Future Looks Good escrita por Love Rosie


Capítulo 5
Capítulo V - Tell me anyone and everyone who makes you feel like shit


Notas iniciais do capítulo

Oi lindezas, tudo bem?
Pra quem sentiu a torta de climão do Natal no último capítulo, me pergunto se estão preparados para lidar com as confusões que esse capítulo de hoje promete.
Sem spoiler, boa leitura. Até amanhã!



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S C O R P I U S   M A L F O Y

Apesar das confusões na véspera de Natal, as coisas até que se acalmaram no dia seguinte. Dava para perceber de longe a tensão entre Hermione e a filha, que sequer se olharam durante as refeições e evitavam dividir o mesmo cômodo. A Ministra, acostumada à diplomacia, contornava bem a situação, já Rose não deixava de lançar comentários ácidos toda vez que a mãe não estava por perto. Sabíamos que no fundo ela não queria chatear a Sra. Granger de alguma forma, afinal como enfatizado na noite anterior, ainda era sua mãe.

Foi um dia muito agradável, a família Weasley sabia mesmo se divertir e me senti quase em casa, com direito a um suéter verde com a letra S bordado à mão pela avó de meu amigo. Além disso, recebi do meu pai uma pena de arara com a ponta de prata, um item raríssimo e bastante caro. Albus me presenteou com duas gravatas, segundo ele por causa do novo emprego no Ministério, o que denunciou que ele comprou de última hora; uma das gravatas era listrada em preto, azul marinho e azul celeste, de fato muito formal, a outra possuía mini hipogrifos estampados por todo comprimento do tecido e teria de ser reservada para outra ocasião. Já Rose, além dos vários doces que tinha certeza de terem sido afanados das coisas de seu irmão, fez meus olhos brilharem ao rasgar o delicado embrulho amarelo mostarda, claramente feito por suas habilidosas mãos. Ali estava uma edição de colecionador de Hogwarts, Uma História e ao abrir a primeira página não pude deixar de sorrir com as pétalas de girassol, sua flor preferida, envelhecidas entre as páginas, como se dissessem que este presente havia sido meticulosamente planejado há tempos.

Retornei para casa apenas no dia 26, pois dormi na casa de Albus na noite de Natal. Ainda que Gina Potter tivesse insistido muito, recusei o convite para passar o Ano Novo com sua família, estava na hora de ficar um tempo com meu pai. Ele, como muitos pais, insistiu para me acompanhar até a estação King’s Cross já que esta seria minha última viagem a Hogwarts. Confesso que embarquei no trem com um aperto no peito pensando que depois que retornasse para Londres, quando colocasse os pés em casa novamente, não haveria mais volta, Hogwarts teria ficado no passado.

Tentei aproveitar cada traço daquela paisagem, visto que a viagem de ida era muito melhor do que a volta. Amava meu pai, a companhia dele era agradável, porém era nas noites de extensas conversas com Albus no dormitório que me sentia eu mesmo. Era nos momentos de concentração durante os duelos que organizava e participava que encontrava minha identidade enquanto bruxo. E era nos corredores vazios, armários de vassouras e no banheiro dos monitores depois da meia-noite que me sentia completo tendo Rose em meus braços.

Ao entrar no trem não havia me preocupado em encontrar meu melhor amigo porque sabia que ele estaria matando saudade de Alice, também não fui atrás de Rose pois imaginei que estaria com seus primos. Entrei na primeira cabine vazia que encontrei e, por sorte, quem escolheu ocupá-la junto com as amigas foi Clarisse, minha parceira na organização do clube de duelos e monitora da Lufa-Lufa. Ela era uma garota negra, com os cabelos escuros mais volumosos do que os de Rose, olhos verdes e lábios carnudos, definitivamente agradava os olhos. Além disso, era muito inteligente, carismática e gostava dos livros da sessão reservada, assim como eu. Conversamos durante boa parte do trajeto, pelo menos até o dever chamar e termos que nos trocar para a reunião dos monitores.

