Não sabia o porquê de Ethan ter entrado na minha sala repleto de acusações e frieza no olhar, ouvir a sua voz doce assegurando que iria ficar bem enquanto sentia seu toque quente no meu rosto, depois de tudo que me disse, foi capaz de me trazer de volta depois que perdi os sentidos.
—O que aconteceu? - questionei confusa assim que abri os olhos e vi três pessoas me encarando com preocupação no olhar, além do meu noivo estava meu assistente e uma senhora vestida de branco dos pés à cabeça.
—Graças a Deus, você acordou. Achei que teria que leva-la até o hospital para examiná-la melhor. - Ethan disse aflito sentado perto de mim no sofá que havia na sala de reuniões.
Sem dizer nada, fiz menção de me sentar no sofá em que estava deitada, mas meu noivo me impediu de fazê-lo, alegando que deveria ficar deitada.
—Como se senti, Aurora? Por favor, seja sincera comigo. -ele pediu aflito olhando nos meus olhos e respirei fundo, antes de lhe responder.
—Estou bem, Ethan. Não estou sentindo nada de mais, foi apenas um mal estar passageiro. - disse segura tentando novamente me sentar, só que dessa vez meu noivo fez questão de me ajudar a realizar tal tarefa.
—Tem certeza que está bem? Você ainda está pálida e suas mãos estão frias, acho melhor leva-la para fazer alguns exames no hospital. - Ethan disse preocupado enquanto me olhava atentamente, como se estivesse em busca de algum sinal que confirmasse que precisava fazer uma bateria de exames urgentemente.
—Já disse que estou bem, não preciso fazer exame nenhum. Com certeza passei mal, porque não tive tempo de almoçar.
—Na verdade Cíntia, a questionei se queria que pedisse o seu almoço para o restaurante da empresa, mas você disse que não, pois estava ocupada demais para comer. -Guilherme, meu assistente, que também estava presente na sala me delatou para Ethan e olhei feio para ele.
—Está explicado o mal estar da senhorita Lopes, doutor Thompson. A senhorita não devia pular as refeições, elas são extremamente importantes. - a senhora disse em tom de censura no olhar e me encolhi em reflexo, pois seu jeito de falar me lembrou muito o da minha avó.
—Sim Tereza, o mal estar da Aurora está explicado agora, se quiser pode voltar para o setor de enfermaria do prédio, obrigado pela sua ajuda. Guilherme, pode por favor, cancelar todos os compromissos de hoje da Cíntia, quero levá-la para casa para que descanse um pouco, chega de trabalho por hoje para ela. - Ethan pediu e os dois concordaram saindo em seguida da sala, nós deixando a sós enquanto olhava séria para o meu noivo.
—Você não pode chegar na minha sala desse jeito e pedir para o meu assistente cancelar a minha agenda, sem ao menos me consultar antes, quem você pensa que é Ethan Thompson? -questionei furiosa, afinal ele não tinha o direito de bancar o noivo apaixonado e preocupado após a cena que fez minutos atrás.
—Me desculpe, se estou tentando cuidar de você. Cíntia, você não pode pular as refeições isso irá lhe fazer mal, sem contar o seu ritmo descontrolado de trabalho...- ele começou a dizer com sua voz profissional e sorri sem humor lhe deixando confuso.
—Engraçado... Alguns minutos atrás, você não se importou de dizer todas aquelas coisas que poderiam me magoar e agora quer bancar o noivo zeloso? Não mesmo, Ethan. Não vou ficar novamente em um relacionamento que me faz sentir culpada por tudo, que me impedi de ser eu mesma para agradar alguém. Eu te amo, Ethan, com todo o meu coração, mas não irei abrir mão de mim por sua causa, prefiro terminar o nosso relacionamento antes que as coisas saiam do controle. -disse séria olhando em seus olhos, deixando claro que não permitiria ser oprimida novamente.
—Você está terminando comigo, Aurora? - ele questionou confuso enquanto me olhava com dor nos olhos.
—Não sei, se sua justificativa para a cena que protagonizou minutos atrás me convencer não irei terminar com você, mas se ela não for boa acho melhor sair da minha sala e me esquecer.- disse severa olhando em seus olhos escuros, pois estava farta de me anular em nome dos sentimentos que sentia pelos outros, se seriamos um casal tínhamos que respeitar o espaço um do outro o que claramente não estava acontecendo ali.
