Cactos & Girassóis escrita por Sali


Capítulo 27
Epílogo


Notas iniciais do capítulo

E... epílogo! ♥
Espero que gostem desse finalzinho, hein?
Agradecimentos nas notas finais ♥



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Segunda-feira | 12 de Dezembro

Lena tinha um sorriso leve nos lábios e os olhos fechados, parecendo saborear discretamente o toque muito gentil de Marina.

Apesar da tensão durante o torneio, Mari, na verdade, não parecia ter problema algum com sangue ou ferimentos: pelo contrário, estava até lidando muito bem com a tarefa de limpar e trocar o curativo da sobrancelha de Helena.

─ Ai ─ Marina suspirou então, a certo ponto ─ se eu continuar namorando uma lutadora vou ter que começar a criar maneiras de lidar com meu nervosismo.

Lena aproveitou a curta pausa, abriu os olhos e ergueu a cabeça para olhar para Mari, com um sorriso leve em seus lábios.

Namorando, é? 

Só então Marina percebeu o que havia falado; e, então, soltou uma risada baixa e encolheu os ombros.

─ Bom… 

Helena também riu baixo.

─ Eu gosto dessa ideia ─ concluiu, enfim, e voltou a fechar os olhos.

E Marina, ainda com um leve sorriso, se dedicou a terminar o curativo.

─ Nossa, mas você vai ficar muito style mesmo… risquinho na sobrancelha e tudo ─ Mari voltou a rir, pouco depois, logo que terminou de cobrir os três pequenos pontos com a fita micropore.

Lena, por sua vez, armou uma expressão ironicamente convencida no rosto, apesar dos olhos ainda fechados.

─ Tudo pela beleza, baby.

Marina também riu, enquanto juntava os algodões e curativos velhos e deixava tudo de lado. No instante seguinte, saiu do lugar estratégico entre as pernas de Helena e se sentou na cama da garota, ao lado dela.

─ Prontinho. Mais alguma coisa, senhora?

Lena, enfim, abriu os olhos, apenas para perceber que o rosto de Marina estava bem mais perto do que ela imaginava. Ela sorriu e, por alguns segundos, ficou em silêncio, como se tivesse perdido o fio da meada.

Segundos depois, ergueu a mão e correu os dedos por uma das tranças de Mari, que caía pelo seu rosto, logo antes de prendê-la atrás da orelha dela.

─ Cheguei a comentar que você tá linda demais?

Marina riu pelo nariz e corou levemente, balançando a cabeça.

─ Então… hoje é dia de pegar o boletim, né ─ ela comentou, então, para tentar fugir do breve constrangimento.

O sol do fim da manhã entrava pela janela do quarto, anunciando o dia quente de primavera, e iluminava o ambiente todo, assim como as blusas largas que haviam servido como pijamas para as duas. Lena soltou uma risada, que soou mais como um suspiro de alívio.

─ Nem acredito que essa merda toda acabou. 

E ela nunca havia sido tão sincera. Ainda era meio espantoso o fato de que não precisaria mais acordar cedo, se enfiar naquele uniforme e andar até o colégio, ou ver a cara de Caio, Isabella, Rafael ou de qualquer um daqueles professores, ou sentar de novo na carteira do canto, ou ter o trabalho de pensar em justificativas para qualquer uma de suas escolhas, caso elas fossem evidenciadas numa gracinha mal-intencionada, ou, inclusive, se enfiar em um moletom na esperança de simplesmente mimetizar com as paredes da sala e desaparecer por alguns instantes.

Bom, na verdade, Helena ainda nem conseguia racionalizar tudo isso, pensar em cada pequeno aspecto do que aquela liberdade nova significava. No entanto, a tranquilidade que se espalhava pelo seu peito, da mesma forma que o sol aquecendo algo congelado, já era o suficiente.

E, àquela altura, o que viria depois ─ o SiSU, sua chance de obter pontuação suficiente para entrar no curso de Ciências Biológicas, o leve nervosismo de Marina em relação ao curso de História, a própria universidade ─ bom, era tudo assunto para depois. Naquele momento, a sensação era de que o pior já havia passado.

Helena, enfim, voltou a realidade e sorriu ao ver o rosto de Mari diante do seu: as bochechas arredondadas, o formato bonito do nariz, o piercing no septo, os olhos muito pretos, as tranças pretas e azuis emoldurando perfeitamente a figura toda.

─ E tá chegando o aniversário de alguém também, né… 

Marina sorriu com a lembrança.

─ Eu nem tava pensando nisso, pra ser sincera.

Lena riu baixo.

─ Bom, eu tava. Inclusive, já planejei seu presente.

─ Sério?! ─ Mari ergueu as sobrancelhas. ─ O que é?

Helena deu uma risada.

─ É surpresa.

Automaticamente, o rosto de Marina ganhou uma expressão que misturava curiosidade e um leve ar de irritação.

─ Assim não vale. Eu sou curiosa, Lena!

─ Exatamente ─ Helena riu outra vez, divertindo-se com as expressões da garota. ─ Por isso é divertido… 

Mari, porém, revirou os olhos.

─ Paciência, gatinha ─ Lena retomou a palavra e roubou um beijo leve dela, apesar dos lábios fechados, numa expressão contrariada. ─ Agora vamos tomar café? Ainda preciso de ajuda, lembra? Só tenho um braço por enquanto… 

Marina, enfim, deixou escapar um sorriso leve e se levantou.

─ Eu só vou porque tô com fome… 

Helena acenou com a cabeça, ainda observando Mari e se divertindo com a situação.

Naquele pequeno momento, as coisas não podiam estar melhores.


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Notas finais do capítulo

Ei, gente!
Então... acabou. Essa história não foi postada do jeito que eu postei as outras porque eu já tinha ela terminada e, além disso, eu não planejava postá-la aqui. Mas foi uma boa experiência.
De qualquer forma, espero que vocês tenham curtido a história. Agradeço de coração a todo mundo que acompanhou, gostou e comentou! Espero que tenham curtido acompanhar a história da Lena e da Mari da mesma forma que eu gostei de escrever.
Até outras histórias! ♥