Mini World escrita por Spiral Universe


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Personagens de Stephenie Meyer, só estou brincando com eles...

P.S.: Obrigada pelos reviews, favs e etc :)



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Capítulo 9

— O que você quer? – Bella perguntou aborrecida.

— Falar com você, já que você insiste em fazer gracinhas.

— Gracinhas?

— Isabella, eu não tenho o dia todo – Renée parecia irritada – Quer parar de agir como uma menina mimada?

Bella sentiu a ira subindo por seu corpo.

— Sério? – Indagou – Você me aparece aqui, depois de anos longe, depois de tudo o que fez, para me chamar de mimada?!

— O passado é passado, Isabella!

— Fácil para você falar, não é? Não era você que ficava trancada com fome!

— Não faça outra cena em público – Renée a alertou – Não vai pegar bem para você.

— E desde quando você liga? – Bella respondeu desprezo.

— Se não ligasse, não teria tentado arrancar isso... Essa coisa ou sei lá o que de você!

As duas se encararam. Bella queria gritar coisas odiosas para Renée, queria afastá-la e nunca mais vê-la. Sentia um ódio venenoso contra aquela mulher, as imagens de sua infância infeliz rodando por sua cabeça.

— Isabella, venha conversar comigo em outro lugar, por favor — Renée disse a última palavra com uma careta, como se esta tivesse gosto ruim.

— Por que eu deveria fazer isso?

— Escute-me e prometo que te deixo em paz assim que puder.

Foi uma oferta muito tentadora para recusar. E, de fato, o estacionamento da escola não era um bom lugar. Bella concordou em ir, mas iria na picape, seguindo o carro de Renée. Elas dirigiram por algum tempo até chegar ao litoral, que estava escuro e a areia muito úmida. E deserto.

Renée estacionou o carro e saiu, e Bella a seguiu até um conjunto de troncos dispostos como bancos, com um amontoado de pedras no centro.

— Gostava muito daqui – Renée comentou distraidamente olhando para o mar – Seu pai e eu nos conhecemos aqui.

— Hm.

Bella se sentou em um tronco e cruzou os braços. Renée se sentou em outro, de frente para ela.

— Eu amo Phil – Foi sua primeira frase – E ele é um homem que preza muito pela família, já lhe disse isso.

— E daí?

— Ele encontrou uma foto sua nas caixas do sótão e insistiu para saber de você. E depois começou a me dizer que deveríamos reatar a família. Demorei muito para ceder e vir até aqui.

— E está aqui por ele – Bella completou.

— Estou – Renée estreitou os olhos para ela – Isabella, eu nunca quis ser mãe. Engravidei por acidente. Teria interrompido se Charlie não tivesse descoberto e ficado tão feliz.

Bella balançou a cabeça, incrédula.

— Charlie, Phil... Marcus – Bella se lembrou do namorado que fizera ela ir morar com o pai – Você não faz nada por você mesma? Vive em função de agradar seus homens, sério?

— Casar com seu pai foi por mim mesma. Sair daqui também. Não aguentava mais chuvas e mais chuvas...

— E me mandar embora, mãe, foi uma escolha sua ou foi uma escolha por seus namorados? – Bella disse-lhe com desdém.

— Sim, foi escolha minha. Já disse, nunca quis ter filhos. Teria te deixado com Charlie desde pequena se seus avós não estivessem tão doentes e seu pai já não tivesse que cuidar deles o tempo todo.

— E que diferença isso fazia para você?

— Toda. Não iria deixá-lo com mais um para cuidar, ele não teria aguentado. Eu amei Charlie, Isabella, o amei de verdade, mas não podia mais viver aqui e ele jamais viria comigo e abandonaria esse lugar ou seus avós.

— Meus avós morreram três anos depois, se bem me lembro. Ele teria ido te encontrar.

— Teria, não duvido. Eu já tinha me apaixonado por outro, entretanto. Três anos é bastante tempo para esfriar um sentimento.

— E por que não me mandou de volta naquela época, então?

— Não sei – Renée deu de ombros – Você não era tão difícil de cuidar, acho que foi por isso. Mas daí você começou com aquelas esquisitices...

Bella sentiu a ira inflamando de novo.

— Pare de usar essa palavra! – Rosnou para Renée.

— Era esquisito, Isabella, para qualquer um, e você sabe disso – Renée a respondeu friamente – E pelo que Charlie conta, nada mudou ao longo dos anos.

— Não, não mudou – Bella respondeu com rebeldia – Eu continuo o mesmo que era, talvez um pouco menos faminta.

— Quer saber o que eu ouvia das pessoas, Isabella? Diziam que eu devia fazer exames em você, porque você tinha nascido com algum problema na cabeça. E ouvia isso de qualquer pessoa que passava mais de uma hora com você!

— E por causa disso você me deixava trancada no quarto por vários dias, muitos dos quais sem comer, é?!

