Little Things escrita por Siaht


Capítulo 8
VIII. cruel summer


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas lindas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, eu quero dedicar esse capítulo a Foster pela recomendação maravilhosa que ela fez. Sério, sua linda, muito obrigada por recomendar e por todos os elogios que eu fico até sem saber como responder! ♥
Espero que gostem! ♥



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VIII

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{cruel summer}

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O garoto estava deitado na grama. Os pés descalços. Os olhos cinzentos presos ao céu cinzento. As nuvens estavam carregadas, o dia completamente nublado. Uma tempestade de aproximava. Scorpius Malfoy sabia que deveria se levantar e buscar abrigo em casa, antes que a chuva desabasse. Ainda assim, não sentia vontade alguma de adentrar cômodos da Mansão Malfoy. O jardim se tornara seu refúgio desde que o verão começara. Era o único lugar em que conseguia respirar.

As primeiras gotas de chuva começaram a cair sobre seu rosto e o menino se pegou pensando em Rose Weasley. Rose que gostava de se sentar descalça – e com seus óculos de estrela – no gramado de Hogwarts. Rose que dançava na chuva. Rose que, assim como Albus, o enviara inúmeras cartas o convidando para ir até a casa dela ou comparecer a algum evento n’A Toca. O garoto se sentira agradecido pelos convites e por todas as mensagens que os amigos lhe enviavam quase diariamente. Se sentia feliz por não ter sido esquecido. No entanto, recusara educadamente todas as ofertas. Todas elas pareciam “cheias” demais e Scorpius precisava ficar um pouco sozinho naquele momento. Ou talvez quisesse apenas continuar sentindo pena de si mesmo. Provavelmente um misto das duas coisas.

O menino passou mais algum tempo ali, deixando que a água lavasse seus receios, antes de finalmente voltar para casa. Estava encharcado da cabeça aos pés.  

— Scorpius? — o pai o chamou, assim que ele colocou os pés na sala. — O que você estava fazendo?

O garoto deu de ombros.

— Só estava lá fora.

— No meio dessa tempestade? Você está ensopado, vai pegar uma gripe se não for se secar logo.

— Então é melhor eu ir me secar, não é mesmo? — ele respondeu seco.

— Scorpius... — Draco começou, mas o adolescente apenas o ignorou, enquanto subia as escadas em direção ao quarto. Atitude que poderia resumir a maior parte das interações que haviam dito durante aquelas semanas. Draco tentava desesperadamente alcançar o filho, mas Scorpius estava sempre lhe escorrendo pelos dedos.

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O som de uma batida na porta sobressaltou o garoto que estava deitado em sua cama, tentando se concentrar em um livro de mistério que Rose havia lhe emprestado.

— Sua mãe vai se atrasar. — Draco informou, parado no portal. Scorpius sentiu uma vontade instantânea e inexplicável de revirar os olhos — O que você quer para o jantar?

— Tanto faz. — o menino disse, sem tirar os olhos do livro.

— Scorpius...

— Não estou com fome.

O pai respirou fundo, cruzando os braços sobre o peito. A chuva ainda caia do lado de fora. Intensa e sem misericórdia. Um relâmpago cortou o céu.

— Isso vai acabar em algum momento?

— Isso o que?

— Seu comportamento.

— Não sei do que você está falando.

— Ah, não? — o homem riu sem humor — Você pode, pelo menos, me olhar enquanto eu falo com você?

Scorpius engoliu em seco, ainda encarando a página do livro. Incapaz de se mover. Incapaz de levantar a cabeça. Incapaz de olhar o pai nos olhos. Não conseguia olhá-lo de verdade desde que voltara de Hogwarts.

— Scorpius, converse comigo. Me fale o que está errado. O que eu posso fazer para consertar. — a voz de Draco soou tão quebrada, tão desesperada, que fez com que o filho finalmente o encarasse. Ele parecia mais pálido do que de costume, mais magro e tinha olheiras escuras abaixo dos olhos, indicando que não vinha dormindo bem. Por um segundo, o menino se sentiu culpado pelas semanas de tratamento gélido que vinha dedicando ao homem. — Scorpius, por favor... — Draco suplicou.

O garoto passara meses achando que quando finalmente confrontasse o pai o faria aos berros. Que iria explodir e gritar e xingar. Mas já não havia calor em sua raiva. Ele estava cansado e triste e decepcionado. Sua ira era fria, suas palavras calmas e afiadas como estacas de gelo.

— Você não pode consertar isso.

— Scorpius...

— Todo mundo em Hogwarts me odeia. Por sua causa. Pelo que você e os meus avós fizeram na guerra. Porque foram Comensais da Morte. Porque depois traíram os Comensais da Morte. Todo mundo acha que eu sou igual a você e eles me odeiam e têm medo de mim e não me querem por perto. Todos os dias eu vou para a aula com pessoas que perderam parentes na guerra, que tiveram pais machucados ou torturados por serem nascidos-trouxas ou mestiços. E todos eles me odeiam. E você sabia que ia ser assim e sequer se deu ao trabalho de me contar a verdade.

— Eu contei...

— Mentira! — o garoto afirmou, ainda surpreso com a própria calma — Você me falou sobre erros, não sobre ser um supremacista. Tem uma diferença, pai, e eu tive que aprendê-la sozinho.

— Scorpius...

— Mas o pior é que eu não consigo entender. Eu não consigo entender como você pôde fazer isso? Por que você escolheu esse lado?

— As coisas não são tão simples.

— Isso não é verdade.

— Você não entende, eu fiz o que tinha que fazer para ficar vivo, para que a minha família ficasse viva. Eu não queria... Eu nunca quis...

Mas o menino não queria ouvir. Não de verdade. Aos 11 anos, não existe meio termo. Não existem tons de cinza. O mundo inteiro é dividido entre bem e mal.

— Então não devia ter feito.

— Não é tão simples.

— É claro que é.

— Eu tinha 16 anos, não sabia o que estava fazendo. Estava com medo. Não tive escolha.

— ...

— Scorpius...

— Não.

Scorpius, por favor...

— Eu não quero saber. Eu odeio você.


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Notas finais do capítulo

Acho que eu escrevi esse capítulo umas três vezes e nem sei se estou completamente satisfeita com ele. Foi realmente o mais difícil ate agora. Mas essa versão acabou sendo a que me fez mais sentido, principalmente pela raiva gelada do Scorpius. Não era a ideia inicial, mas pareceu "certo" e conversar mais com o personagem.
Enfim, espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos,
Thaís