A maldição da Sucessão escrita por Pms


Capítulo 39
Capítulo 39: A vassoura quebrada e a carta restaurada.


Notas iniciais do capítulo

- Olá, mais um capítulo para vocês.

— Agradeço Rickm99 por favoritar essa história.

— Comentem!



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Há muitos lugares que podem ser usados como passagens. As portas são óbvias, janelas previsíveis, a rede de flu é inconstante, aparatação é perigoso. Existe outras formas?

O mais aconselhável seria não entrar, mas esperar a saída. Aurores entram e fazem sua presença ser anunciada, porém, assassinos esperam no escuro e atacam no silêncio.

Harry não está dormindo, não está comendo, só está pensando, observando e esperando. Analisando tudo ao seu redor, para que não seja pego de surpresa. Ele está preparado para aquilo que o aguarda na escuridão, os olhos que o observa de longe, ao lado de fora da casa. Está alguém escondido na árvore vigiando cada movimento de Harry através da janela. Eles estão se vigiando e as batidas altas de seu coração sobressai o forte estrondo, o toque gelado em sua pele e...

Uma caneca fumegante está em frente aos seus olhos.

— Aqui. – seu óculos está estendido para ele.

Harry pisca desorientado e reconhece a figura de Pansy Parkinson parada diante dele em seu roupão de banho e cabelos molhados.

— Que horas são? – boceja ele coçando os olhos.

— Sete da manhã.

Harry ao procurar se apoiar na cabeceira da cama nota estar deitado no sofá da sala de estar com um cobertor sobre seu corpo, em vez de sua cama.

— Você é pesado demais para mover. – Pansy entrega os óculos. – Até mesmo com magia.

Harry geme de dor ao sentir as pontadas afiadas em sua coluna após se espreguiçar.

— Isso que dá não dormir na sua cama. – Pansy acena com a varinha para abrir as cortinas dando a visão para o dia cinzento e chuvoso.

Foi feito uma organização na sala de estar do Largo Grimmauld. Na noite anterior não era possível distinguir o sofá e a mesa de centro das pilhas de pergaminhos e arquivos. O trabalho de Harry ainda está ocupando seu lugar na sala, mostrando o quanto precisa ser feito, organizado esperando ser mexido e bagunçado novamente.

Se tornou um hábito Harry optar o não tão confortável sofá da sala para dormir do que sua cama, não é uma escolha consciente, ele simplesmente se encontra a maior parte no sofá trabalhando que acaba adormecendo nele sem ter plena consciência disso.

Parkinson tem sido sua companhia em parte dessa vigília de trabalho, a necessidade dela do conforto de sua própria cama a faz desistir do trabalho no primeiro piscar de sonolência. No decorrer dessas duas semanas que passou, Harry percebeu que Pansy Parkinson é uma bruxa de muitas necessidades e exigências quanto se trata de trabalho, uma trabalho que ela não está sendo paga.

Ela se mostrou ter uma necessidade exigente ao silêncio para poder se concentrar, o que foi difícil já que em suas próprias palavras, Harry é um ser barulhento e espaçoso. Sua fome para diferentes alimentos a cada hora é um requisito para sua energia e sua pausa de descanso deve ser gasto com suas revistas e conversas fúteis.

Harry não atendeu nenhuma delas, é claro, não para provocá-la. Ele estava muito concentrado ao que estava fazendo para poder atender ou rebater ao que ela fizesse. Contudo, ele se pegou aceitando alimentos que ela comia, como também participando de suas conversas.

— Alguém tem que parar essa vadia. – comenta Pansy.

Harry que está entre o pós sono e o acordar demora assimilar o que ela diz. 

— Quem? – pergunta ele.

— A Rita Skeeter. – responde ela sentada no sofá lendo uma revista. – Ela disse que estou gorda.

Sendo livre da acusação de assassinato, Pansy sob a vigilância de Harry pôde sair para fazer compras. Harry nunca achou que fosse possível demorar tanto para uma compra de roupa, Parkinson provou para ele que uma compra pode levar entre três e quatros horas, ás vezes, gasta somente em uma loja.

— Eu sei que meus peitos estão enormes agora, mas isso não quer dizer que estou gorda.

Harry ergue o olhar de sua caneca de café para verificar o corte de seu roupão e concordar com ela sobre os seios.

