Knowing me, knowing you escrita por moreutz


Capítulo 5
Capítulo 5




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Quarto da Lily

20:00

20 de maio de 2018

— James? — Lily falou no momento em que ouviu a respiração de Potter do outro lado da linha.

— Lily?

— Você pode falar sobre qualquer coisa que seja, agora?

— Sempre, mas tá tudo bem?

— Não. — Ela sabia que não tinha o porque mentir, estava mal e sua psicóloga a ensinara a não negar seus sentimentos, então estava sendo sincera com o garoto.

— Precisa de alguma coisa? — Sua voz ficou mais preocupada, Lily desconfiou que ele estava a par dos episódios de ansiedade que ela vinha tido por informações dos outros amigos.

— Pode vir aqui? — Soltou sem pensar.

— Logo mais eu tô aí, avisa seus pais.

Em 15 minutos James já estava em sua casa, e Lily pôde ouvir seus pais o cumprimentarem e ouviu seu pai gritar avisando que James estava subindo e que era para a porta permanecer aberta. Não muito depois duas batidas na mesma e o próprio garoto já aparecia.

— Demorei? — Ele sorriu calmamente e entrou no quarto, indo em direção a borda da cama.

— Não… pode sentar direito. — Lily disse e os dois ficaram em silêncio por um tempo.

Faziam pelo menos dois meses que eles não se falavam tão próximos além de cumprimentos e sorrisos casuais, e, mesmo sabendo da vida um do outro nunca era diretamente e sim indiretamente, já que seus amigos não sabiam guardar segredo o suficiente e sempre acabavam comentando detalhes - um destaque especial para Sirius e Peter nesse ponto, pois especificamente eles falavam ‘’Notícias novas!’’ sobre a vida de James.

Lily sabia que James e Emmeline não estavam mais juntos e que, inclusive, ele não saíra com mais ninguém após isso. Sirius, como sempre, é quem contou essa informação:

— Dizem pelos corredores que isso é por causa de uma garota misteriosa meio doida e ruiva, mas ninguém pode confirmar.. além de mim, eu posso confirmar que é por conta dessa garota. — O garoto sussurrou quando se encontraram no corredor na época.

O que fez a mesma revirar os olhos ao ouvir isso, mas não evitou que ela sentisse uma certa felicidade por dentro, pois, conforme ia progredindo na terapia, percebia como queria James a seu lado e se sentia cada vez mais pronta para tomar frente em um relacionamento romântico sério.

É claro, havia a questão de ter enviado carta a faculdades de outro país? Sim. Mas isso era um ponto em que não gostava de pensar pelo simples de fato de não ter chance de passar, e essa possibilidade a deixava nervosa, triste e cansada de todo um futuro que nem havia chego ainda. Além disso, essa era uma das razões pelas quais ela estava na situação em que estava agora.

Embora mais calma, ainda era possível sentir seu coração bater forte e não conseguia parar de mexer em sua orelha, mania de quando se sentia fora de controle e tentava se acalmar.

— Como está? — James disse quebrando seus pensamentos. Ela não havia percebido que o encarava.

— Ainda ansiosa. Acho melhor pegar um balde, estou prestes a vomitar.

— Esses dias Alice vomitou nos meus tênis em um dos enjoos dela, não quero passar por isso de novo, é muito difícil se fazer de adulto e se segurar. — Seu corpo estremeceu todo como que lembrando da situação.

— ELA FEZ ISSO COM VOCÊ TAMBÉM? Tenho quase certeza que tem sido de propósito, como uma vingança onde ela culpa a gravidez, sabe? — Lily olhou desconfiada.

— Parando para pensar, faz sentido. Quando ela se levantou tinha um olhar meio maligno mesmo. — James concordou, o que provocou, segundos depois, uma gargalhada em ambos.

— Por que tem estado ansiosa, Evans? — Ele retomou a conversa limpando as lágrimas dos olhos.

— Então os linguarudos têm mesmo te contado, hum? — A ruiva se ajeitou na cama encostando na cabeceira.

— Sempre.

