Mini World escrita por Spiral Universe


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

Personagens de Stephenie Meyer, só estou brincando com eles...

P.S.: Obrigada pelos reviews, favs e etc :)



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Capítulo 10

— Ela é fria – Bella contou para Alice – Muita fria. Não sabia que alguém podia ser tão frio assim, ainda mais uma mãe.

— Não posso discordar – Alice respondeu.

Elas estavam no mesmo restaurante do primeiro encontro e na mesma cabine reservada também. Felizmente encontrava-se tão vazio quanto naquele dia. Não foi tão complicado encontrar Alice, mesmo com o tamanho razoável de Portland. E ela ficou feliz pelo convite para jantar, mesmo que não pudesse comer nada.

— Isso te chateia bastante, não é? – Alice perguntou.

— Um pouco – Bella confessou – Quer dizer, não é como se eu morresse de amores por ela... Mas, sabe, parece tão errado essa... Indiferença dela.

— Eu entendo. Os pais são o maior exemplo de amor, ao menos na teoria.

Dois dias depois da conversa em La Push, Bella ainda não tinha resposta para Renée. A raiva de Charlie estava abrandando, por sorte, e sua constante insistência também. Ao menos, ele não estava mais gastando cada segundo do jantar tentando convencê-la.

— Se lembra do que lhe falei sobre meu pai? – Alice retomou a conversa – Ele era bem semelhante a sua mãe, em alguns aspectos. Naquele tempo, um casal sem filhos não era bem visto. Ele foi bem cumpridor do dever para com a sociedade, com um casamento respeitável e duas filhas... Mas não queria nenhum dos dois, creio eu. Minha mãe não foi escolhida por ele, nem ele por ela, mas foi ele quem decidiu adiantar o "até que a morte os separe" para ficar livre para uma mulher de seu agrado.

— Eu me lembro – Bella assentiu – E você disse que a nova esposa o abandonou.

— Sim. Estava na cara que ele ia morrer, Bella, a doença o tomou rapidamente. Ela ainda era jovem e bela, poderia começar a passar os olhos por outros homens, buscando um novo e mais rico casamento, então porque ficar e cuidar de um moribundo?

— Cruel.

— Eu chamaria de devolução. Não digo que foi algo que desejei para ele, mas acredito em lei do retorno. Minha mãe era uma boa mulher, talvez não tão bela nem tão atrativa quanto outras, mas, ainda sim, boa. Ele planejou com frieza o assassinato dela.

— E o seu, no fim das contas.

— Também. Ele deve ter dito alguma coisa realmente ruim sobre mim para os médicos. Era só o primeiro dia. Não vou mentir e dizer que fui docilmente para lá, Bella, mas não fiquei berrando nem me debatendo... Ao menos, não até ver o que iam fazer comigo. Eles usaram uma voltagem muito alta e tudo acabou rápido.

— Sua mãe te acompanhou até lá? – Bella indagou.

— Sim. Me lembro da expressão dela quando colocaram os eletrodos em mim. Ela estava em pânico, gritando e correndo e fazendo um escândalo... Que só eu podia ver.

Bella fez um careta. Não era uma visão agradável.

— Foi rápido. O mundo escureceu e pouco depois clareou de novo, só que eu já estava do outro lado da cortina. Minha mãe já não estava mais.

— Eu sinto muito, Alice.

Alice sorriu, mas seus olhos estavam tristes.

— Não se preocupe, Bella, isso passou. Fico feliz que ela tenha encontrado descanso.

O jantar de Bella continuava quase intocado, e naquele ponto provavelmente já estava frio. Ela mexeu na comida com o garfo, pensando, sem fome.

— Minha mãe me trancava no quarto por dias – Ela se ouviu dizendo para Alice – E nem sempre me levava comida. Passava três ou quatro dias até ela me dar um pão ou um pouco de sopa. Meu quarto tinha uma espécie de lavabo, então eu podia fazer minhas necessidades, mas não tinha chuveiro. Eu passava dias sem tomar banho também.

