Para sempre seu, Sebastian escrita por Crystal


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hoje é aniversário da minha outra fic Leah-I See You e este é um presentinho que eu fiz para vocês em comemoração.


Não é um dos mais felizes, eu sei, mas eu acho bonita a forma de amar dos nossos lobinhos, por mais triste que pareça. Tem alguns spoilers, então, HEY PRESENTINHO!
O outro Spin-Off virá mês que vem, talvez, e será mais animado.
Maaaas, em todo caso, se gostarem das lembranças desse lobinho e quiserem algo mais aprofundado, podem me dizer que ficarei muito feliz em ouvi-los.


Espero que vocês gostem!

Boa Leitura!



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Lupi Luna, 20 de Novembro 

 

Minha Carmelita,  

Hoje a saudade bateu com tanta força que não aguentei de novo, tive que te escrever. A letra não está das melhores porque tive muito trabalho manual na oficina, minhas juntas doem e minha caligrafia não está mais bonita do que garranchos esquisitos. Estou velho demais para aguentar o pique de antes. Ainda mais agora sem um par de mãos a mais. O moleque faz falta. Tanto na ajuda nos carros, quanto na companhia.  

Aconteceu mais uma vez, sabe? Amanheci o dia sentindo o cheiro de seu café pela casa, escutei o farfalhar de seu vestido de chita pelo quarto, até tremi com a lembrança vivida de seu toque em meus cabelos. Não sei mais o que fazer com esse fantasma reconfortante que insiste em me despertar. Às vezes, eu até finjo que não sinto, sabe? Finjo porcamente, devo dizer. Eu sei que não é real. E sei também que essas aparições só não param por minha própria culpa. Não consigo deixá-lo ir. Me agarro a qualquer coisa sua, qualquer coisa, e esse espectro, mesmo sendo fruto da minha imaginação frágil e doída, ainda tem a sua essência. Não dá para soltar assim.  

Stella voltou recentemente e você sabe como ela pode ser durona, às vezes. Aquela ideia de contar a ela sobre minhas dores agora me parece uma coisa horrível. Como pode me deixar fazer aquilo, Lita? Ela é tão difícil de lidar! Assim, sendo a mandona de sempre, ela me fez prometer voltar a escrever para você, só para que eu saísse do buraco onde me enfiei. Eu fiz. E venho fazendo secretamente há muito tempo, você sabe mais do que ninguém. Se eu não soubesse que essas cartas idiotas me fazem tão bem, você sabe que eu não as teria escrito. Deve parecer muito estranho, mas, entenda, essa é uma forma esquisita e macabra de um velho amargurado se sentir um pouco mais próximo da mulher da vida dele. Cada um lida com a perda do seu próprio jeito. Eu tive longos nove anos para encontrar o meu, apesar de ter recaídas constantes. 

Ontem, enquanto me afundava em depreciação e tristeza - você se lembra quão dramático eu posso ser quando quero, não lembra, amor? - ouvi aquela sua fita preferida. O rádio está meio velho e não toca mais como antes, tem chiado na porta de saída e corta em algumas partes por conta da poeira, mas faziam tantos anos que eu não escutava. Suas músicas sempre foram melhor escolhidas que as minhas.  

Voltei no tempo. Quando nós nos conhecemos, ainda jovens e cheios de rebeldia.  

Eu me lembro perfeitamente, cada mínimo detalhe daquele dia. Você estava linda. Como sempre, né? Os cabelos crespos enrolados no alto da cabeça numa fita amarelo ouro, a pele negra brilhando com a luz do sol, o olhar forte, feroz, que me capturou no momento em que nossos olhos se encontraram. Vindos de uma cidadezinha no México, não foi fácil começar a vida do zero. Eu sei que não foi, passei pelos perrengues com vocês. Escolhi amar, proteger e cuidar da adolescente mais velha que eu dois anos que tinha o sorriso mais bonito da Itália inteira e de sua família.  

Ainda me recordo das suas brincadeiras gentis, da bondade dos gestos, dos encontros naquela viela iluminada por pisca-piscas amarelados em que sentávamos no banquinho de ferro e você me fazia cafuné por minutos infinitos. Você gostava tanto daquele lugar singelo. Eu não entendia, e ainda não entendo, a sua fixação naquele banco enferrujado. Aliás, você sempre foi mais adepta as simplicidades da vida. Esse seu jeito sempre me encantou.  

Você sempre fez com que eu sentisse tudo e todas as coisas ao mesmo tempo. Era liberdade aquilo que eu sentia ao seu lado. A mais pura sensação de euforia. Podia ser eu mesmo, sem comandar como o Alfa que fui obrigado a ser, sem as algazarras imaturas que fazia com o apoio de Alexander. Só eu e você. Crus e sinceros em nossa bolha de amor.  

Sinto a sua falta, amor. Você faria tudo ficar bem melhor só com um olhar. 

Está tudo uma bagunça aqui. Volturis, guerra, matança. Tudo tão aparvoado que eu quase consigo te enxergar me repreender pela sujeira na casa. Você sempre disse que devíamos manter nossa casa limpa porque ela era uma extensão de nós mesmos. Por isso, enquanto você esteve por aqui, ela se manteve impecavelmente linda, limpa e aconchegante. Era um lar. Refletia todo o amor que vazava pelas arestas das paredes. Agora, eu sinto muito por não conseguir mantê-la como você gostava.  

Pode parecer enfadonho, mas eu me sinto assim, Lita, bagunçado, velho, sujo... abandonado. E, apesar de ter te culpado, sim, muito por me deixar aqui sozinho, tudo o que tenho dentro do peito é amor. E saudade. Tanta, tanta. Daria tudo para te ter nos braços só mais uma vez, para sentir o carinho de seus beijos, o amor em seu sorriso. Eu só precisava de mais tempo com você.  

