O Escolhido escrita por BadMinnie


Capítulo 2
O Incidente no Estacionamento e uma Despedida Fantástica


Notas iniciais do capítulo

Hello, postando a segunda parte e o último capítulo de "O Escolhido" para vocês.

Boa leitura!



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CAPÍTULO DOIS

O Incidente no Estacionamento e uma Despedida Fantástica

 

“É assim que sabe que encontrou alguém especial.Quando pode calar a boca um minuto e sentir-se à vontade em silêncio”.

—Mia Wallace – Pulp Fiction: Tempo de Violência 

 

{Alguns dias atrás}

 

A água quente que corria pelo seu corpo era revigorante. Estivera à noite inteira trabalhando e, apesar de não reclamar diretamente da tarefa que o Sr. Weasley havia o incumbido, Nott só queria aproveitar o dia de folga que seu patrão havia lhe dado naquela segunda-feira. Ronald não era benevolente, nem por um segundo (Nott gostava de pensar que, se um dia chegasse ao mesmo patamar do patrão, pudesse se diferenciar nessa questão).

 Uma música divertida tocava em seu celular. Nunca tivera a ouvido antes, até a noite passada, quando a escutou pela primeira vez na própria casa de seu chefe. Aquela mulher, a filha dele, ela tinha um bom gosto musical.

“Ohh, baby i Love your way everyday yeah yeah!” – Ele cantou para si mesmo.

Demorou um pouco a terminar seu banho. Segundo a sua antiga namorada, Delphini, ele ficava meia hora preso dentro do banheiro. Encontrou-a revirando aquele cômodo à procura de revistas com mulheres nuas, por mais que nos dias atuais, ele encontrasse pornografia em qualquer lugar menos em revistas que deixaria guardada dentro do banheiro. Nott só gostava de ficar embaixo da água por longos minutos.

Foi quando ele saiu do chuveiro que percebeu uma sensação desagradável. Não era muito desagradável quando você acabava de tomar banho e sentia aquela vontade maldita de cagar?

“Inferno!” – Ele reclamou. “Inferno, inferno, inferno!”

Antes de sucumbir às necessidades de seu corpo, no entanto, ele pegou uma toalha e foi até a porta de entrada do seu apartamento. Nott a abriu e pegou o jornal que havia sido deixado ali. Antes de entrar, observou o corredor do local, estava muito calmo. Ouviu que alguém subia as escadas e pensou que provavelmente era a senhora Tonks ou seu neto, Ted, que sempre voltavam naquele horário da padaria, onde compravam croissants para tomar café da manhã.

Voltando para o banheiro com o jornal nas mãos, ainda cantarolando “Baby, I Love Your Way”, ele poderia defecar em paz.

As notícias estavam interessantes naquela manhã. Aparentemente a economia estava voltando ao normal, depois da queda brusca que sofrera em 2020.

Seus olhos pararam de ler o que estava no jornal quando ouviu a porta do seu apartamento abrindo bruscamente. Seus olhos se arregalaram de tal maneira que ele não sabia o que fazer, afinal, ainda estava usando o banheiro. Anos de trabalho e experiência no seu ramo sabiam que ninguém legal entrava pela casa de uma pessoa arrombando a sua porta.

Preferiu ficar quieto, e se trancar no banheiro. Não deu dois minutos e a porta desse cômodo fora aberta com brutalidade da mesma forma.

Era Ronald Weasley o bem feitor e, atrás dele dois de seus assassinos, Anthony Zabini e Marcelus Mulciber, que seguravam, respectivamente, uma caixa térmica e um saco de lixo grande e preto. Nott sentiu medo, ele sabia que aquela visita não era boa. E Ronald Weasley só fazia visitas agradáveis aos seus amigos, aos funcionários, ele cuidava pessoalmente de um castigo merecido.

“Senhor eu juro, por tudo que é mais sagrado” – Nott começou a se desculpar, usando o jornal para tampar seu corpo. “ a culpa não é minha.”

“Zabini, Mulciber.” – Ronald vociferou para os dois assassinos que estavam parados ao seu lado. “Saiam, e vigiem a porta. Acho que isso pode demorar. Deixem a caixa e o lixo aí, que vou precisar!”

