Equinócio escrita por Isa Devaylli


Capítulo 14
O peso da verdade


Notas iniciais do capítulo

Ei, oi pessoas, tudo bem com vocês? Espero que sim.
Me desculpem pelo sumiço, sei que tinha uma galerinha ansiosa pelo cap. e bom nã é por nada não, hoje ele está pegando fogo. Antes quero dar boas vindas aos novos acompanhando, e agradecer aos antigos por estarem sempre aqui comigo, a quero falar também que vi que tem umas leitoras minhas que sempre comentar o caps. que deram uma sumida, se estiverem lendo isso se manifestem (estou preocupada).
Leitores fantasmas comentem também, a opinião de todos vocês começa a contar muito a partir de agora, porque esse cap. já começa a ser bem decisivo para o que vira a acontecer no futuro da historia.
Como eu disse esse cap. está pegando fogo, apreciem sem moderação. Boa leitura.
PS: Músicas do cap. Brave - Riley Pearce (https://www.youtube.com/watch?v=1tnfFhpHHyA) e Give Me Someting - Seafret (https://www.youtube.com/watch?v=3ou8PXfDhFI)
PSS: Aguardo vocês nas notas finais.



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Duas semanas passaram feito fumaça, e agora eu tinha apenas um mês com Jacob. Era como se eu estivesse tentando segurar areia na mão e via ela escorrer por entre meus dedos sem que eu pudesse fazer nada, e não podia. Jacob era incrivelmente perfeito, nosso pequeno esconderijo estava ficando cada vez mais real, tomando forma, íamos todas as manhãs que podíamos colocar nosso pequeno cômodo de pé, e cada vez eu e Jacob estávamos mais próximos. A culpa me corroía todos os dias ao ver o sorriso no rosto dele, um sorriso que será desmanchado dentro de um mês. E eu ainda estava orando por uma intervenção divina, e essa pequena balança de prós e contras, ter mais contras do que prós sobre ela.  

Era no mínimo egoísta meu pensamento, eu precisar de contras, contra Jacob para ter que ir embora, eu já tinha um contra maior que era sua vida, mas se eu tivesse um motivo para ir, ao invés de ir sem avisar, uma desculpa que fosse, seria mais fácil. Durante aquela semana, eu e minha família tínhamos decidido como seria nossa partida, seria logo após o casamento de Charlie, Edward me deixou livre para decidir como eu me despediria de Jacob, mas ele não podia saber de nada até realmente estarmos indo, ou seja, ele não podia saber de nada, até eu ter que entrar no carro para partir.  

Estava descido também que Alec começaria a morar com a gente no Alaska, quando partíssemos, isso mesmo morar, ele seria uma espécie de dedo duro para os Volturi, no sentido literal da coisa, ele daria com a língua nos dentes caso não cumpríssemos com o combinado. Estava tudo piorando, o casamento estava mais próximo, então eu e Leah como damas, teríamos que ir juntas experimentar os vestidos para o casamento de Charlie e Sue, Jacob estava caçando Alec e Alec estava na minha cola a mais ou menos dois dias exatamente, sem motivo algum, e eu estava ficando com raiva daquilo.  

A única coisa boa nisso tudo, claro que com exceção a tudo que Jake tem feito por mim e toda a ajuda da minha família, era o frio, que cada noite ficava mais rigoroso, que tirando Jacob, era a melhor parte do meu dia, depois da noite em que vi a visão de Alice caso eu contasse para Jacob que partiríamos, o frio que já vinha sendo de grande ajuda, se tornou minha pequena droga, eu dormia com a janela aberta agora, o frio me impedia até de sonhar e como era bom. Era bom não precisar ver Jacob, minha família ou a matilha morrendo de diversos jeitos, na mão de Alec, eu ficaria apenas com a minha imaginação mesmo.  

Eu ficaria com a ironia de toda a coisa, Alec matando Jacob, e todos que eu amo, o pior de tudo é não conseguir ver aquilo, eu não queria imaginar, porque era loucura. Eu não queria sequer cogitar a possibilidade.  

—Primavera! - Jake me chama um pouco mais alto e eu o fito, ele está com o cenho franzido - Está tudo bem? - pergunta com preocupação na voz, concordo sorrindo.  

—Estou sim, porque? - pergunto voltando a carregar mais algumas madeiras, para perto da construção e as deposito no chão. 

—Você estava no mundo da lua, te chamei várias vezes. - informa com uma sobrancelha erguida, mordo o lábio inferior.  

—Me desculpe, só estava tentando imaginar nosso esconderijo pronto. - minto, eu estava muito boa nisso, ele sorri e depois desce de cima da escada e vem na minha direção.  Acompanho cada movimento de seu corpo, e como se fosse para me desestabilizar Jacob estava sem camisa, acompanho seus passos poderosos e ritmados, de forma elegante, seus músculos pareciam estar mais inflados, pelo esforço braçal na montagem da casa e carregamento da madeira, acompanho a linha de seu abdômen, subindo até seu peitoral e a calça de sarja verde musgo, fazendo um belo trabalho em suas cochas grossas, mordo o lábio de novo e só quando ele me alcança que eu levanto meus olhos, encontrando os seus a alguns bons centímetros acima de mim, me encarando poderosos.  

Coro, e me pergunto se não era considerado um crime, uma pessoa ter tanto poder sobre a outra. Ele não desvia os olhos dos meus e não consigo desviar também, Jake ergue a mão e passa as costas dos dedos pela maçã de meu rosto, ainda quente, mas consegue deixar um rastro de fogo por onde ele toca e depois passa o polegar por meus lábios, desprendendo meu lábio inferior de minha mordida. Com a outra mão ele me puxa mais para ele e enlaça minha cintura, sua respiração toca meu rosto, trazendo o cheiro de menta de sua boca e eu fico na ponta dos pés, para cortar o pequeno espaço que tem sobre nós, ansiando o toque dos seus lábios nos meus. Levo minhas mãos em seu pescoço o prendendo ali, colado em mim e a língua de Jacob faz um caminho certeiro até minha boca.  

