Bruce ficou próximo a Katana, que não sabia o que fazer diante daquela situação.

— Quem é ela? – perguntou Wayne desconfiado.

— Ela é Jaqueline Briggs – respondeu Tatsuo com a voz trêmula – ela é das F.E. e me ajudou nos treinamentos durante essa semana.

— Como nos encontrou, senhorita Briggs? – perguntou Bruce estendo a mão cumprimentando-a.

— Bem, eu precisava falar com a Tatsuo – respondeu Jacqui com um sorriso amarelo - resolvi rastrear o número do celular dela e encontrei vocês.

— O que você precisava falar comigo? – perguntou Katana em tom ríspido.

Jacqui se surpreendeu ao ver Katana falar com ela daquela maneira, mas em nenhum momento questionou e disse rapidamente:

— Sonya pediu para te avisar que vocês sairão mais cedo na segunda para a missão.

— Mais alguma coisa? – perguntou Bruce fuzilando-a com o olhar.

— Não há mais nada. Me perdoem pelo incômodo.

Jacqui olhou de relance para o homem morcego e saiu da presença deles. Tatsuo percebeu que foi u pouco dura com ela e sentiu um grande arrependimento em seu coração. A única que se dera tão bem durante a semana de treinamento e agora estava sendo tratada como estorvo. Bruce pousou a mão levemente no ombro da amiga e disse:

— Você não queria ter falado assim com ela não é mesmo?

Katana respirou fundo e assentiu.

— Na verdade – disse Tatsuo – eu fiquei com medo de ela descobrir alguma coisa sobre o Lao. Queria despistá-la, mas... Não foi da melhor forma.

— Entendo – falou Bruce com uma voz calma -  Mas tente falar com ela ainda esta noite. E se ela perguntar o motivo de você estar aqui diga que é um amigo que veio visitar. Você não estará mentindo.

— Sim.

(...)

Tatsuo chegou logo em seu apartamento e ligou para Jacqui com um sentimento angustiante. Mas o número apenas chamava e caía na caixa postal, foram mais de três tentativas e nada. Sexta a noite, ela deve estar com o namorado. Tatsuo pensou. Agora ela tinha duas preocupações: a saúde de Kung Lao e a desavença com a Jacqui.

Tomou um banho demorado e foi até a cozinha fazer um chá com muitas ervas calmantes. Enquanto bebericava o chá, ela tentava ligar para Jacqui. Quando a xicara já á estava vazia, Jacqui atendeu. Um simples alô da moça fez Tatsuo ficar aliviada.

— Jacqui, estou a horas querendo falar com você.

— O que foi?— perguntou Briggs preocupada – aconteceu alguma coisa?

Tatsuo se admirou por Jacqui perguntar como se nada houvesse acontecido. Começou a rir de si mesmo interiormente e respondeu:

— Não é nada. Fiquei mal ao tratar você daquela forma agora a noite. Pensei que não queria falar mais comigo e...

Jacqui riu pelo telefone e disse:

— Fica tranquila. Por você estar num hospital entendi que você não poderia esboçar outro sentimento a não ser irritabilidade.

— Agora estou mais aliviada – Tatsuo respondeu deixando a xicara em cima da pia.

— Só uma pergunta, quem está internado?

Tatsuo logo se lembrou do pedido que Lao havia feito de não revelar o seu retorno a ninguém das FE. Respirou fundo e respondeu:

— É um amigo. Sofreu um acidente durante o trabalho.

— Eu sinto muito, espero que ele fique bem logo.

— Também espero.

As duas se despediram.

Tatsuo teria que ser muito hábil tanto no falar como no pensar para não revelar o segredo de seu amigo.

(...)

A manhã de sábado chegou rápido e Tatsuo se levantou rápido, sua intenção era de ir visitar o amigo no hospital. Como Bruce deixara avisado que ela poderia ir a qualquer hora visitar Lao ela queria aproveitar a oportunidade e ver se estava bem. Resolveu sair sem a soultaker e com roupa a paisana.

Pediu um taxi e chegou relativamente rápido no hospital do STAR Labs. Tentava lembrar o nome falso de Lao, mas não conseguia e chegou na recepção do hospital um pouco nervosa. A recepcionista perguntou:

— Quem você veio visitar?

Como Tatsuo não lembrava o nome dele tentou fazer a recepcionista lembrar:

— Ele chegou ontem a noite, Batman o trouxe ...

— Procura por Joshua Yang? – disse uma enfermeira com tez negra e cabelos em tranças.

— Ele mesmo – respondeu Tatsuo aliviada.

A enfermeira pediu que ela a acompanhasse e assim fez. Enquanto isso Tatsuo era informada de como estava o estado de saúde de Lao. Ao chegar ao quarto ele estava deitado de olhos fechados e Tatsuo temeu que estivesse dormindo, a enfermeira logo percebeu e disse:

— Ele só está de olhos fechados – em seguida ela o chamou – Joshua, tenho uma visita para você.

Lao olhou para o lado em que as duas estavam e sorriu ao reconheceu Tatsuo.

— Obrigado pelo presente – Lao disse com uma voz débil.

A enfermeira os deixou dizendo que qualquer eventualidade podia chama-la.

Tatsuo sentou ao lado do leito Lao e disse sorrindo:

— Você quase me matou de susto.

— Eu não esperava que Hera estivesse tão poderosa. Pensei que eu ia morrer de novo.

— Nem brinque com isso – disse a japonesa apertando a mão dele.

Ele sorriu novamente e podia ver nos olhos dela o medo de perde-lo, pois já havia perdido muitas pessoas queridas ao longo de sua jornada.

— Tomarei mais cuidado na próxima.

— Ah Lao – ela disse depois de respirar fundo – eu não gosto de me apegar as pessoas, pelo simples fato de eu perde-las a qualquer momento. Mas... eu me apego muito fácil e...

— Você tem medo de se apegar. Isso veio depois da morte de seu esposo. Sinto em lhe dizer, mas se apegar as pessoas é algo inevitável.

De fato isso era uma verdade que não podia ser refutada. Por mais que Tatsuo aparentasse ser uma mulher durona, por dentro era uma jovem afetuosa que se preocupava com seus amigos por qualquer coisa de mal que acontecesse com eles.

Ia falar algo quando sentiu o seu celular vibrar. Quando viu o número era a general Blade. Nisso ela fez uma feição preocupada.

— Está tudo bem? – perguntou Lao.

— É a general Blade.

Lao engoliu seco, fechou os olhos e disse:

— Atenda!