Gravity Falls: Um Verão Nunca Esquecido escrita por Sweet Aeryn


Capítulo 3
Capítulo 3: Summerween e a Festa de Boas Vindas


Notas iniciais do capítulo

Recomendo ler a parte da festa em si nesse capítulo ouvindo músicas bem animadas. Deixo como sugestões Dancing Queen (ABBA), Stayin Alive (Bee Gees) e Thriller (Michale Jackson). Eu pelo menos me diverti bastante escrevendo essa parte com essa trilha sonora.

Boa leitura!



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— Grrrrr.... POR QUE EU SOU TÃO IDIOTA? - Vociferou Pacifica ao entrar em seu quarto. Bateu a porta com força, provocando um enorme estrondo que percorrera por todo o corredor vazio, chamando ligeiramente a atenção de alguns empregados na mansão.

— Hm, só tem doido nessa família - Comentou uma empregada em um tom quase inaudível até mesmo para o mordomo, que encontrava-se exatamente ao seu lado. Aparentemente surtos raivosos eram comuns naquele local.

Pacifica andava em círculos pelo quarto. Se passasse mais dez minutos daquela forma provavelmente abriria um buraco no chão e cairia direto no hall de entrada. Após alguns minutos ela se sentou na beira da cama, ligeiramente mais calma, porém ainda absorta em pensamentos.

Não era uma situação tão simples quanto parecia. Pacifica passara toda a vida sendo obediente e praticamente muda em sua casa. Sempre censurada, sempre recebendo ordens esnobes de seus pais, algumas que inclusive não faziam o menor sentido. Parece normal, ora, uma criança receber ordens dos pais, por que isso seria um problema para aquela garota em especial? A resposta é simples: dinheiro. Quando se é herdeira de grande nome e fortuna muitas expectativas lhe são jogadas. Além disso seu próprio sofrimento parece pequeno ou injusto. Quem poderia se queixar de ser rica, ao passo que tantas pessoas pobres morrem de fome ou tem problemas mais "reais" e "maiores"? Tudo isso se externava em franco desespero, disfarçado de grosseria e má vontade. Todos os dias Pacifica tinha aulas monótonas e chatas com professores renomados, afinal, ela seguiria com o negócio da sua família. Mas espera... Nem mesmo ela sabia quais eram os negócios de sua família e muito menos queria ser obrigada a segui-los. Mesmo tendo tanto dinheiro e poder ela se sentia fraca e presa. Não aguentava mais ficar na sombra de seu nome e queria sair dali, da mansão, e também de Gravity Falls. Seu único alívio era o garoto que conhecera cinco atrás, durante as férias de verão: Dipper Pines.

Dipper foi capaz de abrir os olhos de Pacifica, desde então ela conseguiu perceber sua prisão.  Mas do que adiantava perceber se ela não fazia ideia de como sair daquilo. Durante longos cinco anos ela quis encontrá-lo, se aproximar e, quem sabe, entender o que precisaria fazer para se libertar. Outro grunhido de raiva foi disparado pela garota, que agora chorava tanto de raiva quanto de angústia.

— A pessoa que esperei tão ansiosamente para um dia reecontrar... A pessoa que me traz paz e calma... Eu consegui ser horrível até mesmo com essa pessoa... Por que, Pacifica? Por que você agiu de forma tão rude...? - Os olhos marejados se afundaram sobre o enorme travesseiro de penas de ganso, coberto com uma delicada fronha lilás de seda, que manchava rapidamente com as lágrimas desferidas sobre ela.

***

Os três dias finais antes da festa passaram em pulo para todos, principalmente para aqueles que estavam envolvidos na sua organização. Faltavam poucas horas até o início da festa e era Summerween, Mabel não podia estar mais feliz.

— FINALMENTEEEEEEEEEEE - Ela urrava de felicidade enquanto corria de um lado para o outro, dando os toques finais na decoração da festa que incluía uma enorme mesa retangular lotada de guloseimas assustadoras e um globo de luz no mais clássico estilo discoteca.

— Será que isso aí combina com o tema da festa, Mabel? - Questionou Wendy, um pouco descrente com a peça.

— Mas é claro que sim. Apesar de ser Summerween ainda é nossa festa de boas vindas entããão nada melhor do que um pequeno toque da Mabel para deixar a festa a nossa cara!!