Cedo passagem sem perceber e puxo a raiz de seus cabelos, o castigando da mesma forma que ele faz ao apertar minha cintura, sinto ele me erguer de forma fácil e dar alguns passos me encostando no capo da caminhonete, me prendendo entre ele e o carro. Enlaço minhas pernas em sua cintura e desço minhas mãos por seu peitoral, ao mesmo tempo que ele coloca uma mão por debaixo da minha blusa e sobe por minhas costas, ele faz um caminho devagar e de forma tortuosa com a ponta dos dedos, e alcança a raiz de meu cabelo, puxando na nuca. Gemo em sua boca e levo uma mão ao seu rosto, passando para ele a sensação que estou sentindo. Usando minha carta na manga. Jacob aperta minha coxa com força e me prensa com mais força sobre a lataria do carro, e escuto ela reclamar por isso. Parecendo desperta-lo.  

Ele para de forma repentina tirando seus lábios dos meus, respirando de forma desregulada, e de forma gentil desenlaça minhas pernas da sua cintura e eu desço minhas pernas, as testo antes de solta-lo, para não cair no chão. Ele passa a mão no meu rosto e fecha os olhos forte. Bufo um pouco irritada com a situação, não seria possível Jake ter o controle sempre. Me distancio e vou até o carro me sentando no banco do carona, com as pernas para fora do carro e fecho os olhos respirando fundo. Escuto os passos de Jake e ele aparece no meu campo de visão.  

—Nessie, me desculpe. - ele pede e eu ergo uma sobrancelha o olhando.  

—Pelo que está se desculpando? - pergunto e ele suspira.  

—Sei que está brava, porque eu sempre me refreio com você. - ele fala e coro virando os rosto, fitando a água do mar.  

—Eu sei seus motivos Jacob, mas tem hora, que não sei, você não quer também? - pergunto e ainda mais envergonhada e ele bufa. E segura meu rosto fazendo olha-lo.  

—Nessie, quero que entenda que eu quero, tanto quanto você, não sabe como é muito difícil para mim estar perto de você, só nos dois e você se entregando dessa maneira, me fazendo ver como se sente a cada toque meu, a cada sensação que eu te proporciono. - ele fecha os olhos com força - É um castigo, mas eu não quero que as coisas sejam dessa forma, não sei, nunca pensei assim, mas é claro que tudo que envolve você é diferente, eu não posso errar com você, entende? - ele pergunta e eu desço do carro ficando bem perto dele e concordo. 

—Mas Jake, você não erra se eu quero também. - digo e ele me encara suspirando.  

—Você podia facilitar as coisas. - pede e eu reviro os olhos – Você conhece seu pai, ainda quero ter filhos no futuro. - ele brinca e eu fico seria de repente, ele percebe – Calma Nessie eu só estava brincando. - Jake se explica com os olhos semicerrados, e eu concordo rindo tentando disfarçar minha cara, a verdade era que falar em filhos nossos me fazia lembrar de tudo de novo, de tudo que estava acontecendo fora da nossa bolha.  

—Eu sei Jake, mas não é isso. Jake você quer ter filhos? - pergunto de repente interessada, ele sorri de novo concorda.   

—Mas é claro que eu quero, todos ruivos e lindos, igual a você. - ele fala de forma carinhosa, prendo o choro na base da garganta. E nego rindo.  

—Eu as imagino igual a você, com a pele castanha avermelhada, os olhos levemente puxados e negros. - ele ergue uma sobrancelha.  

—As imagina? - ele pergunta e eu concordo – Acha que pode ser menina. - ele pergunta e eu concordo.  

—Sim, você não? - pergunto dando de ombros, ele fecha a cara e nega.  

—Não, é demais para mim me imagina pai de meninas, não tenho psicológico para ter marmanjos em cima da minha filha. - ele fala e eu ergo as sobrancelhas negando e gargalho.  

—Imagina ela imprinting de algum lobo? - dessa vez começo a brincar com ele, que fecha mais a cara.  

—Não Nessie, não quero nem mais falar no assunto. - gargalho jogando a cabeça para trás.  

—Mas Jake ela nem existem ou ele, é só uma suposição. - ele pondera sobre o que eu disse e nega.  

—É, mas suposição ou não, não gosto nem de pensar no assunto. - justifica fazendo uma careta eu rio e nego rolando os olhos – Melhor começarmos a trabalhar novamente. Daqui a pouco você vai comer e eu tenho ronda. - ele fala e é minha vez de fazer careta, eu precisava era caçar e faria assim que voltasse.  

—Não estou com fome Jake. - digo manhosa ele ri. 

—Mas vai comer. - fala mandão, eu ergo uma sobrancelha – Por favor. - ele pede e eu rio concordando - Você é muto teimosa, puxou a.. - eu  interrompo 

—Minha mãe eu sei. - completo caminhando até a construção e ele ri, caminhando atrás de mim.  

Ficamos mais uma ou uma hora e meia trabalhando na montagem da pequena casa, que já estava tomando forma, as paredes exteriores já estavam quase todas erguidas, as quatro janelas já aviam sido colocadas no lugar e o batente da porta também, ainda precisava resolver a questão da eletricidade, que era uma grande burocracia, e a parte da água encanada, mas só de estar quase de pé, era um ponto positivo. Me preocupo se ela estará de pronta antes de eu ir embora e tento mudar a linha de raciocínio, para uma menos castigante.  

Jake beija minha cabeça de forma carinhosa e acaricia minha coxa com os olhos na estrada, um sorriso de canto está em seu rosto, ele tem uma expressão serena, e eu me pergunto como posso ser tão sortuda, Jacob vai ser sempre uma pessoa com a qual eu nunca vou ser merecedora, eu vou machuca-lo, para salvar, todos nós, mas vou machuca-lo e eu não o mereço, nunca vou merecer o amor de Jacob.  Acompanho seus traços, sua boca firme e carnuda, seu nariz anguloso, sua sobrancelha grossa fazendo sombra sobre seus olhos negros, seu maxilar quadrado, as bochechas levemente saltadas e naturalmente coradas por debaixo da pele impecavelmente castanha avermelhada, quase perco o folego, sua beleza nativa é uma afronta. E se já não bastasse isso, sua altura e corpo fazem o resto do trabalho. Bufo ele me olha de canto de olho.  