Estávamos indo para a cabine designada para a reunião quando topamos rapidamente com alguns membros da família Weasley, dentre eles, a ruiva que habitava meus sonhos mais belos e também os mais quentes. Ela não desviou o olhar do meu como costumava fazer em público, pelo contrário, me encarou com tamanha fúria que tive vontade de sair correndo pela certeza de que ela lançaria uma azaração em mim ali mesmo. Tentei não pensar sobre isso no decorrer da reunião, todavia após chegar em Hogwarts e me abancar à mesa da Sonserina, não consegui ignorar a expressão raivosa da garota no outro lado do salão, que atacava o pedaço de frango preso no garfo como se quando vivo, o coitado tivesse torturado toda sua família e me olhava como se eu fosse cúmplice do frango.

— Alguém deveria avisá-la de que o frango já está morto – Albus divertia-se ao meu lado – Pelo menos você está vivo para que ela possa depenar. – murmurou, me deixando sem entender nada.

— Não existe razão para que ela esteja brava comigo – rebati – Estávamos bem, ela até me enviou uma carta no Ano Novo.

— É que no Ano Novo você não estava numa cabine com Clarisse Sachs. – pontuou o moreno.

Então era isso? Rose estava com ciúmes de mim com Clarisse? Aquilo não tinha embasamento nenhum, éramos apenas bons amigos. Olhei para a ruiva novamente e desta vez ela estava falando algo com o irmão, a expressão mais suave. É, parece que esse ódio todo era comigo mesmo. Droga!

Saí mais cedo do jantar pois precisava acompanhar os alunos mais novos da Sonserina até as masmorras, portanto seria impossível conversar com Rose ainda naquela noite, porém na manhã seguinte ela não me escaparia.

Dito e feito, pude encontrá-la na primeira aula do dia, uma das minhas preferidas e dela também, eu sabia. Estudo dos Trouxas era uma disciplina eletiva que muitos nascidos trouxas escolhiam fazer para conseguir notas altas, o que não tornava o conteúdo menos interessante. Era uma matéria subestimada e a única além de voo – do primeiro ano – em que Rose se saía melhor do que eu. Também era a única matéria que fazia junto com a ruiva. Após a aula, ela saiu praticamente fugida da sala de aula, impedindo que a alcançasse.

Nos dias que se seguiram não consegui encontrar a ruiva em lugar algum, exceto no salão principal durante as refeições, onde era impossível me aproximar visto que ela estava sempre acompanhada. Durante a semana enviei vários bilhetes que foram completamente ignorados. Ainda que Albus estivesse certo sobre a reação de Rose ter sido causada devido minha proximidade de Clarisse no dia que retornamos à escola, não era possível que fosse apenas por isso. Minha ruiva sempre fora nervosa, estressada e saía dos eixos de vez em quando, mas ciumenta? Não, aquele comportamento definitivamente não era típico dela.

Quando na semana seguinte a vi na classe de Estudo dos Trouxas novamente, fui mais esperto ao sair um pouco mais cedo da aula e esperá-la do lado de fora da sala. Assim que vi a cabeleira ruiva passar pela porta, puxei-a pelo braço para um canto vazio.

— Será que dá para dizer o porquê está fugindo de mim? – perguntei um tanto irritado.

Ela cruzou os braços, bufando.

— Não estou fugindo de você, apenas ocupada demais com outras atividades. – mentiu descaradamente – Aliás, está fazendo o que aqui? Não tem nenhum assunto do Clube de Duelos para resolver? – disse o nome da minha atividade extracurricular com desdém.

— Rose, se for por causa da Clarisse, devo dizer que você está ficando maluca.

— Ah, agora eu estou ficando maluca? – começou a se afastar e tive que apressar o passo para acompanhá-la – Claro que estou, Rose Weasley, além de burra e confusa, agora também é maluca – falava mais para si mesma do que para mim.

