Renesmee estava dormindo em meus braços, isso parecia uma punição por eu estar fugindo da academia por seis meses. A garota de nove anos era pesada, começava a cogitar empurrar ela para minha esposa quando Isabella disse:

— Nem tenta, você sabe que não consigo carregar ela.

Suspirei.

— Minhas costas estão me matando — choraminguei. — Socorro, mulher.

Ela apenas me ignorou e continuou batendo o pé no chão, de braços cruzados e expressão emburrada. O aeroporto estava cheio sem nenhum lugar para sentar e Isabella odiava voar, tudo aquilo não estava ajudando em seu humor, principalmente por ainda nem ser cinco da manhã.

— Deveríamos ter escolhido um voo mais tarde — reclamou.

Contive a vontade de dizer "eu avisei". Eu tinha avisado, muito, mas ela insistiu que deveríamos ir cedo.

Estávamos indo para New York, ela iria fazer um curso na Universidade de Columbia sobre educação e autismo. Renesmee e eu iríamos juntos para não ficarmos afastados em plenas férias de verão, mesmo que Bella fosse passar a maior parte do tempo em sala de aula.

— Finalmente! — minha esposa exclamou quando nosso voo foi anunciado.

Seriam mais de cinco horas de voo de Seattle até New York, eu esperava conseguir dormir um pouco no avião. Mas, é claro que isso se tornou impossível quando entramos lá e Renesmee acordou.

— Vamos para New York! — ela comemorou no seu lugar entre a mãe e eu, batendo palmas. — O que vamos fazer no voo? — questionou a mãe, Bella já estava com seu travesseiro de pescoço em mãos e a máscara para cobrir os olhos na cabeça.

— Eu preciso dormir, filha. Quero estar sonhando quando o avião decolar. Divirtam-se! — desejou e se acomodou para dormir, eu a encarei indignado, mas não discuti, era melhor ela realmente já estar dormindo para não ficar em pânico com o voo.

— Papai, o que vamos fazer? — Renesmee se virou para mim, seus olhos castanhos como os da mãe estavam cheios de expectativa.

— Você não quer voltar a dormir, filha? — perguntei cansado.

— Não, eu quero brincar. Você trouxe jogos, né? — me questionou tirando uma mecha de seu cabelo cacheado e acobreado do rosto, o tom dos cabelos dela tinha sido algo que herdou de mim, os cachos eram de seu avô materno.

— Sim, eu trouxe — respondi.

— Okay, prende meu cabelo — pediu.

Usei a liga de cabelo no meu pulso para prender seus cachos, sempre andava com uma pra prender os cabelos dela. Eu tinha me tornado um especialista em penteados, já que era a pessoa que ajudava Ness a se arrumar para a escola toda manhã, mas ali só os prendi em um rabo de cavalo simples.

— Tá, vamos ver o que temos aqui. — Abri a mochila dela onde eu tinha enfiado uns jogos. — Uno?

— Não tem graça em dois, escolhe outro, papai.

— Jogo da memória?

— Chato.

— Que tal brincar com lego?

— Não. — Ela colocou uma mão no rosto, entediada. — Você pode me deixar pintar suas unhas, papai.

— Mas você já pintou ontem — choraminguei, eu já tinha minhas unhas das mãos pintadas em um rosa bem escuro.

— Vamos pintar de verde agora, pra combinar com seus olhos.

Eu ri e neguei.

— Não acho que as outras pessoas vão gostar de sentir cheiro de esmalte dentro do avião, Renesmee.

Ela suspirou, chateada. Eu deixei sua mochila onde estava antes e ela apoiou a cabeça em mim olhando para a janela ao meu lado.

— O que vamos fazer em New York?

— Podemos ficar dentro do apartamento vendo filmes enquanto sua mãe tá na aula, que tal?

Tínhamos alugado um apartamento para os dias que ficaríamos lá, seria mais de um mês e assim teríamos mais conforto.

— Nem pensar, papai — Renesmee negou. — Nós vamos aproveitar.

— Tá bom, mas que tal dormir agora? Sua mãe já apagou, descansa um pouco também — pedi.

— Ok, vou tentar.

Fechou seus olhos, chequei seu cinto, o meu e fechei meus olhos também, quem sabe nós três realmente pudéssemos dormir o voo inteiro…

— Papai, vamos brincar de quem sou eu? — Renesmee disse decidida, deixando pra lá a ideia de dormir.

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Eu precisava dormir, estava sonhando com minha cama e meus travesseiros. No lugar disso eu tinha um aeroporto barulhento para enfrentar, tinha que conseguir um carro para levar a gente até o apartamento e uma criança chorando.

— Mamãe, eu tô com sono — Renesmee choramingou, estava sentada em cima de nossas malas no carrinho que eu usava para carregar tudo.

Ela e eu não tínhamos dormido nada no voo, passamos o tempo todo jogando quem sou eu ou assistindo filme.

— Logo vamos estar no apartamento, filha — Bella disse carinhosamente e de bom humor afagando o rosto da nossa filha, eu a invejava por ter dormido a viagem inteira.

— Eu tô com fome — Renesmee completou, Isabella estendeu o pacote de biscoitos para ela, mas a garotinha fez cara feia.

— Não, eu quero comida de verdade.

Aquilo me fez rir, devia ser a única criança recusando biscoitos.

— Vamos comer logo — Bella garantiu. — Pedimos algo quando estivermos no apartamento.

— Pode ser pizza? — Renesmee quis saber, minha esposa riu junto comigo daquela vez.

— Pizza é comida de verdade?

— É, sim!

— Então, tá.

Conseguimos sair do aeroporto por fim, lotando um táxi. O humor de Renesmee melhorou no carro enquanto via a cidade.

— New York é tão legal! — exclamou empolgada. — Vamos nos divertir muito aqui, né?

— Vamos, prometo. — Beijei sua testa. — Depois que eu dormir.