Velhos Amigos escrita por PepitaPocket


Capítulo 6
Um Bichinho Chamado Insegurança




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Iruka-sensei lecionava a quase dez anos e pela primeira vez nesse tempo todo, ele faltara ao trabalho.

Iria assinar uma falta não justificada e sofrer desconto salarial, por causa disto. 

Mas, francamente naquele momento ele não se importava.

Estava triste. E, cansado porque havia passado a noite toda se colocando para baixo, literalmente.

Tanto que quando ele amanheceu, ele tinha feito uma lavagem cerebral em si mesmo, e se convencido de que Shizune era demais para ele.

E, que a moça estaria melhor se ela escolhesse um cachorrinho do Clã Inuzuka, como sua companhia.

...

Shizune por sua vez, passou a noite um pouco melhor, porque ficou com Sakura, em seu quarto e suas dezenas de urso.

Ino se candidatou a ficar na casa da Haruno também é as duas apesar de brigarem, ficaram a pajeando.

Até café da manhã na cama elas levaram, mas o omelete torrado da Sakura, só não era menos apetitoso que os bolinhos de arroz sem gosto da Yamanaka.

Mas, pensando bem: nem que fosse o café da manhã de sua shishou, iria adiantar.

Seu estômago estava embrulhado, de tanta tristeza.

Ela havia pedido aquele dia uma dispensa, e Kurenai iria substituí-la, como era domingo, não havia muita demanda de trabalho.

O cargo de Kage era um dos mais difíceis e exigente, pois se trabalhava sete dias por semana, no mínimo dezoito horas.

Havendo pausa apenas para poucas horas de sono, Shizune não podia culpar sua shishou por ela estar sempre estressada.

— Me parte o coração ver você desse jeito. – Sakura disse depois de perceber que a morena não tinha tocado no café da manhã, nada apetitoso, mas feito de boa vontade.

— Parte nada, você só está projetando na Shizune-chan, sua fossa por causa do Sasuke-kun. – Ino disse provocante, e recebendo um olhar fuzilante.

— Nem vem, com essa Ino-porca, você também ficou na fossa. - Sakura disse com uma veia maior que sua testa. 

— Mas, superei mais rápido que você, testa-chan! - Ino disse não dando o braço a torcer, e a ceninha daquelas duas provocou riso em Shizune.

Pois, era irônico duas fedelhas de quatorze, já ter estado na "fossa" por um amor platônico. Embora, por um lado isto, seja assustadoramente precoce, também lhe parecia assustador que uma mulher "vivida" de vinte e nove anos na cara, ficasse assim, por algo como o que aconteceu no dia anterior, ou melhor não aconteceu.

Ao menos, tudo isso era o que se passava na confusa cabecinha de Shizune.

— Só vocês duas para me fazerem rir em uma hora dessas. - Shizune disse se sentindo um tiquinho melhor só por causa daquelas duas cabritas briguentas.

Ela disse estendendo sua mão, para as duas mais jovens que aceitaram o gesto de cumplicidade e amizade com gosto.

Iruka estava em casa, dando um tempo para si mesmo.

Mas, isso não quer dizer que ele não tivesse o que colocar em dia.

Algumas avaliações dos alunos, planejar algumas aulas e até uma excursão que ele tinha em mente.

Apesar de entristecido, ele conseguia ser produtivo, pois já tinha enfrentado uma tristeza muito pior, quando esteve em luto por causa de seus pais.

Desde aquela época, quando nesse estado de espírito, ele gostava de ficar sozinho, em parte, porque sendo órfão ele não tinha ninguém disponível para lidar com isto.

Abrira um pouco a janela, apenas para tomar um pouco de ar.

Queria ficar mais escondido, por isso ao invés de levar sua mesa para a varanda, trouxe a mesma para perto da janela, onde ainda tinha uma vista privilegiada da rua.

Trabalhou durante uma hora, observando ao longe o movimento, como forma de distrair sua mente um pouco, durante o tempo de trabalho mental exaustivo.

Foi quando seus olhos foram atraídos para a visão mais linda de todas, ao menos ao ver do coração que batia descompassado em seu peito.

Shizune vinha caminhando, usando um quimono rosa bebê que era da mãe de Sakura.

Seus cabelos estavam presos em um coque frouxo, e Iruka lamentou por isso, gostava do balanço de seus cabelos negros em contraste com sua pele clara. 

