicial era para ser somente uma one-shot; contudo, conforme fui escrevendo, notei que o enredo seria perfeito para uma fanfic de três capítulos.

Amo muito Riza Hawkeye e Roy Mustang, e por isso desejo MUITO que vocês gostem.

Ela se passa após o "Dia-Prometido".

Boa Leitura!



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Preencha meu Futuro, minha Rainha

por Line

 

 

A casa de Riza Hawkeye nunca esteve tão cheia como nas últimas duas semanas. Todos os dias um grupo de militares de rostos conhecidos entravam e saíam regularmente da construção. A maioria chegava cedo e ia embora já nos últimos suspiros do pôr-do-sol e estavam sempre carregando quilos e mais quilos de papeladas para serem preenchidas, assinadas e que necessitavam de toda ajuda possível para serem concluídas no prazo correto. Nos raros casos em que terminavam cedo o serviço, tratavam de relaxar em meio a uma conversação descontraída e que constaria com inúmeras garrafas vazias de bebidas variadas. Mas isso não queria dizer que o clima não fosse sempre leve e agradável durante o dia.

Afinal, os subordinados do coronel Roy Mustang conheciam-se há bastante tempo. Depois de anos lutando lado a lado, defendendo seus parceiros com suas próprias vidas, era comum esperar que todos confiassem, respeitassem e, de certa forma, gostassem mutuamente uns dos outros.

Para a primeira-tenente, a presença de todos aqueles homens ali já havia deixado de ser incômoda e intolerante. Claro que a convivência entre todos só ficou melhor e mais aceitável quando eles passaram a arrumar sua sala impecavelmente depois de suas “confraternizações” que sempre resultavam em algo quebrado e bebida derramada no carpete.

Hoje era mais um daqueles dias atarefados. Hawkeye mal teve tempo de tomar um café da manhã decente e logo já haviam batidas na porta. A torrada que estava a caminho de sua boca desequilibrou-se por conta de sua distração com o som, caindo de cabeça para baixo ante a fina camada de geleia de framboesa passada cuidadosamente em sua extensão. Era por causa de momentos assim que Riza cogitava seriamente em fazer cópias de suas chaves e dar uma para um de seus colegas.

Mas, diferente de todos os outros dias, aquele tinha uma aura diferente. Uma aura que não demorou para ficar ainda mais evidente após a chegada dos visitantes.

Como de costume, Fuery e Breda foram os primeiros a chegar. O jovem e tímido gênio da tecnologia parecia um tanto quanto falante naquela manhã, uma aura de energia positiva circundava seu ser e um brilho radiante estava presente em suas orbes escuras por detrás das lentes dos óculos. Já o segundo-tenente — considerado um dos homens mais confiáveis do coronel —, Breda, exibia sua usual personalidade descontraída e relaxada; porém, os olhos atentos da popularmente conhecida como “O Olho de Águia” também notou que o homem compartilhava do bom humor do mais novo.

Eles mal esperaram Riza cumprimentá-los para revelarem a fonte do contentamento em excesso, que fora dita em um timbre empolgado:

— Tenente, você ouviu que o coronel irá recuperar a visão definitivamente hoje?

Hawkeye os olhou em silêncio por um instante. Analisando-a de fora, qualquer um pensaria que a frase dita acima não fora capaz de despertar qualquer sentimento na mulher; contudo, somente Riza experimentou a tênue e significativa sensação gelada inundar seu estômago ao ouvir as palavras animadas de Fuery.

Era claro que ela sabia disso. Seria covardia não admitir que estivera contando os dias no calendário até que, enfim, o dia atual chegasse.

Em meio à pequena batalha de emoções que circundavam o interior da primeira-tenente, estas alternando-se principalmente dentre ansiedade e pura palpitação, a jovem limitou-se a dizer apenas poucas palavras:

— Eu soube pelo doutor Marcoh. — abriu um  simples sorriso, saindo do caminho para que os dois entrassem em seu lar.

Enquanto fechava a porta, verificando rapidamente o lado de fora por pura força do hábito, seu sexto sentido alertou-a dos olhares de seus dois colegas pregados sobre sua nuca enquanto ambos penduravam os casacos.

