— Sua benção mãe! Jacob beijou carinhosamente a cabeça de sua mãe, Sarah Black sorriu lançando um olhar terno em direção ao único filho, observando ele abaixar-se diante dela e segurar suas mãos em um gesto carinhoso – Se sente melhor hoje? Perguntou ele de forma terna e gentil.

Sarah Black manteve o sorriso em seus lábios tocando o rosto do filho – Eu estou bem, você sabe que eu já conhecia as condições de seu pai querido.

Jacob beijou as mãos de sua mãe levantando-se em seguida- Confesso que não esperava que o velho Billy empacotasse tão cedo.

Ao ver a expressão do filho, Sarah levantou erguendo o olhar para o semblante do rapaz, Sarah Black não era baixa, Jacob era alto, as mãos da mulher pararam novamente no rosto do filho tentando confortá-lo.

—Meu amor, compreendo que sente falta do seu pai, hoje completa um mês que ele partiu e ainda é difícil de acreditar.

— Mãe, eu já disse que você tem que vir para o rancho comigo.

— Estou pensando nessa possibilidade! Ela respondeu enquanto as suas mãos percorriam delicadamente cada traço do rosto do filho- Tenho muito orgulho do homem que se tornou, e seu pai partiu também se orgulhando de você, você é o homem mais integro e lindo que conheço no mundo.

Jacob sorriu com o canto dos lábios – Eu puxei a senhora!

— E a humildade do seu pai! A mãe respondeu.

Ambos sorriram juntos aproveitando o momento de carinho de entre mãe e filho que sempre tinham nos poucos momentos que ficavam juntos, em seguida Jacob passou um dos braços em volta dos ombros de sua mãe e ambos caminharam pelos corredores vazios da grande casa seguindo até a sala de jantar onde já eram aguardados.

— Bom dia, estávamos à espera de vocês! O rapaz falou cordialmente, em seguida abriu a maleta retirando um envelope lacrado de dentro dela.

— Oi Jacob, oi Sara! Embry os cumprimentou.

Jacob sorriu com o canto dos lábios dando espaço para que a mãe se sentasse sentando-se ao lado dela – Meu irmão não veio ao velório do nosso pai, mas para a leitura do testamento chegou bastante cedo, mais é um raio mesmo hein!

— Jacob, filho por favor! Sara tentou contê-lo.

— Raio? Será que pode falar a minha língua, a sua não compreendo! Embry sorriu arrumando o terno.

— Espero que respeitem a memória do pai de vocês e não comecem a brigar justamente hoje! Sara Black se posicionou de forma mais clara e tanto Jacob quanto Embry calavam-se.

O advogado se sentou esperando com que os ânimos fossem acalmados, Sarah sinalizou que estava tudo tranquilo e então o homem pegou os papéis os lendo – Eu posso começar? Perguntou ele.

— Sim Paul! Sara respondeu, Jacob encarou o meio irmão com uma expressão de desaprovação, mas ao perceber o olhar de sua mãe voltou sua atenção ao advogado.

— Eu Billy Black, livre de qualquer induzimento ou coação, desejo lavrar o presente testamento particular no qual exaro minha ultima vontade, pela forma e maneira seguinte: Cinquenta por cento dos meus bens móveis, bens imóveis da cidade , ações, títulos financeiros deixo para minha esposa Sarah Black, os saldos em contas bancarias são de titularidade de Sara, os demais cinquenta por centros dos bens citados anteriormente serão divididos em partes iguais aos meus dois filhos, Jacob e Embry, mesmo Embry Call nunca tenha sido reconhecido perante a lei por mim, deixo a ele o direito a minha herança.

Embry sorriu com o canto dos lábios.

— Continue! Jacob murmurou ansioso.

Paul prosseguiu – As terras do Canyon devem ser divididas da seguinte forma...

Jacob sentiu a tensão dominar seu corpo, as terras eram tudo que ele mais amava, ele renunciaria a todo restante da fortuna de seu pai apenas pela terra, o local onde havia sido criado, após o breve momento de devaneio sua atenção voltou-se ao advogado.

— Vinte e cinco por cento das terras do Canyon são de minha mulher, Sara Black, vinte e cinco por centro deixo a meu filho Embry e vinte e cinco por cento ao meu filho mais velho Jacob...

— Um momento! Embry interrompeu a leitura – Deve haver algum equívoco, você leu vinte e cinco por centro tanto para mim e para o Jacob, somando com o de Sara resulta em setenta e cinco por cento, faltam vinte e cinco.

O semblante de Jacob mudou para preocupação, seu rosto aproximou-se do de sua mãe – Mãe eu não estou entendendo.

Sara segurou sua mão- Acalme-se!

— Vou falar sobre o restante se me permitirem! O advogado falou calmamente.

— Continue Paul! Sara pediu.

Ele assentiu - Os demais 25 por cento deixo para meu primeiro neto, diante das seguintes clausulas: A criança só receberá a herança se tiver sido concebida após a data deste testamento e sua validação no cartório, também deixo como item principal deste testamente que as terras do Canyon não podem ser negociadas, caso aconteça o herdeiro perde os direitos sobre as terras passando para Sara a sua porcentagem.

— Isso só pode ser uma brincadeira! A voz de Embry Call saiu em um som de revolta enquanto ele levantava-se do sofá – Como uma herança é deixada a alguém que nem sequer existe.

— Enquanto o Herdeiro não nascer sua porcentagem deve ficar sobre os cuidados e responsabilidade de Jacob! Paul finalizou.

— Isso é um absurdo!