— Ninguém nunca interferiu nisso?

— Ninguém sabia, eu acho, ou não se importava. Renée me disse que as pessoas que conviviam comigo achavam que eu tinha problemas.

— E na escola?

— Eu não ia para a escola quando era pequena. Ela me dava livros e me mandava estudar em casa. Só comecei a frequentar a escola quando vim morar com meu pai.

Tinha sido uma experiência assustadora, o primeiro dia de aula. Ela não estava muito atrasada nos estudos, já que Edward muitas vezes fazia o papel de professor e ajudava bastante; o complicado foi se acostumar com os horários e deveres de casa... E os colegas.

— Ela tinha você aprisionada – Alice comentou com indignação – Te prendeu como se você fosse um bicho. Seu pai?

— Não sabe – Bella respondeu rapidamente – E não sei se quero contar.

— Por que?

— Ele ainda a ama...

— Não vai amar mais se souber o que ela fazia.

— Você está me lembrando de outra pessoa agora – Bella contou tensa – Alice, você me entenderia se eu só dissesse que... Que não quero contar isso para Charlie agora?

— Gostaria de ouvir um bom motivo antes.

— Não estou pronta para contar isso para ele.

A sobrancelha fina de Alice se ergueu.

— Contou para mim e nem me conhece há muito tempo – Ela lhe respondeu com delicadeza.

— Bem... Não se ofenda, Alice, por favor... Mas você está morta – E não tem uma arma, Bella pensou – É um pouco diferente.

— Sem problema – Alice sorriu – Acho que posso ver o que quer dizer. Tem medo da reação do seu pai?

— Um pouco, sim – Bella concordou aliviada – E isso vai virar uma bola de neve. Se ele acreditar em mim, não vai deixar isso barato. Pode ser que queira colocar Renée na cadeia.

— Se ele acreditar? Como assim?

— As coisas ficaram um pouco complicadas, por causa do que ele viu no encontro com Renée. Eu meio que surtei, fiquei com muita raiva, não sei o que deu em mim, mas foi uma briga e ele me viu falando algumas coisas ruins para ela.

— Raiva é o mais comum e compreensivo dos sentimentos nessa situação, não se preocupe.

— Obrigada. Só que isso me deixou em uma posição ruim com ele. Depois do que ele viu, não acho que vá acreditar se eu lhe disser que Renée só veio me procurar para fazer um teatrinho para o novo namorado dela. E se ele não vai acreditar nisso, ao menos por enquanto, não sei se vai acreditar nas coisas que ela fazia.

— Você tem um ponto – Alice concordou – Ainda sim, chegará o dia que terá que contar. Bella, o fato de Renée pagar pelo que fez com você te incomoda?

Bella abriu a boca para negar, mas a voz não veio. Alice ergue as mãos.

— Ok, isso é mais complicado do que parece, não é? – Perguntou suavemente.

— Não quero problemas, Alice – Bella disse baixinho – Meu pai é policial. Isso vai ficar bem feio.

Alice ficou em silêncio, ponderando. Bella juntou os talheres e afastou o prato intocado. A visão da comida estava ameaçando deixa-la enjoada.

— Posso dizer o que vejo dessa situação? – Alice perguntou.

— Pode.

— Você quer proteger seu pai da verdade, Bella, mas quer proteger sua mãe também. Há uma criança em você que foi desprezada, e essa criança tem sede de amor. Do amor dela. Por isso a indiferença dela te incomoda tanto. Não é algo que você possa controlar – Alice disse lentamente – Você era criança e não entendia os abusos que sofria... E uma criança ama os pais, apesar de tudo. A inocência infantil faz essas coisas. Isso ficou em você, essa carência de um afeto que você não teve.

Bella piscou incrédula.

— Eu amo ela? Alice, você ouviu tudo o que eu disse?