Riza não ficou surpresa quando Breda deu continuidade ao assunto.

— Eu passei no hospital ontem depois do almoço. Havoc estava lá também. Coisas de rotina... — coçou o cavanhaque.

— É compreensível, afinal, ele começou a ter o controle das próprias pernas há apenas poucos dias. — Fuery não perdeu tempo em retirar da bolsa seus aparelhos eletrônicos, colocando-os acima da mesa da sala e preparando-se para começar o serviço.

Hawkeye contornou a mesa, retirando de cima dela as poucas louças que havia sujado com seu moderado desjejum.

— Estava tudo bem com ele? — indagou, virando-se de costas para os dois e levando tudo para a cozinha, ouvindo o pedido de Fuery para trazer-lhe um copo d'água quando retornasse.

Despejou o que restou de seu café na pia, lavando a caneca em seguida com água e sabão. Nem mesmo o som da água rebatendo no fundo de aço e o tilintar da caneca ao ser repousada sobre a pia impediu-a de ouvir a resposta de Breda na sala; esta vindo em forma de outra pergunta:

— Qual deles? Mustang ou Havoc?

O copo que estava sendo enchido de água quase escapou por entre os dedos da jovem. Riza ficou feliz por estar em um cômodo diferente dos outros dois para não terem presenciado sua falha. Franziu o cenho. Era a segunda vez que quase deixava algo cair naquele dia, sendo que na primeira a torrada realmente sofreu a pior.

Após o copo encher, retornou para a sala, pousando-o diante de Fuery. Limpou a palma parcialmente molhada no tecido grosso de sua calça preta e ergueu os olhos para Breda.

— Ambos.

Breda sentou-se na mesma cadeira que minutos atrás ocupava a dona da casa. Sem ter notado antes o detalhe, seu pé acabou esmagando a torrada caída ao lado do pé dianteiro do assento.

— Droga... — o homem olhou o resultado, que tratava-se de dezenas de pedacinhos e farelos do que um dia fora uma torrada compacta e firme. — Depois eu limpo, Hawkeye.

— Não precisa. — ela tratou de negar. — Fui eu quem derrubei de qualquer maneira. — argumentou, censurando-se internamente por não ter recolhido logo aquela torrada. Logo, a ideia mais prática e menos trabalhosa veio em sua mente. Assoviou. — Black Hayate, venha cá!

Como sempre acontecia após Riza assoviar e dizer essas palavras, o cãozinho de raça shiba inu adentrou a sala com toda sua aura ativa e totalmente obediente à dona, aprumado e educado. Toda a equipe sabia o quão bem Riza tinha treinado seu cachorro e que ele não faria mal a ninguém se assim a tenente ordenasse; contudo, a fobia de Breda sempre atacava sem falta quando o animal surgia.

O homem praticamente saltou da cadeira quando Black Hayate aproximou-se para limpar os vestígios da torrada com seu apetite voraz. Normalmente Riza não o deixava comer nada que não fosse sua ração, porém, em momentos como esse — em que não queria ter que pegar a vassoura — ela abria uma exceção.

— Hã... Você não pode mandar o Black Hayate tomar uma ar lá fora hoje, Hawkeye? — Breda seguiu o animal com os olhos que, tão logo terminou de “limpar” o chão, postou-se ao lado do assento de Fuery. Dava para ver que o tenente tentava ao máximo esconder seu nervosismo, mas Riza conseguia ver o suor começando a brilhar em sua testa.

— Ah, deixe ele ficar aqui. — Fuery desviou sua atenção dos aparelhos, sorrindo para o cãozinho. Riza já estava acostumada com a relação relativamente próxima do sargento-mestre e de seu cão. Afinal, fora Fuery quem encontrara Black Hayate num dia de chuva, e só não ficou com ele por não aceitarem animais em seu alojamento.

Breda não pareceu contente com isso, mas tratou de disfarçar o medo pigarreando e voltando-se para a primeira-tenente.

— Bem, como estava dizendo... Os dois pareciam muito bem quando passei lá. Havoc não perdeu tempo em marcar um encontro com a Rebecca quando dominar de vez o equilíbrio. — disse em um tom de malícia, mas, em seu íntimo, feliz pelo companheiro e amigo.

