Dinastia: outras histórias e curiosidades escrita por Isabelle Soares


Capítulo 16
Nada é o que parece ser


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo extra para vocês. Espero que gostem!



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23 Dezembro de 2015

O som de uma música natalina vinda duma velha caixinha de música soava por todo o ambiente. A canção antiga já tinha tocado tantas vezes que já tinha sido decorada pelo chefe de polícia Swan que repetia os acordes com as batidas de seu pé. Renesme observava a janela de minuto e minuto. O Natal se aproximava e ela queria verificar se teria algum vislumbre do Papai Noel antes da hora. Ela virou-se para o avô, que estava ocupado em separar e limpar os gastos enfeites de natal para pôr na árvore que ambos estavam montando, e perguntou a ele o que queria saber:

— Vovô, é verdade que o Papai Noel visita todas as criancinhas?

— É claro que sim! Mas ele só dá presentes para aquelas que foram boazinhas durante o ano todo.

A pequena princesa sentou-se em frente ao avô materno e pôs a pequena mão no rosto. Charlie olhou para neta e se preparou para uma pergunta daquelas. Quando ela ficava pensativa assim acabava soltando uma pergunta que ninguém conseguia responder. Ele ficava admirado com a inteligência e a maturidade da neta que tinha apenas três anos de idade.

— Então por que as criancinhas pobres não recebem presentes? Que coisa tão ruim elas fizeram para que isso acontecesse, vovô?

Charlie engoliu em seco. Como explicar a sua neta as injustiças que havia no mundo? Logo ela que tinha tudo que poderia imaginar?

— É uma boa pergunta, Nessie. Nem sempre a vida é justa com todos.

— É uma pena!

— É sim. Por isso, quem tem mais deve dividir um pouco com os que não têm.

A menina assentiu e ajudou o avô a pôr os enfeites na árvore. Bella os observava da porta com uma sensação de nostalgia. Charlie tinha comprado essa árvore quando ela ainda era criança em um desses natais que passou em Belgonia e depois disso ele nunca deixou a tradição de ornamentá-la. Sue se aproximou da enteada e tocou o seu ombro.

— Como foi querida?

Bella virou-se para ela e deu sorriso tristonho. Sue a conduziu para a cozinha percebendo o quanto ela estava triste. As duas se sentaram nas cadeiras da pequena mesa e Bella pôs a chorar. Sue acariciou as mãos dela e percebeu o quanto ela tinha envelhecido nesses últimos meses. As marcas fundas de expressão marcavam os olhos de Bella, mostravam o seu cansaço e descontentamento. Sue estava preocupada.

— Como foi à consulta?

— Foi como devia ser. A doutora Jo tirou o resto que ficou de dentro de mim e fez alguns exames. O resultado só deve sair depois do ano novo, mas ela acha que estou ok. Mas meu coração não está, sabe?

— Eu sei como é. Perder um filho nunca é fácil! Eu já perdi dois e um deles morreu quando eu já estava com seis meses de gravidez.

— Eu me sinto mal por isso! Eu não queria engravidar de novo. Você sabe... Depois da minha primeira gravidez, de toda aquela complicação do parto, eu fiquei assustada! Pedi a Edward para não tentarmos mais por enquanto. Tínhamos o maior cuidado, mas aconteceu...

— Eu entendo e é super natural. Vocês dois são casados.

— Eu até estava me acostumando com a ideia... Depois que eu vi os bebês de Rosie e Alice, até que fiquei com vontade também. E depois eu me sentia super pressionada! Como se a minha única função dentro da realeza é ficar parindo o tempo inteiro!

— Edward também te pressionava?

— Não, ele não. Mas eu tinha esperança que as coisas melhorassem entre nós. A gente não anda se entendendo muito bem e eu tinha esperança que com essa gravidez, as coisas poderiam voltar ao normal.

— Querida, uma criança não salva um casamento. Não sei como está a situação de vocês dois, mas acho que não deva haver muitos motivos para desentendimentos.

— Eu, na verdade, nem sei bem o que é. Só que a gente anda meio distante. Divergindo em algumas coisas... Ah eu não sei!

Renesme deu uma alta gargalhada na sala e Bella desconfiou que seu pai estava contando para ela uma de suas piadas. Ela balançou a cabeça como se tivesse sendo puxada para a realidade novamente.

— Obrigada por terem ficado com ela por uns instantes. Eu dei folga adiantada a Anne para ela passar o natal com a família e Edward... Anda muito ocupado...

