Desejo e Reparação escrita por natkimberly


Capítulo 9
Londres e o Novo Mundo


Notas iniciais do capítulo

Oi :)



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Depois de deixar Mr. Knightley em casa, o trio chegou em segurança. Poucos minutos depois, chega Sir Dashwood. Jane logo o questiona:

— Onde está o Charles?

— Foi fazer companhia a senhorita Preston até sua casa. Ela não voltou na carruagem com seu pai, pois queria um pouco de ar fresco.

Nesse momento, Emma e Jane se entreolharam e era como se tudo estivesse claro, as duas viraram para para Noah como se ele fosse um colar de diamante que tinha acabado de aparecer na sala magicamente:

— Então, era ela? - Jane e Emma perguntaram ferozmente. - Charles está namorando ela?

  Ele não as respondeu de primeira, mas não conseguiu conter um sorriso de canto que surgiu em seu lábios. As duas gritaram e comemoraram por finalmente perceberem, então, era óbvio, ele havia voltado mais cedo do servicço para prestigiar o baile do Mr. Preston e poder ficar junto dela.

— Emma, chega de gritaria, já tomar banho imediatamente, na verdade, vão todos. Estão sujando meu chão caro de lama!

 Todos o obedeceram e depois de tirar toda aquela sujeira de si mesma, Emma se sentiu uma outra pessoa. Limpinha indo jantar, ela avistou a figura baixinha de cabelos super cacheados guardando seu livro em seu quarto. Anne teve que escutar o longo sermão de sua irmã, sobre como ela poderia ter sido tão egoísta a ponto de manter um cavalo de um ano de vida sem o ensinar nem o básico e a contou tudo o que aconteceu decorrente a teimosia dele. Emma a disse que Rocky não era o culpado desse vexame, quem era mesmo era Anne, que não o educou e fingiu que ele não existia. Emma também disse que sinceramente estava feliz pelo cavalo ter se libertado, pois agora ele poderia ter uma vida digna livre de um estábulo, sem ser usado para nada. Anne a pediu desculpas, e disse que também estava feliz de Rocky estar solto porque ele poderia até achar um dono melhor do que ela. 

As duas desceram para jantar, sem guardar nenhuma mágoa. Emma, sentada na mesa, não conseguia falar de alguma coisa que não fosse a viagem do dia seguinte à Londres, Anne também sentiu empolgação e pediu para seu pai para ir também e ele assentiu. Jane ainda estava chateada com seu pai por ter negligenciado a situação de Emma para ficar tomando chá e conversando com Sir Collins, e então, ficou levemente alegre em descobrir que seu pai não iria para Londres com as meninas porque não estava de férias e tinha que trabalhar. Jane sentiu alívio em saber que não seria obrigada a passar por aquelas situações embaraçosas com o Sir Collins, já que seu pai não estaria presente para a importunar.

 Charles chegou minutos depois do jantar começar e estava molhado e com seu rosto levemente rosado, mas parecia feliz. Emma o questionou o motivo de tantos sorrisos bobos (sabendo a resposta) e ele disse que estava feliz que conseguiu não estragar o tecido do seu uniforme com a chuva, o que não convenceu ninguém na mesa, mas ele não se abalou, e quando descobriu sobre a viagem, logo negou o convite, dizendo que preferia ficar no conforto da sua casa em Meryton, antes que o Exército o chamasse de volta. Jane, então, percebeu que Noah estava dividido entre ficar em Meryton ou ir à Londres, isso a deixou triste, pois queria sua presença lá.

Na manhã do dia seguinte, Jane e Noah estavam treinando arco e flecha em uma árvore, enquanto Emma estava sentada no balanço remendando um de seus vestidos favoritos:

— Ela sabe que pode pedir para uma criada fazer isso, não é? - perguntou Noah, após acertar o alvo precisamente.

— Sabe, é que ela adora costurar e fazer vestidos, é um de seus passatempos - respondeu Jane, que logo em seguida errou o seu alvo. - Droga, por que pra você parece tão fácil e pra mim é tão difícil?

