Still Into You - Pausada (voltamos ainda em 2021) escrita por LadyVênus
Notas iniciais do capítulo
Bem, eu não tive essa doença. Tudo que sei é baseado em filmes, vídeos de pessoas que passam ou passaram pelo tratamento, uma pesquisa pouco minuciosa sobre o tema, suas categorias e subcategorias.
Cansada.
Muito cansada.
Eu estava esgotada de esperar.
Emmett e eu dividimos o mesmo quarto há alguns dias, hoje ele só me acompanha. Seu tamanho gigante toma o espaço do quarto e as enfermeiras suspiram com o porte físico e a imponência que ele passa. Ele é da marinha e acabou de chegar da pequena viagem que fez.
Ele já me ajudou a ir e voltar do banheiro. Vomitei duas vezes nessa manhã. Fiquei tonta de novo e é por isso que vou fechar os olhos até que isso passe. Passo a mão na minha cabeça. A última vez que pintei o cabelo ele tinha ficado loiro, me fez rejuvenescer tanto. Edward parecia gostar.
Eu tinha saudades dele.
De Edward e do meu cabelo.
— Quando a nossa mãe morreu, você ainda era um bebê. Você sabe, ela abdicou do tratamento para que você nascesse. - Continuei com os olhos fechados enquanto escutava Emmett. Ele também tinha a voz cansada.
— Emmett, não. A única boba do good vibes sou eu.
— Eu nunca entendi Bella, as pessoas de fora também nunca entendiam seu coração. Mas talvez eu comece a entender um pouco.
— O que quer dizer? - Ele negou com a cabeça.
— Renné passou dezesseis anos de casamento desconfiada de Charlie, se sentia inferior. Mas então, ela ficou doente e depois grávida. Jurava que nosso pai tinha casos, que ela estava debilitada e ele era homem e precisava suprir as necessidades, necessidades que ela já não tinha forças pra satisfazer.
— Mas Charlie não era esse tipo de homem.
— Não. Ele não foi. Você nasceu, ela morreu e nós tínhamos uma garotinha sem mãe em casa. Você leu os diários dela e resolveu viver por ela. - Ele falava como se estivesse checando as informações que já tinha. Um dossiê.
— Eu estou ficando mais tonta aqui, Emm. - Sorri um pouco.
— Sua autoestima é tão baixa assim, eu digo, antes, antes de...
— Acho que sim. - O cortei. - Mas o que tem a ver? Eu não entendo o que quer dizer. Meu modo de vida te desagrada?
— Eu admito que queria saber ter essas boas vibrações que você sente. Vê o lado bom de tudo, mas porra, Bella, ele te traiu, teve um filho, seguiu com a vida. Você não se importa? Ou pior, se importa tão pouco contigo que não quer saber de nada? Tem sangue de barata?
— Eu nem sei que tipo de sangue eu tenho agora.... - Fiz piada. Sua explosão não me estressa. E isso também estressa ele. Eu não ligo. - Passei a vida tentando saber se o câncer chegaria para mim. Me machuquei mais do que um moleque peralta, subia no telhado, nas árvores, e se tinha rodinhas eu já estava em cima.
Ele riu, com certeza lembrando de todas as vezes que eu aparecia sangrando ou com marcas roxas.
— Isso não explica o fato de você simplesmente ter deixado Edward te usar.
— Não sei mais se ele me amou, entendo mais Renné nisso agora. Eu já estava sabendo que estava doente naquela época. Vivi tudo como se não fosse sobreviver... - fiz uma pausa. Minha voz estava ficando um pouco rouca.
— Não acho que vá amar alguém como amou ele.
— Não. Se isso não me matar, com certeza a tristeza me mataria. Renné nunca teve provas da infidelidade que ela dizia que o Charlie tinha. Edward teve um filho...Meses depois, meses. E com a Jane, que vivia agarrada ao James. Eu quero dizer... - apertei os olhos, estava divagando demais.
— E você aceitou calada.
— Não faz sentido ele me amar. Não faz. Eu posso morrer a qualquer minuto.
— Não mais. Ele nem sabia que você estava doente, você não deixou ele escolher. Tem muita vida pela frente agora, vai ser guiada pelo destino, é isso?
— Você sabe que ele escolheu. - Ele escolheu Jane - E ainda não pegou.
— Mas vai pegar. Doei a medula, somos totalmente compatíveis, eu sei que vai pegar.
— Mas não aconteceu ainda. - O enjoou tinha resolvido dar uma pausa.
— Você vai ver. Vai pegar e depois quero que você chute a bunda de Edward Cullen como se deve fazer. Eu faria se você pedisse.
— Não pode sair batendo nas pessoas. E eu te conheço, faz ameaças só para manter a moral, mas nunca teve que as cumprir.
— Acho que por você eu faria. É minha irmãzinha, troquei suas fraldas.
— Deixe disso. Eu quero dormir sem ter que sentir vergonha. - Ele sorriu. Mas eu realmente estava cansada. - Eu posso amar Edward, posso ter sangue de barata, como você diz, mas eu só quero ter o mínimo de rancor possível. Rancor só me tira tempo.
— Mas isso não é viver.
— Não disse que não sinto, só não quero mais isso Emm, aprendi a viver desse jeito.
— Eu disse mais cedo, eu te entendo um pouco mais agora.
— Algo...não, alguém especial?
— Sim. - Ele sorriu triste. Brincou com os dedos na abotoadura da camisa.
— Quer me dizer quem é?
— Em breve.
— Emmett...
— Só posso dizer que ela não sabe escolher. Está nessa dúvida entre mim e outro cara.
— Ela vai escolher você.
— Como pode ter certeza.
— É você, Emmett. Tenho certeza que suas ações demonstram seus sentimentos. Ela vai ser uma boba se não te escolher.
— Diga isso a ela.
— Digo. Vou dizer também que sabe trocar fraldas como ninguém.
Ele sorriu mais, porém, ele me deu um olhar estranho.
— Pensei que tinha amado de novo. Você sorriu de novo quando estava com o...
— Ele morreu.
— Eu sei.
— Emmett. - Me movi na cama. - Não estou pronta para falar do... não posso. - Minha cabeça começava a doer.
— Eu vou te deixar dormir.
— Por favor... - eu fechei os olhos. Lembrar de Edward me fazia até bem, só me permiti ter os momentos bons com ele. Mas a morte do meu amigo, o que fiz aqui desde a minha rotina de quimioterapia até as internações, me abalava.
Jacob era a personificação do Gus Walters. Ele até usou as mesmas palavras dele quando me avisou que o câncer tinha voltado. "Brilhando como luzes de uma árvore de natal"
Nós fomos ao baile da nossa ala. Nem inventei de usar peruca, pinicava aquela porra, e eu precisava tirar um certo músico lindo da minha cabeça. Foi um erro termos dormido juntos, mas também foi a última vez que Jake esteve em pé e completamente são. Dezoito dias depois ele estava morto.
— Emmett. - Abri um pouquinho os olhos.
— Pode falar.
— Se em algum momento eu... se eu... se você perceber que estou mais para lá do que para cá.... - Ele sorriu, porém, seus ombros continuavam tensos. - Traga ele aqui. De algum jeito, traga ele para mim.
— Ele não merece, Bella.
— Mas eu mereço. É meu último pedido. E se caso não dê tempo... você vai entregar meus diários para ele.
— Bella....
— Prometa. - Eu sussurrei.
— Prometo. - Ele revirou os olhos.
— De dedinho? - Estico o mindinho para ele. Ele o aperto com o seu.
— De dedinho.
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