— O que é isso, minha filha! Nessie é tão nossa quanto de vocês. É um prazer imenso! Charlie está tão feliz por poder ajeitar essa árvore velha com ela.

— Eu fico feliz por eles estarem contentes!

Sue tocou o ombro de Bella em conforto.

— Não fique assim, querida. Tudo vai ficar bem. Você é jovem e no momento em que achar certo poderá ter outros bebês.

— Eu me sinto tão só, Sue. A vida na realeza pode ser um paraíso no começo, mas depois fica desgastante demais e absurdamente monótona.

— Se acha que ficar ao lado de Edward não a satisfaz mais, você sabe que tem a opção de sair.

— Não é assim tão fácil! Eu perderia a minha filha. Eu assinei um contrato antes de me casar que deixava isso bastante claro. E além do mais, não sei cheguei ao ponto de querer largar Edward assim.

— Então, ainda há esperança.

— Ele precisa de mim, Sue. Bem mais do que eu precisaria dele. Eu o amo, mas sei que seguiria em frente se fosse o certo, sofrendo mais iria... Ele não.

— Estranho.

— É sim... Eu posso te fazer um pedido?

— Sim.

— Não conte o que conversamos com o papai, certo? Ninguém sabia dessa minha nova gravidez, a não ser você e a minha mãe. Não quero preocupá-lo à toa.

— Não se preocupe. Eu não vou contar nada.

Bella assentiu e limpou as lágrimas do rosto, não queria que sua filha a visse chorando. Se levantou e seguiu até a sala. Renesme ao vê-la foi correndo até ela cheia de felicidade. Bella abraçou a filha e sentiu um conforto enorme nisso. Era como se a menina recuperasse as suas energias.

— Mamãe venha ver a árvore que eu e o vovô montamos. – falou Renesme puxando o braço da mãe.

— Nossa! – Falou Bella fingindo espanto. – Está um máximo! Acho pai que você encontrou uma parceira de decoração mais criativa do que eu era.

— Acho mesmo que encontramos mais uma qualidade da nossa princesinha.

Bella sorriu e brincou com os cachos da filha. Charlie sentiu que algo não estava no lugar com a filha.

— Está tudo bem, Bells?

Bella olhou assustada para o pai e respondeu rapidamente:

— Está sim pai.

Charlie concordou ainda desconfiado.

— Mamãe, acha que vai nevar muitão esse ano?

— Acho que sim, minha pequena.

— Podemos fazer um boneco de neve bem grandão, não é?

— Claro que sim. Tudo que quiser, minha princesa!

— Não quer ficar para o jantar, minha filha?

— Não pai. Amanhã vamos ter que viajar bem cedo para Clarence e ainda tenho que terminar de fazer as malas.

— É uma pena não poderem ficar mais. – falou Sue. – Mande lembranças para todos!

— Mandarei sim. Vamos filha!

Renesme estendeu os braços para a mãe a pegá-la no colho, mas Bella recuou e pegou a mão dela. Tinha acabado de ter um aborto, não podia pegar peso. Saíram as duas da casa escoltadas por George, o segurança. Havia alguns paparazzis as esperando do lado de fora. Bella abaixou a cabeça e Renesme tapou o rosto com as mãos, como sempre fazia quando via os fotógrafos. Mesmo tão nova, a princesa tinha ideia do que era ser famosa. Mas não tinha aprendido a lidar com o assédio, é claro. Na verdade, ela não compreendia direito por que tiravam fotos dela e não de suas amigas. Detestava quando aqueles moços estranhos a perseguiam. No batizado de seu pequeno primo, Henry, ela disse a eles “que não tinham sido convidados”, e assim ia levando. Bella lamentava que tudo tivesse que ser assim para ela.

Na verdade, cada vez mais essa situação ficava pressa em sua garganta. Queria poder fazer algo de concreto, porém, não queria ir contra os protocolos reais. Renesme era uma das primeiras na linha sucessória ao trono e tinha que estar sempre às vistas do povo. Bella não concordava com isso. Ela sempre achou que havia um limite entre vida pessoal e pública. Tudo já estava chegando ao limite com a sua filha. Só nesse ano, a princesa foi capa de revista ao menos umas vinte vezes. A curiosidade em torno da menina é enorme! E as pessoas que trabalhavam para a família real se aproveitavam disso. Incluíam-na em todo o tipo de evento. Bella estremecia de raiva com isso, estava sentindo que estavam transformando a vida da filha num produto.