Anthony e Marcelus se afastaram rapidamente, obedecendo à ordem do Sr. Weasley sem pestanejar. Afastaram-se do banheiro, andando diretamente até a sala e ficando por lá, olhando as paredes pintadas de uma cor azul desgastada. Mulciber achou melhor encostar a porta, que estava quebrada no chão, para que não recebessem nenhuma visita indesejada naquele horário.

Zabini, aproveitando que não teria de fazer o trabalho sujo daquela vez, tirou o casaco que usava e o colocou no balcão.

“Então,” - O Zabini começou a puxar conversa com Mulciber. “ O que vai fazer essa noite?”

Os gritos de Nott preencheram toda a casa. Como estavam acostumados, Anthony e Marcelus continuaram a conversar normalmente.

“Acho que vou procurar um bom restaurante para levar minha garota na cidade.” – Mulciber respondeu.

“Já sabe aonde a vai levar?”

Nott agora pedia por favor, gritando coisas como “eu não sabia que não poderia fazer isso, senhor, eu juro, ninguém me avisou e eu pensei que estava fazendo o certo.”

“Não, ainda estou procurando um lugar divertido.”

“Sua garota é fresca?”

“Não.”

“Senhor, outro não, outro não, por favor, eu imploro eu preciso desse”.

“Tem um bar, fica um pouco longe do centro, mas é realmente bom. Tem música ao vivo, garçonetes fantasiadas, te deixam fumar lá dentro...”

“Parece bom, mais tarde você me passa o endereço.”

“Claro, claro.”

Pelo amor de Deus, do pé não, do meu pé não”.

“O que você acha que ele fez para merecer isso?” – Anthony perguntou, finalmente demonstrando a sua curiosidade.

“Eu acho que sei.” – Mulciber começou a contar, com a voz bem baixa, devido o medo de Ronald estar escutando tudo. Isso era um pouco difícil, no entanto, já que os gritos de desespero de Nott eram muito altos. “O Sr. Weasley me contratou como segurança pessoal dele hoje, então amanheci já em sua casa. A senhora Weasley foi muito educada e me convidou para tomar café da manhã na mesa. Estavam ele, a mulher e a filha lá. Daí Ronald perguntou a filha como havia sido a noite anterior, se Nott havia sido um bom acompanhante, se ele tinha a obedecido direitinho e ela disse que foi perfeito e que fazia uma massagem nos pés fenomenal.

“Você já deve ter em mente que o Weasley ficou possesso, ele não disse nada na mesa, mas seu rosto ficou um pouquinho corado. Isso por si só já significa muita coisa, quando você viu Ronald ficar vermelho assim? Nunca! Você sabe, cara, é a regra básica sobre sair e cuidar da filha de um homem, você tem que obedecer ela e, além disso, não pode tocar nela sabe? Essa massagem está custando tudo isso ao Nott”.

Anthony arregalou seus olhos verdes ao saber disso.

“Espero nunca ter que cuidar da filha dele.” – Foi tudo que disse no final.

“Nem eu.”

Um grito de Nott final foi ouvido, ao mesmo tempo em que Ronald gritava coisas inaudíveis de dentro do banheiro. Um arrepio passou pelo pescoço e Zabini.

 

{Sábado, o dia da missão de Scorpius}

 

O beijo de Rose Weasley tinha o sabor doce de menta e milk-shake gelado. A língua dela trabalhava lentamente, em uma sincronia muito parecida com a de Scorpius, como se encaixasse o seu beijo no dele. Foi inevitável para Scorpius começar a se sentir aprisionado a um beijo que, para começo de conversa, ele não deveria nem ter iniciado.

Ele não tinha a força necessária, no entanto, para suspender as suas mãos de passearem na cintura da ruiva. Scorpius também não reclamava quando sentia os dedos finos de gélidos dela arranhando seu pescoço, fazendo um carinho parecido àquele que fizera no copo de milk-shake mais cedo, dentro do restaurante. Reclamava muito menos quando as unhas de Rose, as mesmas longas e pintadas com um esmalte vermelho, roçavam lentamente em seu cabelo loiro o fazendo se arrepiar.

