As ruas de Belgravia estavam cheias. Podia-se apostar que haviam pessoas em todos os lugares. Era primeiro de julho, o Dia Nacional de Belgonia, e um dos mais importantes do país. Os raios quentes de sol anunciavam que o verão estava em alta e pelo rosto alegre das milhares de pessoas que circundavam o lugar, dava para sentir que o calor dava mais energia a elas.

Bella olhava pela janela, a multidão que lá de cima parecia um tapete laranja e vermelho por causa das diversas bandeiras de Belgonia que as pessoas balançavam, e pensava o quanto aquilo a deixava mais animada. Esse era o seu terceiro National Day dentro da família real e ainda tinha aquela sensação de nervosismo como se fosse à primeira vez. Porém, já tinha bem mais confiança agora e receber diversos sorrisos e gritos animados a deixavam mais honrosa, afinal, um pouco de carinho e atenção nunca era demais. Mas, ela sabia que todos hoje só queriam saber de Renesme. Todos os jornais só anunciavam a estreia da pequena princesa na varanda do palácio do Parlamento.

A menina dormia tranquilamente no berço e não fazia ideia do que teria que enfrentar em alguns minutos. Bella tinha medo desse interesse tão grande em sua filha. Não queria que ela crescesse sem poder ser ela mesma ou com uma sensação que era importante demais. No fundo, ela queria poder colocar a filha num potinho e guardá-la até o momento de ela desabrochar para o mundo. Mas ela sabia que não era certo e nem possível. Era como Esme a tinha dito certa vez: “infelizmente, Bella, os nossos primogênitos não são somente nossos e sim do estado”. Era duro ter que ouvir isso, mas era a mais pura verdade. Renesme não era só a sua filha, mas a de todo o país e tinha que está pronta para representá-lo em qualquer ocasião.

 Bella então resolveu se apressar e deixar a roupinha dela separada antes que ela tivesse que descer para o cortejo. Pegou o vestido lilás que sua mãe a presenteara e os sapatos brancos estilo princesa que Sue tinha comprado para ela e pôs em cima do trocador com cuidado. Ela queria que sua família tivesse representada pelo menos nas roupas de sua pequena.

— Sinceramente, nunca vi criança tão tranquila! – Maria falou baixinho enquanto entrava no quarto.

— Sério? Pensei que Edward também fosse assim. Ele não tem cara de ser muito problemático.

— Edward tinha seus momentos. Mas Renesme é perfeita! Dorme a noite toda! Como isso é possível?

Maria sorriu e Bella devolveu o gesto. A babá que agora cuidava de Renesme tinha feito parte da família real há anos. Quando Esme estava prestes a ter Emmett, sua sogra, a rainha Elizabeth, sugeriu que a babá que tinha sido de Carlisle e Carmen continuasse trabalhando e cuidando das crianças que viessem. Mas Esme bateu o pé e disse que queria que o seu bebê tivesse uma babá que tivesse mais atualizada nos cuidados de uma criança. Carlisle apoio a esposa, pois as suas lembranças de sua babá era que ela era carrancuda e dura demais. Então, Maria foi escolhida por ambos. Ela era uma imigrante argentina que tinha acabado de se mudar para Belgonia e tinha posto um anuncio no jornal oferecendo os seus serviços. Ela só não esperava que iria ser contratada para ser a babá de um príncipe. É claro que ela teve que passar por vários treinamentos, mas acabou se mostrando uma excelente profissional e ficando para sempre no coração da família real.

Quando Bella engravidou, ela estava decidida a não ter nenhuma babá. Porém, ao se dar conta do tanto de compromissos que teria que cumprir, acabou aceitando a ideia. Então, Edward e ela decidiram se reversar nos cuidados com Renesme. Não queriam que a filha fosse criada por estranhos. Ele próprio sugeriu que Maria ficasse aos cuidados provisórios de pequena no momento em que ambos tivessem muito ocupados e apenas até o momento em que encontrassem outra babá. Por sorte, Maria não lhes negou a oferta. Bella estava gostando tanto dela que podia até admitir que queria que ela ficasse cuidado de sua filha pelo tempo que fosse, mas sabia que Maria não tinha mais idade de ficar a toda hora disponível. Então, a procura pela nova babá tinha que acontecer em alguma hora.

— Maria, eu não poderia estar mais grata pelo que tem feito pela minha pequena.

— É um prazer, alteza! Eu cuidei do pai dela e por que não cuidar dessa lindinha aqui. Renesme já me conquistou.

— Não é estranho ver o menino que você cuidou por anos ter uma filha agora?

— É sim. – sorriu. – Mas é parte da vida, não é? Um dia essa pequena também vai ter os seus próprios bebês.

— Não diga isso. Isso me faz pensar que estou muito velha.

As duas gargalharam e acabaram despertando Renesme sem querer. A menina ficou em pé no berço com uma cara emburrada. Provavelmente se perguntando por que foi acordada daquela forma. Maria pegou a menina no colo e a beijou.

— Quero que saiba que fico muito feliz em ver Edward tão bem. Eu sempre desejei que um dia ele tivesse tão resolvido consigo mesmo e feliz ao lado de uma pessoa que ele amasse de verdade.