Renesme esse ano foi à escola pela primeira vez. Com outros membros da realeza isso tinha sido registrado como importante, mas com ela tinha sido um espetáculo! Várias pessoas foram para a porta do Colégio St. James para vê-la chegando ao seu primeiro dia de aula. No minuto que a princesa viu os fotógrafos e a multidão, escondeu o rosto entre as pernas enquanto ainda estava sentada dentro do carro. Edward pediu que ela tivesse um pouco de paciência e não ligassem para as câmeras e apenas seguisse o seu caminho até a entrada da escola. A menina acabou obedecendo e ao ver que os pais acenavam para a multidão, ela resolveu imitá-los também e deu um ar de simpatia. O casal pediu que houvesse o máximo de privacidade dentro da escola e que ninguém a tratasse diferente das outras crianças por causa de sua posição. Pelo menos lá, ela estava se sentindo bem. Era uma aluna dedicada e nem precisou de muito para se acostumar na nova rotina escolar. Mas o mesmo não aconteceu na sua segunda turnê internacional ocorrida no início desse mês, quando foi forçada a estar com os pais na maioria dos compromissos em Volterra, Vaticano e na Espanha. Claramente a pequena estava desconfortável com tanta atenção e timidamente deixou registrada a sua passagem. Bella sentia que não podia suportar mais isso.

Mas é claro que ninguém levaria em conta a sua opinião. Aliais, estava sentindo que cada vez mais estava sendo podada pelos funcionários que se diziam leais a monarquia. Muito do que ela quis fazer não pôde por não acharem certo para a imagem da família real. Ela aceitava, pois não queria conflitos. Porém, isso já estava cansando-a.

Ao chegarem ao palácio, Carter, informou que o príncipe Edward queria falar com sua esposa com urgência no escritório dos dois. Bella agradeceu e subiu com a filha. Renesme ao ver o pai, correu para abraçá-lo. Edward a recebeu como sempre fazia. Porém, sua expressão era séria.

— Papai, você sabia que eu ajeitei a árvore de natal do vovô Charlie?

— É mesmo minha gatinha? E ficou bonita?

— Sim! Ficou lindona!

— Amanhã você estará encarregada de ajeitar a árvore do palácio de Clarence, certo?

— Legal!

— Ótimo! Agora deixe eu conversar um pouco a sós com a sua mãe.

— Vá indo para o banheiro tomar banho que já estou chegando lá. – falou Bella.

— Ok.

Renesme saiu toda animada do recinto e Edward virou-se para Bella com uma cara de “poucos amigos”. Bella estremeceu imaginando o que poderia ser. Ele pegou o jornal e estendeu na direção dela.

— Veja!

Bella pegou o jornal e viu as imagens que estavam em primeiro plano. Eram fotos de Renesme brincando no playground com Anne, a sua babá. Bella ficou com tanta raiva que teve que se sentar. Isso era ultrajante! Não respeitavam nem uma criança em seu momento de lazer!

— Isso é um absurdo! – falou Bella.

— Total! Estou furioso com isso! Mas já mandei que Nick fizesse um comunicado oficial em repúdio a esses paparazzis e denunciarei todos os tabloides que publicarem essas fotos sem a nossa autorização.

— Edward, temos que fazer muito mais que isso.

— O que por exemplo? Mandar matar a todos que tiram fotos da Nessie?

— Não seja grosseiro! Estou dizendo é que não adianta a gente punir esses paparazzis se nós mesmos não cuidamos da privacidade da nossa filha. Já percebeu que Renesme está em 3 de cada 5 eventos da realeza? Nick e os outros estão ajudando a contribuir com isso e nós também por permitirmos isso aconteça.

— Tudo é culpa do Nick, não é? Por que não pode ser de Ruth também? Por que será que vem andando sempre o acusando? Não estou gostando desse seu comportamento, Bella!

Bella abriu a boca em sinal de surpresa. Não estava acreditando no que estava ouvindo. A raiva subiu para a sua cabeça e ela de repente entendeu tudo o que estava acontecendo.

— Você não pode falar desse jeito comigo! Edward, eu não sei o que você está pensando agora. Mas acredito que se ficar ouvindo toda essa intriga que estão fazendo nos bastidores, o nosso casamento não vai durar muito. Eu estou tão cansada de ser excluída, de ser tratada como marionete nas mãos das pessoas que dizem trabalhar para o nosso bem estar. Edward, não foi isso que eu procurei quando eu me casei com você.