— É, acho que você tem razão, pensando por esse lado... E onde está o Dipper? Achei que ele estaria ajudando a arrumar aqui.

— Eu o encarreguei de uma nova missão, ele está lá em cima sozinho no quarto fazendo um CD com as músicas para a festa. Ora, ora, ora, que ótima ideia a minha, por que você não sobe para ajudá-lo? Hehehe - Mabel sorria e falava de forma muito suspeita, como se tivesse planejado cautelosamente cada detalhe daquela conveniente situação. Wendy achou estranho, mas por dentro sabia que gostaria de ter tempo a sós com o irmão gêmeo de Mabel. Ela entendia muito bem os próprios sentimentos e sabia que alimentava uma atração pelo garoto desde que o vira recentemente, mas se questionava constantemente se isso era correto. Apesar de tudo ainda era três anos mais velha do que ele, mas ao mesmo tempo se perguntava se três anos, agora com um Dipper mais velho, era tão ruim assim. Ela pensou por alguns segundos e então respondeu.

— Hmmm... Olha eu até gostaria de ir, mas acho que é melhor voltar para casa. A festa começa em algumas horas e eu quero estar arrasando. Preciso me arrumar - Ela piscou para Mabel, que sorriu de volta com grande excitação ao entender a insinuação da ruiva. "PONTO PARA MIM!" pensou a gêmea enquanto se lembrava dos vários casais felizes e prósperos que juntou no passado.

***

Era hora da festa. Dipper andava em seu quarto de um lado para o outro, repetidamente, ansioso. Vestia uma camisa de gola branca, amarrada por uma delicada e fina fita de cetim preta. Por cima da camisa um longo blazer preto acompanhado de calças pretas e um tênis de modelo "All-Star" surrado. Era uma roupa que lembrava um vampiro, claro, "um vampiro nos moldes projetados pela indústria cinematográfica, vampiros de verdade não se vestem assim", como ele sempre dizia quando discorria sobre assuntos que sua irmã não dava a mínima e categorizava como "debate chato e sem propósito de nerd". Aparentemente Ford Pines era o único capaz de compreender e concordar com o garoto durante esses questionamentos a cerca da ciência comprovada e as invenções humanas retiradas de suas próprias cabeças e manipuladas convenientemente para agradar e atrair um certo tipo de público. Pelo menos Stan Pines sempre ficava do lado de Mabel.

— Dippeeeeeer, está na hora, vamos descer, nossos convidados já estão chegando!

— Eu já estou indo Mabel!

Ele olhou fixamente a tela do celular. Após alguns segundos abriu a página de contato de Pacifica e se perguntou, pela milhonésima vez nos últimos três dias, se deveria enviar uma mensagem perguntando se ela iria. Respirou fundo e atirou o celular na cama, como uma espécie de fuga desesperada de seus confusos sentimentos. Ele não confirmou com ninguém, porque confirmaria com ela? Pareceria estranho. E mais... Por que queria tanto saber se ela estaria lá? Ele mesmo não entendia. Sacudiu a cabeça, tentando colocar esses pensamentos de lado e olhou no espelho mais uma vez, ajeitou a fita de cetim no pescoço e, por fim, desceu para a festa.

A festa estava começando a encher e ficar muito animada. Mabel tinha um enorme laço verde-limão no cabelo. Vestia um maiô roxo por cima de uma meia-calça preta e polainas turquesa na altura das canelas, que cobriam no final uma sapatilha branca, uma alusão da época Disco. Ela dançava e se divertia com Candy e Grenda, amigas que não via desde 2012.

"Disco girl - Coming throooough - That girl is yoooou"

— DIPPER ESCUTA! É A SUA MÚSICA! - Mabel gritava para o irmão enquanto dançava. Dipper escondeu o rosto com a mão e foi em direção à mesa de doces e bebidas, fugindo de qualquer um que pudesse ter ouvido aquela vergonha. Ao servir um copo de ponche ouviu uma risada atrás dele.

— Essa era sua música, Dipper? Você precisa me contar essa história.