—O que foi? - pergunta curioso e eu nego.  

—Você chega a ser feio, de tão bonito. - falo e ele gargalha gostosamente, com sua voz rouca.  

—Eu não me acho bonito assim. - ele nega dando de ombros e eu reviro os olhos.  

—Você só está sendo modesto Jake, fala sério. - ele ri e me olha de cenho franzido.  

—Tem horas que eu fico preocupado com o tempo que você passa com Emmett. - ele fala focando a estrada novamente e vira o carro, adentrando a estrada para a mansão, parando em frente a casa. Rio e nego.   

—Mas eu estava falando sério. - ele sorri.  

—Claro, claro. - brinca e me rouba um beijo – Pego você depois da ronda?  

—Claro, claro. - o imito rindo, ele ri também. Desço do carro, e aceno para ele que some do meu campo de visão alguns segundos depois.  

Entro em casa e a encontro vazia, vou até a cozinha e vejo apenas Esme no jardim.  

—Vó, onde estão todos? - pergunto chegando perto dela, que sorri afetuosa para mim.  

—Seu avô já deve estar voltando, mas estava no hospital, Alice e Rose foram em Port Angeles para acertar com o buffet os últimos preparativos do casamento, Emmett e Jasper foram resolver umas burocracias dos nossos novos documentos e bom de Alec também. E seus pais eles tinham ido caçar. - ela finaliza e eu concordo.  

—Vou caçar também. - aviso e ela sorri, beijo seu rosto e saio, sigo caminho em direção a floresta, depois de alguns minutos caminhando atravesso o rio com um salto, e alguns dois ou três quilômetros à frente encontro um grupo de cervos, fito o maior e espero em cima de uma árvore sem fazer barulho, e quando ele se abaixa para beber a água acumulada da chuva, em uma pequena poça no chão, pulo sobre ele e sugo todo seu sangue, vendo os outros correrem desesperados de mim.  

Eu estava ficando boa naquilo, caçar sozinha, é claro que eu sentia falta de Jacob, a competição, as brincadeiras, a calma dele em me esperar, mas eu tinha que me acostumar, ia passar a fazer aquilo sempre daqui a um mês. Suspiro cansada e sinto a rajada de vento passar por mim, agradeço mentalmente, e sigo caminho até a clareira, quando chego me deito no meio dela, sentindo o frio que vinha aumentando com a chegada do inverno endurecer meus músculos, eu vinha usando cada vez roupas mais finas, para ajudar o frio, e Edward estava começando a ficar preocupado, vendo isso na minha cabeça.  

Mas assim era melhor, não pensar, fecho os olhos e me concentro no barulho das folhas sendo levadas pelo vento e no barulho que os animais que estão ali fazem, e depois escuto o barulho do farfalhar das folhas sendo pisoteadas a alguns metros de mim e abro os olhos fitando o céu nublado, anunciando uma chuva que vira a qualquer momento, os passos continuam, pesados e firmes, e posso sentir abaixo de mim o resvalo das pisadas pesadas de Jacob, seu cheiro me bate com força, quando ele pisa próximo a minha cabeça e a sua enorme tampa a minha visão para o céu.  

Seus olhos negros me fitam e eu sorrio, ele se abaixa ficando com o focinho próximo a meu rosto e eu atendo seu pedido, fazendo carinho na sua cabeça. Quando finalizo ele se afasta e se senta sobre as duas patas traseiras, de forma elegante, me sento nas flores da clareira e fico o admirando ali, por alguns segundo gravando cada imagem que eu podia na minha cabeça, para nunca mais esquecer quando eu partisse, ele me olha sem piscar, me levanto e caminho até ele, me sentindo uma anã com ele naquela forma.  

—Pensei que estivesse em ronda. - digo para ele que balança a cabeça enorme concordando, faço a boca em uma linha – Mas aqui não é seu território Jake. - afirmo, como se ele tivesse deixado escapar alguma coisa óbvia e ele bufa por entre suas enormes presas indiferentes, ergo as sobrancelhas - Está me vigiando Black? - indago surpresa e ele gane revirando os olhos. Quero saber o que ele tem a dizer, mas na forma de lobo é impossível, então me aproximo mais. Ergo a mão a parando de frente para seu rosto – Posso? - pergunto, querendo permissão para pegar informações dele naquela forma, já que ele não podia falar comigo. Ficamos parados assim alguns segundos e Jake aproxima devagar sua cabeça da minha mão, até encostar nela.  

Respiro fundo fechando os olhos e me concentro, essa era a primeira vez que eu fazia isso com Jacob nessa forma, pegar informações, eram raras as vezes em que fiz isso com ele em sua forma humana, e todas elas, fiz apenas para aperfeiçoar meu dom, porque eu não precisava disso com Jacob, ele sempre foi aberto e verdadeiro. Respiro fundo mais uma vez e de repente imagens, muitas imagens invadem a minha cabeça ao mesmo tempo. Primeiro, Jake não estava contente de eu estar ali na floresta sozinha, ele tinha farejado meu cheiro e vindo para cá, posso ver as árvores serem um borrão através de seus olhos pela corrida, e então a minha própria imagem, deitada sobre as flores da clareira, e era diferente a emoção, o carinho, o amor, tudo em proporções múltiplas, quase difícil de segurar.  

