Poção do Amor escrita por Nc Earnshaw


Capítulo 2
Pesadelo


Notas iniciais do capítulo

Estou muito animada!



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Capítulo 1

por N.C Earnshaw

 

SASUKE SENTIU SEUS OLHOS COÇAREM com a súbita luz que invadiu o ambiente. Incomodado, ele levou as mãos fechadas em punho até o rosto e se assustou com seus tamanhos. Estavam menores e mais macias que o normal, livre dos calos e cicatrizes causadas pelos treinos. 

O garoto deu um passo para trás, estranhando suas pernas curtas, e acabou tropeçando e caindo de bunda no chão. A surpresa e a vergonha, fizeram suas bochechas queimarem de constrangimento, e o Uchiha agradeceu ao universo Naruto não estar por perto para assistir seu tombo. O Dobe iria irritá-lo com aquela cena por meses. 

Diante da dor que estava sentindo pela queda, buscou ao redor algo que o indicasse onde estava, visto que somente se lembrava de deitar para dormir após mais uma das missões idiotas com o time 7. Seu corpo estremeceu ao perceber onde se encontrava. A sua frente, imponente como ele lembrava ser na sua infância, estava a casa principal do Clã Uchiha.

Sua casa

Sasuke se xingou baixinho, tentando entender como não havia visto antes, não reparando no timbre mais fino da sua voz. Ele levantou num pulo, chocado por ter se deslocado até ali. Os pesadelos atormentavam a maioria das suas noites, e apenas tinha sossego quando dormia fora do seu apartamento junto do seu time. No entanto, nunca havia tido um ataque de sonambulismo. Aquilo era novidade. 

O membro do time 7 deu as costas para a casa e avistou próximo aos seus pés um bichinho de pelúcia. Ele se abaixou para pegá-lo e avaliou a pelúcia com o cenho franzido. Era o mesmo dragão verde de estimação que ele arrastava para todo lado quando era criança. Seu coração se apertou contra o seu peito, estranhando a situação. Estava completamente atordoado pelas memórias que o dragão estúpido trazia. 

Sasuke o jogou para longe, mas conseguiu lançá-lo apenas a dois metros de distância. Parecia que tinha perdido sua força, também. 

Um genjutsu, talvez?”, pensou enquanto fazia o sinal de kai com as mãos, pronto para se livrar daquela ilusão idiota. “Mas quem lançou?

Sua mente se encheu de estratégias e dúvidas. Se ele realmente estivesse sendo atacado, deveria estar pronto para lutar. Entretanto, não poderia se preparar sem saber quem era o ninja que tinha lançado o genjutsu. Deveria ser alguém que conhecesse bem o distrito Uchiha; considerou o garoto, uma vez que a casa à sua frente estava parecida nos mínimos detalhes com a real. 

Itachi, talvez? 

Não, negou-se a acreditar que era seu irmão odiado. Ele precisaria se infiltrar em Konoha sem chamar atenção para sua entrada, entrar no seu quarto e passar por todas as armadilhas que Sasuke havia colocado antes de dormir. Não era possível. Era difícil para ele admitir até para si mesmo, mas sabia que Itachi apenas o procuraria quando ele estivesse forte o bastante para lutar. 

Então, se não era Itachi, quem era?
— Ka-... — As palavras de liberação quase escaparam dos seus lábios, mas um barulho de passos apressados o fizeram parar.

— Acho melhor que esteja limpo, Sasuke Uchiha! — A voz gentil de sua mãe, mesmo o repreendendo, alertou-o de sua presença e o fez erguer a cabeça, assustado. A figura a sua frente tirou seu fôlego por alguns segundos. Os olhos negros e amorosos continuavam os mesmos, os cabelos longos e escuros, pareciam tão macios quanto antes, o rosto tão parecido com o seu… Sua mãe. Sua linda e adorável mãe, viva. 

As lágrimas vieram aos seus olhos e ele não conseguiu controlar os soluços que saiam do seu corpo trêmulo. A imagem da sua mãe ficou borrada pelo choro e ele se desesperou, limpando o líquido com as costas da mão usando uma força desmedida.