— Eu também estou muito feliz por ele estar bem.

— Estão falando de mim?

Edward entrou no quarto da filha já todo produzido para a cerimônia do National Day. Renesme ao vê-lo estendeu os bracinhos em sua direção. Ele foi até ela e a beijou.

— Estávamos falando o quanto deve ser estranho para Maria cuidar de Renesme tendo antes cuidado do pai dela. – explicou Bella.

— Deve ser estranho mesmo. Ela me viu de fraldas! – Edward sorriu. – Mas uma boa parte do que sou devo a essa mulher aqui. Sou muito grato por isso.

Maria corou e Edward beijou a testa dela. Bella sabia o quanto uma babá poderia ser significante para uma criança e por isso queria poder escolher uma que fosse tão boa e marcante para sua filha quanto Maria foi para Edward.

— Já está pronta? – ele perguntou a Bella.

— Sim, só falta colocar o chapéu. Acho que Pierre fez um bom trabalho, não é? – Bella falou enquanto dava uma volta.

— Está divina, meu amor.

Bella sorriu e beijou o marido, depois se dirigiu novamente a babá.

— Maria, deixei a roupa da Renesme separada bem aqui. Por favor dê um banho nela e a deixe pronta. Deixei George encarregado pegá-las quando estiver próximo de subirmos a varanda.

— Ok, alteza. Pode deixar que essa mocinha aqui vai estar pronta para ser a grande estrela!

Bella assentiu, deu um beijo na bochecha da filha e ganhou dela um sorriso quase banguela. Edward a acompanhou até o quarto para que ela colocasse o chapéu e descerem juntos para se encontrarem com os outros.

O casal desceu juntos para o saguão e logo avistaram Alice e Jasper no recinto. A cunhada de Bella ajeitava o seu esposo com cuidado e Jasper a olhava com impaciência. Em maio houve outro grande casamento na família real. Após, um ano morando juntos, Jasper esperou o aniversário de ambos para pedir Alice em casamento. É claro que o casamento dos dois era esperado, mas ela não deixou de ser surpreendida com o pedido enquanto ambos viajavam pela Nova Zelândia. Houve um breve noivado e um casamento tão grande e caro que deixou todos em Belgonia maravilhados. Bella se sentia feliz por sua amiga e cunhada estar feliz ao lado da pessoa que ela amava e por tudo ter terminado bem.

— Como está se sentindo duque de Northfolk? – perguntou ela a Jasper.

— Nervoso. Quando penso que tem milhões de pessoas lá fora nos esperando me dá até um tremelique.

— Ele está é impaciente. Não consegue ficar quieto para eu ajeitá-lo. – retruncou Alice.

— Você fala como se eu fosse uma criança, Alice!

— Não briguem meu casal. – pediu Edward. – Sorria Jasper e acene, esse é o segredo de tudo.

— E quando se der conta tudo vai estar acabado. – completou Bella.

— Altezas, as suas carruagens estão à espera. – anunciou Carter, o mordomo.

Jasper deu um longo suspiro e seguiu na frente. Bella sabia bem o que ele estava sentindo. Além de Renesme, Jasper também faria a sua estreia no National Day hoje. Todos os olhares estariam neles com certeza. Ela mais do que ninguém sabia o quanto era difícil ter que enfrentar esse momento. Por dentro torcia para que tudo ocorresse bem para ambos.

Já La fora, Bella fez uma reverência aos sogros que os esperavam em sua carruagem principal e a devolveram um sorriso animador. Edward segurou a mão dela para que ela pudesse subir na carruagem e em seguida ele a acompanhou. Logo o cortejo passava pelas principais ruas que levavam até o palácio do parlamento. As pessoas acenavam e gritavam como sempre faziam quando os viam. Toda vez que Edward via tamanha demonstração de amor com a sua esposa, se sentia feliz pelo seu povo tê-la aceitado tão bem e muito feliz por Bella estar se adequando a vida na realeza. Para ele era como se tivesse ganhado tudo que desejou durante toda a sua vida.

Ao chegarem no estande em frente ao palácio do parlamento puderam sentir ainda mais calorosamente a energia das pessoas. Era como se todo lugar pudesse respirar o nacionalismo presente nos belgãos. Jasper olhava para as pessoas impressionado, mas sabia bem como era o espírito de amar uma nação, já que nos Estados Unidos isso era muito aflorado. Porém, ele ainda não conseguia entender esse amor que as pessoas passaram a ter por ele só por que tinha entrado para a família real. A monarquia era algo curioso para ele.

Carlisle fez o seu discurso e todos puderam ver o desfile militar se apresentar como em todos os anos. Entretanto, a hora que todos aguardavam era o momento em que toda a família real aparecia junta na varanda do palácio do parlamento. Os gritos dos espectadores aumentavam à medida que o momento se aproximava, era tudo um grande espetáculo!