Rose tinha uma maneira impressionante de fazer Scorpius perder um pouco da sanidade mental. Ela, conscientemente ou não, aproximava o seu corpo ainda mais do homem e isso o fizera sentir uma pulsação no baixo ventre. Quase perdeu a cabeça quando ela levantou um pouco os pés e ficou mais alta, fazendo o contato aumentar e se tornar ainda melhor. Por conta disso, as mãos de Scorpius apertaram a cintura dela com uma força desnecessária, tentando indicar o seu desejo latente daquele beijo. Rose, em resposta, soltou um suspiro.  

O início de uma chuva fez os dois despertarem um pouco, quando sentiram um pingo fino caindo sobre seus narizes.

Quando se afastaram, ambos olharam para o céu. Sequer tinham percebido que todas as estrelas, e a lua crescente daquela noite, haviam desaparecido e sido tomadas por nuvens escuras.

Os olhos de Scorpius se abaixaram primeiro e ele encarou Rose com um meio sorriso. Apesar de sentir medo, um medo enorme por ter quebrado a segunda regra, que tomava conta de cada parte do seu corpo, desde o primeiro fio de cabelo na cabeça até a ponta da unha do pé, ele também sentia uma admiração. Aquela Weasley era tão bonita. Os cabelos ruivos de uma tonalidade natural, sem um único fio que possuísse uma cor que fosse diferente do laranja, os olhos verdes grandes que estavam quase pretos devido as pupilas dilatadas e as sardas que ela havia tentado esconder na maquiagem.

Não era só isso, que causava a admiração em Scorpius, a beleza física que ela possuía que era indiscutível. Também tinha o jeito dela. A filha do líder de um bando de assassinos ingleses, conhecidos pela sua brutalidade, e ela parecia ter uma personalidade forte que não era apenas definida pelo trabalho do pai. Ela conseguia ser uma mulher sensual, misteriosa aos olhos de Scorpius, do tipo que fazia uma carícia em um copo de milk-shake para demonstrar que, na verdade, queria fazer o carinho no meu companheiro de mesa. Ele nunca tinha conhecido ninguém parecido.

Os olhos de Rose foram para ele, e ela deu um sorriso. Estava um pouco diferente agora, ali fora, depois do beijo, do que quando estava dentro do restaurante. Parecia mais receptiva, menos desconfiada, sentindo menos vontade de fazer joguinhos.

Scorpius não se importou mais com a segunda regra, não naquele momento, ele a puxou para perto e trocou suas posições. A chuva ainda iria demorar para aumentar e, mesmo se aumentasse, ele não ligava muito. Achou que Rose também não ligaria.

O beijo recomeçou e ambos trocaram um pouco as posições. Agora, ela estava entre ele e o carro e, apesar de estar na posição de receber um bom beijo, ela não deixava de fazer movimentos com suas mãos que deixavam Scorpius pedindo por mais. Sim, as mãos de Rose estavam agora puxando a camiseta que Scorpius usava por baixo do casaco grande e isso não o permitia de se afastar.

Enquanto ela fazia esse agrado, ele passava as mãos pelos cabelos ruivos dela. Eram macios e estavam um pouco embaraçados. Depois, uma lembrança rápida passou pela memória de Scorpius. Uma na qual ele estava dançando com a garota dentro do restaurante, minutos antes, e vira seu pescoço. Atendendo um desejo profundo em seu subconsciente, ele parou o beijo, depositou um selinho na garota, depois em seu rosto a fazendo rir e passou para o pescoço.

Os olhos de Scorpius passaram por toda a extensão daquela parte do corpo da Weasley, antes que tomar qualquer atitude. Estavam ali as pintinhas na cor de terra, parecendo trigêmeas. Rose arqueou um pouco mais o pescoço e ele depositou um beijo ali, suave e ficou por alguns segundos apenas respirando e suspirando naquela região sensível.

Foi nesse momento, com os lábios no pescoço da garota, que ele ouviu um pigarro alto.

