O homem se aproximou com um sorriso singelo no rosto e estendeu a mão para um comprimento rápido. Tocar sua pele trouxe uma sensação estranha e familiar ao mesmo tempo. Suas feições eram muito bonitas mesmo para um senhor idoso e o cabelo que outrora deve ter sido loiro começava a ficar grisalho e as maçãs do rosto seguram olheiras profundas indicado noites em claro e apesar disso ele parecia muito elegante. 

— Estou muito feliz em vê-la, Renesmee. 

Meu estômago começou a doer em repulsa. Como ele deixou minha mãe trabalhar feito uma louca enquanto sua família tinha tudo isso? 

— Nessie. Me chame apenas de Nessie — indago e minha voz soa rouca pelo nervosismo.

O homem ficou avaliando meu rosto por alguns instantes como se tivesse vendo TV pela primeira vez e pelo visto me ver ali trazia a mesma emoção. 

— Você se parece tanto com ele — sua voz soou como um sussurro. 

— E você seria? — questiono em dúvida e um pouco impaciente. 

Nunca conheci pessoalmente ninguem da familia Cullen e mesmo aquele senhor sendo familiar eu não fazia ideia de quem ele era e depois disso talvez nunca mais quisesse conhecer. 

— Desculpa, querida — seus olhos piscam como se ele tivesse acordado naquele instante — Eu sou Carlisle Cullen, seu avô.

— Ahn, me desculpa. Eu não…

— É claro que não se lembraria…  Se passou tantos anos — falou com tristeza. 

— Quinze anos para ser mais exata — digo sem esconder o desconforto. 

— Deixa eu te ajudar com as malas, querida — Carlisle não espera por uma resposta, pega a mala e segue em direção a casa. Sigo seus passos ainda receosa. 

Ao que tudo indica as minhas palavras não o afetaram e pelo visto ele não tinha o costume de abraçar seus familiares ou apenas estivesse cansado como aparentava estar. Ainda assim, esperava por uma recepção mais calorosa, um abraço ou algo do tipo, e quando isso não aconteceu uma sensação incômoda surgiu como se eu estivesse no lugar errado e na hora errada.

A casa era tão linda por dentro como aparentava ser do lado de fora. Muito clara e iluminada. O primeiro cômodo que entramos era uma sala branca onde um conjunto de sofás cinza tomava grande parte do espaço e no lugar em que a maioria das pessoas colocaria uma TV tinha uma lareira e quadros. Carlisle seguiu por um corredor escuro e parou colocando minhas malas no chão quando alcançou a última porta.
— Você está preparada para vê-lo? — Carlisle perguntou receoso.

— Sim — tento manter o tom neutro, afinal de contas, minha visita era por esse motivo.

Carlisle abriu a porta e uma  luz forte iluminou corredor por completo. Meus pés travaram um por um momento e logo em seguida forcei  a minha perna entrando no cômodo claro. 

Se em todos esses anos criei diversas expectativas e teorias nenhuma delas se comprava com a realidade. O lugar era dividido em duas partes. Uma delas tinha uma cama hospitalar e alguns aparelhos além de um prateleira cheia de remédios e do outro lado havia uma cama, TV e vários móveis que se encontram em um quarto comum e ele estava lá. Edward estava sentado em uma cadeira motorizada próximo a sua cama. Paralisado. Olhar para ele me fez lembrar do comentário de Carlisle. Éramos muito parecidos. A cor do cabelo, o formato dos olhos, os lábios. Como se fossemos uma cópia perfeita. 

— Pai? — as palavras saíram de forma automática.