Poção do Amor escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 3
Mágoa


Notas iniciais do capítulo

Obrigada a todos que estão acompanhando a história! É um livro curto, mas feito com muito amor e início de várias minisséries SasuSaku!



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Capítulo 2

por N.C Earnshaw

 

SASUKE LIMPOU O SUOR DO ROSTO com o pano velho que estava jogado em seu ombro, praguejando mentalmente por estar cumprindo mais uma missão inútil ao invés de estar treinando. Sua respiração se encontrava ofegante pelo cansaço, e a luz do sol queimava sua pele pálida, deixando-o vermelho da cor de tomates; sua comida favorita. Desde que havia acordado, estava num péssimo humor. Os pesadelos da noite passada haviam sido intensos, e arrumar um telhado de um casal qualquer, sob o sol escaldante, não fazia muito para melhorar o seu temperamento. 

O Uchiha encarou Kakashi de esguelha, observando como o Hatake parecia relaxado e aproveitando o melhor momento de sua vida. Enquanto Naruto, Sakura e ele, acabavam-se de trabalhar, o jounin estava sentado sob uma árvore, desfrutando da sombra e do seu livro laranja idiota. “Que sensei maravilhoso eles tinham”, debochou em pensamento

Sasuke cerrou um dos punhos, sem poder soltar a outra mão do apoio da escada; não queria cair daquela altura e se machucar, ficaria sem treinar por uma ou duas semanas se quebrasse algum dos braços. Ele grunhiu baixinho na direção de Kakashi, que apenas ergueu uma das sobrancelhas e voltou a ler seu livro pornográfico, não dando muita atenção para seu estudante revoltado. 

Um baque alto alertou Sasuke e o fez desviar os olhos rapidamente para baixo. Caído em uma posição fetal, estava Naruto Uzumaki, seu companheiro de time idiota. Ao seu redor, tinham pedaços de telhas quebradas que ele havia levado consigo na queda que, por muito pouco, não o acertaram. Em um dia normal, Sasuke teria lançado um sorriso sarcástico em sua direção e o provocado, mas não sentia dentro de si a vontade de começar uma briga tola. 

A queda de quase três metros não pareceu afetar o garoto, que se levantou num pulo, coçando a cabeça em constrangimento e com um sorriso largo rasgando-lhe as bochechas. Sakura, que antes possuía um olhar preocupado no rosto e havia corrido em direção do loiro, fechou a cara. 

— Como você pode ser tão idiota, Naruto? — gritou a garota de cabelos rosados. A voz estridente de Sakura fez o Uchiha franzir o cenho; sua cabeça estava explodindo e ele odiava quando os dois idiotas começavam a berrar. — Se continuar com esse jeito destrambelhado, não vamos terminar essa missão nunca! Olha só a bagunça que você fez. 

— M-mas Sakura-chan… — Naruto tentou se explicar, no entanto, a Haruno não se dispôs a ouvir. Cruzou os braços, quase derrubando água que tinha no copo que ela segurava, e ordenou que o Uzumaki limpasse a bagunça. 

O loiro começou a fazer o que foi mandado sob o olhar rigoroso da garota. Já havia levado socos o bastante naquele dia e não queria mais sentir a ira da sua companheira de time. 

Sasuke conseguiu ouvir alguns resmungos baixos e quase sorriu de canto. Era um pateta por deixar uma menina mandar e desmandar nele. O Uchiha nunca permitiria ser controlado daquela maneira. 

Ao sentir sua garganta seca, desceu as escadas com cuidado, sem intenção de fazer uma cena como a de Naruto. Ele passou pelos companheiros de time rezando para não chamar a atenção de qualquer um deles para si, e foi em direção a garrafa de água com copos que a dona da casa havia oferecido para o time. Ele procurou seu copo com os olhos, mas apenas encontrou o verde que Naruto tinha escolhido e um da mesma cor que o seu, porém com as bordas sujas de brilho labial. O gennin cogitou por alguns segundos, beber naquele copo, sabia que Sakura era muito limpa e tinha uma obsessão em escovar os dentes. 

“Morangos”, constatou o Uchiha ao cheirar a parte melada de brilho. “Seria muito melhor se tivesse cheiro de tomate”. 

— Sasuke-kun! — chamou a Haruno ao percebê-lo encarando o objeto com uma careta pensativa. 

Sasuke controlou toda sua expressão facial para não demonstrar que ele tinha se assustado com o quase grito, e observou a menina se apressar em sua direção, com uma sobrancelha arqueada. 

— Esse copo é meu — afirmou o garoto logo que viu o recipiente azul em uma das mãos dela. Seu rosto estava livre de qualquer sentimento, mas seus olhos brilhavam com irritação. 

— S-sim, é seu — gaguejou a Haruno, sem graça. — Eu já estava te levando água, mas o Naruto caiu e fez toda aquela bagunça e…

— Hum! — resmungou Sasuke, cortando a fala dela ao sentir uma breve tontura. A tagarelice de Sakura estava o incomodando mais que o normal, principalmente por causa da dor de cabeça infeliz. — Posso pegar minha própria água. 