Encarou Rose diretamente frente a frente e os olhos dela pareciam amedrontados, mas o som de pigarro não havia saído de seus lábios.

 Era Anthony Zabini. Parado, perto do carro de Scorpius e encarando os dois. Como um elemento surpresa, extremamente desagradável.

—Oi, Zabini. – Falou Rose. A expressão de medo desapareceu no rosto dela muito rápido.

—Zabini, o que está fazendo aqui? – Scorpius perguntou.

O Malfoy se afastou de Rose rapidamente, quando percebeu que ainda estavam praticamente colocados. Anthony encarava os dois com os olhos arregalados, segurando a chave de um carro entre seus dedos e apontando um indicador para o que havia acabado de ver –seu colega de trabalho beijando a filha do seu chefe. A própria respiração do homem, alto, negro e trêmulo, estava inconstante.

—Anthony, - Scorpius recomeçou a dizer. Agora, tentava fazer a sua voz ficar calma e ele andava devagar em direção ao parceiro. – o que você viu, não parece ser exatamente o que é.

—Acho que eu sei bem o que eu vi, e sei de mais uma coisa. – Acrescentou o Zabini, agora menos chocado. – O Sr. Weasley não vai gostar nada de saber disso.

—O Sr. Weasley não pode saber disso, meu bem. – Rose falou. Anthony a encarou, arregalando seus olhos ao ouvir a garota lhe dirigindo à palavra. Rose, percebendo isso, tentou ficar o mais relaxada o possível, sorrindo amigavelmente. – O que você está fazendo aqui?- Perguntou, o convencendo de que estava curiosa e não o intimidando.

—Venho aqui todo sábado! – Anthony explicou, caindo na jogada da ruiva e cruzando os braços em frente ao corpo. – Vi vocês dois no palco e quase não acreditei, fiquei horrorizado, mas quando a dança acabou eu tive de vir correndo atrás de vocês, porque pensei que isso acabaria de outra forma, depois daquela dança lá em cima.

—Não cheguei a ver você lá dentro. – Rose explicou. Scorpius, parando para pensar, também não havia visto o amigo.

—Eu estava me divertindo com a Marylin Monroe.

—Ah, bem. Então é por isso que vem aqui todo sábado? – Rose continuou perguntando, ela parecia muito interessada. – Gosta da Marylin?

—Ah, não, não, eu sou fã do Elvis.

—Viu, Scorpius. – Riu-se Rose. – Eu disse que todo fã de Elvis gostava desse lugar.

—É o único lugar da Inglaterra que da preferência ao Elvis e não aos Beatles, venho aqui sempre, eu amo...

—É, realmente, um lugar adorável, embora eu prefira os Beatles.  

—Eu acho. – Scorpius interrompeu os dois. - Que isso não é tão importante, não agora. Os Beatles são melhores, isso é evidente – Scorpius frisou, concordando com Rose. Anthony bufou, contrariado. – mas temos outros assuntos a tratar aqui. - Ele sabia que Rose Weasley talvez conseguisse dobrar Anthony com aquela conversa, para que nada acontecesse a ela, mas e quanto ao próprio Scorpius? Anthony não esqueceria aquilo tão cedo.

—Scorpius, não seja chato! – Rose começou a reclamar.

—Não. – Ele pediu que ela parasse. – Estou tentando conversar sério aqui, a minha vida está em risco.

Ao ouvir Scorpius respondendo Rose daquela maneira indelicada, Anthony ficou ainda mais paranóico. Scorpius não estava tratando Rose como se ela fosse uma rainha, cujo tudo que diz e faz é indiscutível.

Paralelamente a isso, a chuva aumentava gradativamente. Agora, os cabelos dos três estavam começando a ficar molhados.

—Scorpius tem razão, senhorita Weasley. – Anthony falou com calma, tentando deixar a sua voz educada para falar com Rose.  – Nott teve seis dedos arrancados por seu pai na semana passada, quando teve... Teve que cuidar de você e lhe fez uma massagem. O que vai ser dele, Scorpius, que te beijou? Quantos dedos ele vai perder?

—Nenhum, meu pai não arranca dedo dos homens que me beijam. – Ela deu uma risada graciosa. – Ou alguns dos garotos da faculdade estariam andando por aí sem a mão, para falar a verdade.