— Embry peço que baixe o tom de voz está na minha casa! Sarah Black falou com um tom de autoridade.

— Tenho certeza de que a senhora está por trás disso – Continuou Embry – Mas é obvio, Jacob é seu filho, é obvio que deseja que ele fique com a maior parte do Rancho, mas tenha certeza de que eu não vou permitir.

Jacob tomou a frente da mãe – Acho bom você baixar o tom e tomar cuidado com a forma que fala com a minha mãe Embry, ou o próximo testamento a ser lido será o teu!

O tom rude na voz de Jacob fazia o meio irmão recuar.

— Você pode recorrer, porém terá que fazer um exame de DNA e comprovar que é filho legitimo de Billy, e como o documento é legal seria em vão pois não se pode mudar o último desejo de um homem.

Por alguns segundos o silêncio dominou a sala junto com o clima de tensão, Paul tirou mais alguns papéis de sua pasta os colocando sobre a mesa separadamente junto com algumas canetas.

— Preciso que assinem!

Sara Black curvou o corpo assinando o papel, Jacob suspirou assinando em seguida, o olhar dos três se fixou em Embry que prontamente assinou os papéis saindo em seguida de forma apressada.

Jacob desabou sobre o sofá colocando ambas as mãos em sua nuca.

— Jake! Sua mãe se sentou ao seu lado tentando confortá-lo.

— Não entendo por que o pai fez isso comigo, eu sempre dei duro naquelas terras!

— Eu sei querido, e minha parte é sua.

—Mãe se o Embry obtiver a outra parte mesmo que eu represente você ele vai ter voz ativa no Racho, Embry é muito ambicioso, parece um matungo.

Paul sorriu ao ouvir a expressão do amigo – O que seria matungo?

—Uns cavalos que temos no rancho, são ruins demais! Jacob explicou ainda com a preocupação presente em seu rosto – O que eu faço?

— Porque não se casa, tem um bebê! Sugeriu o amigo advogado arrumando os documentos em sua pasta.

— Tá doido? Respondeu Jacob instantaneamente, sua mãe franziu as sobrancelhas lançando sobre ele um olhar de curiosidade.

— Querido por acaso você é? Ela não conseguiu completar a frase.

O silêncio da sala fora quebrado com o alto gargalhar de Paul, Sara Black o lançou um olhar de incompreensão e Jacob olhou para a mãe.

—Mãe a senhora está perguntando se eu sou? Ele perguntou balançando a munheca de forma divertida.

Paul curvou-se no sofá entre risos e pedido de perdões.

— Mãe a senhora tá me estranhando?

— Desculpe! Sara falou constrangida.

— Relaxa Sara, Jacob e um Poule de 10, desejado e cobiçado entre as mulheres da vila, o problema e quando ele abre a boca! O Amigo explicou divertindo-se com a cara que Jacob Black fazia – Sensível quanto uma mula, doce quanto um limão!

Jacob bufou – Meu pai não podia ter feito isso comigo!

— Querido! Sua mãe tentou acalmá-lo.

— Eu preciso pensar mãe! Ele falou gentilmente dando um beijo na testa de Sara, em seguida pegou um molho de chaves que estavam pendurados próximo a porta e saiu de casa, pode ouvir o som da voz de sua mãe o chamando mas a ignorou, abriu a porta da caminhonete e entrou na mesma colocando a chave e saindo de forma apressada.

Rodou a cidade durante o restante do dia, não havia ninguém que amasse mais aquelas terras que ele, o povo, seus amigos, seus animais, durante o restante do dia seus pensamentos pertenceram apenas ao Racho e em busca de uma solução para não perder a sua paixão.

Sabia que a aquela altura Embry já estava cuidando de dar um herdeiro a falecido Billy Black, seu irmão tinha uma noiva, já ele era namorador mais nunca havia se apegando a ninguém, vivia para a terra e para os cavalos do Rancho.

Quando caiu em si já havia anoitecido, olhou para o celular ignorando as inúmeras mensagens e ligação de Sara e Paul, uma fina chuva chamou sua atenção para a estrada enquanto seguia pela  Golden Gate Bridge, em meio a escuridão as luzes do farol da sua caminhonete focaram sobre uma mulher caminhando lentamente debaixo da chuva que começava a se tornar mais forte.

— Estou vendo visagem agora? Ele murmurou, porém por alguma razão um pouco mais a frente decidiu estacionar o carro, abriu a porta e saiu retornando a pé pela ponte.

Jacob andou por alguns metros somente quando mesmo com dificuldades devido a escuridão e a chuva viu a garota debruçada sobre a mureta de aço da ponte prestes a saltar no rio São Francisco.

— EI! Jacob gritou, um vento forte bateu trazendo algumas gotas mais fortes da chuva, a mulher virou o rosto em sua direção e seu olhar se prendeu ao dela.

— POR FAVOR, NÃO FAÇA ISSO! Ele gritou dando alguns passos em direção a mulher que o ignorou voltando a olhar para o mar.

— QUAL O SEU NOME ? Ele gritou.

— Não se aproxime! Ela respondeu voltando a olhar para ele.

Jacob deu mais alguns passos e parou tentando não a assustar, percebeu o quanto era bonita, tinha os cabelos cor de cobre, um rosto de menina e um olhar triste e doce – Olha, não faça isso, eu posso ajudar você, por favor não faça isso!

Mas ela o ignorou, o espanto dominou o rosto do Cowboy quando o corpo dela se debruçou sobre a mureta, impulsivamente Jacob correu e saltou sobre a garota.