Little Things escrita por Siaht


Capítulo 5
V. rose-colored girl


Notas iniciais do capítulo

Olá, suas lindas!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, hoje demorou um pouco mais, mas finalmente saiu.
Espero que gostem! ♥



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V

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{rose-colored girl}

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— Sabia que te encontraria aqui. — a voz feminina –e tão conhecida – fez o garoto se virar, encontrando olhos castanhos, sardas e um sorriso radiante.

— Oi, Rosie. — o menino disse, voltando sua atenção para as plantas a sua frente.

Scorpius Malfoy estava há horas escondido nas estufas. Ainda assim, se alguém perguntasse, negaria veementemente aquele fato. É claro que não encontraria nenhuma boa justificativa para estar ali. As aulas haviam acabado, as atividades acadêmicas sido concluídas, todos voltariam para casa no dia seguinte.

— Al está preocupado com você. — Rose disse, se aproximando.

Os cabelos ruivos estavam presos em um coque, alguns cachos escapando, uma pena azul se destacando entre eles. Scorpius tinha certeza de que a menina a prendera ali, após escrever alguma coisa, e se esquecera completamente. Passaria horas procurando pela pena, assim que precisasse dela novamente. A constatação quase o fez sorrir.

— Por quê? Eu estou bem. — afirmou, dando de ombros.

A garota arqueou uma sobrancelha. Do jeito que ele sabia que faria.

— É por isso que está se escondendo nas estufas? — ela indagou, apoiando as costas na mesa de madeira.

— Não estou me escondendo, estou cuidando dos Botões-de-Prata. — no fim, não era de todo mentira. Ele estava cuidado dos Botões-de-Prata, mas apenas porque se escondera ali, em primeiro lugar, e isso despertara seu tédio. — Você não quer que eles morram depois de todo o trabalho que tivemos esse ano, não é?

— Tenho certeza de que o tio Neville não vai deixar que eles morram. — a Weasley revirou os olhos. Um leve tom de exasperação em sua voz, algo que soava como “por favor, Malfoy, pare de mentir para mim”.

No entanto, não foi isso que chamou a atenção do garoto. Seu cérebro ainda ecoava o “tio Neville”. Para Rose – e para Albus também –, o professor Longbottom era praticamente um membro da família. Uma família que, por si só, já era grande demais. Às vezes Scorpius se perguntava como teria sido crescer assim: cercado de tantas pessoas, de tanto afeto, de tanto calor. Como seria ter laços com tantos parentes e tantos amigos.

Não conseguia sequer imaginar. Não havia muitas pessoas na vida dos Malfoy, afinal. Eram seus pais, seus avôs, tia Daphne, tio Theodore e os gêmeos deles: Georgina e Alexander. Os primos eram apenas três anos mais velhos, mas – naquela fase – aquela parecia uma diferença gigantesca. Além disso, os gêmeos sempre pareceram uma unidade impenetrável, uma instituição que não permitia a entrada de mais ninguém. Georgina e Alexander. Alexander e Georgina. Os dois contra o mundo. Estar no mesmo cômodo que eles apenas fazia com que o garoto desejasse ter irmãos – um sentimento que aumentava sempre que ele ouvia Albus e Rose falando sobre os próprios irmãos. Infelizmente Draco e Astoria não podiam ter mais filhos. O nascimento de Scorpius havia sido complicado e quase matara sua mãe. Ela conseguira se salvar, mas perdera seu útero no processo.

Então, eles eram uma família pequena. E seus pais não eram exatamente populares. Blaise Zabini e sua esposa, Pansy, eram alguns dos poucos que frequentavam a Mansão Malfoy com regularidade. Talvez um ou outro dos colegas de trabalho de sua mãe. Mas definitivamente não eram muitas pessoas e, mesmo essas, Scorpius jamais ousaria chamar de tio ou tia.

Por toda sua vida, ele achara aquilo normal. As coisas eram o que eram. E, em sua visão infantil, julgara que era assim para todo mundo. Que todas as pessoas tivessem famílias pequenas e poucos amigos. Mas agora o garoto sabia que aquilo não era verdade. E sabia principalmente o motivo de sua família viver tão isolada.

— Bom, eu ainda quero me certificar de que os meus Botões-de-Prata ficarão bem, antes de partir. — o rapaz acabou se surpreendendo ao perceber a verdade daquela afirmação. Não fora o motivo que o levava até ali, era óbvio, mas ele realmente se preocupava com aquelas plantas. Cultivá-las fora uma de suas coisas favoritas durante o ano letivo e Herbologia fora surpreendentemente à matéria que mais lhe interessara. Scorpius gostava de estar nas estufas, de colocar as mãos na terra, de ver algo nascer, de descobrir todas as coisas fascinantes que esse algo poderia fazer e de mantê-lo vivo, crescendo forte. Gostava de plantas. Além disso, o fato de elas serem infinitamente mais fáceis que seres humanos era um bônus bastante apreciado.

 — Só isso? — Rose insistiu, estreitando os olhos.

O garoto deu de ombros.

— Sim.

— Se você não quer me contar, tudo bem. Mas eu sei que você está escondendo alguma coisa. Você é um péssimo mentiroso, Scorpius Malfoy.

Um fato sobre Rose Weasley era que às vezes ela poderia ser impaciente. Muito impaciente. E um tanto áspera em suas abordagens.  Não era por mal. Ela queria que as coisas fossem boas e que as pessoas fossem felizes. Queria especialmente que seus amigos fossem felizes. Gostava de ajudá-los. Gostava de fazê-los enxergar a vida de uma forma cor-de-rosa. No entanto, se frustrava quando não conseguia atingir seus objetivos. Especialmente se não conseguisse fazer isso de uma forma rápida. E se frustrava ainda mais quando não conseguia fazer sequer com que o amigo em questão revelasse o que estava errado. O que ela precisava consertar.  

Albus costumava dizer que a prima desejava implantar uma “ditadura da felicidade”. E talvez ele não estivesse errado. Às vezes aquilo era demais para Scorpius. Às vezes ele só queria se sentir um pouco triste. Um pouco mal-humorado. Um pouco injustiçado pelo mundo. Às vezes ele só queria se esconder nas estufas e ficar com suas plantas, seus pensamentos, seu silêncio. Às vezes Rose Weasley o irritava.

— Talvez eu seja. E daí? — ele questionou, erguendo o queixo de forma arrogante. Havia muito de seu pai no gesto. Havia meses de sentimentos sufocados no gesto.

— Você não vai mesmo me contar? — a menina cruzou os braços sobre o peito.

— Não.

— Ótimo, eu tenho mesmo mais o que fazer do que aguentar seus dramas.

— Não me lembro de ter te chamado aqui.

— Eu só queria te ajudar!

— Eu não pedi a sua ajuda!

— Ingrato!

— Intrometida!

— Eu vou embora.

— Já vai tarde.

— Okay.

— Okay.

E então Rose lhe deu as costas e marchou a passos duros até a saída, se lembrando de bater a porta com toda sua força. Scorpius suspirou exausto assim que se viu sozinho. Aquilo definitivamente não acabara bem.


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Notas finais do capítulo

Porque nem tudo são flores haha
Não sei se ficou claro, mas essa briga foi fruto de pequenas frustrações do Scorpius com a Rose e da Rose com o Scorpius também ao longo do ano. Aquelas coisas que a gente não resolvem e só vão se acumulando.
Eu juro que não vai demorar para eles se entenderem.
Enfim, espero que tenham gostado! ♥
Beijinhos,
Thaís