Scorpius sentiu que não precisava saber disso. E ela estava tentando, de novo, mudar o assunto da conversa.

—Pois bem, senhorita Weasley, eu vi o seu pai cuidando Nott. Quero dizer, parcialmente.

—Eu não nego que ele tenha feito isso. Nunca disse o contrário. O que eu disse, foi que as razões pela qual seus seis dedinhos foram arrancados, não são as comentadas por aí no mundo do crime.

—Eu estava lá.

—Então, você ouviu o meu pai dizendo com todas as letras que estava arrancando os dedos de Nott por minha causa?

—Não exatamente, o seu pai não me deixou ver a cena toda. Mandou a mim e Mulciber o deixarmos sozinhos para que ele pudesse fazer o trabalho, mas, logo quando chegamos, Nott se borrou todo para dizer que não havia sido o culpado.

—É evidente que vocês não acreditam na minha inocência nessa história toda. – Rose levantou suas mãos, em rendição. – De qualquer forma, - Ela revirou os olhos, desencostou da porta do carro de Scorpius e rondou os dois, devagar. – por que o meu pai teria de saber disso? As únicas pessoas que sabem somos eu, o Scorpius e – Ela parou de rondar os dois, quando estava na frente de Anthony. – Você, Zabini.

Scorpius suspirou um pouco relaxado quando ouviu aquilo. Era verdade. Zabini era seu companheiro de trabalho, não era exatamente um amigo, mas havia salvado a vida dele algumas vezes. Zabini não o entregaria. Scorpius até lhe deu um sorriso quando Rose terminou de falar aquilo, para o seu desespero, no entanto, Zabini não só não devolveu o sorriso, como também saiu correndo.

—O que ele está fazendo? – Rose perguntou, agora desesperada.

—Está fugindo! Desgraçado! Ele vai contar para o seu pai.

A chuva tinha começado a cair com mais força aquela altura, e isso não impediu Scorpius e Rose de correrem pelo estacionamento atrás de Zabini. A garota, surpreendendo Scorpius, tirou os saltos antes de fazer isso.

Scorpius alcançou Zabini por um momento, perto de um sedan e pulou em cima de suas costas, o fazendo cair no chão. Ele tentou pedir para que o amigo não contasse nada, Zabini lhe chutou uma das pernas e conseguiu o fazer se distrair por alguns segundos. Esquecera-se de que Zabini também era muito bom de luta corporal e, por isso, conseguiria escapar com facilidade.

Ele conseguiu levantar do chão, e Scorpius havia continuado caído ali. Rose assistia toda a cena sem saber muito bem o que fazer, tentando se aproximar dos dois, porém não muito para que não lhe acertassem um chute ou um soco. Scorpius tinha agarrado a perna de Zabini e este, que tentava andar mesmo assim, sentou um chute no rosto do loiro que fez um corte em seus lábios, e conseguiu se livrar. Scorpius se recuperou rápido. Conseguiu agarrar Zabini novamente.

—Prometa que não vai contar a Ronald, Zabini! – Scorpius pedia, enquanto desviava de um soco que seria direcionado a sua barriga.

—Não! – Zabini gritou.

Sem conseguir se segurar, sabendo que ser bonzinho não o ajudaria naquilo, Scorpius socou o rosto do moreno tão forte que este cambaleou.

—Vo... Você... – Zabini ficara impressionado. – Seu desgraçado!

Um segundo depois os dois começaram uma série de socos de chutes mortais. O curioso era que ambos tinham armas presas aos cintos, mas não as tiraram dali por nenhum minuto. Tiveram cinco minutos de luta quando Zabini recomeçou a correr rapidamente. Rose gritou para que eles fossem atrás do assassino, ou teriam problemas. Logo todos os três estavam correndo no meio do estacionamento novamente.

Anthony estava mais a frente em linha reta, e Rose e Scorpius se separaram, não correram juntos na mesma fileira de carros. Ela parecia correr bem, mas já estava perdendo um pouco do ar.