Edward balançou a cabeça e deu sorriso nervoso. Esse tempo todo ele vinha sentindo que Bella estava querendo alçar voos grandes. Ele super apoiava a dedicação dela e o seu desejo por fazer o melhor para o seu povo. Mas as coisas estavam indo além do limite. Edward tinha medo das proporções dos desejos de Bella podiam significar para os rumos da família real. Nick tinha razão em alertá-lo da rebeldia que existia em sua esposa.

— Você sabia onde estava se metendo quando se casou comigo. Acredite, ninguém está contra você, mas não é tudo que desejamos que podemos realizar.

— Você é que está se deixando levar pelo que dizem a você. Está se afastando de mim. Nós não conversamos como fazíamos antes e cada dia que passa o nosso casamento se torna mais perto de uma conveniência. Eu não quero que isso aconteça. Estou nessa ainda por amor a você e a minha filha. Não vou deixar que tornem isso um produto, um objeto de manobra nas mãos dos outros.

— O que está dizendo?

— Estou dizendo para você ter cuidado com que trabalha com você.

Bella levantou-se e saiu do escritório. Segurou horrores para não chorar. Renesme estava logo ao lado e ela não suportaria que a visse dessa forma. No momento se sentia sem chão, encurralada, confusa, triste, tudo ao mesmo tempo. Como fazer para tirar toda aquela aflição de dentro dela?

Renesme ouviu os passos da mãe no corredor e foi até ela. Bella respirou fundo e levou a filha para tomar banho. A garotinha estava toda falante e agitada, foi difícil controlá-la. Bella sentia a ansiedade da filha, ela adorava o natal e especialmente o fato de ir para Clarence. Renesme amava a sensação de liberdade e os cavalos. Todos os anos, ela pedia um pônei de presente, mas nem Edward e nem Bella queriam que ela sofresse algum dano. Mas um dia, a duquesa sabia que a filha seria uma grande amazona.

— Mamãe? – Chamou Renesme enquanto tinha seus cabelos enxugados por Bella.

— Sim.

— Eu já sei o que eu vou fazer nesse natal.

— É mesmo? O que?

— O vovô me disse que as criancinhas pobres não ganham presentes por que o mundo não é justo. Eu não entendi muito bem essa parte, mas eu não quero que elas fiquem tristes. Então, eu resolvi que eu quero dar alguns brinquedos meus para elas.

Bella se surpreendeu mais uma vez com que a filha tinha dito. Renesme era uma caixinha de surpresa sempre. Ela era muito avançada para a idade que tinha, quase sempre soltava alguma coisa que ninguém esperava. Bella dizia que a filha foi enviada pronta para eles. Esse gesto bondoso e inesperado dela fez Bella se emocionar e derramar as lágrimas que já estavam afoitas para sair.

— Por que está chorando mamãe? Eu disse alguma coisa errada?

Bella se abaixou para ficar na altura da filha e poder olhar nos olhos dela.

— Eu não fiquei triste com o que disse, meu anjo. Eu tenho orgulho de você! Nunca mude o seu jeito ser, tá bom?

Bella acariciou os cabelos da filha e esta deu um sorriso contente.

— Então eu posso dar os meus brinquedos?

— Sim, claro! Eu ajudo você a escolher.

Renesme bateu palmas de alegria e correu para escolher entre seus inúmeros brinquedos qual ela daria para as crianças carentes de Clarence. Bella arranjou umas caixas e ajudou a menina em sua escolha. Separou também algumas roupas da filha que não serviam mais, ou que ela mal usava para doar também. Quando terminaram já era tarde. Bella sentia seu humor melhorar um pouco por conta da presença da pequena menina. Era incrível como Renesme transformava sua vida!

Mesmo assim, ela não pode deixar de pensar em tudo que vinha acontecendo. Quando entrou para a família real, ela aceitou todos os termos. Firmou consigo mesma que faria tudo dar certo, não discutiria e nem desagradaria ninguém. Deus sabe o quanto ela se esforçou para fazer o seu papel do jeito que queriam que ela fizesse. Abdicou de toda a sua vida para que esse relacionamento desse certo, até mesmo de seu próprio bem estar.

Desde cedo, ela descobrira que seu casamento com Edward não era só uma união por amor, mas também uma conveniência de estado. No início, ela e Edward conseguiam separar as coisas, mas cada vez mais ela sentia que o lado público, as obrigações reais tomavam mais espaço no relacionamento dos dois. Ela tinha ciência, que uma hora o casamento entraria numa maré mais fria, era natural, todo casal passava por isso devido à convivência diária, mas ela estava sentindo que alguém estava atrapalhando.