Suspirei cansado entendendo que aquela raiva não era toda direcionada a mim, apenas a maior parcela, o que não facilitava muito as coisas.

— Quer me dizer o que está acontecendo? – praticamente implorei – Se não me disser o que há não vou conseguir ajudar você, Rosie.

Ela parou de andar e eu fiz o mesmo. Observei que havia um armário de vassouras ali perto e sugeri que entrássemos para conversar, mas ela negou alegando que pelo menos nos falar era aceitável aos olhos alheios. Avisou que seu próximo período estava livre e eu, mesmo tendo Poções em cinco minutos, decidi matar aula, algo que nunca fazia, somente para entender uma coisa bem mais difícil do que o ciclo lunar correto para a preparação de uma poção polissuco. Os sentimentos caóticos de Rose Granger-Weasley eram mais intrigantes.

Paramos no primeiro corredor com bancos que encontramos, nos acomodando como deu. Rose estava apreensiva, e pude notar que lá no fundo também havia aborrecimento e dor. Não gostava de vê-la sofrendo daquela maneira.

— Vi vocês na cabine – esclareceu o porquê da raiva – Eu estava procurando por você e quando olhei pelo vidro vocês dois estavam rindo, parecendo velhos conhecidos, íntimos. E embora não estivessem sozinhos, uma bolha envolvia vocês, como se nada mais no mundo existisse.

— Rose, não teve nada disso que você está imaginando – tentava clarificar as coisas, ela, no entanto, não deixou que eu continuasse.

— Eu sei que você não a enxerga desta maneira, Scorpius. Sei que vai repetir a história de que são apenas amigos e eu já estou meio cansada disso. Não precisa se justificar, eu sei que que não foi nada demais eu só... – ela levou as mãos ao rosto, soltando um grunhido em seguida. Nunca havia visto Rose apreensiva assim – Tem coisa demais acontecendo. – a voz estava abafada – Minha mãe, o quadribol e agora isso. É coisa demais para administrar.

Me limitei a passar o braço por seus ombros e afagar um pouco seus cachos ruivos soltos e revoltos que eu tanto gostava. Ela abaixou as mãos, se acalmava aos poucos. Ficou em silencio por um bom tempo, e então voltou a falar.

— Tirando o fato de ter ido até a minha casa pela preocupação, seu pai aceitou bem o fato de você ir para o Ministério? – indagou, me fazendo pensar que provavelmente aquela confusão do Natal não havia sido resolvida ainda.

— Ele não fez objeções – contei – Você sabe, era uma ideia amadurecida em minha casa há um tempo já e por mais que ele preferisse que eu seguisse na carreira de medibruxo ou alquimista, explorando minhas habilidades em poções, compreendeu que minha vontade era outra.

Rose lançou um sorriso fraco, claramente forçado.

— Fico feliz por você, de verdade. – senti sinceridade em suas palavras apesar da tristeza em seu olhar – Está sendo tudo péssimo com minha mãe. Antes de eu voltar para cá nós discutimos e dissemos coisas bem feias uma à outra. – mencionou não muito disposta a se aprofundar no assunto e, por mais curioso que eu estivesse, não iria forçá-la a dizer nada.

— Sabe que ela vai compreender mais cedo ou mais tarde.

— Não estou muito certa disso. – confessou desanimada – Até meu pai não sabe mais como tentar convencê-la. O que me irrita na verdade é que sempre esteve claro que quadribol era minha grande paixão, ela apenas estava ocupada demais para enxergar isso. – disse com mágoa.

Odiava vê-la assim, porém não gostaria de me intrometer em assuntos familiares que certamente não estenderiam por tempo demais. A família de Rose era muito unida e conectada, mesmo com algumas desavenças eram felizes. Não via aquilo durando muito mais tempo, uma hora alguém pediria desculpas e as coisas voltariam ao normal.

