A Bruxa escrita por Priy Taisho


Capítulo 4
IV - Quartum


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Segunda atualização em menos de dois dias hein? Ahahahaha
O início desse capítulo tem uma passagem de tempo!
Espero que gostem,
Boa leitura!
PS: capítulo ainda não revisado hehshehe



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IV - Quartum 

A mulher estava sentada a beira da cama e mantinha os olhos fixos na porta do quarto, que naquele momento permanecia fechada.
A pouca iluminação provinha da janela e vazava por entre as cortinas escuras, permitindo que ela pudesse ver que já havia amanhecido. Apesar de tantos anos, ela raramente conseguia fugir dos costumes que estavam impregnados em seus ossos.

Levantou-se em silencio, olhando pelo canto dos olhos o homem que estava deitado em sua cama e ressonava tranquilamente. Conseguia lembrar que quando o havia conhecido, Sasuke possuía o sono tão leve quanto o de uma pena.

Isso talvez fosse consequência da época em que viviam, onde a atenção devia ser constante pela falta de proteção em suas casas.

Agora, abrigado pelas paredes do apartamento moderno de Sakura, era compreensível que ele conseguisse dormir muito mais do que ela. Ele não tinha suas lembranças para atormentá-lo.

Com isso, a Haruno saiu do quarto, segurando entre seus dedos a caixinha que ela ainda não estava habituada a usar e que era chamada de celular.

Ela ligou a cafeteira e aguardou em silêncio até que tudo ficasse pronto.
Beber café era uma das dádivas da modernidade das quais Sakura jamais abriria mão.

Ela havia adquirido o hábito na Itália, tantos anos antes, provando os expressos quando eles ainda eram novidade para os humanos – e obviamente, para ela também.

O aroma era reconfortante e o líquido quente lhe fornecia uma energia que ela julgava necessária para iniciar mais um dia em sua maldita eternidade.

Apoiou o corpo contra a ilha da cozinha e ergueu a xícara de porcelana branca até seus lábios, enquanto os raios de sol adentravam a janela com intensidade.

Ela fechou os olhos, no mesmo instante em que notou que a porta do quarto tinha sido aberta e que passos quase imperceptíveis aproximavam-se dela sorrateiramente.

— Algum problema com a cama hoje? – Sakura perguntou com leve diversão e obteve um resmungo como resposta. – O que foi? – Ela abriu os olhos para observa-lo.

Sasuke usava apenas uma cueca boxer preta e passava a mão pelos cabelos desengrenhados repetidas vezes numa tentativa falha de expulsar os resquícios de sono. Ele parecia manhoso, com os olhos irritados pela claridade e inchados pelo sono.

— Por que têm que levantar tão cedo? – Ele perguntou com a voz rouca, aproximando-se da mulher para abraça-la demoradamente. O Uchiha apoiou o queixo contra o ombro dela e fechou os olhos preguiçosamente. – Minha companhia na cama é tão ruim assim? – Questionou com provocação fazendo com que Sakura risse.

— Se sua companhia fosse ruim, eu já o teria dispensado há muito tempo.

Sasuke riu baixo e pressionou suas mãos contra a cintura de Sakura, estreitando ainda mais o abraço entre eles.

— As vezes me esqueço que sua língua é afiada.

— Estou aqui para garantir que você não se esqueça. – Sakura deu um sorriso ladino que Sasuke não conseguiu ver, mas que ele podia imaginar perfeitamente. – Quer café?

— Por favor. – Sasuke pediu em um resmungo, mas não fez menção de se afastar. – O que pretende fazer hoje?

— Tsunade quer minha ajuda no antiquário. – Sakura respondeu pensativa. – Disse que recebeu umas caixas bem interessantes e quer minha ajuda para organiza-las.

— Ainda não entendo como você pode gostar de trabalhar com quinquilharias. – Sasuke alfinetou em um tom divertido. – Mas de alguma forma, combina com você. – Acrescentou afastando-se dela, mas não antes de depositar um beijo demorado em sua bochecha.

— Não é educado chamar uma mulher de velha. – Sakura o repreendeu e Sasuke riu, enquanto enchia uma xícara com café.

— Você não é velha, Sakura. – Sasuke discordou apoiando-se em um balcão. – Embora as vezes fale como uma. Não que eu esteja reclamando, não há nada em você que eu mudaria.

