Last night escrita por moreutz


Capítulo 2
Apparentely you heard the many things I told you




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Gramado da parte de trás de Hogwarts

Tarde do dia 4 de janeiro de 1976.

6º ano.

— Então... como faremos para aliviar a tensão entre você e Remus? Porque não é como se quase não tivessem se beijado mais cedo no dormitório. - James dizia enquanto jogava uma bolinha de papel para cima deitado na grama com Sirius ao seu lado de olhos fechados.

— Olhe, James, eu não sei como me segurei para não beijá-lo, pois ele estava ali e eu também e aquele rosto tão bonito logo na minha frente e eu estava com uma estranha sensação de que algo aconteceu e que ele correspondeu a algo do que eu disse durante a noite. Será que ele gosta de mim?

— Não sou a melhor pessoa para responder isso, amigo. Sabe que meu conhecimento sobre essa área é o total de 0, afinal, a mulher da minha vida me expulsa de minha própria cama e eu ainda agradeço por ter o perfume dela no meu travesseiro.

— Patético.

— Eu sei.

Os dois ficam em silêncio contemplando o céu até Sirius falar.

— E se...

— Oh não.

— Eu...

— Por favor, não diga se declarar em público de maneira escandalosa que com certeza Remus iria te matar. 

— Fizesse ele beber para perguntarmos as coisas? Sabe que ele responde a tudo quando está bêbado.

— Essa proposta é tão péssima e maravilhosa ao mesmo tempo, que eu diria não mas estou excepcionalmente ansioso para ver o resultado.

— Sabe que se ele ficar bravo eu irei te culpar, não?

— Eu aguento um lobisomem bravo. - James virava o rosto pro amigo retribuindo o sorriso.

— Vou procurar por ele. - Sirius disse se levantando e correndo para procurar Remus que, provavelmente, estaria na torre de astronomia lendo algum livro trouxa para descansar a cabeça da bagunça de ontem a noite. 

A torre de astronomia era a torre mais alta do castelo e, mesmo fora de dia de aula, os garotos iam para lá com a capa de invisibilidade de James para observarem as estrelas e, mais importante, a lua, principalmente nos dias em que Remus se encontrava sozinho na casa do gritos e era possível ouvir os uivos ao longe no silêncio da noite. Isso após, claro, treinarem para tornarem-se animagos - promessa feita a Remus após descobrirem sobre a licantropia no segundo ano.

Não era a primeira vez que os marotos - como assim se chamavam os quatro amigos - davam uma comemoração por algum motivo qualquer. Já existiram motivos de sobra desde o início do ano anterior - quinto ano: uma nota alta tirada por Peter na aula de poções; outra nota de James em Astronomia; a primeira detenção merecida de Remus (que tentara acertar um feitiço no cabelo de Sirius durante uma aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, mas acertara no professor Boot, que deu detenção de 2 dias); Snape perdendo pontos durante a aula de poções; Lily dando um beijo na bochecha de James; Alice e Frank começando a namorar; Mary cumprimentando Peter; Sirius conseguindo pregar uma pegadinha em Remus; Remus e Lily conseguindo o cargo de monitores da Grifinória; entre diversos outros motivos em que Lupin sempre jurava que seria a última vez, onde ouviam o discurso do amigo sobre como eles eram irresponsáveis, e como os quatro sempre amanheciam rindo juntos.

Ao chegar à torre de astronomia, respirando alto e ofegante, se depara com um Remus olhando para o céu azul e rindo.

— Cansado, Black?

— Pode se dizer que sim. Mas, estava te procurando, então valeu a pena.

— Sempre está, aparentemente, desde o primeiro ano você e James rodam a escola a minha procura. - Remus olhava por cima do ombro para o de cabelo preto.

— Não é mentira... posso me sentar, milorde? - Sirius aponta para o espaço do banco em que o amigo se encontra, recebendo uma inclinação com a cabeça que o faz sorrir.

Após algum tempo em silêncio Remus começa a falar.

— Minha mãe perguntou como você estava... quero dizer, com tudo isso. Perguntei como ela achava que você estava e ela respondeu ''provavelmente tão charmoso quanto, e fazendo piadas mais ainda''.

— E ela errou?

— Eu não discordei, pelo menos.

— Charmoso então?

— Arrogante também, ela esqueceu dessa palavra.

— Ora, Remus John Lupin, vai dizer que eu não causo nenhum tipo de efeito em você?