—Você tem razão. - Ethan disse suave desviando os olhos dos meus e segurei a respiração, esperando suas próximas palavras. - Você não merece estar novamente em um relacionamento que a faça infeliz, que a prejudique depois de tudo que passou para chegar onde está. Você merece alguém que a deixe feliz e segura vinte quatro horas por dia e claramente essa pessoa não sou eu.
—O que você disse? - questionei ainda atordoada por suas palavras, apesar de ter sugerido um termino no fundo havia falado tudo aquilo sem pensar, pois não conseguia mais me ver longe de Ethan, que havia se tornado uma parte essencial na minha vida.
—Disse que você tem razão, que devíamos...- ele disse e respirou fundo voltando a me ver, sem qualquer tipo de expressão no olhar. - Que devíamos terminar. É visível que não estamos fazendo bem um para o outro, tudo que não quero nesse mundo é vê-la sofrendo. Me desculpe, por ter feito tantas promessas a você, das quais claramente não poderei cumprir...Tudo que peço é que não fique com raiva de mim ou duvide dos meus sentimentos, pois meu amor por você nunca foi uma mentira Aurora. A amei durante cada segundo que passei do seu lado e continuarei amando-a sempre, afinal você foi o meu primeiro e único amor...Só por favor, me desculpe se fui precipitado demais...
—Chega Ethan, não quero ouvir o seu discurso de termino...Por favor, sai da minha sala. - implorei com a voz rouca tentando segurar as lágrimas, pois não daria novamente o privilégio para outro homem que me magoou me ver chorar.
Sem dizer uma palavra Ethan concordou com a cabeça, se inclinou para perto de mim e beijou a minha testa com carinho, se demorando um pouco nesse gesto, antes de sair da minha sala sem olhar para atrás.
Assim que percebi que estava sozinha deixei as lágrimas rolarem por minha face, me entregando a toda dor que estava sentindo naquele momento. Era como se Ethan houvesse levado um pedaço de mim consigo após o nosso termino, me deixando incapaz de respirar ou viver como antes dele aparecer na minha vida.
Nunca havia sentindo uma dor tão grande, ao ponto de sentir meu coração se quebrar em mil pedações por ser novamente abandonada pelo homem que amava, mas dessa vez sabia que provavelmente não haveria retorno para nós.
A nossa história de amor, que mal havia começado e que prometia inúmeros momentos de felicidade, acabou antes mesmo de conseguirmos chegar ao ápice dele.

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Depois que havia consegui controlar minha crise de choro e me recompor um pouco, pedi para o meu assistente cancelar todos os meus compromissos da tarde antes de ir embora da empresa, porque não estava em condições de trabalhar hoje.
Assim que estava fora da empresa fiz parada para o primeiro taxi que passou e dei o endereço da minha irmã que estava em casa hoje, já que o seu restaurante estava fechado para dedetização. Sai do taxi depois que paguei o motorista, caminhei apressada em direção a porta de entrada tropeçando nos meus saltos, já que as lágrimas que tanto lutei para segurar voltaram a cair nublando assim a minha visão, me impedindo de andar normalmente.
Com as mãos tremulas, toquei a companhia da casa de Susan e esperei que alguém atendesse a porta.
—Ci? - Susan questionou confusa assim que abriu a porta e me viu depois que tirei os óculos escuros, provavelmente devia estar com os olhos inchados e o rosto vermelho de tanto chorar.
Sem dizer uma palavra abracei a minha irmã com forma, antes de desabar em meio as lágrimas nos seus braços, deixando-a confusa e preocupada com o meu estado. Mesmo sem entender, minha irmã não disse nada apenas me abraçou com carinho e acariciou minhas costas, enquanto me permitia chorar em seu ombro, tentando de alguma forma me dar algum tipo de conforto.
Com cuidado, Susan me ajudou a entrar em sua casa me levando em direção ao sofá que havia ali, no qual sentamos antes de voltar a chorar abraçada a minha irmã.
—Agora que está mais calma, o que acha de me contar o que houve? - Susan questionou preocupada me olhando nos olhos e suspirei, ainda não queria falar sobre isso, mas sabia que era necessário.
—Ethan e eu tivemos uma briga feia hoje, dissemos coisas horríveis um para o outro e ele terminou comigo...Ele terminou comigo dois dias depois que me pediu em casamento...Tudo bem, que disse que queria terminar com ele, mas falei isso sem pensar, Susan.- disse em meio as lágrimas e minha irmã me olhou surpresa, como se não esperasse por isso.- E agora perdi o homem que amo pra sempre, porque não soubemos gerir as nossas diferenças.