— Todos têm recebido as cartas de aprovação e bom… nada chega para mim.

— Isso acontece e você sabe, Petúnia mesmo demorou para receber a dela, lembro como ela ficou nervosa. Quase arrancou o dedo do Peter uma vez, lembra? — O garoto falou se aproximando dela fazendo com que seus rostos ficassem mais próximos.

— Memorável. — Ela sorriu lembrando do dia. Estavam na casa de Lily numa sexta de pizza quando Petúnia desce irritada pegar algo para beber, Peter, que estava com a mão esquerda apoiada no balcão, pergunta sobre a faculdade para ela. Em uma fração de segundos Frank está segurando a garota que estava com uma faca na mão enquanto gritava. — Tenho tentado me manter calma, e eu sei que todos em volta passaram ou estão passando ainda por esse nervoso e eu tenho tentado me controlar. Meus pensamentos positivos nunca foram tão comuns e ativos como agora, mas é tão difícil, Potter... pensar assim.

— Eu sei. — Ele deu uma pausa para respirar enquanto mexia seus pés — Porque não chamou Remus? Ou qualquer outro?

— Eles têm ouvido demais sobre isso, e não quero parecer injusta ou com inveja… além disso, sinto falta de conversar com você, Potter. — Ela bateu no ombro do amigo, que retribuiu com um sorriso.

Lily estava realmente cansada de todo aquele sentimento de incerteza. Por mais que a terapia tenha a ajudado consideravelmente, os pensamentos de preparação para algo dar errado apareciam por vezes, e se sentia apertada em uma vida que não cabia a ela. Algo frágil que iria desmoronar a qualquer momento.

— Desculpa por isso. — Ela disse.

— Não tem problema, minha mãe mandou um beijo inclusive. — Ele deu de ombros com um sorriso.

— Não… quer dizer… por isso também — Ela apontou para o rosto inchado do choro — Mas, por toda a história dos beijos e ter te desapontado, nunca quis aquilo e, bem, eu sei o que sinto por você, sabe? Só estava muito bagunçada e realmente não era certo contigo e nem comigo, e mesmo agora ainda estou bagunçada, e não sei se é certo… só queria deixar claro isso.

— Eu entendo e nunca te culparia por nada, só quis me manter são também, mas você sempre vai ser você, Evans. E não faz ideia do quanto isso significa na minha vida. — James abriu um sorriso tímido desviando o olhar do dela. Lily percebeu, mesmo com o quarto sendo iluminado apenas pela luz dos postes de fora, que o garoto estava corado.

— Pode me abraçar? — Ela perguntou e ele, sem pensar duas vezes, foi até ela e a aconchegou em seus braços.

Os dois permaneceram no silêncio até pegarem no sono, se aquecendo, com a respiração compassada. Seus sonhos foram tranquilos e Lily sentiu que finalmente descansou após longos dias de nervosismo. E mesmo quando a mãe da Lily fora ver como estavam, não foi capaz de interrompê-los, e apenas avisou a mãe de James, Euphemia, que o garoto iria dormir por lá hoje.

Na manhã de segunda-feira, ambos se assustaram ao perceber o que havia acontecido, e com a cabeça a mil pensamentos, James se despediu rapidamente, tropeçando enquanto saia do quarto da garota, enquanto Lily correu para o banheiro a fim de avaliar a gravidade do que acontecera enquanto tomava um banho e pensava novamente na possibilidade de mais um surto. - achou que já havia passado dessa fase.

Após uma análise - resultado de um longo monólogo no chuveiro - ela tomou uma decisão. Desceu correndo as escadas para avisar aos pais que iria sozinha mais tarde para a escola pois suas aulas começariam no terceiro período - o que era mentira -, e, então subiu correndo para o quarto, onde procurou por todo e qualquer material que pudesse usar para fazer uma arte. Daquelas bem bregas e chamativas.

Com uma cartolina rosa de um trabalho que havia feito com Marlene há alguns meses atrás, glitter rosa e prata que usara na última festa para passar no rosto de Frank e Sirius, cola e várias canetinhas, Lily ia dando vida ao seu carta. Esperava poder alcançar o nível chamativo e brega que tanto esperava.