Nos últimos tempos, ela vinha se sentindo um pouco rejeitada pelos funcionários que cuidavam dos bastidores da monarquia. No momento, ela se sentia muito mais segura quanto a sua função dentro da realeza. Ela acreditava que estava na hora de pôr os seus planos em campo, ousar um pouco mais e trabalhar no que realmente a interessava. Mas ao que parecia, os seus projetos não combinavam com o que os secretários do palácio tinham para ela. Tudo que ela enviava para eles aprovarem vinha recusado, com alguma desculpa ou outra. Bella já estava achando que eles queriam fazer dela um objeto de manobra para os seus desejos. A excluírem de qualquer possibilidade de participação ativa, apenas queriam que ela fosse à esposa fiel e a mãe dedicada e Bella não suportava isso, se sentia cada vez mais encurralada e triste. Até tentou marcar uma reunião com eles e os monarcas, mas esta nunca chegou a ser marcada. Ela simplesmente estava cansada de tentar resolver o problema e voltar com recusas.

Ela desconfiava que Nick vinha utilizando isso para pôr Edward contra ela. Dizia para ele que ela estava querendo se tornar uma rebelde e de ser uma possível arma para a destruição da imagem inabalável da família real. Era necessário controlar a bomba antes que ela explodisse e por tanta insistência, Edward poderia já está acreditando nisso também. Nick sempre teve uma super proteção com relação ao príncipe. Já vinha cuidando da agenda dele desde que ele tinha apenas 17 anos e pensava que poderia ter todo o controle sobre ele. No fundo, Bella achava que Nick tinha medo da influencia que ela poderia ser para o marido que desviasse dos planos que ele tinha para o príncipe herdeiro ou o quanto a duquesa poderia brilhar mais que o marido. Ninguém queria uma outra Lady Di na realeza! E tudo isso vinha contribuindo para um mal entendido entre ela e o marido.

Com relação à Renesme. Nick e Ruth eram os maiores responsáveis por toda exposição da princesa. Eles criavam qualquer situação para que ela parecesse em tudo. Quanto mais Renesme tivesse aos olhos do público mais popular a monarquia ficaria. Bella não deixaria que essas pessoas a destruíssem. Nem que tivesse que lutar sozinha contra essas pessoas, ela lutaria.

No dia seguinte, Ela, Renesme e Edward seguiram para Clarence para se juntar com toda a família para a comemoração do Natal, como faziam todos os anos. Durante todo o percurso, os dois não se falaram, apenas Renesme contava os seus planos para o feriado. Bella sentia quanto esse natal seria difícil. Teria que se segurar, manter as aparências pela filha, pela família e por todo o povo. Não queria ninguém fazendo perguntas desconfortáveis.

Ao chegarem, foi difícil segurar Renesme. Ela desceu do carro correndo e seguiu para dentro do palácio. A sua alegria era contagiante, até permitiu que seus pais sorrissem um pouco. Na verdade, todo o clima no palácio exalava união e espírito natalino. Bella amava as festas natalinas em Clarice! Parecia que tudo se tornava mais mágico. Olhar para as crianças tentando enfeitar a enorme árvore de Natal, ou brincando na neve, poder conversar amenidades em torno da lareira depois da ceia era renovador.

Esse ano a família real tinha mesmo muito o que celebrar. Alice, mesmo com todo o seu problema para engravidar devido a uma grave endometriose, milagrosamente ela conseguiu conceber e dar a luz a um menino bastante saudável. O pequeno Pietro tinha agora 4 meses e já era a sensação dos paparicos de seus familiares. Jasper explodia de alegria e carregava o menino para todos os lados e orgulhosamente apresentava a todos por onde passava.

Emmett e Rosalie também tinham tido um filho que tinha acabado de completar um ano. Henry era o xodó de Renesme. Ela simplesmente amava brincar com o primo e lhe ensinar coisas novas. Rosalie e Bella adoravam essa amizade que brotava entre os dois e sentiam que poderia ser longa. Renesme tratava o primo como o seu irmão mais novo e queria estar ao lado dele o tempo inteiro e o garotinho loiro também parecia gostar da presença da prima, estendia a mãozinha para ela e tentava dizer “Ness”. Renesme apenas sorria e beijava as suas bochechas gorduchas. Bella se sentia grata por isso, pelo menos Henry distraia a sua filha do desejo de ter um irmão.

