12 - Mais uma manhã...

PDV GREGORY

Tá, tudo bem... é muito bom fazer certas coisas, mas PRESENCIA-LAS, ai o negocio é mais embaixo. Juro que me senti empolgado e quis sair... para ir atrás de uma certa loira...

Já falei que adoro loiras? E que as adoro mais ainda quando são muito más? Tudo bem, eu sou o tipo de cara que ama ser chutado. Sim, quanto mais me "batem", mais eu gamo. Um chiclete gostoso e saboroso...

E aquela tal de Sandy... hmmmmmmm... sei não. Irei rastrear ela. Oh merda, agora tenho que ficar ouvindo a melosidade dos dois no apartamento ao lado. Eu mereço ¬¬

Melhor tentar dormir... é, é o melhor a se fazer! Não quero despertar a fúria selvagem em mim e sair para o "bairro da luz vermelha". Porque lá tem mulheres semi-nuas dançando em vitrines e...

-OK, já chega! - resmunguei e fechei os olhos.

[...]

Fazem duas horas que eu to tentando dormir e simplesmente não consigo. E a cada minuto a idéia de ir atrás de Sandy parece mais tentadoramente atraente. Isso deve ser loucura! Porque o abestalhado do Luke não entra aqui e me dá umas porradas? Assim eu paro de pensar nela... ¬¬

Rá, ótimo... aposto que ele esta me ouvindo e dando risada. Ou só para mim não ouvir, esta prendendo a risada. Mais eu sei que ele esta me ouvindo... "Já que você me ouve, Sunders, vo aproveitar para ti xingar... Pervertido aproveitador de garotas indefesas... idiota masoquista... imbecil demente... chato de galocha..."

Parei de insultá-lo ou então ele ia explodir de tanto segurar a risada. É incrível como ele se diverte as minhas custas ¬¬ Eu ate pareço o bobo da corte dele. Eu por um acaso tenho cara de palhaço? Tenho?

-Ok, não me responda espertinho! - resmunguei.

Levantei-me e sai de casa e do prédio. Eram 5h48min AM. Ainda era cedo demais. Mas eu não queria mais ficar dentro de casa. Isto estava me sufocando. Minha cabeça estava um turbilhão. E eu não queria usar nenhuma mulher agora... sim, eu as uso e depois faço-as se esquecer de mim.

Entendam... seria embaraçoso eu estar numa boate com três gatinhas e chega mais duas tendo um típico ataque de ciúmes e possessão. E saibam, isso não é legal e queima meu filme em frente as outras mulheres... Por isso, eu sempre uso meu tom persuasivo e as faço esquecer de mim. Bom, só parcialmente... elas se lembram de ter feito sexo com um cara... galanteador e muito bonito...

Só ai percebi que já estava bem afastado do apartamento comunitário. Estava no lugar que as casas-barco ficam encostadas (ou seria ancoradas?). Apoiei os braços no parapeito da grade, apenas observando a quietude do ambiente. O sol estava começando a nascer e nenhum sinal dos humanos apressados igual Nova Iorque. Quer dizer, aqui era movimentado, mas em menos intensidade do que a de lá. Foi quando senti o aroma...

Lavanda amadeirado com um toque incomum... Sorri. Ela me achou!

PDV ANNIE

Eu podia ouvir... mas eu não queria me levantar. Meu celular vibrava em algum canto do meu quarto, mas eu não queria levantar! Rolei na cama e coloquei o travesseiro sobre a face. O "mugido" do vibrador do celular reiniciou, pertubando-me.

-Seu celular esta tocando... - uma voz soou perigosamente perto do meu ouvido. Levantei a cabeça abruptamente.

-BRYAN!? - praticamente gritei. - Ops... eu quis dizer Luke! - corei mordendo o lábio inferior. Ele sorriu meigamente. Estava sentado numa poltrona no canto do quarto. -Você viu meu...?

Ele me estendeu o celular que não parava de vibrar. Dei uma rápida olhada no relógio: 8h10min. Fitei o visor do celular. A palavra MAMÃE piscava freneticamente.

-Alo?! - atendi. Luke deu um sorriso educado e se levantou, presumo eu, para me dar privacidade. Chamei-o com o dedo e com um sinal, pedi para ele se sentar perto de mim. E assim ele o fez.

-OH... - houve um choramingo do outro lado da linha. - Ah minha filha... - e agora vieram às lagrimas. Tanto dela quanto as minhas.

-Oi mãe! - funguei e Brya... digo, Luke afagou meu joelho.