Conversei um pouco mais com a ruiva, quis saber sobre seus planos para o time de quadribol neste último semestre, quem ela achava que deveria ser o novo capitão, se Lily iria mesmo sair do time para se dedicar ao coral visto que era uma excelente cantora. Rose gostava de falar sobre o esporte, poderia tagarelar sobre o assunto durante horas e foi por suas respostas rasas que percebi que ela estava muito, muito mal e tinha plena consciência de que, por mais que tentasse, não conseguiria animá-la. Mesmo assim, não custava nada sugerir um encontro noturno como muitos dos que tivemos no último ano, contudo tanto eu quanto Rose tínhamos muito o que fazer naquela semana, então deixamos marcado para a quarta-feira seguinte, após o treino da ruiva.

Com os N.I.E.M.s em junho e a final da copa das casas em maio, nós dois estávamos atarefados até o pescoço. Para piorar, o Clube de Duelos voltaria no fim daquela semana e Clarisse e eu não havíamos terminado de organizar as duplas combatentes. Estava sendo extremamente desgastante, para dizer a verdade.

Assim sendo, como combinado, às dez e quinze na noite aguardava a ruiva na porta do banheiro dos monitores. O fato de Rose ter largado o cargo de monitora antes mesmo de começarmos a nos envolver não a impediu de sugerir aquele local como o ideal para nossos encontros. Eu sei que um banheiro parece ousado demais para o início de um relacionamento, entretanto aquele local tinha de tudo. Era um cômodo de luxo, com poltronas confortáveis e uma banheira enorme que poderia facilmente ser usada como piscina. O motivo das poltronas estarem lá era que na época em que Hogwarts fora fundada, as vestimentas eram outras, davam muito trabalho para serem colocadas e era muito mais fácil quando se tinha um apoio para fazê-lo. Li isso em Hogwarts, Uma História.

Enfim, nos primeiros meses Rose e eu passávamos madrugadas a fio ali conversando sobre os mais diversos assuntos. Foi ali que demos o primeiro beijo, o primeiro amasso, foi ali que nos vimos apenas de roupas íntimas pela primeira vez, porém definitivamente aquele lugar não era o adequado para avançar mais do que isso, havíamos concordado em não fazer nada além antes de sairmos de Hogwarts porque além de arriscado, não era nada romântico.

Estava torcendo para que a senhora Tedesco ou sua doninha de estimação não aparecessem por ali. A zeladora sempre fora paciente comigo devido ao meu histórico impecável, o mesmo não poderia ser dito sobre o tratamento que dava aos alunos que infringiam as regras da escola, dentre elas estar fora da cama após o toque de recolher.

Suspirei aliviado quando vi Rose virando o corredor, ainda em suas vestes de jogadora, e vindo rapidamente ao meu encontro. Sem dizer nada ou esperar que eu dissesse, atirou-se em mim, se agarrando em meu pescoço e me deu um beijo intenso, o que me deixou levemente assustado, mas muito satisfeito. Ela aprofundou o beijo, me puxando para cada vez mais perto e, com certa dificuldade, me lembrei de onde estávamos. Me separei da ruiva por um instante, apenas para murmurar a senha que nos permitiria adentrar no banheiro.

Antes mesmo que eu fechasse a porta, Rose estava se livrando da capa e do colete que usava. Estava apressada, ofegante, um tanto desajeitada até.

— Parece que alguém estava com saudade. – comentei me divertindo com seu desespero.

— Não enche, Malfoy. Se estiver achando ruim posso ir embora. – declarou emburrada.

— De forma alguma. – neguei apressadamente, decidindo não falar mais nada. Ela não estava muito a fim de papo e, para ser bem sincero, eu também não.

