Vermelho paixão escrita por kicaBh


Capítulo 2
Capítulo 2 - “faça o que te deixar feliz”


Notas iniciais do capítulo

Vocês já pensaram o que a Lisbon falou pro Pike quando entrou em casa com um saco de cannolli ?



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“Olha, estive pensando a respeito da sua mudança, e…

eu quero que você saiba que eu realmente quero que você seja feliz.

E isso é o mais importante para mim

que você faça o que te deixar feliz.

Ok?”

 

E eu fiquei ali, na porta de minha casa, um saco de cannoli nas mãos, com o coração aos pulos, olhos marejados e toda convicção de dizer ao Pike que eu aceitava ir embora com dele indo pelo ralo.

Não era uma fase, algo acontecia comigo. Algo tão forte que eu não conseguia conter dentro do peito.

Eu fiquei parada vendo Jane ir embora. Meu parceiro de anos, que a muito custo, eu sentia, me disse que esperava que eu fosse feliz. Como se eu soubesse o que me faria feliz. Como se ir embora e deixá-lo pra trás não me desse uma sensação de um vazio digno de um buraco negro.

Pike me chamou e eu disse que já iria entrar, mas ainda demorei mais algum tempo aqui fora. Limpando as lágrimas.

Jane me trouxe canolli, um pedido de desculpas ao estilo Jane, eu suponho. Cannoli e poucas palavras, um desejo de felicidade para mim e a sensação de que ele também gostaria de dizer mais, mas não conseguia.

Cannoli.

A sobremesa de minha mãe, a família Lisbon comia para celebrar um grande evento. Não foram tantas ocasiões onde minha mãe comprou cannolis, a minha nota alta na escola, o meu irmão ganhar um jogo de baseball, o outro aprender a andar de bicicleta, uma promoção do meu pai.

Passei anos sem comer o doce depois que minha mãe se foi, meu pai se tornou alcoólatra e também partiu. Só comi de novo quando me formei e consegui entrar pra CBI, tinha um namoradinho na época, fomos comemorar num bar de Sacramento, um lugar bem pé sujo, mas que servia massas maravilhosas. Depois de anos, pedi cannoli. Depois fui promovida a chefe na CBI, não me lembro de ter saído com ninguém, mas comprei cannoli pra mim, tentando lembrar de minha mãe. No batizado da minha primeira sobrinha Any foi o doce servido, meu irmão dizia que sempre que algo de bom acontecesse na família Lisbon, haveria cannoli.

Nunca contei isso ao Jane, como ele poderia saber ?

Então me lembrei. Oh meu Deus, eu e Jane comemos cannoli depois que ele me ajudou com o terapeuta que me drogava. Eu fiquei muito feliz porque achei que estava ficando doida e apenas Patrick Jane sabia que não havia algo de errado comigo. Não contei a história a ele, mas foi uma noite significativa para mim. Jane e eu sempre fomos de sorvete, era nossa sobremesa, ele deve ter percebido que cannoli tinha algum significado oculto. Depois quando consegui prender o Volker foi cannoli , e não rosquinhas, que levei a equipe. Numa das primeiras cartas que o Jane me escreveu, da ilha onde ficou depois de matar o Red John ele disse que eu gostaria de morar lá, que os sorvetes eram maravilhosos, mas não encontraria um cannoli decente.

Em meses de relacionamento com Pike nunca comi cannoli com ele. Fomos a um restaurante de massa e eu pulei a sobremesa, não queria sorvete porque me lembrava o Jane e nem cannoli porque não era a ocasião. Comemos panqueca, comida tailandesa, pudins, mas nunca sorvete, nunca cannoli. Já estes aqui na minha mão queriam dizer o que ? .

De quem eu estou fugindo ? Era a pergunta que pairava no ar quando eu fitava o pacote caseiro na minha mão. Cannoli do Il Tavolo Bianco, feitos especialmente para mim, segundo Jane falou. E ele só queria que eu fosse feliz.