-Sua danadinha, porque não nos ligou?! - perguntou brava. Revirei os olhos e sequei as lagrimas do meu rosto com a manga do pijama preto que estava usando.

-Ah mãe... não faz nem dois dias que nos falamos! Eu queria ter novidades... - falei com a voz embargada. Encontrei o olhar de Luke, que havia parado de afagar meu joelho. Movi os lábios, num gesto sem som: "O que houve?!"

-MIGUEL, ELA ATENDEU... VEM FALAR COM A SUA FILHA! - mamãe gritou. Luke apontou pra si mesmo e depois pra mim e perguntou sem som também: "Vai contar?!"

Engoli seco.

-Como esta querida? Você esta bem? Esta tomando aquele copo de leite por dia? Conte-me tudo...

-Ora pois, deixe a menina responder pelo menos a primeira pergunta meu bem... Ola minha filha! - papai disse com seu sotaque português.

-Ola papai... - eu estava encabulada com a pergunta do Luke e estava sendo difícil me concentrar na tagarelice do celular. - Estou bem mãe... e o leite, eu quase não estou tomando! - revirei os olhos.

-O QUE?

-Que bom minha filha... oh meu Deus, tua mãe esta tendo uma sincope... e mandou perguntar: porque não tomou o leite?!

-Porque eu to tomando suco de frutas todo dia de manhã... - expliquei. Minha mãe tem obsessão com o pobre leite. Ela ficou frustrada ao saber que o papai tem tolerância a lactose. Luke estava deitado com as mãos na barriga, rindo silenciosamente.

-Ah... - ouvi a respiração dela. Luke estava ficando vermelho. ¬¬ - Menos mal...

-E vocês, como estão? - perguntei mudando de assunto e dando um cutucão nele, que arfava e secava as lagrimas.

-Bem!

-Com saudades! - responderam juntos. - Volte para casa, meu amor... estou definhando em saudades suas! - mamãe choramingou e eu vi ele se sentar de costa pra mim. É, ele ficou desconfortável... mas com o que? Será que o volume esta tão alto que ele esta ouvindo a conversa?!

-Mamãe, essa historia de novo não... - resmunguei triste. Toquei-lhe o ombro, Luke se voltou pra mim com o olhar distante e com um sorriso pequeno.

-Miguel, pegue água com açúcar pra mim! - pediu.

-Rá, essa é boa! Você tem pressão baixa... - papai falou. Reprimi o sorriso, a discussão com coisas banais era tão parecida com eles. Eu sentia falta disso...

-Tudo bem... então pegue chá gelado! - sugeriu. E não ouvi a resposta dele. - Dentro de 50 minutos tua irmã esta chegando! - atirou para cima de mim.

-Ann? Ann, você esta bem?! - Luke sussurou analisando-me atentamente. Acho que eu estava mais branca que leite.

-Mãe, me diz que isso é mentira! - pedi fechando os olhos e senti um frio na espinha.

-Ela queria ir direto pra ai... mas seu pai a convenceu a ficar algumas horas com a gente! - disse animada. Engasguei.

-HORAS?! - gritei incrédula.

-Sim... - respondeu na defensiva. Ela sabia que eu alimentava uma apatia por Hannah, mas não sabia o motivo. - E... elavaificarnasuacasa!

-Annie? - Luke me chamou. Não dei sinais de que estava lúcida, então ele me cutucou.

-É demais pra mim... - sussurei esfregando a testa. Senti um terrível dor de cabeça chegando... ¬¬ - Mãe, tenho que desligar!

-Ah... - soltou um murmúrio desanimado. - Tudo bem, eu ti passo um sms falando à hora que a Hannah vai chegar ai! 

-Tudo bem... beijo mãe e abraço no papai! - me despedi e desliguei o celular. Deitei pesadamente na cama. -Rá, ótimo! - murmurei sarcasticamente.

-Você esta... bem?! - ele perguntou hesitante. O fitei.

-Não... - gemi fechando os olhos. Senti sua mão em minha testa e seus dedos pressionarem meu pulso.

-Você não tem febre e o seu coração esta bem, assim como sua pressão esta normal. O que foi? É algo interno?! Sente dores? Talvez você deva ir ao medico...

-Eu to bem... - falei e ele me olhou como se eu fosse um E.T. - Fisicamente!

-E isso significa que...?

-Minha irmã esta chegando... - falei sem animo algum. - Ah... preciso de um carro! Você tem um? - perguntei. Ele negou com a cabeça.

-Eu ainda não entendo... você não deveria ficar... feliz?! - franziu a testa.