Aproveitei para me livrar da capa do uniforme que estava usando, já que se alguém me encontrasse pelo caminho, poderia dizer que estava fazendo minha ronda. Estranhei um pouco quando a vi retirando também as botas, mas resolvi imitá-la me livrando de meus sapatos. Só que aí ela tirou a blusa vermelha que usava, ficando apenas com um sutiã esportivo e a calça do uniforme de quadribol. Posso ter ficado um tanto boquiaberto com a imagem que nunca deixava de ser excitante. As sardas que pintavam sua barriga, o contorno dos seios no tecido que os cobria, a respiração ofegante que demonstravam o afervoramento de seus sentimentos, tudo em Rose era fascinante e apreciável.

Retesei por um instante pela ousadia dela naquela noite, mas não por muito tempo, já que ela grudou nossas bocas novamente abrindo cada botão da minha camisa à medida em que explorava minha boca com a língua. Os beijos de Rose eram deliciosamente prazerosos e quando ela mordia meu lábio enquanto sorria, exatamente como fizera naquele momento... eu poderia morrer ali mesmo pois já teria experenciado a melhor das sensações que a Terra poderia me proporcionar.

Não era nenhum amador, afinal tive um ano para aprender a causar sensações na garota à minha frente. Por isso, assim que ela puxou a camisa pelos meus braços fazendo-a cair no chão, não perdi tempo em subir a mão pelo seu pescoço, chegando até a nuca e agarrando levemente seu cabelo. Ela interrompeu nosso beijo para suspirar enquanto pendia com a cabeça um pouco para trás, deleitando-se. Ela adorava quando eu fazia isso. Incentivado pela visão do pescoço completamente exposto da garota, comecei a distribuir beijos por sua extensão.

Como se para retribuir, Rose segurou minha outra mão, levando-a até um de seus seios e voltou a me beijar. Obviamente obedeci, não era o tipo de coisa que se recusava. Decidi apertar modestamente onde segurava e a garota ofegou contra minha boca. Sinal verde então, continuei a pressionar, por vezes alternando entre um e outro, o que fez com que Rose agarrasse meu cabelo com certa força e começasse a me guiar em direção às poltronas. Mesmo que estivéssemos de olhos fechados, sabia que era para lá, conhecíamos aquele local como as palmas de nossas mãos.

Rose me empurrou para que sentasse na cadeira atrás de mim e durante o tempo em que me ajeitava, ela tirava a calça. Confesso que meu coração, que já estava acelerado, errou as batidas e engoli em seco quando tive a visão dela com os cachos soltos e desgrenhados, lhe dando um ar selvagem, apenas de sutiã e calcinha na minha frente. Sorri involuntariamente, mas ela continuou séria, compenetrada em seu objetivo. Sentou em meu colo, de frente para mim, de forma que seus joelhos tocavam o assento acolchoado e nossas intimidades se chocavam, ainda que separadas pelas escassas camadas de roupa que cobriam nossas peles, me deixando ainda mais excitado.

Puxei-a para mais um beijo, nossas bocas já um pouco inchadas, e instintivamente remexíamos para ter mais contato um com o outro. Sua pele na minha, suas mãos descendo pelos meus braços, as minhas apertando seu quadril. Nesses momentos a vontade era jogar a racionalidade no ralo e prosseguir com o que nossos corpos pediam. Fortalecendo ainda mais essa vontade, Rose tirou suas mãos de mim, levando à base do sutiã que vestia, no entanto apenas percebi o que ela iria fazer quando interrompeu nosso beijo para puxá-lo sobre a cabeça.

Demorou cerca de dois segundos para cair a ficha de que a minha ruiva estava na minha frente de uma maneira que nunca esteve antes. E quando coloquei os olhos nos seus seios, não consegui mais desviar. Estava boquiaberto e sem ar. Não eram muito grandes, também não eram diminutos. Parecia a medida certa para o corpo dela, a medida exata para caber em minhas mãos. Que eram macios já sabia há um tempo, mas como seria tocá-los diretamente, como seria beijá-los? Meus devaneios foram interrompidos por um estalo em minha mente, que para ser bem sincero, fez despertar o desejo de bater em mim mesmo. Desviei o olhar dos seios para o rosto de Rose, não sem antes guardar bem na memória a imagem que havia visto.