A questão é quanto esta minha felicidade tinha a ver com ele. 

Fiz o Jane sumir da minha cabeça e eu entrei em casa. Marcus Pike me encarava sério e mesmo sereno, exigia uma explicação. Uma que eu achava que tinha a 15 minutos atrás, que o que eu passava era a minha necessidade de fugir quando me sentia subjugada, mas agora já não tenho mais certeza. Minutos atrás eu iria dizer sim ao pedido do meu namorado, para que morássemos juntos, mas agora, depois de receber cannolis de meu parceiro, de ouvir que ele queria que eu fosse feliz, eu já não tinha mais certeza de que ir embora era a coisa certa.

Teresa, o que está acontecendo entre você e o Jane ? Foi a pergunta direta do Pike.

Porque você acha que está acontecendo algo ? Eu voltei a pergunta porque não queria falar sobre isso com ele. Eu nem sabia o que era isso.

Olha o seu estado ! Desde que te conheci a única pessoa que consegue te deixar deste jeito é o Jane. E essa semana vocês estão se estranhando de uma forma diferente, agora ele vem aqui este horário. O que há entre vocês ?

Não há nada entre nós, você sabe disso. Eu me defendi.

Eu sei disso, mas desde que pedi para que fosse pra Washington comigo você está diferente.

Eu sei, mas é que o Jane ele, ele... Ele tem ciúme do nosso relacionamento e não consegue conversar sobre minha mudança para Washington. E embora não devesse,isso me deixa muito brava. Ele foi meu parceiro durante muito tempo e isso não deveria me afetar, mas afeta. Eu queria conversar com ele sobre a minha decisão. Acho que ele veio aqui hoje para falar comigo, mas o máximo que consegui ouvir foi que ele quer que eu seja feliz, faça o que me deixar feliz.

E o que vai deixar você feliz, Teresa ? Ir ou ficar ? E aí estava, a pergunta de 1 milhão de dólares para mim. Eu não tinha uma resposta. Eu fiquei ali olhando para o Marcus e não consegui me sentir segura o suficiente para dizer sim ou não, ir ou ficar. Sequer consegui dizer Eu Não Sei. - Acho que vou pra casa hoje. Ouvi ele dizer e não quis pedir para ele ficar.

Marcus, eu quero ir pra Washington. Eu vou pra Washington com você, só me de um tempo para me acostumar a ideia e resolver as coisas com o Jane. Ele acenou, compreensivo como sempre, mas se despediu e foi pra casa.

E eu realmente agradeci porque caí no sofá e chorei copiosamente ao concluir a verdade. Aquela que eu guardava tão dentro de mim, trancafiada e protegida quanto o saco de cannoli em minhas mãos.

A verdade é que eu não conseguia abrir mão do Jane, e do que ele despertava em mim, mesmo diante da melhor oportunidade da minha vida pessoal.

A verdade é que o amor que eu sentia pelo Jane não era fraternal como eu sempre julguei.

E deitada no meu sofá eu imaginei uma balança na minha cabeça. Uma grande balança com as palavras ir e ficar. Jane e Pike. 

Ir -  Pike e uma cidade nova, casa nova, vida nova, um romance florescendo, acordar todo dia lado a lado, noites de conchinha, quem sabe casamento e filhos.

Ficar : Abrir a porta do elevador e ver Jane sorrindo e me dando bom dia. As vezes me dizendo que tínhamos um caso, noutros me dizendo que havia trazido café para mim. Me enlouquecendo como só ele sabia fazer. E sonhando um pouco mais longe, Jane e eu jantando num restaurante fino , nos olhando daquele jeito intenso, sem ninguém para nos interromper. Indo de encontro um ao outro.

Eu amava meu parceiro. Isso não é novidade para mim, Jane sempre teve meu respeito, meu sentimento. E um amor que eu julgava fraternal até aquele jantar onde parece que uma porta foi escancarada no meu peito e eu não consigo mais trancar.