— Mas Sasuke-kun! — Sem querer perder a atenção do seu amado, ela se aproximou mais ainda, invadindo o espaço pessoal do Uchiha, com as bochechas coradas. Mesmo com a negativa, a garota estava se sentindo nas nuvens por apenas ter o olhar dele em si. — Não me importo de buscar água para um companheiro. Somos um time. 

Aquelas últimas frases alertaram Naruto da conversa dos outros dois. E animado com a declaração da menina que ele estava apaixonado, achou que era uma boa hora para aproveitar e pedir água a Haruno. Sua mente boba já criava o momento em que ela levaria o caneco até ele com um sorrisinho tímido no rosto, suas mãos iriam se tocar por vários segundos e ela não iria resistir ao beijo… Ele riu com satisfação. 

— Sakura-chan! — O loiro se empertigou, ansioso para suas fantasias se tornarem reais. — Estou com sede. 

Sasuke arqueou uma das sobrancelhas ao identificar uma veia bastante conhecida na testa da garota. 

— E o que eu tenho a ver com isso? — inquiriu Sakura, furiosa, lançando um olhar sujo em direção ao Uzumaki.

“Não posso acreditar na cara de pau desse imbecil”, pensou ela. 

— Sakura-chan! — Naruto coçou a cabeça, sem entender. — Somos um time. E companheiros ajudam uns aos outros. 

— Não sou sua empregada, Naruto! Se quiser água venha aqui buscar você mesmo!

O Uchiha balançou a cabeça e serviu água no copo que tinha em mãos, bebeu rapidamente assistindo seus companheiros brigarem, e colocou o objeto no mesmo lugar. Ele passou por Sakura, pedindo a Kami que ela continuasse a discutir com o Uzumaki e o deixasse em paz. No entanto, aquilo parecia exigir muito…

— Não vai beber, Sasuke-kun? — indagou a Haruno colocando o recipiente com água na frente dos seus olhos. 

— Sakura. — A voz rouca do Uchiha dizendo seu nome a fez se arrepiar e arregalar os olhos. Sasuke quis bufar alto, mas resistiu. Por um breve instante, o verde das suas orbes chamou sua atenção. Ao contrário do que ele achava, não era completamente claro, perto da íris de um deles tinha um tom mais escuro de verde, quase negro. — Não preciso da sua ajuda. 

Sasuke ignorou o olhar magoado da garota e se voltou aos seus afazeres. 

O resto da manhã se passou em silêncio, com Sakura apenas o lançando olhares de canto. Naruto tentou arranjar briga com o outro genin, entretanto, ele não se deixou atingir, ignorou o loiro como se fosse um inseto e fingiu não ouvir seus gritos.

O Uchiha disfarçou que não viu Sakura subindo a escada ao lado da sua. Ele sentiu um instinto de repreendê-la ao ver a madeira velha soltar um rangido alto, mas o controlou. Não se importava se a garota caísse. Do jeito que a menina de cabelos rosa era distraída, sua queda era uma certeza. Sakura possuía péssimos reflexos para uma genin. No entanto, apesar de algo dentro de si, gritar para que ele a mandasse descer daquela porcaria, o ninja rejeitou aquela voz. 

Se falasse algo, Sakura acharia que ele estava preocupado e começaria a imaginar besteiras sobre como ele retribuía seus sentimentos. Uma companheira de equipe mais grudenta que o normal seria um inferno, então ele apenas se absteve em observar a garota enquanto ela trabalhava, pronto para agir logo que ela perdesse o equilíbrio. 

Óbviamente, lembrou o Uchiha, somente estava dando tanta importância a sua queda porque sem ela, o time 7 teria um membro a menos e ficariam longe das missões até que Sakura se recuperasse. Sendo assim, atrasaria os planos de Sasuke em vingar seu clã.

“Irritante”, pensou ele encarando a parte de trás da cabeça dela. 

Sakura sentiu um olhar sobre si e se virou para tentar pegar o garoto de olhos ônix no flagra. Uma emoção intensa de felicidade borbulhava dentro dela e ela teve que se conter para não soltar um gritinho animado. Não só seu Sasuke-kun tinha trocado mais que duas palavras com ela, como estava observando-a como um amante fitava sua amada. 

Ao perceber os olhos negros e profundos a encarando com intensidade, a garota se desequilibrou na escada. Por instinto, tentou segurar no degrau acima do que ela se encontrava, mas a madeira se partiu e ela caiu para trás levando a escada junto. 

Sasuke saltou e agarrou o corpo da genin em seus braços. Ver Sakura caindo, por mais que ele esperasse o acontecido, fez seu coração parar por um ou dois segundos. Então agiu o mais rápido que pôde. 

Ele pousou no chão ao lado de um Naruto chocado. Atrás de si, somente foi ouvido os estrondos das coisas caindo. Não só a escada de Sakura tinha quebrado, mas a do Uchiha também, visto que tinha chutado o objeto para longe na intenção de se impulsionar em direção a figura feminina do seu time, ao qual ia pousando no chão como um saco de batatas. 

As respirações ofegantes dos dois se encontraram e Sakura o lançou um olhar de choque. 

