A chuva estava forte.

Jacob e eu passamos apressados pela porta, eu sorri achando aquilo divertido, porém Jacob correu até seu quarto e retornou com uma toalha a colocando por cima de meus ombros.

— Obrigada.

— Não precisa agradecer pequena — Disse ele se sentando ao meu lado, em seguida passou um dos braços por cima da toalha sobre meus ombros.

Curiosa, ergui o olhar na direção do rosto dele,Jacob me olhou pelo canto dos olhos, vi a lateral do rosto dele se repuxar num sorriso. — Como eu disse, há algo que preciso contar a você, é uma longa história. E muito... estranha. Há tantas coisas estranhas nesta nova vida. Não tive tempo de contar nem a metade a você, bom, não sei nem se vou conseguir explicar direito.

— Não custa nada tentar — Respondi dando um leve sorriso tentando encorajá-lo.

— Antes de Bella chegar a Forks, a mãe de Sam e Leah Clearwater colocaram a guarda-florestal procurando por ele, a polícia. As pessoas pensaram que ele tivesse sofrido um acidente ou algo assim...

— Leah? — perguntei, surpresa. Leah era  filha de Harry. Ouvir o nome dela me provocou um surto automático de pena. Harry Clearwater, o amigo de todavida de Charlie, tinha morrido de ataque cardíaco na última primavera.

A voz dele ficou mais pesada. — É, Leah e Sam eram namorados na escola. Começaram a namorar quando ela estava no primeiro ano. Ela  ficou louca quando ele desapareceu.

— Mas ele e Emily...

— Vou chegar lá... é parte da história — disse ele. E inspirou lentamente, depois soltou o ar de uma vez.

— Tudo bem! Concordei com a cabeça, eu nunca que poderia imaginar Sam com outra garota que não fosse Emily, quando os via juntos pareciam um só, e a forma que Sam olhava para Emily as vezes me lembrava a forma que Jacob olhava para mim.

Jacob continuou — Sam voltou, mas não falou com ninguém sobre onde tinha estado. Surgiram boatos... Em especial de que ele não estava aprontando nada de bom. E depois Sam apareceu de repente na casa do avô de Quil, numa tarde, quando o velho Quil Ateara foi visitar a Sra. Uley. Sam apertou a mão dele. O Velho Quil quase teve um infarto. — Jacob riu.

— Por quê? Perguntei curiosa.

Jacob pôs a mão em meu rosto e o puxou, para que eu o olhasse estava inclinado sobre mim, o rosto a centímetros do meu. A palma de sua mão queimou em minha pele, como se ele estivesse com febre.

Olhei em seus olhos e corei ao sentir o meu rosto tão perto do dele, com sua mão quente em minha pele. — Ah, entendi, Sam estava fervendo.

Jacob riu de novo. — A mão de Sam parecia ter caido numa boca acesa de fogão e então o Sr. Ateara procurou logo os outros anciãos. Eram os únicos que ainda sabiam, que se lembravam. O Sr. Ateara, Billy e Harry tinham visto os avós se transformarem. Quando o velho Quil contou, eles se reuniram em segredo com Sam e explicaram tudo a ele, ficou mais fácil depois que ele entendeu... depois que não estava mais sozinho. Sabiam que ele não seria o único a ser afetado pela volta dos Cullen. Então Sam esperou que os outros se unissem a ele...

— Deve ter sido muito difícil para Sam passar por tantas mudanças bizarras sozinho.

Jacob gargalhou.

— Sam não podia contar a Leah. Não devemos contar a ninguém que não precise saber. E não era seguro que ele ficasse perto dela... Mas ele trapaceava, como eu fiz com você.

Ao ouvi-lo fui eu quem sorri — Entrando em meu quarto pela janela.

— Ela descobriu? Foi isso?

Ele sacudiu a cabeça. — Não, o problema não foi esse. A prima dela, Emily Young, veio da reserva de Makah para visitá-la num m de semana.

Meus olhos arregalaram-se. — Emily é prima de Leah?

— De segundo grau. Mas elas são próximas. Eram como irmãs quando crianças.

— Isso é... horrível. Como Sam pôde...? — Disse surpresa e sacudindo a cabeça.

— Não o julgue ainda. Alguém um dia já falou a você sobre imprinting?

— Imprinting? — repeti a palavra desconhecida. — Não. O que significa?

— É uma coisa que acontece com alguns lobos, não acontece com todo mundo. Na verdade, é uma exceção rara, não a regra. Sam àquela altura conhecia todas as histórias, as histórias que todos achávamos que eram lendas. Tinha ouvido falar de imprinting, mas nunca tinha imaginado...