 Quando o estacionamento acabou, Scorpius reconheceu que Zabini estava perto de entrar no seu próprio carro, para fugir. Rose foi mais rápida, nesse quesito, chegando a Zabini antes de Scorpius. Nada teria impedido ela de pegar o homem, se não fosse por um pequeno acidente.

Zabini estava prestes a abrir a porta de sua picape verde escura, velha, uma Chevrolet Truck 53, quando Rose o alcançou. Não por muito tempo, quando ele finalmente abriu a porta, esta acertou o rosto de Rose com tanta força, que tirou sangue de seu nariz e a fez cair desacordada no chão.

Isso fez Zabini parar imediatamente.

—Ai, Meu Deus, eu matei a filha de Ronald Weasley!

—Zabini, o que você fez? – Scorpius perguntou desesperado sem fôlego, alcançando os dois. – Rose? Zabini!

Rapidamente o coração de Scorpius parou de bater. Antes, quando apenas havia trocado um beijo muito bom com a garota, ele já estava ferrado e agora ela estava desmaiada no estacionamento do Cabeça de Javali, com o nariz sangrando tanto que escorria pelo rosto. O que seria dele? Ronald provavelmente não iria matá-lo, não, seria muito fácil, Ronald iria torturá-lo por vinte anos até que decidisse o matar e acabar com seu sofrimento de duas décadas.

—Ela está morta? – Zabini perguntou desesperado. Scorpius havia se abaixado para averiguar. – Responde logo, Scorpius!

—Não. – Scorpius suspirou. Ele ouviu Zabini soltar o ar aliviado também. – Mas não pense que isso limpa a sua barra, você tirou sangue da filha do Sr. Weasley!

—E você beijou ela, cara.

—Quer mesmo discutir o que é pior? A garota está desmaiada aqui no estacionamento, o sangue já está chegando no pescoço!

—Ela que veio correndo atrás de mim, quando me dei conta abri a porta e acertou nela sem querer!

—Zabini, ela está desmaiada!

—Ai meu Deus, nós dois seremos mortos. – Zabini falou, gritando. – Scorpius, cara, temos que fugir para um lugar que possamos ficar seguros.

—Não. Não temos. A única coisa que temos de fazer é manter segredo de tudo que aconteceu dentro do estacionamento. – Scorpius, finalmente, jogou sua carta.

—E se ela contar a ele?

—Bom. – Scorpius não tinha resposta para aquilo. – Foi sem querer, não foi?

—Foi, claro que foi. Acha que Ronald entenderia?

—Não, ele não, se ele descobrir você morre. Ela, eu acho que ela poderia ser capaz de entender e não contar. – Scorpius explicou.

—Ah, eu vou implorar a ela, pode ter certeza.

Os dois se encararam e riram, por alguns segundos. Depois, verificavam de Rose estava melhor e Scorpius sugeriu que Zabini fosse para dentro do restaurante pegar alguns panos e um gelo grande para o nariz da garota, que ainda estava desacordada no chão. A chuva fazia o sangue, que ainda escorria pela nariz sardento dela, parecer mais ralo do que o normal.

Quando Zabini, a contragosto, finalmente se afastou do local, os olhos de Rose Weasley se abriram.

—Então, acho que ele não vai contar, né?

Ela estava, aquele tempo todo, fingindo estar desmaiada?

—Você está bem?- Scorpius perguntou dando um sorriso nervoso.

—Sim, apesar de não gostar muito de sangue.

—Você é doida, estou falando sério. Não é nenhum pouco normal.

 

{Alguns dias atrás}

 

Nott encarou a porta de olhos arregalados, parando de gritar por ordem do Sr. Weasley, mas ainda sentindo uma dor descomunal. O homem mais velho estava colocando todos os dedos que havia tirado de sua mão e pés dentro da caixa térmica e jogava fora as luvas que usara e o alicate cheio de sangue dentro da sacola de lixo preta.

Sem querer, Nott gritou um pouco.

“Isso é para você aprender, Nott, a nunca mais desfazer uma ordem minha!” – Ronald falou, sem paciência. Estava lavando suas mãos na pia do banheiro.