— Tem certeza? – Ela arqueou as sobrancelhas.

— Talvez mudaria o fato de que você é extremamente certa quando se trata de convites formais. – Sasuke respondeu com displicência. – Enfatizar que não havia um convite para mim foi cruel.

— O que você chama de cruel, eu chamo de sinceridade. – Sakura ergueu a xícara em um pequeno brinde e ele lhe acompanhou. – Mas peço desculpas se isso te magoou.

— A verdade é que apenas feriu meu orgulho. – Sasuke confessou com tranquilidade. – E sendo sincero, não me importo com isso. Não mudaria isso em você também. – Ele concluiu pensativo.

— E por que não? – Sakura depositou a xícara vazia sobre o balcão e aproximou-se do Uchiha para observa-lo de perto. – Pode ser que eu encontre uma lâmpada mágica hoje. É sua oportunidade de ouro.

— Perderíamos as noites da reconciliação se você mudasse. – Sasuke murmurou abandonando a xícara para envolver a mulher em um abraço novamente. – Eu particularmente gosto. É selvagem e você mexe comigo de uma maneira diferente a cada vez. – Ele continuou encostando o nariz gelado no rosto dela. – Que se dane o meu orgulho, você pode quebra-lo quantas vezes quiser.

— Você é muito galanteador. – Sakura sorriu ao senti-lo beijar seu rosto com cuidado. – Onde aprendeu isso?

— Devo ter sido um poeta renomado em minha outra vida. – Sasuke disse convencidamente e Sakura riu. – Talvez um bardo que cantasse milhares de músicas românticas sobre as damas que conheceu.

— Então você foi um conquistador?

— Até encontrar você. – Sasuke respondeu aproximando seus lábios dos dela. – Tenho certeza de que sempre fui apaixonado por você.

A Bruxa 

Após o incidente no vilarejo, Sakura havia ficado silenciosa como um fantasma. E Sasuke, que nunca fora um superticioso começava a acreditar que era daquela maneira que os espíritos vagantes poderiam parecer.

A casa do taverneiro era do tamanho perfeito para ele. Havia uma sala, com uma poltrona confortável e um sofá que podia acomodar três ou quatro pessoas, um tapete estava esticado sobre o chão e as chamas da lareira crepitavam tranquilamente, enquanto a mulher as observava com um olhar vago.

Na cozinha, a chaleira velha começava a apitar enquango a água fervia, ao lado dela, uma panela metálica ameaçava derrubar a tampa enquanto o ensopado estava sendo preparado. O cheiro era bom, fazia com que o estômago de Sasuke roncasse, mas não parecia ser o suficiente para despertar Sakura de seu torpor.

O homem rumou até o quarto e puxou uma manta amarela de dentro do armário, cobriu a mulher e não obteve nenhum sinal de resposta.

Sem saber o que fazer, Sasuke rumou para a cozinha e lá permaneceu por um bom tempo, desviando seus olhos escuros para a figura imóvel em sua sala.

— Me desculpe pela confusão que causei hoje. – A voz de Sakura quebrou o silêncio. – Acho que me descontrolei. – Ela desviou os olhos da lareira e olhou para Sasuke que havia parado seus afazeres na cozinha para observa-la.

— Não tem porquê se desculpar.

— Fiz com que você batesse em um homem.

— Faço isso todos os dias. – Sasuke ergueu os ombros com descaso. – Você apenas me deu um bom motivo.

Sakura ergueu-se do sofá e atravessou o curto espaço que a separava de Sasuke, abraçando-o por trás. O homem a olhou por cima do ombro, mas ela havia apoiado a testa em suas costas, ocultando seu rosto.

— Sinto muito por ter visto aquilo. – Sasuke falou deixando a colher que ele usava para mexer o ensopado sobre a tampa da panela. – É alguém que você conhece?

— Alguém que vi por aqui. – Sakura respondeu em um murmúrio. – Ela não merece ser exposta daquela maneira e julgada por aqueles homens imundos. – A raiva que voltou a consumir Sakura foi refreada pelo toque de Sasuke. – Me desculpe.

— Não tem porquê se desculpar. – Ele disse em um tom ameno, virando-se delicadamente na direção dela para acolhe-la em seus braços. Ele nunca havia visto Sakura daquela maneira, mas lhe tranquilizava que ela estivesse com ele naquele momento. – Se pudesse, faria algo por ela.