— Ouvi. Disse-lhe que não é algo que você pode controlar, lembra-se? Você terá que trabalhar isso de uma forma mais profunda para superar totalmente, com mais ajuda do que um espirito pode dar. Você quer proteger ambos os seus pais da ruptura que a verdade vai causar. Se seu pai for um homem justo, ele fará com que ela pague pelo que fez. Sim, vai ser um enorme problema, não vou negar. Mas é um problema necessário, Bella. Pense em um cenário que vou pintar; sua mãe teve você para agradar seu pai, e se tiver outro filho para agradar Phil? Se ele é um homem que preza pela família, ele com certeza vai querer um filho ou vários. E se ela fizer igual o que fez com você?

— Ela disse que nunca quis ser mãe.

— O que não a impediu de ter você, pelos motivos errados. Não sabemos como esse negócio de ver os mortos funciona, qual é a loteria do universo que presenteia alguns de nós com isso. E se acontecer com um segundo bebê? Vai ser mais uma criança condenada a passar pelo que você passou?

— Alice, por que você decidiu colocar um irmão hipotético nisso? – Bella gemeu – Está bem, então, suponhamos que eu realmente sinta algum resquício de amor por ela... Ainda sim, eu não a quero na minha vida. Ela veio aqui e me jogou na cara que não está aqui por mim. É uma aversão mutua. Eu sei que vou ter que contar ao Charlie algum dia, mas por que agora? Eu não quero falar isso agora. Só quero que ela me deixe em paz.

— Longe de mim dizer para você fazer algo que não se sente pronta, Bella – Alice balançou a cabeça – Jamais farei isso. Concordo que não é o melhor momento para contar ao seu pai. Já se decidiu se vai nesse novo encontro?

— É um toma-lá-dá-cá bem tentador – Bella admitiu – E ela disse que se não for agora, eles vão voltar logo, ou seja, não vou ter sossego. Phil vai insistir, segundo ela. Honestamente, não sei o que fazer.

— Vá.

— Sério?

— Sim. Você não precisa fingir uma cena dramática nem nada, só vá e coma e o deixe ver. É a melhor coisa que pode fazer, em minha opinião. Ela não te deu exatamente uma escolha, já que deixou claro que vai insistir enquanto estiver com esse namorado. Vá e depois ela te deixará em paz.

— É, é o melhor, suponho – Bella disse a contragosto.

Já era noite quando deixaram o lugar e uma leve garoa estava caindo. Bella viu um olhar não muito amigável do garçom quando ele trouxe a conta, e se perguntou se ele teria ouvido alguma coisa da conversa aparentemente unilateral. Não chegou a se importar realmente, dando de ombros. Alice a acompanhou até a picape.

— Você deve me achar uma chata – Ela disse para Alice antes de entrar no carro – Venho até aqui pra despejar um monte de problemas em você e tudo.

— Ah, não, não pense isso! – Alice sorriu – Você pode não entender, mas é muito bom falar com um vivo. E você é uma pessoa muito agradável, Bella.

— Mesmo com todos os problemas?

Alice riu.

— Mesmo com cada um deles. Eu te abraçaria se pudesse, mas me contento com um pedido de que venha de novo. Não tive nenhuma amiga em vida, fico feliz por ter uma na morte.

Bella retribuiu o sorriso dela, sentindo-se leve.

— Obrigada, Alice.

— De nada. Lembre-se, cabe a você lidar com os idiotas. Eles estão em toda parte. Não os deixe te afetar. Não deixe sua mãe te afetar. E, por favor, compre sapatos novos. Esses seus estão tão rasgados que suas meias devem estar pura água.

— Vocês deveriam ser gêmeos – Bella resmungou pensando em Edward.

— O que?

— Nada. Voltarei logo, de qualquer jeito, já que tenho que comprar sapatos novos. Aqui tem mais opções.

— Faça isso, eu a ajudarei a escolher uns bons pares – Prometeu animada – Até logo, Bella.


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