Apesar de continuar gritando involuntariamente agora, Nott também estava ficando tonto.

“Isso é para você aprender que, quando eu dou uma ordem, ela tem que ser seguida à risca. Entende isso agora?” – Ronald continuou falando. Demoraria até que tirasse todo o sangue de suas mãos. “Quando eu digo para você que Gregory Goyle tem de me pagar o que deve até as sete horas, você mata ele se o dinheiro não é dado a você até esse horário. Não, não, você não deixa ele procurar cinquenta mil dólares em dinheiro vivo por mais uma hora, para que tenha a chance de viver. VOCÊ MATA ELE!”

Por mais que sua cabeça ainda estivesse tonta, Nott tentava manter os ouvidos atentos ao que seu chefe dizia. Naquele dia, o dia em que ele havia sido generoso com Goyle, pensou que o patrão talvez gostasse mais de receber o dinheiro do que de ver mais um homem morto. Ele, obviamente, estava enganado.

“Ainda por cima foi enganado. Goyle fugiu, seu idiota! Agora, terei de mandar outro para acabar com a vida dele, porque você não foi capaz de fazê-lo.” – As mãos de Ronald agora estavam limpas e ele poderia ir embora. “Vou pedir para que Zabini e Mulciber te deixem em um hospital e você vai ser atendido por um de meus médicos. Pode trabalhar para mim ainda, cuidando dos jardins da minha casa, se quiser. Mas, eu te aviso, se alguma das minhas rosas morrerem, eu arranco o resto dos dedos que te restam no corpo!”

 

{Sábado, o dia da Missão de Scorpius}

 

O Ford Anglia parou em frente à mansão Weasley mais uma vez naquela noite. Agora, apesar de ter outra pessoa dividindo o carro com Scorpius Malfoy, ele ainda estava pairando em silêncio.

Rose e ele haviam feito a viagem de volta inteira calados, sem trocarem uma palavra. Ela segurava um pedaço de gelo amarrado em um pano e o tinha sobre o nariz e já não usava mais suas roupas normais, tinha colocado uma blusa que Zabini lhe fornecera, já que a sua estava completamente cheia de sangue. Não sentiu necessidade de ir até o hospital, porque seu nariz já havia parado de sangrar e só doía um pouco agora.

O suspiro de Scorpius a tirou de um pequeno transe e ela acabou percebendo que estava em frente à sua casa somente naquele momento.

Ela virou seu rosto para Scorpius. Um dos olhos estava um pouco roxo, devido a batida na porta da caminhonete de Zabini. Sorriu fraquinho. Scorpius devolveu o sorriso da mesma forma. Um minuto depois eles estavam gargalhando gostosamente se lembrando da noite incrível que haviam passado.

Agora Scorpius finalmente entendera o que ela havia querido dizer quando falava sobre encontrar uma pessoa especial e conseguir sentir conforto no silêncio. Ele estava se sentindo ótimo naquele momento.

—Diga alguma coisa. – Ele pediu, por fim. Já estava na hora de se despedirem.

— “Alguma coisa”. – Ela disse, rindo divertida.

Depois disso tudo que se ouviu na rua foi o som das portas do carro batendo e dos dois indo em direção à porta de entrada dos Weasley.

Scorpius não foi até lá, no entanto, escolheu observar Rose um pouco de longe.

—Você vai ficar bem? – Ele perguntou a encarando.

—Vou. – Ela respondeu certeira.

Na luz ele podia ver como a garota não estava em seu melhor estado. Havia a conhecido algumas horas antes, tão bonita e arrumada que uma aura parecia reluzir diante dela e agora estava desmontada. A camiseta de Zabini era grande demais, ela estava segurando o sapato nas mãos. Seu cabelo ruivo, molhado pela chuva, estava um pouco armado e a maquiagem havia saído de seu rosto, deixando apenas as marcas do rímel escorrendo pelos olhos. As sardinhas claras agora eram evidentes com muita força no nariz e nas bochechas. O roxo nas olheiras fazia um contraste legal com o olho verde.

Ela estava muito mais bonita.