Sakura ergueu os olhos e fitou Sasuke em silencio. Ela conseguia ver a sinceridade nos orbes dele e junto dela, aquela energia magnética que sempre sentia quando estava junto dele.

Ela era curiosa em saber o que a atraia tanto para ele e temia que a resposta não pudesse ser encontrada em nenhum dos livros que ela costumava ler. Não, aquilo parecia ser algo mais antigo, como almas afins que estavam predestinadas uma a outra.

Também foi impossível não pensar no aviso de Tsunade, na mensagem de perigo que ainda não tinha sido decodificada e do arrepio constante que ela sentia quando estava longe de Sasuke. Como se algo pudesse tirá-lo dela a qualquer instante.

Os olhos esmeraldinos baixaram até a pedra que ele usava – como havia prometido – e desejou que o amuleto fosse o suficiente, ao menos por essa noite. Sakura prometera a si mesma que reforçaria os encantamentos de proteção no momento em que tivesse a oportunidade perfeita.

— O que tanto olha?

— Estou esperando o momento em que você irá me beijar. – Sakura respondeu de imediato, esquivando-se de qualquer questionamento que ele pudesse fazer. – Que tal fazer isso antes de jantarmos? – Ela aproximou o rosto do dele lentamente e antes que precisasse fazer mais algum movimento, Sasuke rompeu o espaço entre eles e a beijou.

Beija-lo era como sentir ondas de energia e calor indo e vindo por seus corpos a todo o momento. A pele de Sakura se arrepiava conforme as mãos de Sasuke passeavam por sua cintura, brincando com os laços do vestido, subindo de maneira ousada até contornar o vale de seus seios sem pudor algum.

Ela o puxava pelo cabelo com uma das mãos, a outra puxava os botões da camisa dele sem delicadeza e para ela foi impossível não arfar quando Sasuke a puxou subitamente para que ela enlaçasse suas pernas ao redor da cintura dele.

Sasuke a colocou sobre a mesa, ambos ofegavam, agarravam-se como se fosse a última vez em que entrariam em contato um com o outro. O Uchiha afastou-se dos lábios de Sakura para descer beijos pelo pescoço alvo, mordendo-o em alguns cantos, para logo dirigir sua atenção para os seios cobertos.

Antes que ele atingisse seu objetivo, o cheiro da comida os atingiu em cheio. Uma parte de Sasuke queria deixar a comida queimar e eles se virariam com o que estivesse na dispensa, mas ele não tinha certeza se havia algo que pudesse ser feito rapidamente para compensar o prejuízo que levariam.

— Nós terminamos depois. – Sakura murmurou e antes que Sasuke se afastasse, ela o beijou uma última vez intensamente, fazendo com que ele relutasse em se afastar mais uma vez. – Prometo que vou ficar quieta.

Sasuke praguejou e dirigiu-se ate o fogão, resmungando consigo mesmo coisas que Sakura não compreendeu, mas que a fizeram rir mesmo assim.


A Bruxa

— O que é isso?

A pergunta de Sasuke tinha sido feita no momento em que Sakura adentrou o quarto com duas canecas com chá. O cheiro era bom, feito com algumas ervas que ela tinha encontrado na dispensa e que, de acordo com ela, ajudaria a relaxar.

Sasuke não deixou de observa-la enquanto ela movimentava-se pelo quarto. Sakura estava nua e não importava-se em cobrir-se diante dos olhos de Sasuke, não, ela gostava de provoca-lo porque tinha certeza de que conseguia prender atenção dele com um leve gesto.

— Confie em mim. – Ela disse acomodando-se ao lado dele. – É um dos meus favoritos. – Acrescentou soprando um pouco para esfriar a bebida.
Sasuke encarou o líquido por um tempo e ingeriu um gole. Era doce, quente e diferente de qualquer outro chá que ele havia provado.

— É bom. – Ele murmurou pouco antes de ingerir mais da bebida. – Do que é feito?

— É uma mistura especial. – Sakura respondeu orgulhosa de si mesma. – Misturei algumas ervas que encontrei no seu armário e adocei com mel. Me ajuda a dormir bem.

— Tem tido problemas para dormir?

— As vezes. – Sakura confessou sem encara-lo. – Há noites que eu não consigo pregar os olhos.