E depois a imagem muda, a voz de Quil concordando ao comando de Jacob, quando ele pede para ir mais ao sul, posso ver ele correndo na floresta, e posso ver através dos olhos dele, algumas imagens de Claire vem a minha cabeça, ela sorrindo, brincando na praia, é feliz, são emoções felizes, eu podia senti-las quase como um campo de força magnético invisível e pesado, e me pergunto se é assim que Jasper se sentia. E logo depois raiva, Leah eu posso ver ela vindo na nossa direção através, dos olhos dela, as árvores quase serem sombras, posso sentir a raiva e depois a dor, tristeza, e depois imagens, imagens de Sam, Clarissa, a vida dele com Emily, tudo que ela queria e não teria, não com ele, e depois mais raiva por eu estar vendo tudo isso e era demais para segurar a ligação. Era isso, todos estavam ali, com Jacob, transformados, e quando me conectei com ele, me conectei com os outros, tive um passe livre na cabeça de todos, pude ver através dos outros, tiro a mão da cabeça de Jake e caio de joelhos sobre as flores da clareira.  

Jake tenta sustentar meu peso com sua cabeça e eu respiro fundo tentando me situar, ao mesmo tempo que Leah vem correndo na minha direção, e depois disso tudo aconteceu rápido demais. Alec surgi de algum lugar da floresta se chocando contra o corpo de Leah, a jogando longe de mim, e Jacob se colocou a minha frente de forma protetora. Alec estanca no lugar no meio da clareira, e vejo Leah se erguer, balançando a cabeça de um lado para o outro se situando, Jacob me olha e se abaixa para que eu suba nele, mas não me mexo e encaro Alec que me analisa profundamente, como se procurasse alguma coisa, mas seus olhos logo desviam, quando Leah se coloca em forma de ataque de novo, e parti para cima dele, que corre tão rápido que meus olhos não conseguem acompanhar e logo mais lobos estão atrás.  

Fico impactada demais para esboçar qualquer reação, não seria possível Alec ter se lançado contra Leah para salvar a minha vida, tento colocar as coisas na minha cabeça em ordem, ao mesmo tempo em que Jacob me cutuca novamente com a cabeça e choraminga por entre suas presas, e só então me dou conta de que ainda estava no chão, de forma mecanizada subo em suas costas, agarrando seus pelos e ele começa a correr comigo, uma corrida tão rápida que quase não sinto o impacto de seus pés tocarem o chão. Fecho os olhos e tento reformular tudo na minha cabeça novamente, primeiro eu na cabeça de Jacob e logo depois na cabeça de Quil, para logo Leah, a raiva dela, eu sabia, entendia os motivos de Leah, ela ficou com raiva de eu também ver sua tristeza, saber como ela é por dentro, e já achava ruim demais toda a matilha ter que ficar na cabeça dela, e eu descobrir aquilo era doloroso demais, mas Alec me salvando, eu não entendia os motivos dele.  

Sinto mãos geladas em mim e só então percebo Bella parada na minha frente, Jacob parado abaixo de mim desinquieto, Seth ao lado dele em sua forma humana, me olhando preocupado e minha família toda de frente para mim, estávamos em frente à minha casa. Desço devagar do flanco de Jacob e Bella me puxa para um abraço me analisando, Edward vem para perto e Jacob some por entre as árvores.  

—Nessie, você está bem? Ela te machucou? - Bella pergunta com uma preocupação exagerada, nego.  

—Não mãe, estou bem. - a conforto e ela e abraça.  

—Bella amor, ela está bem. - Edward tenta apaziguar as coisas, a confortando e me olhando profundamente, na minha cabeça quero entender o que foi aquilo lá atrás, e ele nega quase imperceptível para mim.   

—Acho bom mesmo, e diga a Leah que não toque em um fio de cabelo da minha filha, se não, não tem trégua que me faça não matá-la. - ela fala com raiva de forma ameaçadora, todos ficamos em silêncio.  

—E nós aqui preocupados com o futuro. - Emmett solta, mas ignoramos.  

—Desculpa Bella. - Seth fala triste e eu nego o olhando.  

—A culpa não foi sua Seth. - digo e suspiro – E nem de Leah, ninguém vai mata ninguém tá ok, eu entendo porque ela fez aquilo. Eu que invadi a cabeça deles e.. - Jake me interrompe de repente se projetando atrás de mim, me analisando preocupado. 

—É, mas você não sabia. Que isso podia acontecer. - intervém me olhando e as imagens passam novamente na minha cabeça.  

—Incrível. - Edward fala vendo tudo que estou vendo – Isso é possível Carlisle? - ele pergunta e vejo Carlisle franzir o cenho.  

—Uma vez que Jacob está conectado com os lobos quando estão transformados, e pode ver ou sentir tudo através da ligação deles, é uma grande possibilidade. - ele fala dando de ombros, suspiro.  

—É, mas não justifica a selvagem pulguenta atacar Nessie. - Rose intervêm com raiva, olho para Seth que tem uma expressão desolada no rosto e nego. Abro a boca para falar, mas Carlisle fala antes de mim. 

—Calma pessoal, vamos acalmar os ânimos. Porque acho que temos, uma coisa maior com o que nos preocupar. - diz e Alec vem a minha cabeça de novo, a imagem dele me salvando, se chocando contra Leah a jogando para longe de mim.  

—Sim, ele definitivamente é um Volturi, me lembro dele no campo de batalha. - Jake olha para Edward, eu arrepio e fito o mesmo de canto de olho.  

—É sim, consigo ver agora, mas não esbarramos com ele em nossas rondas. É Alec Volturi. - Edward fala de forma inocente, como se não soubéssemos de nada, quase bufo.  

—Não sei quem é, mas salvou Nessie de Leah. - Quil se opõe chamando nossa atenção, que horas ele tinha chegado ali? Jake fecha a cara nesse momento. 

—Sim, para onde ele foi? - Jake pergunta e Quil dá de ombros.  

—Não vimos, sumiu por uma nevoa espessa clara na floresta, e não sentimos mais seu rastro. - ficamos em silêncio.  

—Esse é o dom dele, provavelmente usou par se camuflar. - Jasper informa e Quil concorda.  

—É muito estranho ele salvar Nessie. - Bella supõe olhado para Edward e ele não diz nada.  