Pela manhã, a sala de estar do palácio de Clarence estava rodeava de gritos infantis e sorrisos abertos. Não eram nem sete da manhã quando Renesme saiu acordando a todos para verem o que o Papai Noel tinha trazido. Bella tinha comprado para ela uma bicicleta que há tempos ela vinha pedindo. Edward foi até a filha e a ensinou há pilotar um pouco a bicicleta antes que tivessem que ir a Igreja para a missa natalina. A menina parecia que estava no mundo dos sonhos!

Bella tinha planejado em sua cabeça como iria distribuir os brinquedos para as crianças carentes. Não queria contar a Edward o que iria fazer com a filha, pois sabia que ele iria comunicar ao Nick e a imprensa iria cair em cima. Sabia que deveria cumprir a agenda de compromissos para hoje junto com a família real, teria de se rebolar para inventar uma desculpa satisfatória e quando todos descobrissem iriam ficar chateados, mas ela estava disposta a não declinar.

As pessoas já tomavam as ruas de Clarence para verem o cortejo da realeza até a missa que se realizaria na capela de São Jorge. Eram raros os momentos em que a população poderia estar tão perto de toda a família real por isso a expectativa era imensa. Durante todo o percurso até a capela e durante a missa, Bella e Edward não trocaram nenhuma palavra. Esme observava o comportamento dos dois com preocupação e percebeu que durante a estadia deles no palácio, ambos nem ao menos se tocavam. Alguma coisa de muito grave tinha acontecido e ela precisava saber. Já no carro de volta ao palácio resolveu sondar o marido sobre o assunto.

— Carl?

— Hum?

— Você observou Edward e Bella nesses dias?

— O que tem de errado?

— Os dois parecem estarem brigados. Sabe algo a respeito?

— Na verdade não. Deve ter sido apenas uma discussãozinha boba. Todos os casais tem esse momentos.

Mas Esme não se contentou com a resposta do marido. Temia que algo grande e pior do que ele estava imaginando poderia estar acontecendo. Durante o lanche, ela os observou atentamente e comprovou que os dois evitavam até se olhar. Eles não sorriam com as piadas de Emmett, cada vez mais irônicas, ou com as brincadeiras das crianças que certamente encantava a todos. Bella sentia os olhares da sogra nela, mas tentava disfarçar.

Quando todos se preparavam para ir ao orfanato, sustentado pela rainha Esme, ou ao hospital local para visitar os doentes, como faziam todos os anos no natal, Bella achou que seria a hora perfeita para declinar. Queria que ela e Renesme pudessem também fazer caridades, mas longe de qualquer tipo de holofote.

— Se importam se eu não comparecer?

Edward olhou para ela surpreso e Esme deu toda a atenção devida ao que ela iria dizer.

— Eu não estou me sentindo muito bem. Acho que é melhor eu descansar um pouco.

— Tem certeza que não é nada grave, querida? – perguntou Esme.

— Não. Acho que não. Apenas uma dor de cabeça insistente. Me desculpem.

— Sem problemas. Melhoras!

Bella observou eles saírem pela porta e seguirem em carros separados para os seus devidos compromissos. Renesme correu para os braços da mãe e colocou as mãozinhas no rosto dela.

 - Mamãe, eu posso cuidar de você!

— Obrigada, meu amor, mas acho que a mamãe já está um pouquinho melhor. Por que não vamos juntas entregar os seus brinquedos antigos as crianças carentes?

— Oh sim! Vai ser demais!

— Ótimo! Vai por o casaco. Está muito frio lá fora.

Bella sorriu ao ver a animação da filha e ao virar-se deu de cara com Nick. Ela ficou surpresa ao vê-lo. Todas às vezes ele acompanhava Edward nos eventos.

— Já se sente melhor, alteza?

— Sim.

Ela levantou-se e tentou sair do cômodo sem dar margem para o que iria fazer. Mas foi interrompida por ele.

— Sabe que é errado enganar as suas majestades para não cumprir um compromisso oficial?

— Eu não enganei ninguém. Estava realmente me sentindo mal até agora a pouco, mas isso não é da sua conta.

— A Princesa foi buscar o casaco para ir aonde?

— Olha, Nick, você acha que pode ter o controle sobre as nossas vidas. Mas está enganado. Fique longe da minha filha e de mim, ouviu? Chega de tentar transformar a nossa vida numa vitrine.

Nick não disse nada e Bella saiu pelos fundos com Renesme. George já tinha colocado as caixas com os brinquedos no porta malas do carro. Bella intencionava levar a filha para os bairros mais pobres de Clarence. Queria mostrar a ela o mundo fora do palácio para ele ativesse ciência de que nem todo mundo tinha uma vida de conforto como ela própria. Desejava ser discreta, mas agora sabia que Nick estaria na cola delas. Estava com raiva disso, mas não queria mostrar descontentamento diante da animação da pequena princesa. As duas estavam fazendo nada de errado.