— Eu precisava trabalhar, garota, e ninguém queria ficar com você por causa da sua esquisitice! Mas eu sabia que não era nada que algum médico pudesse resolver, então tentei arrancar isso por conta própria. E toda vez que te deixava sair, você agia igual de novo, vendo coisas e falando com o ar...

— E ISSO ERA JUSTIFICATIVA?! – Bella perdeu o controle.

Sua voz ressoou na praia vazia, alta, contrastando com o som do mar. A reserva indígena não era muito longe, pelo que ela se lembrava, e brevemente se perguntou se eles viriam ver de onde viera o grito.

— Eu não estou aqui para pedir perdão, Isabella. Fiz o que julguei ser o certo na época, e se não tivesse limitado seu contato com as pessoas você provavelmente teria sido mandada para uma clinica ou coisa assim, e ficaria lá até envelhecer e morrer.

— Como se você se importasse, não é?!

— Me importo com Charlie. Não tenho vocação para o papel de mãe, reconheço. Não estou aqui por você e certamente você tampouco me quer aqui. Façamos um acordo, então; venha para um jantar comigo e Phil, seja agradável com ele e o mais agradável que puder ser comigo, e então iremos embora. Creio eu que ele já ficará bem apaziguado.

— Não quero fazer parte do seu teatrinho, lamento.

— Mas quer que eu a deixe em paz – Renée apontou – Deixarei, mas quero que Phil fique mais tranquilo antes. Se formos embora sem resolver isso, ele logo vai insistir para voltar.

— E não vai se eu fingir que está tudo bem?

— Posso contornar isso fingindo e-mails e ligações. Mas primeiro preciso que ele veja que tudo está bem entre nós.

Bella ficou em silêncio um longo tempo, com aquelas palavra ecoando em seus ouvidos. Havia um misto de sentimentos dentro dela, nenhum muito bom. Não sabia o que dizer para aquela mulher. A mulher que tinha lhe dado à vida para agradar Charlie, que a tinha mandado embora para não mais assustar Marcus, que agora estava de volta para agradar Phil...

— Você nunca sentiu por mim o que é suposto uma mãe sentir por um filho, não é? – Bella perguntou, embora soubesse a resposta.

— Já lhe disse duas vezes que nunca quis ser mãe. Sua presença em minha vida acabou me trazendo mais problemas do que alegrias. Você não é mais nenhuma criança, Isabella. Em pouco tempo seguirá seu próprio rumo. Pare de viver no passado.

Outras pessoas apareceram, vindos da reserva local. Bella os viu se aproximando, um grupo de três pessoas, com uma mulher empurrando um homem na cadeira de rodas. Eles caminharam e pararam antes de a areia começar.

— Renée, é você, garota? – Gritou o homem na cadeira de rodas.

Renée examinou os recém-chegados, tentando identifica-los, e devolveu o cumprimento.

— Billy! Sue! Que bom vê-los de novo!

Ela se levantou e se aproximou, mas Bella permaneceu no mesmo lugar. Olhou para o mar, observando as ondas e tentando reprimir o sabor azedo que tinha na boca.

— Ei, Bella!

Era Billy chamando. Ela o conhecia, claro; Charlie e ele eram grandes amigos, e embora já fizesse um tempo desde sua última visita à Forks, por causa de sua paralisia, a lembrança ainda era bastante nítida. Foi com uma certa má vontade que se levantou e se aproximou deles.

— Oi, Billy... Oi, Sue – Não era tão conhecida como Billy, mas já a havia visto em relances pelas excursões a La Push.

Bella ia cumprimentar o terceiro homem do grupo quando percebeu quem era. Era Harry Clearwater, e, segundo se recordava, marido de Sue... E morto há uns bons dois anos. Ela se lembrava do pai se arrumando para ir ao seu enterro em um raro dia de Sol em Forks.

Ela refreou as palavras, não querendo chamar atenção para si mesma cumprimentando um morto. Harry, contudo, sorriu para ela.

— Olá, menina Bella – Ele disse.

Bella fez apenas um leve aceno com a cabeça.

— Como vai Charlie, Bella? – Billy perguntou – Já faz um tempo que ele não vem para cá.

— Trabalhando muito – Bella respondeu encolhendo os ombros – E pescando.

Billy e Sue riram.

— Isso é bem o velho Charlie – Sue comentou – Que bom vê-las por aqui.

— É bom recordar os velhos tempos – Renée concordou.

— Tenho que ir para casa – Bella anunciou; não queria continuar perto de Renée – Fazer o jantar e essas coisas. Tchau.

Ela acenou com a mão, se despedindo dos vivos e de Harry, e se virou, querendo ir embora o mais rápido possível.

— Charlie tem meu número, Bella, me ligue quando se decidir – Renée gritou para ela enquanto se afastava.

Ela finge bem, Bella pensou enquanto entrava na picape. O sabor ruim que tinha na boca a acompanhou por todo o caminho.


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Notas finais do capítulo

Ainda surtando por MS. E surtando com a Amazon também, que ainda não entregou meu livro.



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