A aparição pública dela após toda a polêmica rendeu algumas fotos em revistas como também situações que Harry não queria ter presenciado. Ela não contou para ele, mas Harry conseguiu presenciar o mal tratamento que uma vendedora de uma loja bruxa deu a ela quando viu que se tratava de Pansy Parkinson. No início, quando ele encontrou Parkinson sendo mal educada com uma vendedora pensou que fosse ela provocando a situação, só então na segunda loja que passaram que ele testemunhou a forma grosseira que trataram ao ver ela entrar. Quando demonstrou qualquer indicação que iria intervir, Pansy o segurou dizendo: “Não banque o herói, Potter.”

Eles não comentaram nada mais a respeito.

— E disse que sua aparência desleixada podem ser indicativos sobre um excesso de trabalho que você não está dando conta. Que talvez te nomear a chefe possa ter sido uma má escolha. – ri Pansy. – Pensei que houvesse uma lei que proibisse falar mal de você.

— Conseguiu descobrir alguma coisa ontem à noite? – questiona Harry bebericando sua caneca.

— Não. –Pansy folheia a revista com indiferença. – A garrafa firewhiskey pode ter sido comprada em qualquer lugar dos cem que listei, e o que está escrito no cartão para mim não é um código. E realmente não tem veneno na garrafa. E você, alguma progresso?

— Nada. – responde Harry. – Revisei todas as papeladas das investigações sobre a procura dos fugitivos e tudo parece estar certo. Os aurores me deram uma aula detalhada sobre o andamento das investigações e sobre seus passos futuros.

— Então, os aurores estão realmente procurando? – Pansy joga a revista na mesa suspirando.

— Sim, agora com a minha supervisão eles vão procurar muito mais. – Harry se estica no sofá.

—  Não fique muito orgulhoso, Potter. Você também irá procurar muito mais. – Pansy se inclina nas pilhas de pergaminhos na mesa de centro agarrando algo. – Não foi o assassino da marca negra que enviou a carta de A, as letras não batem.

Harry se curva para ver a carta e o cartão estendidos e aos seus olhos não identifica diferença entre a escrita. Se não fosse as anotações da Parkinson, para ele não haveria diferença.

A identidade do assassino da marca negra ainda é um enigma e todas as possibilidades estão abertas. O assassino da marca negra informou para Harry que sabia sobre Gladstone ser pago para fazer a fuga acontecer, se interpretar o cartão e a situação, o assassino poderia ser a mesma pessoa que enviou a carta de A. Considerando, a suposição de Pansy sobre a carta ser um código. Pensar que o assassino da marca negra é o autor da carta de A foi umas das primeiras ideias de Harry.

 Harry bufa aceitando a comparação dela como verdade e sua estagnação. Ele abandona sua caneca e agarra o cartão e a carta.

— O que está fazendo? – questiona Pansy.

— Vou levar isso para o trabalho. – responde recolhendo da mesa o que levará.

— Hoje é domingo, Potter.

Harry para na porta a caminho da escada massageando o pescoço dolorido. Ele perdeu a noção do tempo.

— Eu tenho que contar o que descobri para o ministro o mais rápido possível. – fala ele. – Também tenho que informar sobre o cartão que assassino da marca negra me enviou para os outros aurores.

— Espere. – Pansy se aproxima dele abandonando o sofá. – Você quer falar para o ministro que o chefe que prestaram homenagens e honrarias é o motivo da fuga. Você não acha que ele talvez já saiba disso?

Talvez Quim Sacklebolt já tenha deduzido a situação e com toda a publicidade sobre a fuga de Azkaban não parecia o momento ideal para expor o chefe como corrupto. Não que ainda seja um momento aconselhável, mas para Harry os cidadãos bruxos merecem uma explicação.

— Se ele souber, está na hora de fazer um pronunciamento para imprensa.

— Potter, você acha mesmo que ele vai dizer que o Ministério tem bruxos corruptos? – Pansy cruza os braços incrédula. – Ele nunca vai admitir isso. O Ministério vem se aproveitando da imagem já arruinada dos comensais da morte e apoiadores para enaltecer que esse novo Ministério melhora as coisas. Admitir isso vai manchar o Ministério.

— Eu não vou ficar parado fingindo que não tem bruxos do Ministério corruptos ganhando dinheiro com coisas erradas ou apoiando comensais da morte e a apoiadores só para proteger a imagem do Ministério. – Harry replica. – Se o ministro estiver envolvido nisso, só eu posso fazer alguma coisa para mudar a situação.