— Rose, isso não estava no combinado. – tenho certeza que gaguejei.

— O que? – ela parecia chocada com minha fala. É, eu também não concordava comigo mesmo. Que estúpido!

— O combinado era que não passaríamos das roupas íntimas, não em Hogwarts. – esclareci.

Ela se irritou, levantando do meu colo e vestindo novamente a peça que havia me feito entrar em parafuso.

— Ser rejeitada está longe de ser algo que gostaria que tivesse acontecido comigo hoje, Scorpius. – disse friamente. Me levantei, caminhando até ela, que zanzava pelo lugar recolhendo seus pertences.

— Não é rejeição, apenas tive medo de que se arrependesse depois. – justifiquei – Pelas barbas brancas de Dumbledore, Rose! Tenho dezessete anos e tinha um par de peitos na minha frente, acha mesmo que iria rejeitar? – me exaltei um pouco, mas ela precisava entender – Fiz isso por me preocupar e gostar de você.

Ela terminou de fechar os botões da calça que acabara de vestir antes de me dar uma resposta, no mesmo tom indignado de antes.

— Eu só queria um pouquinho de diversão, Scorpius. Minha vida está um caos, não consigo estudar para a porra dos N.I.E.M.s, minha mãe se recusa a me escrever. – jogou exasperada – E você consegue estragar o único momento em que poderia me distrair em dias.

Fiquei em silêncio absorvendo suas palavras e observando-a vestir a blusa e calçar as botas.

Um pouco de diversão? Queria se distrair? – praticamente cuspi as palavras. Agora quem estava indignado era eu – É isso que eu sou agora?

Ela revirou os olhos.

— Não venha com sentimentalismo bobo, Hyperion. – debochou.

— Eu não tenho culpa das merdas que estão acontecendo na sua vida, Rose. – deixei bem claro para o caso dela ainda não ter entendido – Então não me use como se, de alguma forma, devesse isso a você. Vim até aqui exatamente por causa do sentimentalismo, porque gosto de estar com você. – meu tom de voz estava consideravelmente alto.

— Você não tem culpa? – riu com escárnio – Boa parte dessa merda toda não estaria acontecendo se você não fosse metido a sabe-tudo com seu clubinho de duelos e seu estágio pomposo do Ministério.

— Está ouvindo os absurdos que está dizendo? – indaguei. Não era possível que ela acreditasse mesmo em tudo aquilo – É sério mesmo que está pensando nisso tudo antes de falar ou decidiu começar a vomitar asneiros do nada?

— Oh, me desculpe por não ser tão inteligente e utilizar uma linguagem rebuscada como você – ela transbordava ironia – Vou me retirar junto da minha burrice para que você e seu enorme cérebro fiquem à vontade – dizia tudo numa falsa cordialidade, praticamente gritando, enquanto se encaminhava para a porta. Abriu-a e antes de sair deixou seu recado – Vai pra casa do caralho, Malfoy!

Ela me deixou sozinho ali, com o corpo ainda quente pela raiva. Aquilo não fazia o tipo de Rose, não a minha Rose. Por mais que Albus a achasse uma megera, não era isso que ela me mostrava a mais de um ano. Rose era doce, preocupada com aqueles que amava, puxava minha orelha quando achava necessário, mas sempre com carinho. Nunca havia me magoado verdadeiramente até aquele momento, contudo pensar que eu tinha algo a ver com seus problemas familiares era muita inocência ou muita ignorância.

Não sabia exatamente o nível de estresse que você precisava alcançar para se tornar uma versão piorada de si, mas ela com certeza havia ultrapassado esse nível.


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