— O que é? — insisti. Aquela história começava a ficar estranha e isso me deixou mais curiosa ainda.

Jacob suspirou e olhou para mim.

— Sam amava Leah. Mas quando viu Emily, isso não importava mais. Às vezes... não sabemos bem por que... encontramos nossa parceira assim. — Os olhos dele faiscaram para mim, o rosto caindo vermelho. — Quer dizer... nossa alma gêmea.

— Como se fosse um amor à primeira vista? Perguntei.

Os olhos dele se perderam dentro dos meus — É um pouco mais forte do que isso. Mais incontrolável.

— Existe algo mais forte que o amor? — Perguntei.

— Talvez exista, apenas com os lobos — Respondeu ele.

Dei um longo suspiro, tentei imaginar como deveria ter sido difícil aquela situação toda — Coitada da Emily — sussurrei. — Coitado do Sam. Pobre Leah... — É, Leah saiu perdendo nessa — concordou ele. — Mas ela enfrenta tudo com coragem. Vai ser dama de honra.

De repente tive um estalo, olhei novamente para Jacob e dei um pulo do sofá ficando de pé a sua frente — Isso vai acontecer com você? — perguntei com a voz tremula— Essa história de amor à primeira vista? Por isso precisava me contar?

— Não — respondeu ele depressa. — Na verdade já aconteceu — Ele ficou de pé deu dois passos parando a minha frente e pegou minha mão — Carlie, meu imprinting é você.

— Eu? — Perguntei me engasgando em minha própria voz — Eu sou seu...nossa eu...

— Assim como aconteceu com Sam, aconteceu comigo, fazia algumas semanas da minha transformação, eu estava evitando ver você e Bela a todo custo para não quebrar as regras. Naquela tarde perseguimos o vampiro pelo bosque e nos aproximamos da campina, foi quando eu a vi pequena, seus olhos verdes e assustados, foi necessário uma fração de segundos para que tudo em minha desmoronasse.

Meu olhar se ergueu buscando o rosto dele, lembrei que Jacob sempre havia amado Bela, então somente por isso agora eu era sua escolhida? Por causa de uma espécie de mágica? — Então é por isso que você me ama?

— Não! Ele respondeu de imediato — Eu já gostava de você.

— Eu achei que amasse a minha irmã.

— Eu também — Disse ele me interrompendo — Até no dia em que fomos testar as motos e vi você depois de alguns dias sem nos vermos — Ele sorriu com o canto dos lábios — Quando a vi naquela manhã pela primeira vez com os cabelos soltos — A mão dele tocou uma mecha do meu cabelo — Você estava linda, sempre fora linda para mim, e depois quando a vi encantada ao ver os garotos pulando do penhasco e eu senti ciúmes quando você saiu naquela noite em que eu estava na sua casa e... — Ele fez uma careta em seguida voltou a olhar em meus olhos — Naquela noite eu percebi que algo havia mudado, eu não me sentia mais feliz quando estava a sós com Bela, tudo era mais divertido quando estava comigo e com ela.

Suas palavras quebraram todas as minhas barreiras, dei um sorriso e subi minhas mãos por seu peito parando em sua nuca — Jake — Sussurrei — Tudo isso é estranho, mas eu estou feliz que tenha sido comigo, porque se ainda não tivesse acontecido eu não sei se suportaria viver com a ideia de poder perder você para outra garota a qualquer momento.

— Não existe nenhuma outra garota nesse mundo pequena — Murmurou ele encostando sua testa quente na minha — Eu sou seu, minha vida pertence a você.

Aquilo era intenso, ao mesmo tempo em que me causava felicidade me fazia sentir medo, eu não sabia direito como aquilo funcionava, se Jacob estava preso a mim para sempre, como seria se eu também estava presa a ele? — Mas — sussurrei — Isso tudo significa que eu nunca poderei deixar você? Eu nunca poderei deixá-lo?

Jacob sorriu timidamente — Não, você tem o livre arbitro Nessie, ter um imprintig não significa apenas ter um relacionamento romântico, eu vou ser feliz se você estiver feliz — Ele novamente tocou meu rosto — Se você não quer mais me ter como seu namorado eu...

— Eu te amo — murmurei apesar do medo, eu precisava compreender como aquilo funcionava, mas eu o amava — Mas eu quero que nossa relação seja sem esse negócio de, como é mesmo o nome?

— Imprinting! Ele respondeu sorrindo.

— Quero que sejamos um casal de namorados comum — Jacob riu, só então percebi a grande besteira que eu havia dito, não éramos um casal de adolescentes comuns, meu namorado era um lobisomem que mesmo com 16 anos parecia um homem de 25, e eu tinha uma irmã prestes a se tornar uma vampira — Tudo bem — murmurei entre nossos risos — Quero que nossa relação seja apenas sem o imprinting.