—Sim, não posso discordar com isso. Mas o que ele faz aqui? – Jake questiona indagativo – Vocês não podem marcar um encontro com ele? Alguma coisa do tipo? Podemos ficar de guarda, caso precisem. – Jake pergunta cruzando os braços sobre o peito, encarando Carlisle e depois Edward, que olha para Carlisle e este concorda ponderando.  

—Podemos tentar, agora que sabemos quem é, não pode ser tão difícil. – ele fala como se já não soubéssemos que era Alec a muito tempo. Me movo desconfortável no lugar por mentir assim para eles, tão descaradamente, Balla parece perceber e esfrega minhas costas, tentando me passar algum conforto.  

—Ok, mas mesmo assim vamos continuar com as rondas, pode ser que ele não esteja sozinho, eles nunca estão. – Jake informa. E meu pai concorda.  

—Vamos continuar também, e tentar contato com ele, qualquer notícia avisamos vocês. – Edward olho para eles e Jake concorda relutante. Um silêncio perdura e Brady aparece por entre as árvores assobiando, todos olhamos para ele, que faz um sinal com a cabeça para a floresta, Jake suspira.  

—Temos que ir. – avisa e minha família toda já está dentro de casa, Seth e Quil vão para perto de Brady e eu ameaço a subir os degraus, mas o toque quente de Jacob me para no lugar. Me viro para ele e seus olhos estão cansados, como se estivesse carregando uma montanha nos ombros, sinto o gosto amargo da culpa salpicar minha boca.  

—Eu estou bem Jake. - digo me aproximando e fico a centímetros dele tentando reconforta-lo. Passo a mão em seu rosto e ele fecha os olhos absorvendo o gesto.  

—A Leah vai se ver comigo. - ele fala me fitando culpado.  

—Jake, não faça nada precipitado, você entende, você sentiu, viu como ela se sentiu. - peço e ele bufa.  

—Mas não sabíamos que seria possível. - ele tenta argumentar e eu concordo.  

—Sim, não sabíamos, mas isso não diminui a dor dela. Por favor, Seth já está se sentindo horrível, não piore as coisas. Por mim. - insisto e ele tensiona o maxilar com força, posso ver o movimento e ele olha para cima de mim suspirando, quase posso ver os pensamentos conflitantes na sua cabeça. 

—Nessie você não tem ideia, e se Leah tivesse conseguido, eu estava na sua frente, ela me atingiria, eu vi ela chegando, mas e se ela conseguisse alcançar você? Tem ideia? De como eu...  - ele joga as palavras para fora, de forma engasgada, bufa, fecha os olhos e me puxa para seus braços. Fico ali em silêncio.  

—Jake, eu estou bem, ok? Por favor para de se culpar, e não a culpe, ela já deve estar péssima o suficiente. - peço enlaçando sua cintura com meus braços, ele beija o topo da minha cabeça.  

—E se ele não tivesse te salvado? Se ele não tivesse jogado Leah para longe, é como se eu devesse algo a ele, por ter salvado você. - Jake fala relutante, e sinto raiva na sua voz. 

—Você não deve nada a ninguém, nem sabemos os motivos dele, e se ele estivesse realmente querendo atacar Leah. - contraponho observando novamente as engrenagens na sua cabeça trabalhar de forma dura, o castigando, e ele bufa olhando para trás, Quil, Seth e Brady ainda estavam ali o esperando.  

—Preciso ir. Por favor primavera, não fique andando sozinha. - pede de forma suplicante, não consigo discordar de seu pedido e apenas maneio a cabeça em um aceno. Ele segura meu rosto e beija meus lábios rápido - Eu amo você. - fala como um pedido de desculpa oculto, por detrás das palavras.  

—Também amo você. - declaro por fim, e o vejo correr até o meninos e logo eles sumindo por entre as árvores. Suspiro me sentando nos degraus da entrada da casa e apoio meu rosto entre minhas mãos, suspirando.  

Minha cabeça trabalha de forma dura, tentando entender as entrelinhas do que aconteceu na clareira, ver Jacob dilacerado, ele não devia nada a Alec, pelo contrário Alec devia a nós, nossa felicidade seria arrancada da raiz por ele, pelos Volturi, Jacob não devia se sentir dessa forma.  

—Não se martirize, e bom Jacob, eu o entendo. - Edward fala ao meu lado, ergo meus olhos até ele.  

—Pai eu não consigo entender. - declaro cansada e ele concorda.  

—Também não entendemos os motivos de Alec, e claro Leah estava dilacerada de toda a forma, mas nada justifica o que ela tentou fazer. - ele fala e suspira olhando para frente como se estivesse lembrando de alguma coisa - Mas eu entendo Jacob, definitivamente o entendo. Sei o que é se sentir impotente por não conseguir fazer pela pessoa que você ama, Jacob está se sentindo impotente, ver Alec a salvando e sentir que deve algo a ele, eu já senti isso, com Jacob mesmo, quando ele sofreu um imprinting por você e salvou, você e sua mãe. - ele finaliza piscando algumas vezes, como se estivesse desfocando alguma coisa da sua cabeça e sorrindo de forma amarga.  

—Mas eu não quero que ele se sinta assim.  Por Deus isso é absurdo, Alec é um idiota, porque ele fez isso? - tento argumentar, mas me perco na minha raiva crescente, ele dá de ombros acompanhando meus gestos.  

—Nessie, não sabemos os motivos dele, provavelmente não quer que o plano de Aro de errado. E não é conveniente para ele você morta. - ele pronuncia a última palavra com raiva e dor na voz. Ficamos em silêncio por um tempo e passos são ouvidos atrás de nós.  

—Quem diria em Nessie, o principezinho Volturi salvando você. - Emmett fala de forma cômica atrás de nós, bufo e me levanto.  

—Você em silêncio tio Emmett, é um poeta. - digo passando por ele com raiva e o ouço gargalhar atrás de mim.  