-Experimente tentar ficar feliz quando sua irmã é prepotente, egoísta, narcisista e não ti da o devido valor... ai você vem me dizer pra ficar feliz! Mais só depois de testar tudo isso... - reclamei levantando-me da cama.

-Me desculpe se eu fui... - ele também se levantou, quer dizer, eu acho, pois vi pelo canto do olho. Eu estava de costa para ele e me dei conta de que fui seca com ele que não tem nada a ver com meus problemas.

-Perdoe-me... - encostei-me à porta do banheiro e deslizei ate o chão. - Eu fico nervosa só de saber que ela esta chegando... e eu queria descontar essa raiva em alguém! Lamento se você foi a vitima... - dei um sorriso de desculpas.

-Gostaria de saber o que aconteceu... - falou dando-me sua mão para me ajudar a levantar. Ele me abraçou delicadamente.

-Um dia eu ti conto toda a historia! - murmurei contra a pele do seu pescoço. Ali era tão confortável *-*

-Então... você vai ter visita? - e pude ouvir a risada em sua voz musical. Eu ri junto, mas achando graça do meu repentino estresse. É, acho que eu tava ficando louca e...

PDV RICHARD

-A onde você foi essa madrugada, meu filho? - mamãe me perguntou quando lhe servi café pingado com leite e chá. Argh... eu ainda me pergunto como ela bebe isso. Credo!

-Lugar nenhum, mãe... - falei sentando-me a pequena mesa que tinha na cozinha.

-Arram, sei... - resmungou. - Eu sou sua mãe e sei quando esta mentindo! - disse num tom mandão. Desviei os olhos. - ARÁ! - esbravejou. - Esse é um sinal de que esta mentindo...

-Ok... - suspirei. "Não tem jeito algum de mentir pra ela... ¬¬" - Eu fui ate o apartamento dos Collins!

-De Emillya... - corrigiu. - E o irmão, claro! - complementou fazendo uma careta.

-É... - me permiti falar só isso. Dei uma dentada no pão com manteiga.

-O que você foi fazer lá? - perguntou enquanto passava geléia numa torrada.

-Hãn... - hesitei. Será que eu podia dizer sem causar um aborto nela: "dar uns pegas na Emy, mamãe!" - Conversar... - falei dando de ombros.

-Claro! - concordou. - Aposto que a conversa acabou no sofá! - e gargalhou.

- O_O o que?!

-Eu não sou idiota, meu filho! Como acha que fiquei grávida? Colocando uma semente de abobora no umbigo?! - e riu mais alto ainda enquanto eu fazia cara de imbecil. - Mais tudo bem... você esta vermelho e deve estar constrangido! Eu sei bem que tipo de conversa vocês tiveram...

-MÃE!

-A conversa envolve muita saliva, língua e mãos bobas! - e gargalhou de novo.

-Você é terrível! - falei rindo junto com ela.

-Eu sei meu bem! Eu sei... - e parou no meio da frase e arregalou os olhos. Preocupei-me. Entendam, ela já teve 2 quase-aborto.

-Mãe? Tudo bem!? Mãe... diga, mamãe! - pedi nervoso ao seu lado, ao ver lagrimas encherem seus olhos.

-Mexeu... - sussurou. Franzia a testa. - O bebe mexeu, meu bem! Ele chutou... - falou com a voz emocionada.

-Posso sentir, mãe? - perguntei igualmente emocionado.

-Claro! - ela pegou minha mão e a pôs sobre a pequena saliência em sua barriga. - Sente?

E foi mágico. Eu senti meu irmãozinho me cutucar a minha mão. Sorri para ela. Não precisava de palavras para confirmar. Eu o senti! *-* Às vezes ser filho único é bem irritante. Ainda mais quando seu pai ti abandona antes mesmo de nascer. Foi o que o meu pai fez... e a mesma coisa aconteceu com meu irmão que ainda nem nasceu ¬¬ Mas ele vai ter a mim... e a mamãe!

-Sentiu?! - perguntou.

-Sim... - sussurei. Ela limpou as lagrimas com a costa da mão.

-Vá... ou então vai se atrasar pro trabalho! - disse gentilmente. Assenti e me levantei. Dei um beijo em sua testa e sai do apartamento. Mais um dia de trabalho... suspirei. Eu estava com o pressentimento que hoje algo ruim ia acontecer! Mas nada tão grave... Balancei a cabeça.

-Devo estar viajando! - murmurei entrando no elevador.

FIM DO CAPITULO