— Quando se sentir assim, venha até aqui. – Sasuke disse com seriedade, inclinando-se para beijar o topo da cabeça dela. – Podemos fazer companhia um ao outro. – Ele acrescentou em um murmúrio.

— Não sei se é uma boa ideia. – Sakura comentou risonha. – Vir aqui não é garantir uma boa noite de sono. – Ela acrescentou terminando de beber o chá e logo depositou a caneca no chão ao lado da cama.

— Minha companhia na cama é tão ruim assim? – Ele murmurou pouco antes de entornar o restante da bebida e deixar o copo ao chão para deitar-se ao lado de Sakura.

— Eu o teria dispensado há muito tempo se fosse isso. – Sakura respondeu divertida, aconchegando-se nos braços de Sasuke quando ele a abraçou. – Sasuke? – Ela chamou ao notar que ele estava em silêncio há muito tempo.

— Hn?

— Você está dormindo?

Ela ergueu o rosto para observa-lo e os olhos de Sasuke estavam fechados, enquanto ele ressonância tranquilamente ao seu lado. Sakura o observou por um tempo, notando o ritmo tranquilo de sua respiração.
Sakura depositou um beijo rápido no peito desnudo de Sasuke e murmurou um pedido de desculpas inaudível.

O encantamento do sono o derrubaria até o amanhecer e somente assim ela poderia sair de sua casa sem que Sasuke percebesse.

Sakura afastou-se da cama e com agilidade vestiu suas roupas, como precaução puxou um alfinete de dentro dos bolsos do vestido e alfinetou o antebraço de Sasuke para ter certeza de que ele estava dormindo.

Com um movimento rápido dos dedos as velas do quarto foram apagadas e ela rumou para fora da casa, usando uma capa pesada que estava pendurada próximo da entrada.

— Tem certeza de que quer fazer isso? – A pergunta de Hinata era ríspida e logo Sakura a viu em meio as sombras. – Tsunade não vai gostar, Sakura. – Os olhos perolados brilhavam em um aviso enquanto a outra bruxa caminhava em sua direção.

— Ainda bem que recebeu minha mensagem. – Sakura disse ignorando o que a irmã havia dito. – Fiquei muito tempo encantando as chamas da lareira de Sasuke esperando uma resposta sua. – Acrescentou resignada.

— Pense em como foi difícil distrair Naruto para ler sua mensagem com calma. – Hinata ralhou. – Podia ter escolhido outro lugar que não fosse a minha barriga.

Sakura deu ombros e virou-se para a casa escura de Sasuke. Ela sabia que Hinata estaria ocupada e a única forma para que ela recebesse sua mensagem seria enviando-a diretamente para seu corpo.

A Haruno ergueu as mãos e murmurou alguma encantamentos, logo, um escudo perolado surgiu ao redor da estrutura da casa e desapareceu.
Sakura garantiria a segurança de Sasuke ao menos essa noite, quando ele estava impossibilitado de se defender.

— O que fez com Naruto? – A mulher de cabelos roseos perguntou enquanto puxava o capuz para que ele cobrisse sua cabeça.

— O mesmo feitiço do sono. – Hinata respondeu em um murmúrio. Ela acompanhou Sakura como uma sombra. – Foi por precaução, Naruto dorme como uma pedra. Sequer perceberia que eu saí.

Sakura aquiesceu segura de que elas haviam tomado a decisão correta.

As bruxas caminhavam pelo vilarejo como vultos assustadores durante a madrugada silenciosa. Não havia ninguém no caminho e ninguém que pudesse impedi-las naquele momento.

A lua estava em seu auge, a brisa fria corria levando consigo as folhas que haviam caído das árvores por todo o caminho que elas percorriam. O clima tornava-se cada vez mais denso enquanto elas se aproximavam do objetivo.

Salvar Ino era de extrema importância.

Tsunade tinha ido a uma cidade vizinha em busca de algo que pudesse ajudar na proteção das bruxas e em sua ausência, Sakura era a responsável por liderar as irmãs.

E naquela noite, ela convocou o coven para aquela missão.

 


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Notas finais do capítulo

Continua... Teorias sobre o que vai acontecer?
Adorei ver que tem bastante gente acompanhando/favoritando a história! Muito obrigadaaaaaaa aaaaaa
Se puderem me dizer o que estão achando, vai contribuir ainda mais pra qualidade da fic ❤️
Um beijão e até daqui uns dias ❤️



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