Still Into You - Pausada (voltamos ainda em 2021) escrita por LadyVênus


Capítulo 7
Ninguém Entende


Notas iniciais do capítulo

Bem, eu não tive essa doença. Tudo que sei é baseado em filmes, vídeos de pessoas que passam ou passaram pelo tratamento, uma pesquisa pouco minuciosa sobre o tema, suas categorias e subcategorias.



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Cansada.

Muito cansada.

Eu estava esgotada de esperar.

Emmett e eu dividimos o mesmo quarto há alguns dias, hoje ele só me acompanha. Seu tamanho gigante toma o espaço do quarto e as enfermeiras suspiram com o porte físico e a imponência que ele passa. Ele é da marinha e acabou de chegar da pequena viagem que fez.

Ele já me ajudou a ir e voltar do banheiro. Vomitei duas vezes nessa manhã. Fiquei tonta de novo e é por isso que vou fechar os olhos até que isso passe. Passo a mão na minha cabeça. A última vez que pintei o cabelo ele tinha ficado loiro, me fez rejuvenescer tanto. Edward parecia gostar.

Eu tinha saudades dele.

De Edward e do meu cabelo.

— Quando a nossa mãe morreu, você ainda era um bebê. Você sabe, ela abdicou do tratamento para que você nascesse. - Continuei com os olhos fechados enquanto escutava Emmett. Ele também tinha a voz cansada.

— Emmett, não. A única boba do good vibes sou eu.

— Eu nunca entendi Bella, as pessoas de fora também nunca entendiam seu coração. Mas talvez eu comece a entender um pouco.

— O que quer dizer? - Ele negou com a cabeça.

— Renné passou dezesseis anos de casamento desconfiada de Charlie, se sentia inferior. Mas então, ela ficou doente e depois grávida. Jurava que nosso pai tinha casos, que ela estava debilitada e ele era homem e precisava suprir as necessidades, necessidades que ela já não tinha forças pra satisfazer.

— Mas Charlie não era esse tipo de homem.

— Não. Ele não foi. Você nasceu, ela morreu e nós tínhamos uma garotinha sem mãe em casa. Você leu os diários dela e resolveu viver por ela. - Ele falava como se estivesse checando as informações que já tinha. Um dossiê.

— Eu estou ficando mais tonta aqui, Emm. - Sorri um pouco.

— Sua autoestima é tão baixa assim, eu digo, antes, antes de...

— Acho que sim. - O cortei. - Mas o que tem a ver? Eu não entendo o que quer dizer. Meu modo de vida te desagrada?

— Eu admito que queria saber ter essas boas vibrações que você sente. Vê o lado bom de tudo, mas porra, Bella, ele te traiu, teve um filho, seguiu com a vida. Você não se importa? Ou pior, se importa tão pouco contigo que não quer saber de nada? Tem sangue de barata?

— Eu nem sei que tipo de sangue eu tenho agora.... - Fiz piada. Sua explosão não me estressa. E isso também estressa ele. Eu não ligo. - Passei a vida tentando saber se o câncer chegaria para mim. Me machuquei mais do que um moleque peralta, subia no telhado, nas árvores, e se tinha rodinhas eu já estava em cima.

Ele riu, com certeza lembrando de todas as vezes que eu aparecia sangrando ou com marcas roxas.

— Isso não explica o fato de você simplesmente ter deixado Edward te usar.

— Não sei mais se ele me amou, entendo mais Renné nisso agora. Eu já estava sabendo que estava doente naquela época. Vivi tudo como se não fosse sobreviver... - fiz uma pausa. Minha voz estava ficando um pouco rouca.

— Não acho que vá amar alguém como amou ele.

— Não. Se isso não me matar, com certeza a tristeza me mataria. Renné nunca teve provas da infidelidade que ela dizia que o Charlie tinha. Edward teve um filho...Meses depois, meses. E com a Jane, que vivia agarrada ao James. Eu quero dizer... - apertei os olhos, estava divagando demais.

— E você aceitou calada.

— Não faz sentido ele me amar. Não faz. Eu posso morrer a qualquer minuto.

— Não mais. Ele nem sabia que você estava doente, você não deixou ele escolher. Tem muita vida pela frente agora, vai ser guiada pelo destino, é isso?

— Você sabe que ele escolheu. - Ele escolheu Jane - E ainda não pegou.

— Mas vai pegar. Doei a medula, somos totalmente compatíveis, eu sei que vai pegar.

— Mas não aconteceu ainda. - O enjoou tinha resolvido dar uma pausa.

— Você vai ver. Vai pegar e depois quero que você chute a bunda de Edward Cullen como se deve fazer. Eu faria se você pedisse.

— Não pode sair batendo nas pessoas. E eu te conheço, faz ameaças só para manter a moral, mas nunca teve que as cumprir.

— Acho que por você eu faria. É minha irmãzinha, troquei suas fraldas.

— Deixe disso. Eu quero dormir sem ter que sentir vergonha. - Ele sorriu. Mas eu realmente estava cansada. - Eu posso amar Edward, posso ter sangue de barata, como você diz, mas eu só quero ter o mínimo de rancor possível. Rancor só me tira tempo.

— Mas isso não é viver.

— Não disse que não sinto, só não quero mais isso Emm, aprendi a viver desse jeito.

— Eu disse mais cedo, eu te entendo um pouco mais agora.

— Algo...não, alguém especial?

— Sim. - Ele sorriu triste. Brincou com os dedos na abotoadura da camisa.

— Quer me dizer quem é?

— Em breve.

— Emmett...

— Só posso dizer que ela não sabe escolher. Está nessa dúvida entre mim e outro cara.

— Ela vai escolher você.

— Como pode ter certeza.

— É você, Emmett. Tenho certeza que suas ações demonstram seus sentimentos. Ela vai ser uma boba se não te escolher.

— Diga isso a ela.

— Digo. Vou dizer também que sabe trocar fraldas como ninguém.

Ele sorriu mais, porém, ele me deu um olhar estranho.

— Pensei que tinha amado de novo. Você sorriu de novo quando estava com o...

— Ele morreu.

— Eu sei.

— Emmett. - Me movi na cama. - Não estou pronta para falar do... não posso. - Minha cabeça começava a doer.

— Eu vou te deixar dormir.

— Por favor... - eu fechei os olhos. Lembrar de Edward me fazia até bem, só me permiti ter os momentos bons com ele. Mas a morte do meu amigo, o que fiz aqui desde a minha rotina de quimioterapia até as internações, me abalava.

Jacob era a personificação do Gus Walters. Ele até usou as mesmas palavras dele quando me avisou que o câncer tinha voltado. "Brilhando como luzes de uma árvore de natal"

Nós fomos ao baile da nossa ala. Nem inventei de usar peruca, pinicava aquela porra, e eu precisava tirar um certo músico lindo da minha cabeça. Foi um erro termos dormido juntos, mas também foi a última vez que Jake esteve em pé e completamente são. Dezoito dias depois ele estava morto.

— Emmett. - Abri um pouquinho os olhos.

— Pode falar.

— Se em algum momento eu... se eu... se você perceber que estou mais para lá do que para cá.... - Ele sorriu, porém, seus ombros continuavam tensos. - Traga ele aqui. De algum jeito, traga ele para mim.

— Ele não merece, Bella.

— Mas eu mereço. É meu último pedido. E se caso não dê tempo... você vai entregar meus diários para ele.

— Bella....

— Prometa. - Eu sussurrei.

— Prometo. - Ele revirou os olhos.

— De dedinho? - Estico o mindinho para ele. Ele o aperto com o seu.

— De dedinho.


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Notas finais do capítulo

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