A última parte de seu plano era roubar a caixa de som de Petúnia, o que era uma tarefa fácil considerando que a mesma não estava em casa, porém, seria difícil quando a irmã chegasse em casa e percebesse que havia sumido. Por um momento havia pensado em inventar alguma história do tipo: ‘’Entraram em casa, me fizeram de refém e disseram que levariam tudo e me machucariam se eu não dissesse onde a caixa de som estava! Era uma questão de vida ou morte!’’

Mas decidira que talvez fosse drama demais investido em uma história que poderia ser resolvida com um bilhete e, talvez, mais um mês de tarefas da casa feitas. Portanto, pegou um rascunho de papel e escreveu consideravelmente grande:

‘’Peguei emprestado sua caixa por fins emocionais e bons, eu juro.

Não vou estragar porque sou cuidadosa e se você falar que estraguei vai estar mentindo, coisa que é muito feia e não pode, então respeite sua irmã mais nova, frágil e meio doida da cabeça.

Te amo.’’

Não havia checado seu celular desde que acordou, e se surpreendeu - ou nem tanto - quando viu as várias ligações perdidas e mensagens desesperadas de seus amigos, incluindo James, que dizia:

‘’Podemos tentar de novo, se estiver de acordo.’’

Mas Lily queria fazer do seu jeito, como sempre. Não assistiu tanta comédia romântica e filme clichê a toa.

Queria fazer do jeito certo - que era o seu.

Mandou apenas uma mensagem no grupo dos amigos para avisar que já estava a caminho, e percebeu que precisava chegar na escola até o quinto período, já que a maioria do último ano costumava ficar livre durante esse horário. Pegou sua mochila, a caixa de som e o cartaz colorido, e seguiu o caminho até a escola.

Chegando lá recebe vários olhares, que antes a deixariam nervosa, de curiosidade. E não podia culpá-los, estava andando com uma caixa de som e uma cartolina rosa choque pelos corredores, ela também olharia se estivesse no lugar deles.

Ao chegar no pátio exterior percebeu que o lugar já estava cheio e que seus amigos estavam na mesa habitual, sendo assim, vendo que tudo estava pronto para o plano, se abaixou para que não perceberem que ela estava ali, indo em direção a mesa que ficava - mais ou menos - no centro de tudo.

Perguntou se poderia subir para as pessoas que ali estavam sentadas e explicou o por quê, de uma forma afobada e com muitos movimentos de mãos, até que dão permissão para que ela faça o que planejava - tem quase certeza de que mais por ter James envolvido do que por ela, ele era um cara influente pela escola.

Lily, já em cima da mesa e vendo que algumas pessoas já começavam a olhar, ligou a caixa de som e conectou a música ‘’Still into you’’ do Paramore, essa que ela havia intitulado a música deles mesmo que ele não soubesse disso, e, então começou a falar:

— Atenção! — Ela falou alto, algumas pessoas mais olharam por conta da música que tocava. Esperava que não achassem que seria um show. — EI! ATENÇÃO AQUI! — Ela gritou mais alto e percebeu que os amigos começavam a perceber quem era. — Obrigada!

Baixou a música para que pudessem ouvi-la no discurso que preparou:

— Bom dia! — A garota acenou com uma das mãos e recebeu algumas respostas — Como alguns devem saber, sou Lily Evans, sou do último ano e sou meio doida — Isso provocou algumas risadas, principalmente em seus amigos, que concordavam com a cabeça ou, no caso de Sirius e Frank, que faziam sinal de positivo — Eu sei, eu sei. Mas, o que muitos não sabem é que eu nunca havia beijado há, pelo menos, 5 meses atrás. — Percebeu que algumas pessoas cochichavam e outras soltavam algumas risadas baixas — Pois é.

Lily andou pela mesa olhando para todos.

