Ao Tempo escrita por Leticiaeverllark


Capítulo 43
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POV KATNISS

—O que você me pediu, Katniss.

Sorrio tomando o envelope de suas mãos, o conteúdo traz a ansiedade de volta.

É temeroso pensar no futuro, o medo da reação de Peeta não for das melhores.

Não consigo imaginar, não sei como foi das outras vezes.

—Obrigada.

—Quer comer algo? Vou começar a trançar seu cabelo.- Effie se disponibiliza a ajudar em casa no momento, isso supostamente minha mãe teria que fazer.

—Estou bem. Willow e Rye?

—Haymitch está conseguindo controlá-los - rio, não aguentando evitar a risada ao pensar no trabalho extremo que terei.
—Logo terá mais um.

—Não sei como fui deixar isso acontecer.
Foi burrice total.- remexo o arranjo de flores que cairá muito bem no meu cabelo.

—Eu não penso dessa maneira. É uma chance de aumentar a família.

—É assustador.

—Ora, você passou por isso antes.

Teoricamente sim.

—É. Espero que tenha aprendido algo.

—Peeta é um ótimo pai, não será como a primeira vez.

Provavelmente algo bem ruim aconteceu.

—Não. Espero que não.

Ela sorri abertamente pra mim, sento esperando seus dedos habilidosos fazerem o milagre.

                          

"Não há razão pra ficar nervosa, Katniss.
Vocês apenas irão renovar os votos, mesmo que seja na frente de várias pessoas."

Ao libertar meus olhos das pálpebras, encaro o espelho. É grande o suficiente pro meu corpo inteiro.

—Você está... indescritível.

Effie se aproxima, envolvida o bastante para se emocionar.

Esse é um dos momentos que não quero deixar escapar. Lembrarei diversas vezes, revendo as partes favoritas.

Estou bonita.

Reconheço a mim mesma, não há outra pessoa pintada em meu rosto.

—Precisa de um minuto?

—Não, estou pronta.

—Seus votos?

"Brilhante, Katniss.
Agora vai falar o que la na frente?
Genial!"

—Eu...- enrolo, envergonhada por parecer tão desleixada. -Preciso falar na hora. Não consegui pensar em nada bom o suficiente.

Não minto.
Sempre fui péssima em escrever algo forte e bonito. Sou melhor calada.

—Tudo bem.- seu olhar desaprova meu ato. -Vamos. Tome seu buquê.

Agarro as flores, apreensiva com o desconhecido.
Desço os degraus, meus pés suando dentro da sapatilha de tom claro.

Meus pensamentos estão todos na carta, por mais que tente desfocar meus pensamentos, não há outra coisa a não ser esperar pela bomba que irei jogar nele.

Peeta me espera na porta, iremos juntos até o juiz. Algumas poucas palavras, recolocaremos as alianças e pronto.

Simples, rápido e simbólico.
Será perfeito.

Chego ao térreo, junto os pés ainda agarrada ao corrimão. Duas crianças agarram minhas pernas, lindas com suas roupas especiais.

Dobro os joelhos, equilibrando nos calcanhares.

—Vocês estão lindos!

Me emociono, a existência deles me mudou. Transformou meus pensamentos, meu modo de ser, de agir e viver.

—Mamãe, o papai está ali esperando você.- Wi e seu modo fofo de ser, ela me quebra numa simples piscada.

—Vamos até o papai então!- capturo suas mãos, equilibrando as flores entre os dedos.

Encostado ao batente da porta dos fundos está ele.

Sorrio acompanhando duas pulgas saltitantes, os cachos de Willow começam a desfazer e virar nós.

Chamado sua atenção, logo seu olhar está em mim.


Passo os dedos entre os fios da pequena, tentando colocá-los em ordem. Uma mania que adquiri depois de me aceitar como mãe.

—Linda.- as palavras querem sair de seus lábios, lentamente Peeta se embola num abraço forte o suficiente para me tirar do chão.

—Vamos nos casar de novo.

Tenho vontade de morder suas bochechas toda vez que Peeta sorri.

O loiro consegue ser fofo e sexy ao mesmo tempo, há todo um ar misterioso em seu olhar.

Apanho sua mão embretando meus dedos entre os seus, levamos nossas crianças ao nosso lado.

Os poucos familiares levantam quando passamos entre as cadeiras espalhadas.

Ao final do curto caminho que percorremos, há a mesa com o juíz atrás e flores espalhadas na pequena armação de madeira que nos cobre.
Effie transformou nosso quintal em uma bela recepção.

O juiz começa, Willow e Rye sentam junto a Haymitch.
Elisabeth balança os pés enquanto mexe em meu buque junto a minha primogênita.

Mexo meus dedos, travando uma batalha de emoções.

Há muita história para colocarmos no livro de memórias, muitas palavras que não quero esquecer, gestos que repetirão em minha mente, aquele olhar que penetrou tão profundamente que jamais sairá, aquelas sensações que refletem a todo momento.

—Peeta Mellark, você aceita novamente Katniss Everdeen, como sua legítima esposa. Para amá-la, respeitá-la. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe?

É nesse segundo que o mundo para.

Nunca fui uma pessoa religiosa, com um espírito forte e cheia de fé.
Mas acredito que qualquer um pode ter seu pedaço de felicidade.

E Peeta Mellark é o meu.

—Aceito.

—Katniss Everdeen, você aceita novamente Peeta Mellark, como seu legítimo esposo. Para amá-lo, respeitá-lo. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, até que a morte os separe?

—Aceito.

—Eu os declaro marido e mulher, novamente.

As palmas inundam o ambiente aberto, Willow e Rye correm até nós entregando o pacotinho que Effie entregou a eles.

Nossas alianças são colocadas e tudo parece certo novamente, até mesmo novo.

—Aposto que foi bem melhor do que a primeira vez.

—Por que acha isso?- ele me pergunta, enquanto caminhamos até as mesas, a comida será servida.

—Pegue isso.

Tiro a pequena carta do meio do buque, devolvido por Effie.

—Katniss, nós vamos fazer o brinde.

—Olha agora, Mellark!

Rapidamente seus dedos rompem o selo, pegam o papel e viram a fotografia.

O pequeno ultrassom, com um borrão tão minúsculo que não ousei achar nosso novo filho em meio a sombras desfocadas.

—É seu novo filho.

Ele paralisa, nada igual ao choque que tivemos ao acordar nessa realidade. É muito mais intenso e indecifrável.

—Por favor não saia correndo ou diga algo ruim. Vou desmoronar a qualquer momento, Peeta.

—Um bebê.

—Peeta, eu preciso de você, das suas palavras.

Agarro seu pescoço, subindo até seu rosto. Pânico começa a borbulhar, quero gritar e correr, mas há pessoas e atenção demais.

—Não... É... Certo.- ele puxa meus pulsos, me obrigando a rodar seu pescoço com minhas mãos e grudar nossos corpos.
—Nós vamos ter um bebê. Vamos realmente passar por isso. Vamos...

—Cala a boca e me ajuda com isso. Não estou brincando, eu vou correr, Peeta!


Caloroso, refrescante, viciante, esplendoroso, arrebatador.

Um beijo e suas sensações conflituosas. Pode ter beijado várias bocas, mas se for com a sua pessoa certa, será como seu primeiro beijo.

Toda a magia, o nervosismo, a confusão indesifrável.

Nós vamos ter esse bebê.

Encosto sua testa na minha, recebendo uma estrondosa risada. Uma daquelas que afogam nosso oxigênio em meio a tanta felicidade.

—Vamos descobrir isso juntos, caçadora. Vamos viver esse sonho.

—Sempre.

 


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