Noah sorriu e a disse que era uma questão de prática. Jane desistiu de se humilhar no esporte e sentou na grama o assistindo ainda fazê-lo. Para não ficar silêncio, ela trouxe o antigo assunto a tona:

— Então, já preparou suas malas para hoje? - ela disse, como quem não quisesse nada.

— Jane, já disse que não vou para Londres - ele a respondeu, soltando o arco e se virando para ela.

— Mas, por quê? Vai ser divertido, todos nós lá na grande cidade, indo nos melhores lugares e conhecendo gente nova. Até agora você não me disse uma real razão para recusar o pedido.

— Pois, então, vou-lhe dizer três. Primeiro, eu não fui convidado, o Sir Collins claramente chamou só vocês, os Dashwood. - Jane abriu a boca para dizer que aquilo era mentira, mas Noah logo prosseguiu: - Segundo, eu e Sir Collins não somos próximos, quando visitei Mansfield Park, andava com você e Emma, nunca nem troquei uma palavra com ele direito, então, acha que me sentiria confortável indo passar dias dormindo na casa de alguém que nem sei o primeiro nome? E, enfim, terceiro, Charles e seu pai disseram que como vocês, garotas, vão estar fora de casa, nós iremos fazer uma temporada de caça pelos bosques do Norte, já confirmei minha presença e cancelar agora seria um desrespeito com alguém que me deixa dormir em seu teto desde que cheguei em Meryton.

Jane se calou e não quis mais falar no assunto, sua presença é tão chata a ponto de ser trocada por uma caçada sem graça? Começou a morder suas unhas, se segurando para não discutir com o moreno. Noah percebeu que ela ficou estranha e sentou-se no seu lado:

— Por que essa cara? Eu falei algo que a incomodou? - ele parecia realmente preocupado.

— Não, nada. Só acho que você pode estar desperdiçando ótimas semanas para ficar assassinar animais. - Ela disse com um tom de voz irritado, se levantou e limpou seu vestido.

— Jane, você está be…

— Estou maravilhosamente bem. Na verdade, você que deveria se sentir mal em matar pobre animais inocentes! - Jane se virou e foi embora.

Noah ficou sentado a olhando entrar em casa, totalmente desnorteado sem entender o que tinha sido aquilo. Emma, tirando a agulha de seu longo vestido, o disse sem tirar os olhos do seu afazer:

— Olhe, Noah, ou você está fingindo não entender o que está acontecendo, ou você é realmente um dos homens mais lerdos que já vi na vida. - Noah não a respondeu, pois sabia que se encaixava na segunda opção. Emma respirou fundo e disse calmamente:  - Você tem o privilégio de ter a atenção de Jane, e, talvez, até de ser sua companhia favorita (tirando eu, é claro), coisa que Sir Collins almeja tanto, mas não consegue possuir, porque você tem algo que ele não tem: presença. Então, faça por merecer.

Ela concluiu se levantando e indo em direção à sua querida casinha, esperando que a semente que plantou na cabeça de Noah gere bons frutos.


 

Chegando em Mansfield Park, Jane já havia montado um plano na sua cabeça, já que seria um grupo de cinco pessoas, ficaria ela, Anne e Sir Collins em uma carruagem e Emma e Gerald, sozinhos na outra. Ao descerem da carruagem, Emma, como havia prometido, caminhou até Mr. Knightley e o mostrou a outra carruagem que havia trazido:

— Aqui está, acordo cumprido. - Ela disse. Fitzwilliam parecia estar pensando muito sobre o que dizer, mas, logo, foi sincero:

— Obrigado, Emma, irei me lembrar disso. 

Emma ficou surpresa ao ouvir suas primeiras palavras… decentes? Ele beijou sua mão como despedida e, com ajuda do cocheiro, colocou suas malas dentro. Gerald veio na direção dos dois, junto com Sir Collins, e disse:

— O que é isso? O que está fazendo, Fitzwilliam?

— Estou indo para Rosings - ele disse, com um sorriso de provocação. 

— Não seja idiota, como vai para Rosings sozinho? Não tem como você ir. Pare com isso, entre logo, se não vamos chegar em Londres à noite.

— Na verdade, eu o emprestei minha carruagem. - Emma o disse.