— Mas há 5 meses algo diferente aconteceu: eu endoidei de vez. É sério, eu comecei a falar com Remus por bilhete numa aula de física, e ele até achou que eu estava dando em cima dele — Ela apontou para o amigo que ficou vermelho — e, mais tarde, me deu a brilhante ideia de eu beijar seu melhor amigo, e meu amigo, James Potter. Acreditam?

A ruiva viu James abraçar Remus e riu com isso.

— E então, mostrando como realmente surtei, eu propus para James que daríamos 3 beijos, estilo gênio da lâmpada, para me tirar desse limbo de não beijo. Logo ali já nos beijamos, e, foi… incrível! — Ela riu e ouviu assobios — Claro que para mim, eu nem podia comparar com ninguém, mas acho que ele gostou. — Lançou um olhar para James que confirmou meio tímido e arrancou palmas pela ‘’plateia’’. — Confirmado. Mas então, eu estava muito bagunçada, não era certo comigo ou com ele, e mesmo que tenhamos ficado várias vezes em segredo, sem nem nossos amigos saberem, — Ela juntou as duas mãos — Desculpa! — e mandou um beijo para eles — nós acabamos terminando tudo. E experimentamos outras coisas. Mas eu sinto falta dele, mais do que eu queria admitir, quem me conhece sabe meu histórico com James.

Alguns riram e alguém gritou sobre a queimada que teve na oitava série onde ela e James foram os últimos, um contra o outro, e Lily acertou a bola nas partes de James e o mesmo teve de ficar na enfermaria até o final das aulas pois não queria que ligassem para sua mãe. Naquele mesmo dia a mãe de Lily a levou até a casa dos Potter para que ela pudesse pedir desculpas ao garoto, mas o mesmo disse que apenas um selinho o melhoraria, e ela acabou dando um soco em sua barriga. Marlene contou a história pela escola no dia seguinte.

— Exatamente. A queimada, e muito mais. — Ela ainda andava pela mesa pois estava nervosa, e sempre que pensava no tanto de pessoas que a olhavam naquele exato momento, tinha de se segurar para não descer correndo e nunca mais aparecer por ali. — Mas o ponto é, ontem, em meio a um turbilhão de sentimentos e pensamento, eu percebi como James aquece a minha vida e como gosto disso, então, hoje de manhã após muitos diálogos comigo mesma durante o banho, decidi preparar algo extremamente brega que apenas filmes poderiam me ensinar. — Ela abaixou para pegar o cartaz — E aqui está!

Lily levantou o cartaz rosa choque cheio de glitter, canetinha colorida e desenhos aleatórios jogados por todo o canto escrito:

‘’ JAMES POTTER!!!!!!

VOCÊ AÍ!

AÍ MESMO!

ACEITA IR AO

B-A-I-L-E

COMIGO, LILY EVANS?

PISQUE PARA SIM.’’

Todos riram e bateram palma, enquanto se viravam para James esperando uma resposta. O garoto se levantou e gritou:

— SIM! — E uma salva de palmas aconteceu.

— ESPEREM! — Ela gritou — O QUÊ?

— ELE DISSE SIM! — Um dos garotos que estava sentado na mesa avisou, e Lily, conscientemente, deixou um sorriso tomar conta de seus lábios.

Ela recolheu tudo e, com uma ajuda, desceu da mesa e passou entre o amontoado de alunos que ali estavam, indo em direção a mesa dos amigos ou, mais especificamente, em direção ao garoto de óculos que a esperava com um, igualmente, grande sorriso naquele rosto lindo.

— Posso te beijar em público então? — James perguntou quando ela chegou mais perto dele.

— Deve. — E, em pouco tempo os dois estavam com os lábios grudados, coisa que sentiram tanta falta, e se aquecendo novamente. Lily finalmente pôde sentir que estava flutuando novamente.

As mãos de James estavam segurando o rosto de Lily e ela pensando como nunca mais sairia de perto dele. Como esse tempo longe de nada valera e como queria aproveitar cada mínimo momento ao seu lado, como deveria ter sido desde o início.

Pela primeira vez em algum tempo, seus pensamentos não conseguiam assustá-la ou afastá-la de seus verdadeiros desejos.


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