Spencer Sutherland escreveu sobre nós escrita por Biazitha


Capítulo 4
E você ainda questiona por que meus olhos estão vermelhos




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Now I can't think of anything else

Ask me if I'm okay

If I'm honest, I just can't tell

O salão de festas dos Uzumaki’s era bonito e grande, coisa de gente rica mesmo. Haviam duas mesas no centro com gigantes panelas fumegantes recheadas até a borda de comidas variadas, assim como sucos, refrigerantes, sorvetes e doces. Tantos tipos de comida que eu não fazia ideia do que eram feitas ou de onde vinham; a única coisa que me importava era encher a barriga de delícias até sair rolando contente daquela festa.

— Eu preciso experimentar mais um doce. — Hinata avisou extasiada, saindo acompanhada de Temari com os seus pratinhos vazios de porcelana. Enfiei um pedaço de carne inteiro dentro da boca e passei a observar melhor a morena de longos cabelos brilhosos. 

A Hyuuga sempre conseguia me surpreender com a sua beleza oriental tão agradável aos olhos; estava mais linda do que nunca. Usava uma blusa preta, meio transparente, repleta de brilhos prateados que pareciam imitar estrelas no céu escuro. Ainda podia sentir o seu perfume floral grudado em mim; ele parecia me fazer companhia desde o momento em que ela havia me abraçado forte ao me cumprimentar.

Na verdade eu me sentia simples até demais comparado à todos naquela festa. A jaqueta vermelha e a blusa branca não me faziam destacar demais, apesar de eu ter gostado quando me olhei no espelho antes de sair de casa. Agora sentia-me levemente deslocado. 

Os meus amigos estavam muito bem produzidos com joias cintilantes e roupas adequadas para um desfile de moda, e eu nem queria muito estar ali para começo de conversa.

— Fui delicadamente enxotada de lá. — Temari voltou reclamando para o nosso lado, me arrancando do redemoinho de autodepreciação em que eu me encontrava. Busquei por Hinata e a encontrei conversando com Naruto ao lado da fonte de chocolate meio-amargo. 

— O cara parece um abutre em volta da carne. — Apesar de ser uma analogia extremamente desnecessária, Shino tinha razão. O garotão loiro não passava de um jogador, tanto na vida real quanto na vida amorosa. O clichê do estudante popular ser um tremendo babaca com as meninas era mais do que verdadeiro no caso dele. Quando ainda namorávamos foram poucas as vezes que ele demonstrou interesse em qualquer um de nós. Agora que eu e Hinata estávamos solteiros, ele misteriosamente queria se aproximar mais do nosso grupo. 

Revirei os olhos tão forte que por um momento achei que nunca mais voltariam ao normal.

Naruto encarava tudo na vida como uma conquista, um prêmio...

Os rumores sobre como ele enganava e mentia para as pretendentes eram fortes no colégio. Enganar e conquistar a Hyuuga seria mais uma medalha para a sua coleção de garotas. 

E eu tinha certeza de que Naruto não queria apenas um beijo.

— Esse convite tão aleatório para a festa de aniversário nunca me cheirou bem.

Concordei com a Yamanaka e enfiei mais um pedaço de carne na boca, mastigando com violência. Éramos cinco pessoas incomodadas observando fixamente qualquer movimento suspeito do aniversariante, talvez prontos até demais para atacá-lo. 

Com muita sutileza Hinata o empurrou e deu alguns passos para trás, aumentando a distância entre eles. Sorriu dura, sem deixar que a felicidade chegasse até os olhos tão bonitos. Suspiramos em uníssono quando ela voltou para o nosso cantinho com os seus doces. 

— O que acham de uma partida de Mário Kart? 

Assim, as horas começaram a passar com certa rapidez enquanto jogávamos. Shino nunca foi muito ágil com videogames, mas naquela noite ele estava surpreendentemente ganhando as colocações mais altas, o que rendia vários tapas e xingamentos entre nós. Apostávamos até que ele havia sido substituído.

Porém, antes de terminarmos mais uma rodada e o Aburame poder gritar para o mundo que havia ganhado 15 vezes seguidas, todas as luzes do salão se acenderam e a música parou. Como se tivesse sido ensaiado, o lugar todo ficou em um silêncio tenso e as cabeças começaram a virar, tentando entender o que estava acontecendo.

— Galera, infelizmente vamos ter que terminar a festa mais cedo. Os vizinhos estão reclamando muito do barulho, mas vocês são fodas! — O microfone fez o favor de trazer a voz já rouca do aniversariante para todos nós. Relanceei o horário, ainda era 23:38. 

— Bando de animais. — Konohamaru berrou e retorci o rosto com nojo. Era para ser um elogio? Para o resto das pessoas parecia que sim, elas gritavam em comemoração como resposta.