— Você o quê? - Gerald indagou com ar de espanto. 

Fitzwilliam se despediu de Sir Collins, que estava feliz do melhor amigo ter arrumado um jeito de seguir seu caminho, enquanto Gerald parecia furioso e tentava convencer Sir Collins de que não o deixasse ir, pois a viagem não seria a mesma sem ele, mas Fitzwilliam já havia partido. Sir Collins não ligou para o que Gerald dizia e todos foram para seus lugares.

Quando Emma ia entrar na carruagem onde estavam Jane e Anne, a irmã mais velha, logo disse:

— Nada disso, quem vai aqui é o Sir Collins.

Emma não acreditou no que estava ouvindo, e, pelo visto, nem o Sir Collins. Jane se arrependeu amargamente de ter dito aquilo em um tom tão autoritário, pois agora parecia que ela estava interessada na companhia do Sir Collins, o que o deixou dando saltos internamente. Emma, com raiva da irmã, caminhou até onde estava Gerald, e com a ajuda dele, subiu e se sentou ao seu lado. 

Gerald estava com a cabeça em outro lugar, não parecia o Gerald que Emma estava acostumada. Os cavalos partiram, e Emma, incomodada com o silêncio, o perguntou:

— Aconteceu alguma coisa? Por que está tão sério?

— Por que você o emprestou a carruagem? - ele a perguntou secamente, sem tirar os olhos da vista do campo. - Por que tinha que fazer aquilo? Por que tinha que se meter?

A garota ficou perplexa com aquilo vindo dele, ele nunca a havia dirigido esse tom de voz. Emma não estava entendendo o porquê de tudo aquilo.

— Me meter aonde? Você está louco? Eu o emprestei para que a viagem fosse mais tranquila sem a presença irritante dele, achei que você iria se sentir bem sem ele o azucrinando com aquele mau humor e grande ego.

— Azucrinando? - Gerald repetiu, estava rindo de nervoso. - Da próxima vez que quiser fazer um ato de “bondade” desse, me consulte antes. Sem se envolver onde não foi chamada.

E se virou, de novo, para o campo, como fim de assunto. Emma estava furiosa, sentia seu rosto arder de raiva. Não entendia o motivo de tanta grosseria gratuita, sem ao menos haver algum motivo decente para tudo isso. Os dois não falaram mais nada. Emma teve que concentrar todas suas forças em admirar a estrada se movendo e Meryton ficando para trás. 

Se passaram uma hora de viagem e os dois ficaram sem trocar uma palavra, até que Gerald tomou partida e, depois de se acalmar, pensou sobre como mal havia se comportado:

— Emma, -  ele disse baixinho, levemente envergonhado - eu sinto muito por como eu agi com você agora a pouco.

Emma fingiu que não ouviu, nem olhou em seu rosto. Fazia de conta que estava sozinha na carruagem. Gerald engoliu seco e tentou continuar:

— Eu estava nervoso, sinto muito se a ofendi em algu…

— Me ofender? Me ofender foi pouco, você brigou comigo como se eu tivesse feito algo gravíssimo, acha que pode falar comigo como fala com seu irmão? Se em Londres você me tratar desse jeito de novo eu arrumo minhas malas e volto para Meryton sem nem pensar duas vezes, e nunca mais olho na sua cara, também. Agora, pare de falar, porque ouvir sua voz está me irritando mais ainda.


 

Jane estava voando nos seus pensamentos, pensando em como deveriam estar Emma e Gerald na carruagem atrás, sem ter a menor ideia no clima horrível que permanecia entre eles. Foi despertada quando Anne a chamou para contemplar a plantação de uvas do lado de fora, Anne e Sir Collins falam sobre qualquer assunto com muita animação, e Jane não conseguia acreditar que havia encontrado alguém que aguentava ouvir Anne conversar sobre literalmente tudo, pois aquela baixinha quando perdia a timidez, não fechava a boca por mais nada nesse mundo.

— São dessas uvas que são feitos os vinhos exportados para outros países, Sir Collins?