—Ótimo! – Scorpius finalmente respondeu, depois de a admirar. Ele colocou a mão sobre o coração e respirou fundo. – Agora eu posso ir para casa e ter um ataque do coração.

Rose deu uma risada mínima.

—Não vou contar ao meu pai. – Ela falou séria. – Eu poderia contar, é sério, ele não ligaria.

—Espero que você não conte. Não quero desapontar o Weasley.

—Bem, você não desapontou essa Weasley. – E apontou para si mesma. – Mas não vou contar, é sério, e as marcas que vão ficar no rosto eu digo que é efeito de algum procedimento estético que estou fazendo. Ele sabe que faço alguns, às vezes.

—Muito esperta.

Mais um minuto de silêncio confortável, enquanto eles se encaravam. Em seus olhares estavam todas as palavras que haviam pensado em dizer. Scorpius pensando no beijo doce que haviam trocado mais cedo.

—Hey! – Rose o chamou, quando viu que Scorpius estava prestes a se virar para ir embora. – Se quiser, eu posso te contar aquela piada no piloto da série. Aquela, que eu não queria ter te contado antes.

—Acho que eu não vou rir, ainda estou um pouco chocado.

—Tudo bem, você não iria rir de qualquer forma, ela é ruim.

—Pode contar então. – Scorpius continuou parado, esperando que ela contasse a piada.

—Uma família de tomates andava apressada pela rua. – Ela começou, mordendo o lábio um pouco e, depois, dando continuidade. – Tinha o papai tomate, a mamãe tomate e o bebê tomate. O bebê tomate parou de repente, porque estava cansado, e o papai tomate ficou muito bravo. Então, nervoso do jeito que estava, ele se virou para o bebê tomate e pisou em cima dele com força dizendo “ketchup!”.

Scorpius não riu, mas achou a piada um pouco engraçada.

—Boa noite, bonitão. – Rose disse satisfeita, ao perceber que ele havia gostado. Não esperou uma resposta, abriu a porta de sua casa e deixou Scorpius sozinho do lado de fora.

Quando ela fez isso, Scorpius continuou parado por mais alguns segundos observando a porta. Ele levou uma mão direita até os lábios, tirando em seguida para jogar um beijo no ar em direção a porta que Rose havia acabado de entrar. Quando fez isso, imagens da noite inteira passaram em sua memória.

—Boa noite, lindinha! – Ele disse depois.

Ao voltar para o Ford Anglia azul, Scorpius notou uma coisa reluzente no banco do passageiro. Pegou com as mãos e analisou. Era um cartão de Rose Weasley, com o número dela gravado em letras prateadas.

Ele deu uma gargalhada gostosa.

Deu partida no carro e, balançando a cabeça, teve certeza de somente duas coisas naquela noite:

A primeira era que queria se encontrar com Rose novamente. A segunda é que gostava muito, muito de todos os seus dedos.

 

 

|O FIM|


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Notas finais do capítulo

O fim, amigos e amigas.

Esse foi meu Scorose. Eu não queria, de cara, fazer um romance óbvio e sim algo que, quando terminasse, as pessoas sentissem vontade de ler mais. Fica a seu critério pensar se eles vão sair novamente ou não. Eu gosto de pensar que sim, ainda mais quando descobrimos que o Nott, na verdade, não teve os seus dedos arrancados porque fez uma massagem no pé da Rose e sim porque não matou um homem que o Ronald mandou. A fofoca fez o Scorpius passar o encontro inteiro tentando não desejar a Rose. Ele não conseguiu, infelizmente, acabou desejando ela, beijando ela e ganhando o número do telefone dela.

Eu me inspiro para escrever através de escritores, é lógico, mas algumas obras só existem no cinema, com os filmes e eu acabo tendo a inspiração de alguns diretores. Três que eu gosto muito são o Nolan, o Tarantino e a Sofia Coppola. O que tirei pra essa história foi o Tarantino, com um jeito não linear de contar os fatos. Se eu tivesse contado o que aconteceu com Nott antes, nada do medo do Scorpius ia fazer sentido, quem sabe nem a gente sentisse que o que Scorose estavam fazendo era tão errado.

Espero que vocês tenham gostado,
vejo vocês por aí!