— Uau, Sasuke, você conseguiu ser mais rápido que eu — debochou Kakashi caminhando calmamente em direção aos seus alunos. — Pode soltar a Sakura agora. 

O Uchiha, ainda com a Haruno grudada em seus braços, grunhiu tentando esconder suas bochechas coradas e a ajudou a ficar de pé. Assim que ele percebeu que ela tinha se firmado sem a ajuda dele, afastou-se dois passos da garota, recebendo um arquear de sobrancelha do sensei. 

Kakashi não estranhou o cuidado de Sasuke com a menina. Tinha percebido ao longo das missões que a fragilidade de Sakura era atrativa para o Uchiha, fazendo-o sair de onde estivesse para protegê-la. Entretanto, o que o Hatake estava achando hilário naquele momento, era que Sasuke havia notado seu próprio cuidado e preocupação, e estava tentando disfarçar com uma carranca e um bico enorme. 

— O que acham de darmos uma pausa para o almoço? — O grito animado de Naruto fez os ouvidos de Kakashi doerem, mas ele mesmo assim sorriu sob a máscara. — Você está bem, Sakura? 

A garota arregalou os olhos. Estava tão compenetrada em encarar Sasuke que não tinha dado atenção a nada que o sensei tinha falado. 

— H-hai, Kakashi-sensei! 

O Uchiha bufou alto e saiu andando com as mãos enfiadas no bolso, sem esperar que seus companheiros de time o acompanhassem. 

Ao longo do caminho até o Ichiraku, a Haruno tentou de várias maneiras, chamar a atenção de Sasuke para si. A ninja queria agradecer por ele tê-la salvo, no entanto, para sua decepção, o outro genin não estava disposto a ouvi-la. Ele e Naruto logo iniciaram uma discussão e não sobrou muito espaço para que ela falasse com o Uchiha. Sendo assim, Sakura esperou as horas restantes da missão com ansiedade. 

As distrações dadas por seus companheiros de time o ajudaram a esquecer um pouco o pesadelo mais recente, contudo, no caminho para casa, toda a tristeza, toda a raiva e as memórias de sua mãe, voltaram à tona. 

O garoto pensou em ir para o campo de treinamento para continuar a treinar, mas deixou a ideia de lado. Estava exausto, irritado e com fome. Apenas queria chegar ao seu apartamento, tomar algo para sua dor de cabeça e dormir, torcendo para não ter outro sonho daqueles. 

— Sasuke-kun! — Uma voz ofegante o fez parar e se voltar para trás. Entretanto, no instante que se virou e deu de cara com Sakura, arrependeu-se. Não estava com cabeça para as insinuações dela. 

A Haruno apoiou seus braços nos joelhos, tentando recuperar a respiração. Os cabelos longos cobriam seu rosto, no entanto, o Uchiha apostava qualquer coisa que suas bochechas estavam tão rosadas quanto seus fios. 

— Nossa, Sasuke-kun, você anda rápido...

— O que você quer, Sakura? — indagou o genin, impaciente. — Não tenho tempo para perder com bobagens. 

Com uma lentidão irritante, ela ergueu a cabeça, e Sasuke mudou de ideia. Suas bochechas não se encontravam rosadas como seus cabelos, mas vermelhas como os tomates suculentos que ele tanto adorava. 

— Vim agradecer por ter me salvado mais cedo — falou a menina com timidez, tocando seus indicadores um no outro. 

Aquele movimento o enraiveceu, e algo, no fundo da sua mente, alertou-o que já havia visto aquela postura em outro alguém. Ele descartou a ideia, odiava pessoas que sentiam vergonha de tudo e não conseguiam falar por si mesmas, não suportaria nem um segundo perto de um ser assim. 

— Hum! — resmungou o Uchiha, virando as costas. 

A garota o encarou indo embora com a boca levemente aberta. 

— Espera! — gritou ela, acompanhando seu passo. 

— O que quer, Sakura? — Sasuke cerrou os punhos, sentindo sua cabeça latejar. 

— E-eu quero te agradecer! 

O membro do time 7 a fitou como se ela fosse uma idiota. 

— Quero te convidar para jantar como forma de agradecimento — explicou. 

— Não, obrigado. — Ele massageou uma de suas têmporas, tentando se livrar um pouco da dor, sem êxito. Falar com Sakura estava piorando sua enxaqueca.

— M-mas… 

— Por que ao invés de perder seu tempo comigo me convidando para jantares idiotas, você não treina? — A Haruno ofegou com a rispidez do Uchiha. — Se tivesse treinado seus reflexos, eu não precisaria perder meu tempo te salvando. 

Ele a deixou para trás após ver seus olhos lacrimejando. Sasuke sentiu uma pontada de culpa ao ver o quão desestabilizada ela ficou com suas palavras, contudo, ele não havia mentido, e Sakura apenas largava do seu pé quando ele era grosseiro. 

A única coisa que o garoto desejava, era sossego. Horas depois, enquanto saboreava seu jantar, Sasuke pensou no quão sua vida seria mais fácil se Sakura parasse com aquela obsessão idiota e focasse em outra coisa a não ser nele.


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