Subo rápido até eu quarto e fecho a porta atrás de mim, vou até minha cama e me jogo, seria possível as coisas ficarem mais difíceis? Seria possível tudo piorar graças a Alec? O que aquele gesto dele tinha implicado a todos nós, todos nós, a ação dele teve um peso em cadeia, porque agora os lobos sabem que é ele que está aqui, agora Jacob sabe que é ele aqui, agora todos querem uma explicação de o porquê da sua visita, teríamos que mentir de novo, aumentando a dívida que só crescia na nossa conta, e para piorar ele deixou Jacob mal no processo. 

Depois da declaração de Edward as coisas se clarearam na minha cabeça, Jacob estava se sentindo impotente por Alec ter me salvado, eu vi nos olhos dele que ele podia prever os movimentos de Leah, mas como eu era sua preocupação inicial, seu ponto fraco, ele se focou em mim, e Alec acabou se jogando contra Leah. As coisas só se complicavam, sinto a raiva subir junto com a culpa rolando por minhas veias, junto com meu sangue, e bufo irritada com Alec, o que ele estava pensando quando fez aquilo? 

Ouço o bater na minha porta e levanto a cabeça, apenas para fitar Bella entrando no quarto.  

—Vim saber como você está? - ela pergunta se sentando ao meu lado, de maneira imóvel me avaliando.  

—Será possível você odiar tanto uma pessoa, a ponto de querer exterminar ela? - pergunto ironicamente e um tom ácido está na minha voz, Bella ergue uma sobrancelha.  

—Alec não merece nada seu meu amor, ele não merece nem que fique assim por ele. Apenas o despreze. - ela pede e eu rolo os olhos.  

—Mãe olha só o que ele fez, olha o que acarreou o que ele fez. - digo e ela concorda suspirando.  

—Nessie, não posso discutir com você sobre isso, ele salvou você, e não gosto dele e nem ninguém da corja Volturi pelo que estão fazendo com a gente, com você. - ela começa.  

—Mas? - pergunto, sabendo que tem alguma implicada por trás de seu discurso.  

—Mas querendo ou não ele salvou você. Não posso ficar com raiva dele por isso. - ela declara devagar, como se tivesse pisando em solo inimigo e eu me levanto negando, andando de um lado para o outro.  

—Mas mãe tenta ver por outro lado, vamos precisar mentir para os lobos de novo, para Jake, e agora Jake se sente impotente e que deve alguma coisa para Alec por ele ter me salvado, não vejo como isso pode ser bom. - argumento e paro olhando nos olhos dela, que não móvel um centímetro sequer do lugar, ela concorda.  

—Eu entendo você amor, entendo mesmo. Mas e se fosse ao contrário. E se Alec salvasse Jacob? Como você se sentiria? Aposto que não estaria com raiva dele. - faz a comparação de forma racional, e eu fico em silencio absorvendo suas palavras e ela estava certa por fim, sinto o gosto amargo da verdade salpicar em minha boca, mas nego não querendo admitir, ela suspira e se levanta vindo até mim – Sei que se sente culpada por tudo isso, que a cada dia que passa você se consome mais, mas Nessie isso não é culpa sua, você tem que colocar isso na sua cabeça. - ela fala, beija minha testa e sai me deixando sozinha.  

Ela estava certa a grosso modo, se fosse ao contrario eu seria totalmente grata a Alec, salvar Jacob seria, por Deus é difícil de imaginar, mas eu não queria admitir eu precisava culpar alguém além de mim mesma por tudo isso. Eu precisava dividir aquele fardo. E ela também estava certa sobre a culpa, mas não tinha certeza se ela estava certa sobre a culpa realmente não ser minha, pois os Volturi me pegaram de válvula de escape para controlar minha família, de novo, nos afastando de Forks, de tudo que mais amamos e com isso vou levar Jacob de tabela no processo, Jacob e a matilha. Me sinto ainda mais responsável por isso, após estar na cabeça deles, ver cada imagem, sentir cada emoção, é forte, forte demais.  

Fecho os olhos forte tentando afastar esses pensamentos da minha cabeça, fito o relógio sobre o criado mudo, será se Jacob viria para darmos continuidade a montagem do esconderijo?  Acho que não, ele pode estar ocupado demais para isso, culpa de Alec de novo. Ele sempre seria uma pedra no sapato? Porque estava me seguido? Porque não continuou longe como planejado?  

—Nessie, vamos a casa do seu avô com Alice e Rose, você quer ir? - Bella pergunta entrando no quarto, nego.  

—Acho melhor não mãe. Vou tomar um banho e dormir um pouco. - digo já me levantando e pegando uma toalha limpa no closet.  

—Você quer que fique com você? - pergunta e eu levo meus olhos até ela, uma expressão preocupada está estampada em seu rosto. Vou na sai direção.  

—Mãe, estou bem, é sério. Pode ir, vai segurar Alice, se não ela vai deixar Charlie louco. - falo rindo e ela me acompanha.  

—Tá ok, mas qualquer coisa, qualquer coisa mesmo, não existe em nos ligar meu bem. Não precisa passar por tudo sozinha, sabe disso. - ela me puxa para um abraço carinhoso e beija o topo da minha cabeça.  

—Abraço em família. - escutamos a voz de Edward e nós viramos, o vendo parado encostado no batente da porta com as mãos no bolso, um sorriso torto está no seu rosto. Rimos para ele e Bella estica um braço o convidando para nosso abraço, ele não hesita e caminha até nós, nos envolvendo em seu abraço, beija minha testa e os lábios de minha mãe - Eu amo vocês. E vou fazer o que estiver ao meu alcance, para ver vocês felizes. - fala olhando nos nossos olhos, concordamos juntas.  

—Eu amo vocês, mãe e pai. Obrigada por tudo. - digo aninhando minha cabeça entre os dois e Edward faz carinho no meu cabelo e Bella em minhas costas. E ficamos assim por alguns minutos.  

—Eu acho lindo, mas estamos atrasados. - Alice chama nossa atenção entrando no quarto, Edward rola os olhos.  

—Não estamos atrasados. - ele fala e ela mostra a língua para ele, eu e Bella rimos.  