Para dar ênfase a sua fala, Harry vai em direção as escadas que levam para o andar onde localiza seu quarto. Pansy o segue com passos mais leves e devagar, já que ultimamente tem perdido um pouco o equilíbrio.

— Potter, esse tipo de coisa não se ganha com duelo de varinha. – rebate Pansy quando Harry adentra o quarto. – Gray tentou fazer alguma coisa e acabou morto. O melhor a fazer é investigar mais e depois expor tudo, quando tiver a certeza que ninguém pode te desmentir ou te lançar uma maldição da morte.

— Eu sou Harry Potter. – pronuncia ele procurando uma camiseta limpa em seu armário. – Se algo acontecer comigo isso será ruim para imagem do Ministério. Além disso, as únicas pessoas que seriam contra a exposição estão mortas.

— Eles te tornaria um mártir, herói Harry Potter. – acrescenta Pansy dando a entender o óbvio enquanto o observa se despir da camisa. – E diriam que foram os comensais da morte ou apoiadores do lorde das trevas. Você não entende que isso está indo muito mais do que bruxos das trevas ou bruxos bons, isso é política. Por mais que você tenha sobrevivido várias vezes à morte, isso não significa que você pode sair por aí achando que é imortal.

Harry coloca a camiseta limpa e se vira para ela que está apoiada no parapeito da porta.

— Eu preciso fazer isso. – insiste ele quase desesperado agarrando um casaco. – Se ainda há bruxos corruptos no Ministério, bruxos que por dinheiro deixam comensais da morte soltos, isso significa que toda a luta que aconteceu antes foi em vão. Que todas as mortes foram em vão, que tudo o que....- Harry para com o casaco em suas mãos. – Tudo o que eu fiz foi em vão. Quanto falta para um novo Voldemort aparecer?

 Harry não sabe o motivo que o levou a confidenciar o que disse. Ele não quer parecer que está fazendo drama ou que está agindo por impulsividade e obsessão, mas, ter Pansy fitando ele com estranheza o faz sentir exatamente o que não quer  aparentar. Não passou despercebido por ele que ela levou a mão para acariciar o estômago arredondado após a reprodução do nome de uns dos bruxos temidos. Um nome que Harry não se recorda de ter sido proclamado entre eles.

— Você tem que parar de achar que o mundo gira ao seu redor...

Harry ofega irritado.

— Parkinson, eu não acho que...

— Me escuta. – Pansy ergue a mão o interrompendo. – Se você quer descobrir as coisas e os bruxos corruptos, não pode ser como Harry Potter. Ninguém vai fazer coisas erradas perto de Harry Potter. Talvez o assassino da marca negra só soube de sua localização, porque você é reconhecido por todo o lugar, é difícil não saber que você é Harry Potter.

Ela sinaliza para a cicatriz na testa dele.

Harry deixou se esquecer como é ter que se esconder, tomar cuidado, temer por sua vida. Ele deixou se acostumar com o alívio e admiração dos bruxos depois da guerra. A fama não acompanhada pelo temor do perigo.

— Talvez você tenha razão. – ele admiti depois de passar o casaco pela sua cabeça.

— Isso deve ter sido muito doloroso para você dizer, não é? – Pansy zomba.

Harry iria responder, mas a diminuição de distância entre eles faz as palavras de sua boca desaparecerem. Pansy franzindo a testa e ergue as mãos para o rosto dele.

— Seu óculos sempre foi torto? – pergunta ela tentando ajustá-los.

Harry sente a fragrância de chocolate, não sabe se é do sabonete ou do shampoo. Estando tão próximos, ele pode ver as marcar no rosto que ela esconde com a maquiagem, marcas de sol que poderiam ser confundidas com sardas fracas, a cicatriz do ataque, os poucos cílios na parte de baixo do olho, acentuação do seu nariz arrebitado e o arrepio de sua pele.

— Você deveria vestir algo. –aconselha ele levando a mão para acariciar seus braços descobertos pela queda das mangas do roupão. Harry passa a mão num movimento rápido numa tentativa de criar calor pela fricção de pele.

O jeito que eles estão é estranhamente íntimo. Ela em seu roupão de banho e ele se preparando para o trabalho como uma manhã habitual e comum. Uma conversa matinal, ajuda mútua e toques leves sem a intenção de levar algum lugar.