Renesme se impressionou com o cenário a sua frente. Sua mente infantil não imaginava que houvesse uma disparidade tão grande de realidade. Agora conseguia entender um pouco o que o seu avô disse. Segurou forte a mão da mãe, com medo do que via e Bella sentiu o nervosismo de sua pequena.

— Esse é um bairro de pessoas carentes, minha filha. Pessoas que não tem tanto dinheiro, mas que lutam todos os dias para terem uma vida melhor.

— Mamãe, por que eles não têm dinheiro?

— Por que alguns nascem numa família com pouco dinheiro e outras não. O dinheiro não é algo que todos têm por igual e por isso trabalham duro todos os dias para poderem sobreviverem.

— Mas será que um dia eles vão ter muito dinheiro?

— Não, infelizmente a realidade é dura, querida. A mamãe também nasceu numa família que não tinha muito dinheiro. A sua vovó Renée dava um duro danado para que eu e ela não passássemos dificuldades lá nos Estados Unidos. Mas mesmo com pouco dinheiro, a gente era feliz.

— É só um pedaço de papel, não é?

— É um pouco mais que isso. – Bella deu um sorrisinho. – Mas eu quero que saiba que dinheiro compra muita coisa, mas não traz felicidade.

Renesme assentiu e elas seguiram por algumas casas onde tinham crianças e saíram distribuindo os antigos brinquedos e roupas usadas pela princesa. As pessoas as recepcionavam com uma certa surpresa, mas estavam realmente encantadas em vê-las ali. Incentivada pela mãe, aos poucos, a menina foi deixando a timidez de lado e entregando ela mesma os brinquedos para as crianças. No fundo, ela estava feliz em poder ajudar aquela garotada que certamente não receberiam presente nenhum nesse natal. Bella se orgulhava da filha e sabia que se continuasse assim, um dia, ela será uma grande rainha para o seu povo.

Horas depois, elas deixaram o bairro depois de distribuírem tudo que trouxeram e para a infelicidade de ambas, deram de cara com muitos fotógrafos afoitos para registrar o momento. Bella se enfureceu com Nick, provavelmente ele tinha dado com a língua nos dentes. Ela não queria nenhuma promoção para o gesto delas, mas ele via justamente o contrário. Renesme se assustou com o tamanho número de fotógrafos presentes. Bella apertou a mão da filha e entrou com ela no carro. A menina sentou no colo da mãe e começou a chorar. Bella levantou a cabeça da menina e disse:

— Eu tenho tanto orgulho de você, meu amor. Obrigada por ser tão perfeita!

— Mamãe, eu estou com medo!

Bella abraçou a filha que ainda chorava e passou a mão pelos seus cabelos acobreados, como os de Edward.

— Eu sei, meu anjo. Eu não vou deixar que façam nada com você, ouviu? Eu te amo tanto!

— Eu também amo você, mamãe.

Bella seguiu abraçada a filha até chegarem ao palácio. Assim que o carro parou, Renesme saiu correndo como sempre fazia. Bella andou devagar tentando controlar a raiva que sentia e ao entrar deu de cara com Esme a aguardando. Ela ficou surpresa e com medo do que a sogra poderia estar pensando no momento.

— Esme, me desculpe.

— Vamos conversar lá em cima, sim?

Bella seguiu a rainha silenciosamente tentando pensar em todas as respostas possíveis para dar a ela. Quando ambas estavam sentadas numa das salas de estar do palácio, Esme pôde perceber que tinha sim algo de muito errado que ela não sabia que estava acontecendo.

— Me desculpe Esme. – iniciou Bella. – Eu realmente não tinha nenhuma intenção de desagradá-los é só que Renesme queria doar alguns de seus brinquedos, então achei que deveria esse gesto deveria ser feito as margens da mídia.

— Entendo Bella e eu já sei perfeitamente o que aconteceu. Não a recrimino por isso.

— Não?

— Não. Só acho que poderia ter comunicado isso a mim, pelo menos... Mas enfim, o gesto foi bonito de ambas as partes. Eu mesma já fiz isso tantas vezes quando os meninos eram crianças. Entendo quanto à realeza pode ser incomoda.

— Na verdade, eu não contei a vocês por que eu não queria que Nick soubesse e contasse a mídia.

— Há algo de errado acontecendo? – Esme perguntou de supetão.