—Vamos então, que voltamos rápido. - Bella beija meu rosto – Hoje quero ficar com o meu bebe. - ela afirma me abraçando e eu sorrio negando, me lembrando de nós no chale.  

—Na verdade é uma boa ideia. - Edward sorri e olhamos para ele, que tem os olhos em mim – Depois iremos para o chalé e vamos ficar lá essa noite, o que acha? - ele pergunta com uma sobrancelha erguida, concordo.  

—Certo, vou tomar um banho e espero vocês lá. 

—Ótimo, temos um acordo, mas agora vamos. Essa festa de casamento não vai se produzir sozinha. - Alice chama de novo e Edward rola os olhos. Ele me dá um beijo na testa e Bella no rosto e saem.  

—Espero vocês lá. - aviso tentando os confortar e eles sorriem saindo do quarto, junto com Alice.  

Fecho a porta, pego a toalha e vou em direção ao banheiro, ligo o chuveiro no máximo, e entro debaixo da água fechando os olhos. Seria possível eu ligar a água tão forte, a ponto de ela levar a minha culpa fora? Bufo, era impossível, a culpa estava impregnada em meus ossos, presa a mim como minha cabeça está presa ao meu corpo, como uma rocha presa ao chão. Suspiro e torço  a torneira no sentido contrário, e só me dou conta do que fiz quando a água gelada bate em meu coro cabeludo, congelando qualquer pensamento na minha cabeça, em um contraste enorme da água quente que batia no meu copo antes. Fecho meus dedos forte os pressionando sobre minha palma, quase machucando a carne com a minha unha e sinto a água gelada descer por meu corpo me endurecendo, mas minha cabeça era um breu, era impossível pensar assim.  

Desligo o chuveiro satisfeita, mas tremendo, não fez segundos que eu fiquei debaixo da água gelada, mas foi o suficiente para me salvar da minha cabeça. Me enrolo na toalha e saio do banheiro sentindo meu corpo ainda gelado, passo pelo quarto e olho para a janela, ainda nublado, claro não podia ser diferente, era Forks, vou até o closet e escolho uma calça jeans e uma camiseta de alça preta.  Me visto e apenas escovo meus cabelos os desembaraçando, e os deixo molhados mesmo. Coloco um tênis e respiro fundo descendo para o segundo andar.  

—Está competindo com os lobos, para ver quem sente mais calor? - Emmett indaga me fazendo fita-lo quando piso no último degrau. Semicerro os olhos, ele não deveria saber o motivo da minha falta de roupas de frio. Mordo o lábio inferior, nervosa e Jasper vira a cabeça na minha direção. Dou de ombros tentando disfarçar.  

—E você, está competindo com você mesmo, o quanto consegue ser chato? - rebato, Emmett gargalha, mas Jass ainda tem os olhos em mim.  

—Estou tentando bater meu próprio record, sabe como é, sempre superando as metas. - Emm fala me fazendo olha-lo de novo, caminho até a porta de entrada e concordo revirando os olhos.  

—Claro, claro. - digo e ele ri – Vou para o chalé, meus pais já sabem. - aviso, Emmett ergue uma sobrancelha. 

—Direto para o chalé monstrinha, não vá ver o lobão, quero a castidade da minha sobrinha intacta até o casamento. - ele fala malicioso, coro e mostro a língua para ele que ri da minha atitude. 

—Tchau. -  aceno saindo e fechando a porta atrás de mim, desço os degraus adentrando a floresta, eu sabia aquele caminho de olhos fechados.  

Me encaminho para o chalé devagar, para que o tempo passe rápido e para que eu não fique muito tempo sozinha lá, eu precisava mesmo de um pouco de apoio dos meu país, chego no rio, e tomo distancia para salta-lo, mas escuto um barulho atrás de mim. Estanco no lugar, um vento me toca e o cheiro de canfora invade minhas narinas, fico com raiva de súbito, e me viro procurando Alec no meio da floresta.  

—Sei que está aí, é bom que minha sombra particular apareceu, precisava mesmo falar com você. - digo para o nada. E com um rompante Alec pula em uma arvore próxima a mim. Ele não me olha, respiro fundo. Fico em silencio por um momento, o vendo encostado na árvore, os braços cruzados sobre o peito, o olhar para longe de mim e uma pequena ruga sobre sua testa.  

—Não tenho muito tempo. - ele finamente fala seco e cortante olhando para trás de mim, como se pudesse ver alguma coisa.  

—O que você fez? - pergunto indignada. Ele tensiona o maxilar de forma dura.  

—Não é obvio, eu salvei você. - solta de forma fria, como se não tivesse deixando nada passar despercebido, rolo os olhos impaciente.  

—Porque fez aquilo? - pergunto de forma dura, seus olhos vêm para mim, por um misero segundo me escaneando e depois ele desvia novamente. O silêncio perdura de novo, dou um passo na sua direção e isso parece alerta-lo, seus olhos vem até mim reprovativos, ele coloca as mãos atrás das costas as entrelaçando e caminha de forma calculada de um lado para o outro.  

 -É muito obvio, o lobo estava tão preocupado com você que não prestou atenção quando você seria atacada, eu fiz um favor a ele. Você é o ponto fraco dele. - ele fala com a voz calma e aveludada, minha raiva aumenta e eu caminho na sua direção obstinada, paro a um passo dele, que para também ficando de frente para mim, as mãos ainda atrás das costas, me olha de cima com um olhar superior, sinto vontade de arrancar seus olhos de orbita.  

—Podia ter me deixado morrer. Pelo menos me poupava de uma escolha. - suspiro com raiva e seus olhos vão para mim agora, e eles se curvam junto com sua boca, fazendo surgir um sorriso impecavelmente lindo em seu rosto.  

—Você fala como se tivesse alguma escolha. - ele rebate e é como um soco atingindo meu estomago, engulo em seco a verdade, e é como se uma faca de dois gumes atravessasse minha garganta. 