Jacob concordou com a cabeça — Não se sente tranquila em saber que eu jamais conseguirei olhar para outra garota?

— Quero que jamais olhe para outra garota por me amar, não por uma magia de lobo, mas caso ainda pudesse olhar eu arrancaria seus olhos.

Jacob riu, sua boca quente selou meus lábios e deslizou por minha bochecha, em seguida ele pôs os lábios em minha orelha; seu hálito quente me fez cócegas. — Eu te amo.

Sorri e ficamos em silêncio por um tempinho, fechei os olhos enquanto seus lábios moviam-se lentamente por meu queixo, descendo para meu pescoço e voltando a subir. Eu arfei e ele riu me fazendo abrir os meus olhos.

— Então se tudo está esclarecido entre nós voltamos a ser namorados? — Eu perguntei passando ambas as mãos em seu rosto.

— Hum — A expressão de Jacob mudou como se estivesse pensativo —Talvez eu devesse ser mais difícil.

Ergui minhas sobrancelhas — É mesmo? E o que houve com o minha vida pertence a você?

— O que houve com “nossa relação sem imprinting?”

Rimos juntos.

— Eu só quero ficar com você, de forma saudável mesmo em meio a tantas loucuras Jake!

— Eu prometo a você que será assim! Disse ele beijando minha testa e me puxou para ele, eu amava seus abraços de ursos, o calor do corpo dele. Permanecemos em silêncio por alguns segundos e eu conseguia ouvir a batida de nossos corações.

— O que faremos o resto do dia, já que temos a casa apenas para nós dois? Perguntei enquanto sentia seus braços folgarem em meu corpo.

— Eu farei o nosso almoço? Respondeu ele em um tom de animação.

— Você vai cozinhar para mim?

— Eu cuido do meu pai esqueceu? Disse ele me puxando pela mão para a pequena cozinha deles, ri baixinho enquanto era sentada sobre a mesa — Cozinha, Princesa, Princesa, cozinha! Ele falou como se fizesse uma apresentação.

Ri balançando a cabeça enquanto ele abria a geladeira pegando algo congelado, ergui as sobrancelhas quando o vi brigar com fogão, e como eu estava com fome acabei o ajudando a preparar o nosso almoço que não passou de nuggets e refrigerante.

Durante o restante da tarde Jacob e eu ficamos em seu quarto, como sempre contando um ao outro as coisas da escola — Então você estar no grupo de organização do Baile? Perguntou ele com um olhar de surpresa.

— Estou — Respondi rindo.

— Não sabia que gostava dessas coisas Ness.

— E porque achou que eu não gostava, eu gosto de mutas coisas, como pular de penhascos.

Jacob riu — E pilotar motocicletas, cavalgar sobre um lobo muito perigoso, de assistir jogos de futebol na TV.

— Uma garota pode gostar de tudo, essa regra de garotas só gostarem das coisas fofas é uma regra imposta pela sociedade.

Jacob gargalhou — Então você também é feminista?

Antes que eu pudesse responder, ele rolou de lado, me puxando para cima dele. Ele puxou meu rosto e meus lábios encaixaram-se aos dele enquanto ele rolava novamente até pairar em cima de mim. Sustentou-se com cuidado para eu não sentir seu peso, mas eu podia sentir o queimar do seu corpo contra o meu. Sua mão grande e quente envolveu meu cotovelo, movendo-se bem devagar por meu braço, por minhas costelas e em volta de minha cintura, acompanhando meu quadril e descendo por minha perna, contornando meu joelho. De repente ele puxou minha perna, enroscando-a em seu quadril. Parei de respirar. Nuca havíamos ficado em um contato tão grande, senti que minha pele começava a queimar, enquanto seus lábios deslizavam por meu pescoço, dando alguns beijos ali e em seguida seu rosto subia buscando pelo meu.

— Ainda não é o momento — Sussurrou ele ao perceber a minha animação.

— E quando será? — Perguntei ao sentir a confusão me dominar.

Jacob sorriu — Quando estiver pronta — Respondeu.

— Mas eu estou — murmurei mordendo o lábio dele em uma tentativa desesperada de retomar aquilo.

O sorriso dele se alargou — Está mesmo?

— Sim! Respondi de imediato.

Jacob selou meus lábios e desceu por meu queixo, sua mão quente apertou minha cintura e subiu até minha barriga, eu gargalhei.

— Não! Isso não! Gritei tentando tirá-lo de cima de mim.

Jacob riu e começou sua sessão de cócegas.