Wendy estava atrás dele, mostrava muita pele com um pequeno cropped e calças muito justas, ambos vermelhos feitos em um tecido levemente brilhante que ressaltava suas curvas. Os cabelos ruivos estavam soltos e mais lisos do que o comum, com uma tiara adornada com pequenos chifres no topo. O irmão Pines permaneceu inerte à visão.

— Terra para Dipper, terra para Dipper... - Ela segurou a mão do garoto tentando tirá-lo do transe.

— Ah, desculpe Wendy. Não achei que alguém tivesse ouvido o que Mabel tinha dito. Acredite em mim, essa história não vale a pena. Mas que tal a festa? Demos um duro danado para conseguir ajeitar tudo - Ele riu discretamente para mudar de assunto e se esquecer do terrível episódio de Disco Girl.

— Está muito boa. Mas sabe Dipper... Eu estava pensando em voltarmos um pouquinho no tempo. Que tal subirmos no telhado e conversarmos um pouco a sós? Longe do barulho da música.

A mão de Wendy ainda segurava a de Dipper. Ele percebeu naquele momento que ficara bem mais alto que a ruiva, ela parecia muito mais frágil e delicada agora que era menor e, principalmente, agia completamente diferente da Wendy que ele se lembrava. Ela costumava ser muito durona e mandona, mas estava mais carinhosa, de uma forma mais madura ele admitia, mas ainda assim era muito diferente e essa mudança súbita no seu comportamento o deixava estranhamente desconfortável. O garoto pensou por um tempo. Não sabia bem o que dizer ou como agir. Os olhos de esmeralda continuavam fixos nele, aguardando ansiosamente uma resposta e isso definitivamente não ajudava. Quando finalmente encontrou as palavras elas não saíram como o planejado, pois ele fora surpreendido.

— Pacifica.

Foram as únicas palavras que ele conseguiu dizer antes de ficar completamente boquiaberto. Pacifica Northwest acabara de chegar à festa. Usava um vestido preto colado e com uma fenda lateral que abria desde o começo de sua coxa. Os longos fios loiros estavam atados em um coque meio frouxo que acabava deixando escaparem algumas mechas. Um lindo colar de morcego estava pendurado em seu pescoço, chamando atenção para o discreto decote entre as finas alças do vestido. Dipper levantou sua mandíbula com ajuda da mão e se desculpou com Wendy pois o passeio no telhado ficaria para depois, inventou a primeira desculpa esfarrapada que viera à sua mente e se retirou, indo direto ao encontro de Pacifica.

— Oi Pacifica. Que bom que no fim das contas você conseguiu vir ahn, ah, quer dizer... Você está linda AH NÃO, QUER DIZER, A NOITE ESTÁ LINDA, NÃO É? Hahaha seria um desperdício ficar em casa em uma noite como essa - Ele desviava o olhar a cada palavra, perdido, estonteado, se enrolando entre o que pensava e o que deveria dizer. Para sua surpresa a loira riu gentilmente, acenando com a cabeça em concordância.

— A noite está realmente linda, também acho que seria um desperdício. Só estou insegura quanto à minha roupa, será que ainda é um tema dentro da moda? - Ela olhou insegura para seu vestido.

— C-claro que sim. Vampiros nunca saem de moda - Ele dizia enquanto puxava seu blazer como se fosse uma espécie de capa, mostrando a ela que tivera a mesma ideia - Na verdade parece que consegui uma companhia para esta noite. V-você se importa de me acompanhar em uma dança? - Ele estendeu a mão ligeiramente trêmula na direção de Pacifica, certo de que não queria mais desperdiçar tempo devido à sua vergonha. Sabia que queria estar ao lado dela, mesmo sem entender muito bem. A pele de Pacifica, branca como a neve, ganhara um tom rosado. Ela apoiou sua mão, que parecia muito pequena agora, à dele, sentindo o calor compartilhado naquele terno toque. Ela fez uma reverência, muito mais uma brincadeira à cortesia demonstrada pelo rapaz e ambos sorriram enquanto seguiam, de mãos dadas, até a pista de dança.


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Notas finais do capítulo

Tentei escolher as roupas de festa de cada personagem baseadas nas suas personalidades originais e levemente alteradas pelo tempo. Foi um capítulo que deu uma aquecidinha no meu coração. Espero que tenha sido tão gostoso de ler quanto foi de escrever.



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