Não parece errado para Harry tocá-la dessa forma. Não é falso ou forçado. É novo e familiar. Como se fossem um casal aprendendo e já sabendo como agir perto um do outro.

— Não há nada daqui que você não tenha visto e tocado, Potter. – Pansy abaixa suas mãos mantendo-as entre os dois e sorri maliciosamente.

— Eu sabia que você ia usar isso contra mim algum dia. – Harry não percebe que continua sua carícia com os dedos nos antebraços dela.

Pansy ergue uma sobrancelha em desafio. Seu olhar decai entre os dois e ela se afasta.

— Você precisa cortar esse cabelo. – Ela diz colocando a mexa de seu próprio cabelo atrás da orelha. -E dormir mais para tirar essas orelhas embaixo no olho.

— Harry! – grita uma voz exasperada no andar de baixo.

Harry e Pansy se entreolham antes de olharem para porta aberta.

— Harry! – Harry reconhece a voz que pertence a Rony.

Harry passa por Pansy e desce rapidamente as escadas pelo tom de urgência de Rony. Ele encontra o amigo andando de um lado para o outro na entrada da casa.

— Aconteceu alguma coisa com a família Gray? – pergunta Harry preocupado que os aurores que pediu para proteger a família tenham falhado.

— Não. – nega Rony acenando freneticamente a cabeça. – Gina se feriu no treino. Ela sofreu um acidente.

Não precisou de mais nenhuma palavra. Harry já se encontrava preparado para aparatação.

 

 

Foi preocupante encarar Harry quando ele entrou abruptamente no hospital St. Patrício na Irlanda. Os olhos dele brilhavam em medo e sua mão tremia quando assinou o livro de visitação. O herói do mundo bruxo estava assustado.

— Como ela foi atingida por um balaço? – Pergunta Harry novamente inconformado sentado ao lado de fora do quarto de Gina esperando Rony sair. – Ela é ótima em se desviar.

— Acidentes acontecem, Harry. – acalma Hermione com a mão no ombro do amigo.

Harry acena negativamente com a cabeça olhando para o chão do hospital.

— E se foi o assassino da marca negra? – murmura Harry. – O assassino deve saber que estou procurando sua identidade. E se ele enfeitiçou o balaço para me dar um aviso.

Ele sempre temeu esse dia, em que por sua causa Gina pudesse se machucar, que mais pessoas pudessem se machucar novamente por causa e unicamente dele.

— Harry... – começa Hermione tentando não fazê-lo pensar sobre isso no momento. Só a noção que o assassino da marca sabia da localização de Rony e Harry já a deixou temorosa quanto a segurança deles, imaginar que ele pode chegar a ferir outras pessoas a deixa extremamente preocupada, ainda ela estando grávida.

— Ele se auto declarou culpado dos assassinatos dos aurores quando assinou como assassino da marca negra no cartão. – continua Harry. – Ele matou todos que sabiam sobre o real motivo da fuga e se isso é um aviso para eu parar de investigar?

— Não pense nisso agora. – aconselha Hermione querendo ela mesma não pensar sobre isso.

A porta do quarto de Gina é aberta e Rony sai acenando para Harry entrar.

Harry paralisa entre o batente da porta e o corredor deixando a visão de Gina deitada na cama sorrindo com a tipoia no braço direito esperando-o entrar, acalmar as batidas fortes de seu peito.

— Eu não vou fugir de você, Harry. – brinca ela. – Pode entrar.

Harry solta a respiração que nem sabia que estava segurando.

— Como você está? – pergunta ele se sentando na cadeira ao lado da cama dela.

— Já tive dias melhores. Só tenho um braço quebrado e algumas costelas. – responde ela acenando com a cabeça para a tipoia. – Eu já devia esperar que um dia cairia da vassoura, é estranho não ter nenhuma queda depois de tanto tempo jogando quadribol.

Harry sorri recordando de suas próprias quedas da vassoura quando havia tempo para jogar quadribol.

Ele a observa atentamente a procura de ferimentos não perceptivos. A queda da vassoura não a desestabilizou, ela pode parecer um pouco pálida com a roupa branca do hospital e com seu cabelo laranja preso num rabo de cavalo baixo, apesar disso, ela aparenta estar pronta para jogar um campeonato inteiro.