Braços calorosos o rodearam num aperto carinhoso e o ergueram do chão, agarrando seu corpo contra si. Ao sentir o cheiro de alecrim, seu pranto ficou mais alto, apesar de seu coração começar a ficar aquecido com o calor que somente Mikoto Uchiha possuía. 

— Ah, meu amor! — A mulher, desesperada ao ver seu caçula chorando, acariciou seus cabelos espetados e beijou seu rostinho gorducho. — A mamãe não está brava com você. Tudo bem se tiver se sujado, ainda temos alguns minutos antes do seu pai chegar para o jantar. 

As palavras não tiveram muito efeito no garoto, fazendo a matriarca se desesperar. Mikoto, então, começou a cantarolar a canção preferida de Sasuke, e para o seu alívio, ele aos poucos foi se acalmando.

O caçula dos Uchihas não resistiu a canção. Sua mãe tinha a voz de um anjo e garoto sempre ficava em paz quando a ouvia. 

Ele suspirou baixinho ao ser ninado por ela, aproveitando o momento. Sua mente gritava que aquilo não era real e que um inimigo deveria estar brincando com ele, mas Sasuke não ligava nem um pouco para isso. 

Ignorou sem culpa os alertas que seu cérebro o enviava. Nada no mundo importava, estava abraçando sua mãe depois de anos e aproveitaria até o último segundo. 

— O Sasuke se machucou, okaasan? — O corpo de Sasuke se retesou ao ouvir a voz tão conhecida por ele. 

Itachi. 

Na infância, a voz calma do seu irmão o trazia paz. Era ele que Sasuke recorria quando se machucava. Eram os braços dele que o consolava quando seu pai, Fugaku, era mais rigoroso que o normal e o colocava sob a sombra do primogênito. Itachi, para o Sasuke criança, era sua salvação, sua rocha. Agora, ele apenas o lembrava de tudo que havia perdido, de toda dor e sofrimento que carregava. 

O ninja sentiu sua mãe negar com a cabeça e apertou seu agarre ao redor do pescoço dela. 

— Acho que ele está cansado — explicou a Uchiha risonha. — Ele sempre fica mais dengoso que o normal quando quer dormir. 

Itachi riu e a risada maldita dele fez os pelos do caçula dos Uchiha se levantaram. 

Sasuke se soltou dos braços da sua mãe e caiu, mas se ergueu num pulo, pronto para defendê-la de seu irmão. Ele se colocou entre os dois e ergueu os punhos. 

— Sasuke Uchiha não é hora de treinar! — repreendeu Mikoto segurando um de seus braços. 

O Uchiha não conseguiu desviar seus olhos de Itachi, mas ao sentir algo molhado pousar em seu braço, virou-se. 

A mão da sua mãe que tocava seu braço estava coberta de sangue. 

Um grito estrangulado saiu de sua garganta ao perceber que não era só a mão dela que tinha sangue. Seu corpo todo estava empapado de um sangue negro e fedido. 

Com cada célula do seu corpo tremendo de ódio, Sasuke pulou em cima de Itachi sem aviso, querendo machucá-lo de alguma forma. Desejando que ele sentisse ao menos um pouco da dor que causara.

Itachi segurou-o pelo pescoço e gargalhou da tentativa patética do seu irmão em atacá-lo.

— Você continua fraco — cuspiu o outro, lançando-lhe um olhar falso de pena. 

Sasuke se ergueu na cama com o corpo empapado de suor e outro grito preso na garganta. Ele passou as mãos no rosto para se acalmar e, ao distinguir os poucos móveis do seu quarto, percebeu que estava no seu apartamento e tudo aquilo tinha sido um sonho. 

Sua mãe estava morta, assim como todos os outros membros da sua família. 

O pensamento o fez se encolher em sofrimento. Desejava tanto que fosse real. 

Ele encarou a janela do seu quarto ainda ofegante e vislumbrou o sol começando a nascer. A fragilidade em que se encontrava o irritou, um sonho idiota o tinha deixado daquela maneira e Sasuke não suportava demonstrar fraquezas, mesmo na privacidade do seu quarto.

Decidiu então não ficar na cama remoendo as lembranças e se martirizando. Levantou-se, pegou uma toalha e se enfiou no chuveiro, planejando ir para o campo de treinamento mais cedo. 


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