Dramione | Seis anos depois escrita por MStilinski


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

oi gente!! muito obrigada mais uma vez pelo feedback, estou muito feliz que vcs estão gostando, que consegui aquecer o coração de vocês com o último capitulo hahah

aqui está mais um, espero que gostem!



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Passou a manhã toda de sábado com os pais.

Eles estavam comemorando trinta anos de casados e já ansiavam pelo cruzeiro por toda a Europa há mais de um ano, quando compraram as passagens. Hermione se sentia totalmente leve ao ver os pais, como se nada mais importasse a não ser passar horas conversando com eles dentro da casa onde cresceu, mas também estava grata que os pais estavam indo fazer essa viagem, pois mereciam.

Após o almoço eles foram para a sala, os três sentados no sofá para assistirem um talkshow que os pais sempre amaram. Hermione prestou mais atenção neles do que na televisão – será que ela teria aquilo um dia? Aquele amor, paciência e dedicação para fazer um relacionamento durar trinta anos? E, principalmente, será que teria alguém que faria aquilo por ela?

Era um pensamento que sempre lhe desanimara. Com Joe a sua parte racional lhe dizia que ela nunca teria, mas... Como achar alguém? Ela não tinha muita paciência para festas e nem mesmo para encontros, o que tornava tudo triplamente difícil, afinal, era assim que se conhecia pessoas novas. Por isso, pela primeira vez em toda a sua vida, Hermione evitava pensar no futuro, mas se sentia ansiosa do mesmo jeito.

Não queria continuar no futuro de amante, mas, ao mesmo tempo, não queria abandonar seu atual “papel”, porque aí então não teria ninguém. Ela evitava pensar no futuro e evitava fazer a coisa certa, o que sempre a fazia questionar: onde estava Hermione Granger?

Depois da guerra, dos pesadelos, das dores e lembranças difíceis, sua vida se tornou tão monótona. Ela havia se deixado levar, havia se tornado imóvel. Guerras deixavam cicatrizes e agora Hermione imaginava que seria tarde demais para ela tentar apagar tais cicatrizes, para remar contra a maré.

— Tem certeza de que vai ficar bem sem nós, querida? – seu pai perguntou, acompanhando Hermione até a porta, já no final da tarde. Sua mãe apareceu logo depois, entregando uma bolsa para Hermione com algumas sobras do almoço, porque todas as mães gostam de alimentar seus filhos, não importava se eles já estivessem perto dos trinta anos.

— Ficarei bem. – Hermione disse, dando um beijo na bochecha e um abraço em cada um deles – Se divirtam! E tentem me mandar cartões postais!

Ela acenou para os pais de dentro do táxi e ficou os observando até o automóvel virar a rua – não se sentia disposta para transportes bruxos naquele momento, sentia-se bem se conectando com suas origens trouxas frequentemente.

Demorou pouco mais de quarenta minutos para chegar em casa, pagou ao taxista e entrou no seu prédio. Havia negado o pedido de sua mãe para ficar para o jantar, porque era uma refeição que seus pais valorizavam muito e sempre tentavam tirar de Hermione todas as informações possíveis de sua vida somente nos poucos minutos que ficavam sentados à mesa, algo que não ocorria no almoço, uma refeição que era mais leve e engraçada.

Havia negado o pedido porque não queria ninguém tentando tirar informações de sua vida patética e também porque, excepcionalmente nesse dia, ela estava se sentindo triste. Queria apenas tomar um banho relaxante com todos os sais que tinha direito, depois fazer um jantar rápido e se encolher embaixo de um cobertor, com um bom livro e um bom vinho, para adormecer mais rápido.

Assim que entrou em casa, foi direto para o banheiro e enquanto a banheira enchia, ela lembrou do jantar de Draco. De acordo com as coisas que ele tinha dito para ela no dia anterior, faltavam apenas alguns minutos para o início da confraternização... Ela poderia ir, afinal, havia sido convidada, poderia comer e beber bem pela primeira vez em muito tempo e evitar de se afogar em sua melancolia.

Mas não podia. Seria estranho. Ela não era amiga de Draco, apesar de agora eles estarem em “bons termos”, ainda era tudo muito estranho, muitos acontecimentos passados ainda pesavam. Se ela fosse até lá, além de a chance das fofocas sobre um possível relacionamento deles voltarem, ela ainda não conheceria ninguém e passaria a noite toda se sentindo desconfortável e incômoda. Não era uma boa ideia.

Terminou de preparar seu banho e decidiu que começaria a beber ali mesmo, mas quando estava a caminho da cozinha, ouviu um estrondo. Hermione pegou a varinha que estava sobre a pia e a empunhou, encostando na parede na tentativa de se esconder.

Deixou alguns centímetros do rosto para fora da porta do banheiro, olhando para o final do corredor que levava até a sala e viu a porta de entrada de sua casa caída no chão. Alguém estava ali.

— Hermione! – era a voz de Davies. Hermione recolheu o rosto, se escondendo – Sei que você está aí, eu te vi entrar. Você roubou algo de mim, algo muito precioso. E para roubar aquilo, tenho certeza de que você já sabe de coisas demais... – Hermione tapou a boca, evitando qualquer minúsculo barulho que sua respiração pudesse causar; a voz de Davies ficava mais próxima - Eu sempre soube que você era brilhante, mas não consigo deixar de me perguntar: como você sabe de tudo isso?

A voz dele já estava assustadoramente próxima e Hermione sabia que não podia ficar encolhida a aquela parede, porque assim se tornaria um alvo muito fácil. Teria que atacar.