Riza puxou uma cadeira, juntando-se a eles.

— Ela me falou quando esteve aqui. — seu rosto ficou leve ao lembrar-se da expressão radiante de Rebecca ao confidenciar a novidade e revelar com empolgação que sentia que daquela vez seria “pra valer”. Riza ainda lembrou-a de que ela havia chamado todos os homens da Central de covardes uma vez; contudo, Rebecca retrucou dizendo que “Havoc não é mais um homem da Central”. Diante disso, Riza apenas deu de ombros e respondeu um “por enquanto” coberto de incertezas.

Afinal, com a volta de suas pernas, Havoc poderia muito bem querer retornar para o cargo se assim desejasse. Riza tinha certeza de que o coronel o aceitaria de muito bom grado se essa situação viesse de fato a acontecer.

Lembrar do coronel a fez sentir uma fisgada estranha no peito; principalmente em momentos como este em que já sabia prever as prováveis atitudes e pensamentos do superior em relação a um acontecimento imaginário. Às vezes, perguntava-se se ele possuía o poder de decifrá-la do mesmo modo como fazia com ele.

Riza não soube se deixou algo transparecer — talvez tivesse baixado os olhos rápido demais para as próprias mãos de repente — mas o caso foi que a próxima pergunta de Breda deu-lhe a clara sensação de que ele havia, de alguma forma, lido seus pensamentos:

— Irá ver o coronel hoje, tenente?

Notando a rápida espiada de Fuery para com eles, Riza não demorou muito para responder.

— Não sei ainda. Talvez. — falou simplesmente. — Não tenho tido tempo para fazer nada além de resolver os assuntos da Central. — um quê de cansaço transpareceu em suas palavras, mas ela logo tratou de disfarçá-lo ao pegar um dos relatórios de Fuery e concentrar seus olhos sobre ele. Como sempre, era relacionado a reconstrução da Central, que já estava bastante adiantada graças à disposição e nobreza de vários alquimistas — tanto federais quanto os que não serviam ao exército.

Enquanto lia o relatório, conseguiu ver os olhares significativos que Fuery e Breda trocaram ao acharem que ela não estava prestando atenção.

Riza já estava acostumada com essas atitudes um tanto retraídas de seus companheiros. Ela não era cega e muito menos surda. Foram incontáveis as vezes em que ouviu nos corredores da Central comentários sobre como a “braço-direito” do Alquimista das Chamas despertava um pouco de temor em seus colegas. Não sabia ao certo se o motivo era por conta de ser uma militar focada, astuta e competente ao extremo ou pela maioria vê-la como uma sangue-frio insensível. Talvez fosse ambos. E talvez eles realmente estivessem certos.

Continuou lendo os relatórios, destacando alguns pontos importantes aqui e ali. Um silêncio confortável e recheado de paz seguiu-se por um tempo até que Breda finalmente decidisse revelar o que queria dizer desde o começo.

— Ele perguntou de você, tenente. — falou por fim, mantendo um contato direto com a colega. Riza prestou atenção, deixando os papéis de lado calmamente. Mesmo que negasse para si mesma, seu subconsciente sabia muito bem que a revirada violenta que seu estômago havia acabado de dar não era normal.

— É mesmo? — exibiu desinteresse. Voltou-se para os relatórios. — Eu o visitei no início da semana. Falei que estaria muito ocupada durante esses dias.

— Mas hoje você vai ir no hospital, não vai? — não parecendo se conter, Fuery virou-se para ela de repente. Um fino rubor subiu por suas bochechas infantis quando a mulher o olhou com curiosidade.

— Já disse que talvez... — repetiu, remexendo-se em seu lugar. — Se terminar o trabalho há tempo, certamente eu...

— Hawkeye, hoje o tratamento do coronel chegará ao fim. — Breda interrompeu-a pela primeira vez na contagem mental de Riza desde que se conheceram. E isso já fazia um bom tempo. Ele respirou fundo, parecendo tomar coragem. — O que quero dizer é que hoje ele voltará a ver. — frisou.