— Provavelmente, apesar de que importamos muitos vinhos de Portugal, então acredito que essas devam ser apenas para aqueles vinhos que tomamos quando queremos sentir o gostinho de algo feito na nossa casa. - Ele respondeu sorrindo e Anne parecia encantada, como se aquilo fosse um novo mundo para ela. - Vocês vão amar Londres, lá tem de tudo que podem imaginar, já estiveram lá quantas vezes? Podem deixar que assim que resolver as questões do Parlamento, irei levar vocês para os melhores lugares, vão sentir orgulho de terem nascido Inglesas. Aonde gostaria de ir, Jane?

— O quê?

Jane não tinha prestado atenção, só tinha escutado a palavra vinho. Ajeitou seu cabelo e disse:

— Adoro vinho, Sir Collins, mas Anne é muito nova para tomar - ao terminar de falar os dois riram dela, a loira percebeu havia passado vergonha e tentou se redimir: - Pelo visto não era isso que tinha me perguntado, o que era? Ah, não sei dizer, acho que gostaria de visitar algum museu. Na verdade, estou mais curiosa para ver os seus animais, em Mansfield você disse que adorava - Sir Collins concordou, animado que Jane havia lembrado do que tinha falado há semanas. - E, também, nós três nunca presenciamos um baile de Londres, então,  diga-me, é muito diferente do Meryton? Se disse que é melhor, me sentirei levemente ofendida.

— Se dissesse que é superior estaria mentindo, os dois são diferentes. O de Meryton, as pessoas eram mais calorosas, as danças mais animadas mas os de Londres são mais clássicos, a moda antiga, e a comida do de Londres é melhor - ele continuou a pensar, e, disse com astúcia: - Se as senhoritas quiserem, posso dar um baile em minha casa, o que acham?

Anne não se empolgou, não gostava de bailes, então, por isso, nem respondeu. Já os olhos verde esmeralda de Jane brilharam e Sir Collins percebeu que havia chegado no ponto fraco da loira:

— Posso responder por mim e por minha irmã, Emma, que sim. Um baile nunca é demais.

Jane ficou empolgada, e acabou desviando a atenção que o Sir Collins estava dando a Anne para ela, o que deixou a caçula levemente chateada, pois quando assunto era festas e danças, Anne não sentia animação em entrar na conversa. 

O assunto do baile durou até que os três avistaram casa e prédios escuros a distância.

“Já se passaram quatro horas?” pensou Jane. As carruagens entraram na capital e percorreram as ruas cheias de pessoas, inúmeros postes de luz e até mesmo fumaça pelos ares. Para Anne, tudo aquilo era novo e esplêndido, pois ela raramente viajava e, agora estava se deparando com um lugar que era o completo oposto da sua cidade natal. Por qualquer coisa, Anne gritava de surpresa:

— Olha, aquilo é uma fábrica, Sir Collins? Meu Deus, viram o tamanho daquele prédio? O que é aquilo, um cavalo ou um cachorro, Jane?

Jane implorava para Anne falar mais baixo e se comportar, porque ela estava com a cabeça quase inteira que para fora da janelinha, Sir Collins se divertia com a empolgação da inocente Anne, já Jane não sabia dizer se a irmã tinha dezesseis ou oito anos. 

Depois de vinte minutos, eles chegaram a mansão de Sir Collins, ela não tinha nenhuma semelhança com Mansfield Park, as casas poderiam até ter o mesmo tamanho, mas a aparência era distinta. Enquanto Mansfield era branco com dourado, a mansão de Sir Collins era um amarelo escuro e tinha um jeito mais rústico. Jane desceu da carruagem e esperou para ver como Emma e Gerald estariam, esperava que eles já estivessem em um grande nível de intimidade, mas percebeu que longe disso.

Emma abriu a porta bruscamente, desceu e foi pegar suas malas sem nem esperar para algum criado fazer isso. Jane olhou para o rosto da irmã e percebeu um olhar que já vira muitas vezes, Emma estava com as sobrancelhas arqueadas, seus lábios estavam cerrados, ela nem olhou para ninguém e já foi caminhando sozinha até a porta de entrada. Gerald, por outro lado, parecia sem graça, não previa que Emma fosse agir dessa forma e deixar tão claro ao mundo que estava chateada. Jane alcançou sua irmã, o que não foi difícil (já que o jardim da casa de Sir Collins era minúsculo comparado ao de Mansfield Park), a perguntou o que havia acontecido. 