— Nunca pense por um minuto que você é capaz de causar algum efeito em mim, Sirius Orion Black. - Remus disse virando o rosto para Sirius que o encarava há algum tempo, levando aquela sensação de conexão acontecer novamente. Remus sentia vontade de se aproximar. Sirius também. Mas nenhum movimento aconteceu, apenas o aproveitamento do tempo em que se estendeu com esse olhar, sem saberem se foram apenas segundos, minutos ou horas pois, dessa vez, não havia ninguém para tirá-los do transe.

Isso comumente acontecia com os dois, estando em grupo ou sozinhos, essa conversa de olhar, a vontade de algo mais e a necessidade de manter apenas o olhar significativo e carinhoso. As trocas de olhares, para Sirius, eram diferentes das que ele tinha com James, pelo menos ele sentia que eram diferentes. Remus também sentia que eram diferentes das que tinha com Lily ou Alice, pois pelo menos com elas ele não tinha vontade de grudar seus rostos e beijá-las.

''Estou definitivamente louco... novamente.'' Lupin conversava consigo mesmo em pensamentos.

Lembrava da conversa com sua mãe após elogiar por um longo período o amigo de cabelos compridos. Ela havia perguntado se havia algo a admitir. Remus negou. Ela perguntou ''tem certeza, filho? Te conheço como a palma da minha mão.'' e ele retomou que não havia nada. Mais tarde naquele dia, o menino foi até o quarto da mãe que se encontrava lendo um livro que havia lido diversas vezes de uma autora trouxa e que era, também, um dos favoritos de Remus, e disse que - talvez - estivesse sentindo coisas por Sirius que chegou a sentir por 2 das garotas com quem se envolveu, porém um pouco mais forte. Lembra da mãe sorrir, pegar a sua mão e dizer ''Não te culpo. Ele realmente é bonito e gentil.''

— Foi bom o natal em casa? - Lupin pergunta piscando devagar e indicando com a cabeça que voltaria a ver o céu.

— Tão bom quanto poderia ser. Gritos. Algumas marcas novas. Novas caras se juntando as reuniões. Regulus me ignorando. Mais completo que isso, impossível. Pelo menos eu comi uma boa sopa, já que a carne era para os merecedores.

— Sinto muito você passar por isso, Six. Deveria aceitar e ir logo morar com James, ele e a senhora Potter já ofereceram um lugar... sabe que seria o melhor, mesmo que não fique em sua casa por tanto tempo e sempre tente fugir de lá.

— Só voltei nesse recesso pois tinha que ver como Regulus estava e pegar umas coisas que havia deixado lá, mas logo após 4 dias que vi que não adiantaria e Regulus não falaria nada, fui pros Potter, e fui bem mimado, se quer saber... do jeito que mereço.

— Sei sim, lembro das cartas de James reclamando que você roubou a mãe dele novamente. Uma pena que eu não estivesse lá... sabe que ela gosta mais de mim.

— Doce criança de primavera, não sabe o que diz!

— Tenho que te entregar seu presente de natal ainda, não achei um bom momento para isso... podemos combinar uma troca de presentes atrasada, o que acha?

— OH, ESSA É A MINHA DEIXA! Vim aqui, além de para aproveitar a sua maravilhosa companhia, te chamar para uma confraternização em nosso dormitório hoje a noite e, antes que me pergunte o motivo, você acabou de dizer: troca de presentes atrasado.

— Hm... hoje temos uma reunião com os outros monitores e os diretores das casas, e amanhã cedo marquei de encontrar Alice e Marlene para darmos uma volta lá por fora. Podemos marcar para amanhã a noite?

— Certo, então! - Sirius dizia com um grande sorriso no rosto, sem perceber que agora era observado por Remus que pensava em como a perfeição caia sobre o rosto do amigo. Sirius tinha o nome característico da família Black que remete a elementos cósmicos, mas Remus nunca imaginara que ele personificaria o próprio brilho estrelar em pessoa. O amigo era o maior apoio de Lupin em momentos de medo, angústia e raiva, e também o melhor companheiro nas felicidades e prazeres que experimentava. Remus conseguia ver o maxilar marcado, as olheiras fracas em baixo dos olhos escuros, as sobrancelhas grossas, a boca ressecada - ''quer umedecê-la para mim, Rem?'' conseguia ouví-lo falar dada as diversas vezes que isso ocorreu - o cabelo ondulado e bagunçado caindo as costas, algumas espinhas por crescer no queixo e próximo a testa, e a suavidade em que demonstrava milhões de sentimentos e ao mesmo tempo nenhum em seu rosto brilhante e amistoso.

— Obrigado por seu meu amigo, Six.

E com um sorriso, os dois terminavam a tarde olhando para a imensidão que a altura da torre proporcionava, conectados - mesmo sem saberem - pelo pensamento querido um pelo outro. 


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