Eu te amo tanto, Single. Entende o que eu quero dizer? Eu te amo.  

Não é no passado. Nunca mudou, nunca mudará. Eu sempre irei te amar profundamente, com todo o meu ser, e é tão triste continuar nesse ciclo de dor sozinho.  

Não aguento mais, Lita.  

Já estou cansado de lutar contra o que meu lobo quer. Ele nunca mais teve um momento de paz desde que você se foi. Eu preciso de você. Nós precisamos! Entretanto, eu sei que não posso largar tudo isso só por um ato de egoísmo, eu ainda sou o alfa e Derick não está pronto.  

Falando no pirralho de novo, acredita que ele encontrou a escolhida dele? É uma americana, vê se pode! Uma descendente de Hécate. As profecias diziam, mas é, eu sei, eu nunca dei tanta bola assim para aquelas histórias velhas. Alexander estava certo em se preocupar.  

Não vou abandoná-lo agora, amor. Nós nunca deixamos a família para trás. E eu tenho que admitir, Derick é o filho que nunca tivemos, não é? Você amava tanto aquele pirralho remelento. Eu também amo. Amo a força dele, a determinação, a personalidade, a bondade e o jeito irritante de ser um pé no saco! Ele me lembra tanto Alexander.  

Inferno, é tão injusto vocês dois terem ido sem mim!  

A Single dele se chama Leah. Ela vem de uma tribo indígena dos Estados Unidos. Tem uma personalidade um tanto azeda, dá para perceber. Mas, o bando é forte com ela. Muito forte. Combina com nosso Derick. Você ficaria feliz de vê-los juntos. Ele vira outra pessoa com ela por perto, apesar dos resmungos dela. Os olhinhos dele brilham, dá para ver até pelas vídeo chamadas. O amor jovem deles me lembra a gente.  

Ele sentiu o cheiro dela aqui, lembra que eu disse cartas atrás? Foi por causa da ligação. Os dois são lobos. Derick ainda não percebeu, porém, pela minha experiência, eu sei que com a magia eles dois são os alfas do bando. Eles são um, e como um devem liderar a alcateia. Eu sei que Derick vai lidar bem com isso depois que finalmente cair a ficha. Você sabe que ele nunca foi o mais rápido nessa de entender as coisas. Niklaus já deve ter desconfiado, o garoto é esperto.  

Com ela no bando, as chances contra os Volturi aumentaram para caramba. Sem mais mortes. Sem medo. E com tudo encaminhado, vou poder ficar em paz.  

Você já deve ter sabido que aquele idiota do pai do Klaus partiu dessa para uma melhor, né? Ele não deve estar onde você descansa, mas as notícias voam. Ele foi um bom guerreiro, embora tivesse sido um homem terrível. Ainda me sinto culpado por ter sido tão obediente ao consigli e não ter dado a assistência que o menino precisava.  

Há sempre algo para se arrepender nessa vida. Eu tive três: não ter ajudado Klaus e sua mãe enquanto podia, ter deixado aqueles meninos irem para a ronda que os levou a morte, e não ter aproveitado todo o tempo que tive com você. Esse último, eu nunca vou me perdoar. 

Esse inferno de câncer foi a coisa mais dolorosa na minha vida, Lita. Eu sinto muito por não ter conseguido lidar de maneira decente, sinto muito por ter te decepcionado. Ver você acamada sem as cores que eu gostava tanto, sem que eu pudesse fazer nada para acalmar a sua dor, fez um buraco fundo em mim. Não pude deixar de cavar mais um pouquinho todos os dias, só para procurar pelos resquícios de esperança que ainda me restavam. Eu rezei, noite atrás de noite, para que você se recuperasse, que se levantasse da cama como se tudo tivesse sido um sonho ruim. Orei por dias com a fé de mil homens. Implorei para toda e qualquer divindade existente para que me levasse no seu lugar. Todos me viraram as costas. Eu te perdi. E não há um dia da minha vida que eu não sinta os farelos do meu coração se perderem por essa vila.  

Não há vida certa sem você do lado. Não há um eu inteiro. Como se eu fosse um grande quebra-cabeça incompleto. O homem de lata, daquela história infantil que você adorava contar para os pequeninos, sem um coração batendo. Uma alma sem a sua gêmea. 

Perdoe os borrões nas linhas dessa carta furreca. Você merece coisa melhor.  

Desculpe por não ter ido trocar suas flores essa semana, não estava me sentindo bem. Prometo que te levo aquelas rosas vermelhas bonitas que você tanto gostava na próxima vez. 

Perdoe a melancolia que não consigo manter só para mim também. Não consigo evitar. Dói muito, preciso externar de alguma forma, mas não queria te aborrecer com isso. A cruz é minha, só eu preciso carregá-la. 

Acho que... acho que não quero mais falar por hoje. Sempre fico chorando igual um idiota quando escrevo. É complicada essa sensação conflituosa de felicidade e tristeza ao lembrar de você.  

 

Me despeço aqui.  

 

Talvez eu te escreva mais semana que vem. Ou na madrugada de amanhã quando a saudade me nocautear de novo e eu não conseguir me controlar. Veremos o que o destino nos guarda. 

 

Eu te amo, Carmelita. Não me canso de dizer. Nunca vou me cansar. 

 

Sinto saudades. Muitas! Todo momento do meu dia! 

 

Até breve! 

 

Para sempre seu, 

Sebastian. 


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Notas finais do capítulo

Boa noite!
Protejam-se e, se puderem, mantenham-se em casa!

Até Mais e Bjks *---*



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