Ela também não parece estar com o mesmo olhar de raiva da última vez que ele tinha a visto. Ela está com um olhar satisfeito, tranquilo e de paz. Harry encarando os olhos castanhos escuros, como as madeiras da Toca, sente-se tranquilizado.

— Sua vassoura? – relembra ele.

— Terei que comprar outra. – Gina bufa descontente indicando os pedaços da vassoura encostados no canto da parede. – Pedi para que trouxesse ela para mim, por motivos emocionais. Ganhei meu primeiro campeonato como profissional com ela.

Harry analisa a vassoura de longe se lembrando de sua própria vassoura quebrada e como foi dolorido vê-la despedaçada. Ele supõe que Gina deve estar sentindo o mesmo.

— Quando tive a noção que estava despencando da vassoura, o meu primeiro pensamento foi o Tiago. – revela ela com olhos fixos na vassoura e mexendo no cobertor como um movimento relaxante. – Depois pensei em você e na minha família. Como minha morte destruiria à todos vocês.

Harry volta-se para ela e pelo seu olhar fixo e perdido sabe que ela está revivendo o momento da queda. Ele coloca sua mão sobre a dela com esperança de tirá-la dessa lembrança.

— E também como não estava preparada para morrer.

O efeito contrário acontece, Harry adentra nas próprias imagens de uma Gina morta.  Ele fecha os olhos e sacode a cabeça expulsando as imagens, já viu essas imagens terrorosas o suficiente em vários pesadelos e muitos deles a imagem dela se transformava em a Fred morto. Ele não sabe se a família Weasley conseguiria sobreviver com mais uma morte de um membro da família, Harry não sabe se conseguiria continuar com outra morte ao seu redor.

—Trouxe mais flores. – anuncia uma curandeira adentrando o quarto segurando um vaso de flores. 

— Obrigada. – agradece Gina dando um sorriso forçado.

Harry acompanha a curandeira colocar o vaso em cima do armário do outro lado da cama. Ele não havia notado as diversas flores e presente pousados ali.

— Quem enviou? – pergunta Gina.

— O famoso jogador Vítor Krum. – responde a curandeira com um tom sugestivo.

Harry encara as flores desejando que elas pegassem fogo e virassem cinzas.

— Você tem muitos admiradores. – Comenta ele a contragosto.

— Não tanto quanto você. – retorna ela. – Ele apareceu um dia num treinamento.

Harry se levanta da cadeira e vai até as flores para ler o cartão de melhoras do Vítor Krum e segue para outros cartões a procura de algum nome masculino que possa ter alguma marcação que indique um interesse amoroso. Ele é um tolo, ele está ciente disso enquanto lê todos os cartões. Em vez de olhar para flores dos outros, ele mesmo deveria ter trazido seu vaso de flores.

— Mas para ser sincera eu preferiria um vassoura nova, em vez de flores. – Ele ouve Gina dizer.

— Eu posso comprar uma nova vassoura para você. – Um sorriso satisfeito se abre no seu rosto quando ele se vira para ela. O que são flores perante uma vassoura nova de quadribol. – Eu escolhi a sua última.

— Não precisa. – agradece ela se servindo de um dos doces que trouxeram para ela. – Eu tenho um fabricador particular para as minhas vassouras desde que entrei no time.

— Você não me falou isso. – recorda Harry surpreso.

— Não falei? – questiona ela pensativa.

A menção de uma fabricador de vassoura não deveria causar um embaraço e mal-estar no estômago de Harry, não deveria fazê-lo sentir que disse algo completamente estranho e inadequado, que está no lugar errado, que não deveria ter dito isso.

O pensamento de Harry transportou para o dia que ele escolheu junto à ela a vassoura, como também o dia que escolheram as coisas de bebê de Tiago. Parecer ter passado tanto tempo que os detalhes estão esquecidos em sua mente, como se a memória não pertencesse mais a ele.

 Como estar nesse lugar não fosse mais dele, fazendo esse papel. Ele só assistindo de longe tudo ocorrer.

Harry analisa as flores novamente e enxerga nomes que ele nunca ouviu ser citados, desejos de melhoras com falas específicas que somente Gina pode entender.

“O armário do lado da porta te espera.”

“Preciso da minha cenoura em pé para o próximo campeonato.”

“Não esqueci do bolo de mirtilo!”