Sem disfarçar o meu contentamento, puxei o celular do bolso e mandei uma mensagem para a minha mãe pedindo para que viessem me buscar. Rápido, de preferência.

— Você vai com quem? — Perguntei para Hinata enquanto nossos amigos desligavam o jogo e se aprontavam para saírmos dali. Ino carregava consigo um copo de plástico cheio de doces; praguejei baixinho por não ter tido a mesma ideia antes. 

— Não sei. É... É muito incômodo vocês me deixarem em casa?

Discordei. Era caminho e eu jamais a deixaria sozinha naquele lugar. 

Entramos na fila atrás das outras pessoas, prontos para irmos embora. Tinha as minhas mãos nos ombros da Hyuuga, massageando com delicadeza e me sentindo mais apaixonado do que nunca. Ora ou outra ela olhava para mim, rindo e se contorcendo com o carinho. Parecíamos namorados de verdade!

Passamos ao lado do anfitrião e fomos parados por sua pergunta impertinente: 

— O meu tio vai nos levar pro cinema, você vem? — Novamente o sorriso de galã tomava conta de sua boca cheia de dentes brilhantes. Bufei com visível irritação. 

— Não, obrigada. Eu prefiro ir embora com o Kiba. 

O seu sorriso meigo dirigido somente à minha pessoa aqueceu o coração. Endireitei a coluna com orgulho, deixando-a me guiar para fora da casa. Estiquei os braços para que pudesse envolver o corpo dela de lado, tanto para a proteger da brisa gelada da noite quanto para tê-la mais próxima de mim. 

— Esse momento merece um registro. — Shikamaru lançou a indireta e apertei mais o meu enlaço na Hyuuga, esperando pelo flash da câmera do celular. Ele riu para mim, compartilhando da minha felicidade, e se aproximou para sussurrar no meu ouvido enquanto apontava para a imagem já enviada para mim: — Me agradece depois, hoje você gasta o seu tempo sorrindo para a foto. 

Ficamos não mais do que cinco minutos ali no frio e logo o carro dos meus pais estacionou na nossa frente. Despedi-me dos meus amigos com um abraço em cada um, em seguida abri a porta para que Hinata pudesse entrar. Senti os olhos do meu pai — que dirigia — em cima de mim com certa curiosidade. Sorri para ele, dando de ombros. 

— Oi, minha linda. Como você está? — Minha mãe praticamente cantou, não escondendo a felicidade em ver a morena comigo de novo. 

— Muito bem, e a senhora?

As duas engataram em uma conversa amena, falando sobre o colégio, a família e as férias que estavam chegando. Eu não prestava muita atenção nelas, estava mais concentrado na música melancólica que tocava baixinho na rádio. 

Estava sendo uma noite boa. Muito boa. Eu não esperava que as coisas dessem tão certo como estavam dando; parecia que tudo estava se encaixando como deveria.

Hinata falava e falava, mas eu não ouvia a sua voz direito. O meu coração estava derretido demais com a beleza dela — ali do meu lado — para me deixar voltar à realidade. Parecia como a cena de um filme, ela se movia em câmera lenta e brilhava sob as luzes brancas dos postes. 

Passei a mão na boca disfarçadamente, podia jurar que estava babando mesmo. Demorei a perceber que já estávamos na frente da casa dela. 

— Obrigada pela carona. — Deu um beijo na bochecha da minha mãe e em seguida na minha. Depois de dar um leve apertão no ombro do meu pai, saltou para fora.

Suspirei contente, entretanto sentindo que estava faltando algo. Eu precisava deixar claro as minhas intenções e o momento parecia tão certo... Eu devia arriscar?

— Hinata, espera! — Alcancei-a em poucos passos e a segurei em meus braços, hesitei por um instante. Os seus olhos me encaravam com visível antecipação, aguardando os próximos movimentos que eu faria. E, então, eles não me olhavam mais, já que ela havia os fechado com delicadeza. 

Era tudo o que eu precisava! 

Tomei seus lábios com os meus em um beijo doce e carinhoso. Os seus braços rodearam o meu pescoço e as minhas mãos descansaram em sua cintura enquanto as nossas bocas acarinhavam-se. 

— Durma bem. — Sussurrei ao me afastar, depois a dei um selinho inocente. Sem esperar sua resposta, corri de volta para o carro, praticamente implorando para saírmos dali. De repente senti-me como um pré-adolescente dando o seu primeiro beijo, e saber que meus pais estavam — provavelmente — assistindo àquilo me deixou ainda mais encabulado. Só que a minha alegria permanecia inabalável. 

Arrisquei olhar para trás antes que estivéssemos longe demais e a vi sorrindo para nós, abraçando a si mesma. O sorriso era tão grande que até quando viramos a esquina conseguia o ver. 

O meu não estava diferente.

 


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Notas finais do capítulo

Música do capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=iO6OnGJBF_E



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