—Não pedimos sua ajuda, Alec Volturi. - digo desdenhando de seu nome, o sorriso vacila em seu rosto - Não quero você perto de Forks, de mim, de Jacob, da minha família, dos lobos. O quero longe de tudo que eu amo. - dito obstinada, ele está me encarando profundamente, o sorriso morreu em seu rosto e ele me avalia em silencio, não desvio os olhos – Eu odeio você e toda a escória Volturi. - finalizo com os olhos cheios de lágrimas, uma sombra diferente brota em seus olhos, e sua expressão muda impotente para indagativos e surpresos, limpo a lágrima que escorrem por meu rosto com raiva – Eu quero que fique longe de Foks, até irmos embora. - falo fria de novo.  

—E mais uma vez, você fala como se tivesse escolha. - responde seco e eu me irrito de novo.  

—E porque não, você pode sim, estava longe até dois dias atrás. O que mudou? - pergunto com uma sobrancelha erguida, ele não fala nada e levanta os olhos erguendo uma sobrancelha, olhando para trás de mim. E só então percebo que não estamos sozinhos, me viro assustada e fito Leah parada a alguns metros nos olhando, seus braços tremem indicando a transformação que vira.  

Minha cabeça gira e eu sinto o maldito gosto da bile chegar a minha garganta, junto com o sanduíche que Jake me fez comer hoje cedo.  

—Leah. - digo a coisa mais idiota do mundo, seus olhos intercalam entre mim e Alec que ainda está atrás de mim, a olhando.  

—Você... - ela começa e tremer mais, sinto o calor de seu corpo agora próximo a mim, ela estava próxima a se transformar, mas isso não podia acontecer, Jake não podia saber de tudo, não agora, não é possível que tudo vai terminar assim. A visão de Alice vem a minha cabeça de novo e eu sinto uma pontada de dor em meu corpo.  

—Leah me deixa explicar, te mostrar, se você se transformar agora vai matar todo mundo. - argumento tentando acalma-la, e dou um passo na sua direção cautelosa.  

—Cala a boca, sua sangue suga de merda, sabia que você não merecia Jacob. - ela fala e eu faço a boca em uma linha com suas palavras acidas, ela treme mais e eu suspiro agora desesperada.  

—Leah não faça, isso, por favor, você vai mata-lo, vai matar todo mundo. - imploro desesperada e ela cai de joelhos, no chão posso ver ela tentar controlar seu lobo, e Alec se coloca na minha frente e posição de ataque. Leah suspira e eu tento puxar Alec de volta, mas não o movo um centímetro do lugar.  

—O que está fazendo? Ela vai se descontrolar. - digo o encarando de forma dura, ele rosna para ela, toco seu ombro frio, mais frio que minha família e ele me olha por um segundo – Por favor, não faça isso. - me vejo implorado, mas me lembro de seu dom – Alec a imobilize. - peço e ele me olha de novo, agora quase chocado - FAÇA LOGO, EU PRECISO MOSTRA-LA ANTES DE ELA SE TRANSFORMAR. - grito e logo a fumaça de Alec começa a alcançar Leah, parece correr até ela em câmera lenta. Olho para Leah novamente que me olha de forma ameaçadora, agora, com os olhos de lobo e então a fumaça densa de Alec a toma.  

Olho para ele com medo, caminho até a fumaça tentando achar Leah e logo a cabeça dela surge entre a cortina de fumaça que tem ali, ela me olha assustada, a encaro triste limpando as lágrimas em meus olhos.  

—Me desculpe. - peço, ela me olha com raiva, mas não fala nada. E então toco seu rosto, seus olhos ficam fora de foco.  

Mostro para ela tudo, desde a nossa viagem, a ordem de Aro, a vida de Jacob em jogo, caso não fossemos embora, a primeira visão de Alice caso contássemos a verdade a Jake, as visões sucessivas, a aparição de Alec, o real motivo de ele estar aqui, e então me sinto ela, exposta, ali ela pode ver toda a minha dor, minha tristeza, a minha culpa, e então a última visão de Alice, quando tomei a decisão de contar a Jake novamente toda a verdade. Tiro a mão de seu roto e ela está chorando, com raiva e eu limpo meus olhos a fitando, ela me olha por uns segundos.  

—Leah se você se transformar, já sabe o que vai acontecer, Jake vai ler tudo na sua cabeça. - digo com um fio de voz, ela morde, forçando o maxilar, respirando fundo como um felino. E eu olho para Alec balançando a cabeça uma vez, para que ele a soltasse – Solte-a. - peço e ele ainda continua a imobilizando, posso ver ela lutando para ter ar. Olho Alec de novo – Solte-a. Está machucando ela. - peço com raiva me aproximando dele, ele me olha de forma ameaçadora, engole seco e olha para Leah de novo, logo a fumaça densa e clara que está em volta dela, refaz o caminho.  

Assim que a deixa, a vejo cair no chão com as duas mãos no chão úmido, tentando puxar ar, caminho até ela preocupada , mas ela recua, me olha e depois olha para Alec de forma profunda, vejo ela ponderar mata-lo, ela sabia que ele selaria nosso destino caso Jacob descobrisse tudo, depois ela me encara de novo. Se levanta tentando se recompor e bufa.  

—Você não o merece. - ela profere de novo forma dura, e corre floresta a dentro nos deixando para trás.  

Solto a respiração de forma rápida de dentro de mim e não tenho tempo de perguntar que horas a prendi, pois sinto minhas pernas bambas, minha visão embaçar e logo ficar escura, me levando a escuridão.  


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Notas finais do capítulo

Minha gente, vem aqui me falam o que acharam da Leah descobrindo tudo. E o Alec salvando a Nessie, alguém tem algum palpite dos motivos dele? E o Jake tadinho desolado, a Nessie cada dia mais culpada. Vocês acham que a Leah vai dar com a língua nos dentes? Gente, esse cap. tem muita coisa para questionar.
Então comentem, favoritem, recomendem. E comentem de novo.
Bejú,

By Isa Devaylli



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