Emma a contou tudo, Jane ficou chocada com a rispidez de Mr. Knightley e ficou completamente do lado de sua irmã, a ajudou a carregar a sua mala e quando as duas abriram a porta foram surpreendidas por uma matilha de cachorros que vieram ao encontro delas, comemorando por verem gente nova. O aborrecimento de Emma foi embora quase que instantâneo quando recebeu amor de tantos lindos bichinhos de quatro patas. 

Após se instalarem, o jantar aconteceu e as irmãs Dashwood foram apresentadas às irmãs Collins, Amelie e Mary. Não precisou ter mais de uma conversa para que Jane e Emma as desprezarem. As duas eram irritantes e tolas. Amelie até que era a mais bonita dos Collins, mas não tinha um pingo de bom senso e só sabia falar de futilidades. 

As duas ficaram em cima de Gerald como se ele fosse uma celebridade do exterior, não queriam nem saber como o irmão mais velho estava, se a viagem tinha sido tranquila, ou como foi a estadia em Mansfield Park. Isso deixou Jane devastada, pois o Sir Collins era um homem muito bondoso com todos, mas, aparentemente, suas irmãs não puxaram isso da família. Sir Collins tentou as contar como era Meryton, ou até mesmo introduzi-las a fazer uma amizade com as Dashwood, mas elas nem tiraram os olhos azuis de Gerald, que estava se sentindo sufocado.

Sir Collins, como última tentativa de ser notado, anunciou que iria fazer um baile em sua casa. Amelie e Mary viraram o pescoço tão rápido que Emma pensou que se não o quebraram agora, não quebrariam nunca mais. Elas deram gritinhos de histeria e começaram a especular sobre quem iria e qual roupa iriam usar:

— William, por favor, diga que o Fitzwilliam vai estar presente - implorava Amelie. - Se ele não for, você será o pior irmão da Terra!

— Se ele não for nossos pares de dança não vão ficar certos, - disse Mary - porque Amelie tem que dançar com Fitzwilliam e eu vou dançar com Gerald. Ah, e a Charlotte vai ser convidada, não vai? Ai, que saudade que eu estou sentindo dela e de Fitzwilliam, Windsor (nome da residência dos Collins) não é a mesma sem eles.

Emma fechou a cara, Jane estava querendo voltar à Meryton e Anne estava pensando em como a comida do Sir Collins era deliciosa. Sir Collins tentou avisá-las que Fitzwilliam não estaria presente e parecia que ele tinha dito que o pônei delas faleceu. Pelo menos, elas nem se davam o trabalho de interagir com as visitantes, Emma agradecia por isso.

Quando acabou o jantar, Sir Collins sugeriu que todos fossem para a sala de jogos, para jogar xadrez, poker ou qualquer outra coisa, Emma rapidamente negou, afirmando que estava muito cansada e queria ir dormir, ela pensou que Jane fosse fazer o mesmo, mas a irmã mais velha parecia estar tendo uma conversa sigilosa com Gerald. 

— Jane, não vai subir? - Emma perguntou, segurando o corrimão da escada.

— Ah… - Jane pareceu sem graça - Pensando bem, eu vou com eles, para conhecer a casa e, quem sabe, jogar um pouco.

Jane caminho junto com o grupo e Emma percebeu que ela se aproximou de Gerald.

“Traidora” pensou Emma. Subiu até seu quarto e foi tirar o seu tão almejado cochilo.

Emma tentou, mas não conseguiu cair no sono profundo que queria. Eram dez horas da noite e ela estava em seu quarto lendo “Razão e Sensibilidade”, se perguntando se o grupo ainda estava na sala de jogos a essa hora. 

Estava concentrada em sua leitura até que foi distraída por som de passos vindo do corredor. Pensou que poderia ser Jane, mas os passos eram muito pesados. Percebeu que o barulho parou quando chegou na frente da porta de seu quarto, esperou que a pessoa fosse abrir a porta, mas as pisadas voltaram e pareciam estar dando voltas, pensando em ir ou voltar.

