Quem sou eu? escrita por moreutz


Capítulo 4
Casa 180




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Capítulo 3

Casa 180

— Noite mal dormida, Tiago? — Andrômeda perguntou quando entrou na sala onde os funcionários tomava café. 

— Nem sei. — respondi tomando um longo gole do líquido preto à minha frente. 

— Noite com a namorada, por isso. — Emmeline disse ao meu lado com a boca cheia de um biscoito que sempre comia.

— Uh, a ruiva? ela é bonita, Sirius contou várias coisas dela para mim e Reg esses dias em que jantamos. 

— Seu primo é um sem noção boca aberta, não sei por que ainda me surpreendo com essas coisas… e ela não é minha namorada. 

— Só eles não sabem que eles são namorados, mas eles são. — Emme falou batendo no meu ombro. 

— Convida ela pra ir jantar lá em casa quando forem no final de semana, vai ser legal! — Andy disse com um sorriso, já indo em direção à porta da sala. — Reunião em 10 minutos!

Fazia algum tempo desde que eu admitira meus sentimentos reais por Lílian, e que havia contado para Sirius. E que, aparentemente, Sirius havia contado para outras pessoas.

Fosse como fosse, eu sabia o que sentia e como me sentia, e mesmo assim, parecia que uma parte de mim precisava ainda mais de alguma posição de Evans, mesmo que eu negue e diga que não, é nisso que penso toda noite. E é o que penso sempre que lembro que ainda estamos ficando com outras pessoas.

E não sei reagir bem à isso.

Ainda não sabia se havia alguma pessoa envolvida, se havia algo que eu pudesse fazer ou se deveria dizer algo - essa última opção aprovada por todos os meus amigos que, até os que não deveriam saber do assunto, começaram a me direcionar mensagens, o que fez com que eu pensasse ‘’Uau! Realmente tenho amigos fofoqueiros!’’

Lílian, por outro lado, parecia afastada, e eu temia que a questão de eu estar terrivelmente apaixonado por ela tenha chegado aos seus ouvidos e causado algum medo esquisito de se envolver ou coisa assim, e eu não queria causar algum desconforto nesse nível - embora Remus e Alice sempre me mandassem mensagens do por que deveríamos esclarecer logo as coisas. 

— Para de pensar muito nisso, Ti! — Emmeline ainda estava comigo — Você tá com a testa toda franzida e olhando pro nada, nem adianta falar que não tá pensando em nada!

— Só… ela tá afastada, eu sei disso. — coloquei os cotovelos na mesa e apoiei a cabeça nas duas mãos. 

— Eu sei, Ti, mas às vezes não é nada com vocês, sabe? Pode ser algo com a família que ela ainda não entendeu ou não conseguiu conversar sobre. Relaxa!

 

— Certo…

Não prestei muita atenção na reunião que tivemos - algo sobre políticas da empresa e coisas assim - e muito  menos senti que o trabalho havia rendido. Sem mensagem ou marcação em alguma rede social. Alguma coisa estava errada. 

Ao sair do trabalho e chegar em casa - não sem antes recuar e pensar em passar pelo apartamento dela - eu respiro fundo sentado na chão da varanda pensando em planos que fizemos e como nos abrimos um ao outro. Tiago sabia que o que ele sentia era correspondido, não tinha dúvidas disso, mas não sabia se Lílian se sentia segura em sentir algo desse tipo, pois muitas vezes recuava, como acreditava que agora ela estava fazendo. 

Já havia falado que tudo bem se ela estiver confusa, se houver alguém no meio, que não tenho problema para que ela se resolva ou algo assim, mas ou ela negava, ou ela dizia que não era justo comigo. 

Justo o que? 

Era assim que era se sentir à beira de um colapso para falar com a pessoa que se gosta esperando alguma decisão ou conversa importante? 

Talvez eu estivesse pagando por todo um carma acumulado da maioria dos meus relacionamentos passados. Talvez Edgar estivesse mais feliz do que do dia que, supostamente, queimou as minhas coisas. 

E foi assim, quando meu celular tocou, eu soube que era ela para me contar sua decisão e posicionamento de algo que estava há, mais ou menos um mês e meio para se decidir.

— Tiago? 

— Lílian? 

— Pode falar? 

— Sim.

— Ti, eu…

— Eu sei, Li.

— Não é por mal, e não é como se eu não goste de você, eu gosto, e como eu gosto, mas eu… só…

— Eu entendo, e eu não duvido disso.

— Não tem ninguém envolvido, eu só não sei lidar comigo, entende? Acho que entende por que você já me contou suas histórias…

— Sim, eu entendo. E tá tudo bem, fico feliz que conseguiu se esclarecer nisso. 

— Ainda podemos nos ver? 

— Sempre! Ainda preciso ter alguém pra conversar sério, você ficou a parte esperta dos marotos, eu tenho a parte… bom… Sirius. 

— HAHAHAHAHA! Queria ele ouvindo isso!

— Tá tudo bem, a gente divide o mesmo cérebro mesmo.

Ficamos por alguns segundos em silêncio, como uma forma de adaptação conjunta e palavras de carinho ditas sem som algum.

— Vou desligar, Ti…

— Tudo bem. 

— Me desculpa. 

— Li, tá tudo bem. Te vejo logo. 

— Beijos. 

E ela desligou. 

Coloquei o celular no chão e ainda sentindo o vento da noite em mim, senti também uma lágrima escorrendo pelo rosto, que deu início a um choro longo e demorado, mas sem dor ou mágoa, apenas um sentimento bom, como se ainda não fosse um final, mas um novo recomeço - como sempre era quando envolvia nós dois. 


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