Ainda assim, manteve os olhos grudados nela, desejando que o tempo passasse mais devagar, só para poder olhá-la mais um pouquinho

"Toma tento Iruka bobalhão, a essa altura a moça é comprometida e você não vai furar olho de ninguém'.

Iruka ralhou consigo mesmo, incorporando uma voz grossa, porque assim sentia como se fosse seu pai, lhe dando conselhos.

Às vezes, ele usava uma voz mais fina também, mas o efeito nunca ficava tão bom.

Shizune lutou muito consigo, para não dar nem uma olhadinha para a janela de Iruka.

Que achou que o fato dela ter passado de cabeça empinada, por ali era sinal de indiferença.

Mas, na verdade Shizune decidiu desistir daquela ideia maluca, de achar que Iruka olharia para ela quando havia tantas outras moças interessantes no vilarejo.

Ela já não tinha idade para essas coisas de adolescente.

E, sua shishou precisava de sua ajuda na torre Hokage, e por causa daquela história já tinha faltado com ela naquele dia.

Chegou a cogitar a ideia de bater na porta de Iruka e esclarecer as coisas.

Mas, a verdade é que não tinha cabimento.

No fim, ele poderia ter comprado aqueles lírios apenas como prêmio de consolação depois de rejeitá-la.

E, isso tinha a levado ao ponto mais importante de todos.

Ela poderia lidar com a vontade de se declarar e não conseguir, como lidava com tantos outros desejos não realizados.

Ao menos, isso lhe ela dava margem para sonhar com uma possibilidade remota, de quem sabe um dia, algo acontecer como um milagre de sua vontade acontecer.

Diferente, de uma rejeição completa e imutável.

E, Shizune tinha muito medo disto.

Seu pai a rejeitou ainda na barriga de sua mãe, que mesmo assim deu à luz a ela, mas morreu durante uma emboscada ninja.

Ela ficou aos cuidados de seu último parente, seu tio Dan. Que também morreu violentamente, e os dias mais aterrorizantes que ela passou foram naquele orfanato para o qual foi mandada.

Tinha apenas dez anos, e ela chorava sentindo-se rejeitada pelo resto do mundo. Até que um dia as portas se abriram e Tsunade foi buscá-la.

Mas, logo ela percebeu que apesar da boa vontade de sua senhora, ela estava mais quebrada do que ela própria. 

E, desde aquela época os papéis se inverteram. E, ela se ocupava demais cuidando se Tsunade-hime, ao mesmo tempo que era atormentada demais, pelo medo de perder a única pessoa que olhou por ela no mundo.

Ela sempre se culpou demais pela morte primeiro de sua mãe e depois de seu tio Dan. Sua mãe trabalhava duro para sustentá-la e ainda enfrentava de cabeça erguida o desprezo da sociedade, por sua condição como mãe solteira.

"Eu só trago dor e miséria para todos que me cercam".

Shizune disse chegando em casa, fechando a porta atrás de si, e encontrado o retrato com a bonita mulher de longos cabelos negros e compridos e olhos tão escuros como os dela.

"Eu esmoreço facilmente Okaa-san. Não sou forte como a senhora."

Shizune disse pegando o retrato com suas mãos trêmulas, e molhando o rosto, com as lágrimas que teimavam em cair.

— Forte você é, só está faltando coragem.

Os olhos da morena se arregalaram, e ao olhar para cima ela gira Tsunade ali parada, a encarando com seus bonitos olhos castanhos.

Ela não queria que sua mestra a visse assim, já estava incomodando-a demais com seus problemas. Mas, a Godaime que deixou um clone seu preenchendo a papelada, sentou-se ao lado de sua primeira pupila.

Shizune se encolheu um pouco, ainda constrangida por estar dando tanto trabalho. Mas, o cheirinho da Senju estava tão convidativo, e ali abraçada ao retrato de sua mãe, ela tinha certeza que não havia diferença, entre o amor que ela sentia pelas duas.

— Para de fazer doce e vem. - A Senju disse oferecendo suas pernas para que sua chorosa assistente repousasse. Afinal, tinha sido muito trabalhoso, entrar pela janela, e seria mais trabalhoso ainda fazer a moça que deitara a cabeça em suas pernas, corresse atrás da sua felicidade.

Quem sabe fosse hora dela, Tsunade Senju dar um empurrãozinho para aqueles dois.


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