“Decida-se logo” pensou Emma, que não conseguia ler com aquele barulho irritante. 

— Quem está aí? - resolveu perguntar. 

O barulho parou novamente, Emma pensou que havia desistido, mas, cinco segundos depois, foi surpreendida com Gerald entrando em seu quarto rapidamente e fechando a porta:

— O que pensa que está fazendo? Eu estou de pijama, seu pervertido!

— Eu sei, mas escute, não temos muito tempo, se arrume rápido. - Ele dizia ofegante, Emma percebeu que estava segurando algo em sua mão.

— O que é isso?

Gerald ergueu o braço e a entregou um buquê de rosas brancas, as favoritas de Emma. O buquê, claramente, tinha sido colhido recentemente, e, pelo visto, pelo próprio Gerald, pois as flores não foram colhidas cuidadosamente, algumas estavam mal cortadas e tinhas espinhos.  


 

— Isso é o seu pedido de desculpas? - ela perguntou com leve tom de deboche.

— Não, só vai ver meu pedido de desculpas quando colocar um belo vestido e descer comigo. 

— E, por que eu faria isso?

— Primeiro, porque você é muito curiosa e, segundo, porque não vai se arrepender. Confie em mim, Emma, - quando Gerald disse isso, Emma cerrou os olhos e o analisou com cautela - confie em mim, só dessa vez.

Emma, enfim, assentiu,  ele saiu do quarto e ficou no corredor esperando ela. 

Ela estava fazendo isso mais por causa de sua curiosidade. Depois do episódio da carruagem Emma sentiu que devia suspeitar mais de Gerald, os irmãos Knightley  estavam sobre sua observação agora.

Colocou seu vestido vermelho e prendeu seus cabelos ondulados, quando saiu do quarto os dois caminharam até o andar de baixo e Gerald a guiou para saírem pela porta de trás. Quando estavam fora de Windsor, Emma o perguntou:

— Vamos ter que andar muito? Não está muito tarde para ficar zanzando pelas ruas de Londres?

— Nem se preocupe porque, sobre minha custódia, nada vai te acontecer.

Emma gostaria de ter sorrido, mas era muito orgulhosa, então ainda estava séria. Gerald percebeu que ela continuava de cara emburrada, e logo disse:

— Emma, quantas vezes eu vou ter que pedir desculpas? - Emma não o respondeu, resolveu mudar de assunto:

— Como descobriu que minha flor favorita é a rosa branca?

— Ah, Jane me ajudou nessa, quando você subiu para seu quarto, eu pedi para que ela me ajudasse a fazer você me perdoar.

— Então, ficaram muito tempo conversando, pois ela nem subiu para o quarto.

— Na verdade, ela quis continuar na sala de jogos, aparentemente, ela ficou com pena do descaso das irmãs de William e o resolveu fazer companhia, aceitou que ele a ensinasse a jogar xadrez, enquanto Anne ficava lendo e eu ficava tendo que aturar as “amáveis” Amelie e Mary.

— Deve ter sido uma noite difícil para você, - Emma respondeu - ainda mais tendo que escolher qual daquelas duas vai ser seu par na festa especial.

— Eu não quero dançar com nenhuma daquelas duas - ele disse olhando para Emma, depois deu um sorriso de lado e prosseguiu: - Na verdade, vou te contar um problema, a garota com quem eu queria dançar a noite inteira está tão, mas tão, brava comigo, que eu acho que se eu dançasse com ela, ela pisaria no meu pé, de propósito, até ele cair.

Emma não conseguiu conter a risada e Gerald se sentiu, enfim, vitorioso. Continuaram a andar pelas ruas escuras iluminadas por postes, passando por diversos estabelecimentos fechados, até que Gerald disse para ela que eles já chegaram no destino. Emma se virou e avistou aquela enorme construção de mármore esbelta. Estava se perguntando se aquilo era o que ela estava pensando.

— Srta. Dashwood - ele disse, erguendo o braço para Emma.

— Mr. Knightley - disse ela, segurando-o.

E, assim, os dois caminharam em direção ao imenso Royal Albert Hall.


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Notas finais do capítulo

:)



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