Bella olhou para os lados, mas sabia que não conseguiria esconder nada de sua perspicaz sogra. Então, começou a contar todas as suas desconfianças e aos poucos já estava chorando ao lembrar que tinha perdido o seu bebê. Esme ouvia tudo com atenção e com condolências. Ela entendia perfeitamente o quanto era duro ter pessoas contra ela dentro de sua própria casa.

— Eu entendo perfeitamente, minha querida. Eu realmente não fazia ideia que isso vinha ocorrendo. Aconselho a conversar melhor com Edward e a trocarem os seus funcionários mais próximos. Tenho certeza que tudo vai se resolver. Quanto à criança que você perdeu... Eu lamento muito! Deve ser muito difícil perder um filho. Eu mesma quase perdi Emmett quando estava grávida e sei qual é a sensação.

Nesse momento, Edward vinha passando pelo corredor com muita raiva de Bella. Ele simplesmente não conseguia entender o porquê das últimas ações dela. Na verdade, ele andava era meio desapontado por ela ter mentido para a sua família para fazer um programa a sós com Nessie e isso foi à gota d’água para ele. Mas no momento em que chegou a porta e ouviu as últimas palavras ditas pela sua mãe na sala deu um grande baque nele. Parou em frente à porta e pôs a ouvir.

— Quando Rosie perdeu o bebê dela lembra? Eu disse algumas palavras para confortá-la, mas só agora eu consigo compreender a magnitude dessa dor. Eu jamais quero passar por isso de novo.

Bella tinha perdido um bebê? Um filho deles? Como ele não soube disso? De repente a cabeça dele deu um giro. Várias coisas iam e viam em sua mente. Suas pernas enfraqueceram, se sentiam agitado e saiu dali antes que alguém o visse escutando atrás da porta. Saiu andando sem rumo pelo palácio até parar no escritório. Pegou uma bebida e pôs a pensar.

A culpa tinha sido toda dele. Como ele tinha sido tão incompreensivo esse últimos meses. A estupidez tinha tomado conta de suas ideias. Transformara o seu casamento em alvo de manobra, como ela própria dizia. Tinha descumprido tudo aquilo que tinha prometido para si mesmo e a ela no dia em que se casaram e isso jamais poderia ser perdoado. E agora ela tinha perdido um filho por causa de sua ignorância. Edward queria se socar de tanta raiva de si mesmo.

Ele saiu andando de um lado por outro, organizando os seus pensamentos, até que resolveu ir até Bella e se desculpar, na verdade, ele estava disposto a implorar. Tinha que salvar o seu casamento enquanto havia tempo.

Edward saiu apressado até o quarto deles e encontrou a esposa de costas para ele e pelos gemidos, ela chorava. Ele se aproximou devagar e a abraçou por trás. Ela não expressou nenhuma reação. Não se virou para vê-lo, apenas se assustou um pouco com o toque repentino dele.

— Me desculpe, meu amor. Eu tenho sido o pior marido que alguém poderia ter e isso é imperdoável! Por favor me perdoe.

Bella virou-se devagar e o abraçou. Por dias, ela vinha sofrendo horrores com a perda do bebê e agora não conseguia mais se segurar.

— Eu perdi o nosso filho, Edward... Ele se foi...

— Bella por que não me contou?

— Não tive tempo. Ele se foi antes mesmo que eu me acostumasse com a ideia de ter um bebê novamente. Ah Edward foi tão horrível!

— Eu me sinto horrível por ter sido responsável pela sua aflição. Se eu não tivesse me entregado demais ao trabalho, aos “disse me disse”, isso não teria acontecido. Jamais vou me perdoar por isso.

— Eu também me senti culpada, mas doutora Jo me disse que não foi nada que eu tenha feito. O bebê estava mal formado e não tinha chance de sobreviver....

— Não vamos deixar que isso se repita.

— Edward como chegamos a esse estado? Por que eu ainda não entendi o que aconteceu.

Edward levantou o queixo da esposa e olhou bem nos olhos dela.

— Não vai mais acontecer. Agora e sempre vou me dedicar mais a nossa família. Vamos conversar, vamos ficar mais unidos e o principal, vou averiguar as coisas com os nossos funcionários. Não vou deixar que nada abale mais o nosso relacionamento.

Bella abraçou o marido como há muito tempo não fazia. Apesar de todo o ressentimento que ainda havia, ela se sentia confortável nos braços dele. Demoraria para que as dores saíssem de seu coração, mas o amor era mais forte e isso nunca mudaria.


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Notas finais do capítulo

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