A primeira-tenente franziu o cenho, não entendendo ao certo o motivo de eles estarem tão... nervosos com aquilo. Quando chegaram alguns minutos atrás pareciam estar radiantes com a boa notícia relacionada aos olhos do coronel.

Por que era tão importante para eles que ela fosse visitar Roy Mustang?

Quanto mais pensava nesse fato, mais confusa ficava. Seus companheiros de equipe nunca haviam se interessado por nada de sua vida pessoal, e vice-versa. Eles sempre mantinham suas relações num nível trivial, sem aprofundamentos de quaisquer tipos. Agora, a atitude deles em estarem tão interessados na decisão dela de ir ou não no hospital era uma novidade. Talvez o motivo dessa mudança fosse pelo fato de eles estarem frequentando bastante sua casa nas últimas duas semanas ...

Ante o silêncio que abateu-se sobre a mesa, agora contendo certo constrangimento, Fuery não conseguiu mais segurar sua luta interna. Ergueu-se com altivez.

— Tenente, não se preocupe com o trabalho! Breda, eu e os outros caras cuidaremos de tudo para você! — anunciou com um tom de ponto final, seu rosto adquirindo uma cor mais escarlate do que uma pedra filosofal.

— Mas será injusto com todos vocês. — Riza piscou, tentando fazê-los recobrar a razão. A situação atual era tão nova e tão estranha que nem mesmo sabia como deveria agir. Desde quando o trabalho ficava para segundo plano?

— Tenente... Hawkeye. — Breda olhou-a com firmeza. — Você tem que estar lá para o coronel. Fuery e eu... Acreditamos que esse é o desejo dele.

— O desejo... do coronel? — seus olhos pregaram-se sobre o nada, digerindo as palavras do segundo-tenente.

O que aquilo queria dizer? Quando falara com o Alquimista das Chamas há alguns dias, as únicas coisas mais memoráveis que ele lhe dissera relacionavam-se a ela dar o seu máximo em suas tarefas para acelerar o processo de restauração da Central enquanto ele estava inabilitado. Teria perdido algum sinal? Algum gesto ou olhar que comprovavam as palavras de Breda?

Como eles poderiam saber dos desejos do coronel mais do que ela?

Fuery assentiu três vezes.

— Sim, sim, esse é o desejo do coronel! — reforçou. — Acho que... — desviou os olhos, evidentemente envergonhado. — A sua presença será importante para ele.

De repente, foi como se tudo tivesse feito sentido. Como se as palavras de Breda e Fuery houvessem aberto um consentimento para as reações estranhas e nervosas que ocorriam dentro de Riza Hawkeye. “Consentimento” não era bem a definição certa... Aprovação seria a palavra mais indicada.

Como a especialista que era em não demonstrar seus sentimentos externamente por mais que seu interior estivesse explodindo com diversas emoções, Riza permitiu-se dizer apenas uma palavra:

— Entendo.

Sem esperar por mais palavras de seus colegas, a primeira-tenente levantou-se. Sobre o olhar confuso dos dois homens, ela caminhou até a porta, pegando seu sobretudo cor bege e a coleira de Black Hayate pendurada num gancho da parede.

— Black Hayate, venha. — somente seu ato de pegar a coleira o fez correr e postar-se obediente a seus pés; contudo, o brilho de animação presente nos olhos escuros e ternos do animal denunciaram que ele estava muito empolgado em sair. Colocou a coleira nele e fez um breve carinho em sua cabeça.

Quando abriu a porta e deu o primeiro passo para fora, a indagação perdida de Fuery adentrou seus ouvidos:

— Para onde você vai, tenente?

Riza olhou-os, vendo suas expressões questionadoras. Abriu um leve sorriso.

— Black Hayate e eu temos uma pessoa para ver. — olhou para seu companheiro, repassando a frase em sua cabeça e vendo que ela necessitava de uma correção. Sorriu. — Ou melhor... há alguém que precisa nos ver.

E saiu.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? Gostaram? Acham que precisa de melhoras? Fiz bem a Riza? Mereço algum review?

O próximo capítulo será postado no final de semana, provavelmente. Até!



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