—Espera, o Ethan te pediu em casamento durante o fim de semana romântico de você? Quando é que iria me contar isso, Cíntia Aurora? - minha irmã questionou magoada por esconder isso dela e respirei fundo, antes de contar tudo o que ainda estava escondendo.
Da história do desfalque da empresa, todo o meu esforço para descobrir quem era o responsável, o pedido de casamento de Ethan e o nosso termino dois dias depois.
—Sinto muito, Ci, vocês pareciam tão apaixonados...Achei que havia encontrado finalmente seu príncipe encantado. - minha irmã disse compreensiva e concordei, enquanto tirava alguns lenços de papel da caixa que estava em meu colo, enxugando em seguida as minhas lágrimas.
—Eu também Su...Acho que essa história de príncipe encantado não é pra mim. Sou amaldiçoada no quesito relacionamentos. - decretei desolada e minha irmã negou com a cabeça.
—Nada disso, tenho fé que o seu príncipe deve estar por ai sofrendo assim como você, por se envolver com as pessoas erradas e quando os dois se encontrarem...Será épico, como todo bom romance. - Susan assegurou para mim e suspirei, pois não iria discutir com a minha irmã sobre príncipes e finais épicos, tudo que fiz foi deitar a minha cabeça em seu no colo, antes dela começar a acariciar os meus cabelos sem presa, tentando de alguma forma me reconfortar por toda dor que estava passando.
Depois que me acalmei, minha irmã fez questão de me levar para buscar os meus sobrinhos na escola e passamos a tarde toda no parque o que me fez bem, pois me impedia de pensar no meu termino e em toda a dor que o mesmo causava.
Após uma tarde incrível com os meus sobrinhos e a minha irmã, decidi que era hora de ir para casa e enfrentar o mundo real, pois não era certo me esconder de tudo na casa da minha irmã, apesar de uma grande parte de mim implorar por isso.
—Tem certeza que vai ficar bem? -Susan questionou me acompanhando até o Hall que havia na frente da sua casa, na qual o taxi já me esperava na porta.
—Tenho Su, não precisa se preocupar. Assim que chegar em casa mando mensagem para você, em seguida vou direto para o banho e depois cama, porque preciso dormir, na verdade se pudesse dormiria para sempre.
—Não seja tão dramática, Cíntia. Você não tem vocação para bela adormecida e além do mais, sei que sobreviverá ao Ethan assim como sobreviveu aos outros. - minha irmã disse e sorri antes dela me abraçar com carinho.
—Obrigada por tudo, Su. - sussurrei sincera em seu ouvido enquanto ainda nos abraçávamos.
—Não precisa agradecer, querida, somos irmãs e uma sempre irá ajudar a outra. - Susan garantiu e concordei antes de nos soltarmos.
—Eu te amo Susan. - disse sincera olhando nos olhos da minha irmã que sorriu amorosa para mim.
—Eu também te amo, Cintia. - Susan disse amorosa e demos um último abraço, antes de sair da sua casa e caminhei em direção ao taxi que me aguardava.
Dei o endereço da pensão para o mesmo antes de me acomodar melhor no banco de trás fechando os olhos, enquanto acomodava minha cabeça no banco tentando relaxar da montanha russa de emoções que havia vivido nas últimas horas.
Acabei pegando no sono sem ao menos perceber, assim quando abri os olhos vi que o motorista estava parando em uma rua deserta, na porta do que parecia ser um galpão abandonado.
—Onde estamos? - questionei alarmada para o motorista que me ignorou saindo do carro deixando a porta do motorista aberta, apavorada tentei abrir as portas de trás, mas as mesmas estavam trancadas o que me deixou desesperada.
Tentei com todas as forças abrir as portas, algo que não estava dando certo logo uma delas se abriu e respirei aliviada me preparando para correr, mas fui impedida por alguém que parou na porta bloqueando a minha passagem.
—Douglas?!- questionei confusa assim que reconheci a pessoa que estava impedindo a minha fuga.
—Nem adianta tentar Cíntia, não vou deixar que saia daqui até acertarmos as contas, afinal você e seu casinho me devem uma vida. - ele disse com o rosto dominado pela raiva, antes de pegar o meu braço com força arrancando-me do carro, não me dando se quer a chance de dizer algo.