 Ele não entende. E por um instante ele acha que compreendeu: Ele não faz mais parte da história de Gina Weasley, ele perdeu o seu lugar. Talvez tenha perdido antes de tudo, antes da fuga de Azkaban, antes da Parkinson.

Um dia os dois significaram tudo um para outro, porém, hoje, talvez não possam oferecer tudo o que cada um precisa como um casal. Eles voltaram a ser o que sempre foram ótimos em ser, amigos. Sendo amigos a vida um do outro estavam coexistindo, mas não estavam interligadas, cada um seguia seu caminho sem a necessidade do outro.

Quando Harry retorna-se para ela os dois refletiam o mesmo olhar no entendimento da situação deles. Algo será dito, e Harry tem toda certeza que não quer ouvir.

Está tudo bem, eles sempre funcionaram como amigos, talvez isso funcione até o final.

 

 

 

 

Harry sente como um velho bruxo que viveu muitos anos com a pedra filosofal prolongando sua vida quando passa pela porta do Largo Grimmauld. Ele está ensopado pelos pingos de água da tempestade que permitiu que caísse em seu corpo, a tempestade não o perturba, pois ambos tem muito em comum.

Há uma trilha de gotas de água no chão seguindo o caminho que Harry faz ao mesmo tempo que ele vai retirando o chapéu molhado e em seguida o casaco. A trajetória para a lavanderia nunca pareceu tão distante como a necessidade de Monstro.

— Monstro? – chama Harry parado na entrada do cômodo ao ver um foco de luz vindo da sala de estar.

Ele saiu sem avisar para onde estava indo, logicamente Monstro deve ter pensado que algo ruim deve ter acontecido e está o esperando como um servo leal que ele diz tanto ser.

Há uma figura deitada no sofá adormecida quando Harry adentra a sala de estar. No entanto, não se trata de Monstro, mas de Pansy Parkinson.

Ela dorme pacificamente com os braços ao redor de si. Sua expressão relaxada, respiração leve e o descer e subir de seu peito lhe dá um ar de tranquilidade como uma chuva fraca que caí pela manhã, não a tempestade e trovões que ela costuma ser.

 Harry acha engraçado como ela aparenta ser uma pessoa calma e dócil com os olhos fechados. A atenção dele segue para o estômago arredondado escondido no cobertor, seu futuro filho ou filha, algo que fizeram juntos e se transfere para os dois pedaços de carta rasgado em uma de suas mãos.

Ele cauteloso pega a carta e com o feitiço Reparo tem em mãos a carta restaurada.

Grávida sem estar casada. Não é uma surpresa inesperada, também não é desagradável. Desta vez, eu devo dizer que está realmente fazendo algo inteligente por sua família. Só espero que não seja do senhor Malfoy, a criança não deve ser resultado de seu desespero por atenção.

Ísis Parkinson

Harry pode estar só lendo palavras escritas numa carta que não são dirigidas a ele, mas de uma maneira consegue sentir cada palavra como um soco no estômago.

Não é desta forma que uma mulher que descobre que será avó deve reagir. Ele presenciou a senhora Weasley receber a informação que seria avó e nenhuma das várias reações se compara ao que está na carta.

E por um momento, Harry retorna para Pansy. Ele afasta as mechas de cabelo de sua bochecha para olhar em seu rosto e ver o que a carta causou. O contato frio de ambas as peles dos dois arrepia todo o corpo dele e a faz se encolher ainda no sono.

— Accio cobertor. – convoca ele outro cobertor para depois acenar para lareira aumentando fogo.

Alguns pingos de água cai sobre ela enquanto ele a cobre. O trovão estremece as paredes da casa, um raio ilumina rapidamente e as janelas batem com a força da vento, mas ela continua a dormir.

Então lá está ele, Harry, devotamente interessado no sono de Parkinson, parado ao lado do sofá observando ela dormir. Ansiando que ela acorde e o veja ali, que ela o convide a permanecer, onde irão partilhar suas mentes desapontadas e corpos cansados, assistindo a última chama de fogo da lareira desaparecer ou até a fadiga vencer os dois.

Harry persisti sem pedido e sem qualquer sinal. Seja o quer for, isso o faz querer ficar ali, junto a ela.


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Notas finais do capítulo

— O próximo capítulo já está pensado, só falta escrever.

— Perdoem qualquer erro.



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