Mas eu também gostava do Pike, muito, mas não era amor, eu podia constatar agora. Podia virar, com tudo que eu sentia e o futuro que ele prometia. Mas não era amor, era paixão , carinho, admiração, atração. Pike era um homem que me valorizava, me achava bonita, me amava.

Enquanto isso, na minha cabeça, a balança imperava na minha mente.

Ir e construir um lindo futuro ?

Ficar e apostar em algo que poderia nunca mudar ?

Jane não me parecia pronto para ter um relacionamento, comigo ou outra pessoa. Ele mal falava sobre o que sentia sobre o Pike. Ele só quer que eu seja feliz. Ele não quer me fazer feliz.

E Pike me oferecia tudo. A droga é que eu não conseguia retribuir a altura.

Acabei dormindo pensando nisso e desejando que uma noite de sono me auxiliasse.

DIAS DEPOIS

O Pike me pediu em casamento. Vejam só, ele não queria simplesmente que eu fosse para Washington com ele, ele quer se casar comigo. E ele insiste, não me deixa fugir. 

Confesso que eu não esperava por isso, foi uma tremenda surpresa ve-lo nervoso e já aguardando meu desespero. Esse homem também me lê completamente. Eu fiquei tocada com o pedido dele e tudo que eu mais gostaria na vida era ter dito sim sem ter um pingo de dúvida.

Mas havia o outro homem da minha vida.

Depois daquela noite onde Jane deixou cannoli para mim fomos resolver um caso e eu fiquei esperando que aquele clima alguma hora se repetisse e mudasse algo entre nós. Mas não só não aconteceu como no final eu ainda tive que mentir para o Abbott sobre um procedimento do Jane, algo que coloca minha carreira em risco e livra a cara dele. Algo que eu odeio, mesmo dando resultado. E o Jane sabe disso.

Eu me senti frustrada e por isso eu disse ao Pike que eu estava assustada, mas que a situação com o Jane estava resolvida.

Nesse clima incerto e frustrado, como um impulso, dei entrada na minha transferência. Foi por isso que o Pike, quando soube, me pediu em casamento.

E eu agora tinha realmente tudo que uma mulher espera de um homem apaixonado.

Eu deveria ter soltado rojões de felicidade e então contar a todos os meus amigos, mas não tive nem coragem de contar ao Jane sobre minha transferência, o pedido, nada. Foi uma vingancinha por ele não se abrir comigo, eu agora sei. Mas também era algo difícil diante de tudo que eu sentia dentro de mim e que nunca poderia viver com ele.

E então embarcamos para Miami, nosso último caso juntos.

E tudo saiu literalmente do lugar. Definitivamente.

E eu que imaginei que o Jane não faria nada, vejam só, ele fez. Ele realmente fez.

Uma bobagem, a principio, recuperando um caso frio para me levar a um momento romântico com ele. Mas diante da minha descoberta e meu acesso de raiva, no medo absurdo de que eu realmente fosse embora, ele se declarou.

Foi uma reação monumental vinda dele. Dentro de um avião, diante de centenas de pessoas, eu vi meu parceiro dizer que me amava, que não queria que eu fosse e que estava assustado, mas livre.

Eu e Jane. Ação e Reação.

Ele nunca se aproximava de mim, como homem, então eu agi e encontrei um namorado. Ele reagiu ficando com ciúme, me balançando. Eu agi aceitando me mudar de cidade, ele reagiu permitindo que tivéssemos um clima no restaurante. Pike agiu me pedindo em casamento, ele reagiu me fazendo mentir por ele num caso, me mostrando que sempre precisaria de mim para livrar a cara dele. Eu agi assinando minha transferência, ele reagiu montando uma estratégia estúpida de um caso antigo para me fazer querer ficar ao lado dele.

Eu agi, aceitando me casar com o Pike, ele reagiu invadindo um avião e dizendo que me amava.

Alguém venceu ? Eu dobrei Patrick Jane ou mais uma vez valeu a vontade dele ?

Não faço ideia, mas vai ser maravilhoso descobrir.


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