Quando eles puderam entrar no recinto, Bella foi logo em busca da filha. Renesme brincava com um brinquedo em sua boca e o babava todo. A duquesa não teve como não sorrir com essa cena. Aliais, ela sentia o coração se aquecer todo quando a via. A menina ao vê-la, jogou o brinquedo longe e estendeu os braços para a mãe.

— mamã.

— Oi meu amorzinho! Você estava com saudade?

A menina sorriu para a mãe, esta a pegou no colo e agradeceu a Maria pelos cuidados com a sua pequena. Ainda ficava toda orgulhosa quando a filha a chamava. Renesme ensaiava falar as suas primeiras palavras e “mamã” havia sido a primeira. Edward ficara arrasado pela filha ter preferido a mãe a ele. Até o momento a pequena não tinha falado “papa” ainda, mesmo com os vários incentivos. Mas cada coisa a sua hora e ambos sabiam disso.

 Edward estava ao lado do pai e eles conversavam animadamente. Era visível o quanto a felicidade e o orgulho inundava o semblante do sogro. Depois de tantos pesadelos, Bella sentia que era bom poder ver a alegria exposta em todos na família.

— Hoje, eu sinto que sou capaz de gargalhar por nenhum motivo. Acho que esse National Day é o mais especial de todos, pois a minha família está crescendo e está unida.

— Me sinto da mesma forma, pai. Guardamos o nosso lugar na posterioridade.

— Se lembra, Carl quando apresentamos Edward pela primeira vez no National Day? Hoje ele apresenta a sua filha. O tempo passa mesmo muito rápido! – falou Esme animada.

— Me lembro bem desse dia sim. Foi há 26 anos, as crianças ainda eram pequenas. Alice estava quase a caminho...

— Sim, eu estava grávida e nem sabia. Mas a sensação era a mesma. Que tudo estava se encaminhando para os melhores tempos. Tinha toda aquela esperança boa dentro da gente!

Carlisle abraçou a esposa, animado.

— Daqui um dia, será essa pequena que estará lá em cima com a família dela. – ele falou enquanto tocava as bochechas de Renesme.

Ambos sorriram e subiram para a parte superior do palácio e se posicionaram para poderem surgir na varanda quando as portas se abrissem. Lá fora havia uma grande antecipação. Edward abraçou a esposa e beijou a testa da filha, sentindo que no momento nada poderia o abalar. A sensação era que tudo estava doce e bom como mel, era esse mesmo o sentimento. Nunca antes a família estava mais unida e satisfeita. As esperanças pareciam estar renovadas.

As portas se abriram e aos poucos cada um surgiam e se posicionavam na varanda. Os gritos lá fora agora eram histéricos. As pessoas gritavam por Renesme e acenavam com fervor. Ela apenas observava tudo com curiosidade. Edward brincava chamava a atenção dela a cada instante apontando para as pessoas lá em baixo e com um certo receio que ela se assustasse. Então todos começaram a gritar mais alto o nome da princesa e ela olhava atenta.

— Veja filha. – falou Edward. – Estão todos lhe chamando!

Renesme olhava para o público e virava o rosto para o pescoço da mãe e o seu bico começava a se formar na boca. Bella sabia o quanto a filha não gostava de sons muito altos. Rosalie sorria e batia palmas para a sua afilhada, mas ela estava assustada com toda aquela gente desconhecida. Os fogos também não a agradaram e então o choro saiu. Bella tentava tapar os ouvidos dela e a pequena só lamentava. Mas no fim, quando hino nacional começou a tocar, as pessoas puderam ter um vislumbre de seu sorriso. Era como se estivesse aliviada por sua aparição pública tivesse terminando.

Enquanto isso, a imprensa transmitia tudo pela TV e pela internet. Captava todos os detalhes. Já anunciavam que a audiência daquele evento já tinha superado a de todo os anos. Tudo por conta da aparição da pequena princesa.

“Essa é a primeira aparição da princesa Renesme e do Duque de Northfolk no maior evento do país. Acho que o duque deve estar se sentindo meio apagado já que as pessoas só clamam pela pequena princesa. Os belgãos estão com um enorme orgulho da família real nesse momento. Mas do que nunca a monarquia mostra seu poder e longevidade. Nem parece que há dois anos tivemos uma grande crise. Nunca vimos tanto apoio do povo antes. É magnífico! Posso afirmar que a coroa está finalmente segura, graças à Renesme.

Quando o hino começou a ter o seus últimos acordes tocados, Bella sentiu a filha se animar, a balançou e pediu para que ela desse tchauzinhos para as pessoas. A menina tentou imitar a mãe e acenou como conseguiu. Bella beijou a cabeça da filha e acompanhou o restante da família para dentro do palácio.

— Acho que a nossa pequena não gostou muito do National Day. – observou Edward.

— Ela herdou a timidez dos pais dela. É duro para uma criança de apenas 10 meses ter que passar por isso.

— Eu sei como é. Mas, infelizmente, é algo que não podemos evitar. Isso fará parte da vida dela. Terá de se acostumar.

— Temos que fazer que isso se torne um processo menos difícil.

— Com certeza. Renesme sempre terá o nosso melhor!

Edward abraçou a cintura da esposa e ambos seguiram o seu caminho.