Estupefaça!— ela gritou, apontando a varinha para o final do corredor, de onde as vozes vinham. Um homem moreno foi atingido pelo feitiço de Hermione, voando longe.

Davies se desviou do homem estuporado e apontou a varinha para Hermione.

Bombarda!— ele gritou.

Hermione conseguiu se desviar do feitiço jogando seu corpo para dentro do quarto de hóspedes, caindo no chão. Antes que ela conseguisse se levantar, Davies apareceu e a segurou pela gola, levantando-a e depois a jogou contra a parede. Hermione bateu as costas contra duas prateleiras e caiu no chão, as prateleiras caindo sobre ela, abrindo um corte na sua testa.

Hermione tentou ficar de pé, mas Davies a segurou pelo pescoço dessa vez, sufocando-a ao tirá-la do chão.

— Onde está a lista? – ele gritou na cara dela e Hermione sentia o ar começando a faltar.

Com o pouco de oxigênio que conseguiu reunir, Hermione apontou a varinha para a roupa de Davies e sussurrou um “Incendio” e ele a soltou quando sua blusa começou a pegar fogo.

— Pegue ela! – Davies gritou para um outro homem de cabelos raspados que estava parado na porta e que Hermione não tinha notado ainda.

Ele apontou a varinha para ela, mas ela não viu o que aconteceu depois, porque simplesmente aparatou no jardim de Draco, o primeiro lugar que veio na sua mente.

A casa estava toda acesa, o jardim totalmente iluminado. As portas de vidro da grande sala estavam abertas e havia garçons andando de um lado para o outro. Hermione olhou ao redor e seus olhos caíram sobre Draco, que estava na varanda de seu quarto, os olhos semicerrados a encarando, confuso.

Antes que ela conseguisse dizer qualquer coisa, Draco saiu correndo para dentro do quarto, sumindo do seu campo de visão.

Hermione tentou levantar-se, mas sua respiração parecia totalmente comprometida, o pescoço ainda dolorido do sufocamento, além da queimação no peito, porque ela provavelmente havia quebrado algumas costelas ao ser jogada na parede. Tentou mais uma vez, mas então Draco apareceu ao seu lado.

Ele segurou o rosto de Hermione entre as mãos, os olhos arregalados de um pânico genuíno e ela pensou se estava tão estraçalhada como Draco parecia imaginar que ela estava.

Não conseguiu dizer nada antes de Draco pegá-la no colo e desaparatar, surgindo no quarto dele, a porta da varanda onde ele estava poucos minutos atrás ainda aberta. Draco colocou Hermione na cama e se sentou ao seu lado, com os olhos ainda entregando preocupação.

— Que droga aconteceu com você? – ele perguntou, mas não de uma forma grosseira, parecia até mesmo atencioso.

— Davies. – ela começou, respirando com dificuldade – Queria a... lista.

Draco suspirou, irritado.

— Eu te disse que estava preocupado.

Ela não gostou da resposta.

— Eu me defendi. – respondeu, a respiração ofegante – Não estou morta.

— Não, só está caindo aos pedaços. – ele segurou o rosto dela e olhou para a sua testa. – Que droga, Hermione... Você está sangrando.

— E com... costelas quebradas.

Draco tirou a varinha dele de dentro do bolso da calça e apontou para as costelas dela, murmurando o feitiço “Episkey” que servia para concertar os ossos quebrados. Quase no mesmo instante, Hermione sentiu um alívio gigantesco, como um peso retirado de seus pulmões, e respirou fundo, agradecendo por não sentir mais a queimação dolorida.

— Obrigada. – falou, olhando para ele.

Draco ficou de pé, foi até o banheiro e logo depois voltou com uma pequena caixa branca de primeiros socorros. Sentou-se ao lado de Hermione, pegou um pequeno esparadrapo, colocou um pouco de poção cicatrizante e passou gentilmente no corte na testa de Hermione.

— Ai! – ela exclamou, devido a ardência que a poção causou em seu machucado.

Draco a ignorou e apenas passou o esparadrapo com a poção mais algumas vezes no corte e depois fez um curativo na testa de Hermione. Guardou tudo dentro da caixa de primeiros socorros e a colocou no chão. Ele respirou fundo.

— O que aconteceu? – perguntou.

— Eles invadiram a minha casa. Davies e mais dois homens, não sei quem são. Davies me atacou, estava procurando pela lista, tentando entender como eu sabia sobre toda a situação.

— Você disse alguma coisa?

Ela revirou os olhos.

— Eu estava ocupada demais tentando me defender para abrir a boca.

Draco a encarou irritado.

— Eu imaginei que você não estaria segura, mas você simplesmente não sabe escutar.

— Eu não achei que ele descobriria tão rápido! E eu já disse que eu sei...

— Você sabe se defender, eu sei disso, Hermione, mas e se fossem mais homens? E se... – ele parou de falar e passou o dedo indicador gentilmente sobre o pescoço dela, notando as marcas da mão de Davies; aquilo fez com que a tensão que pairava na expressão de Draco caísse por terra. – Que droga, Granger. – ele sussurrou.

Eles se encararam alguns segundos. Hermione notou o quanto ele parecia preocupado com ela e se sentiu bem com isso. Gostou da atenção, do aparente cuidado que ele mostrava para com ela.

— Ei. – ela disse e segurou a mão dele gentilmente. – Eu estou bem, de verdade. Além disso, você tem um jantar para ir.

Ele revirou os olhos, parecia que já tinha se esquecido da confraternização de aniversário.

— Eu vou cancelar.

— Por minha causa? Não seja estúpido. Estou viva, totalmente inteira. Você disse que esse jantar é uma desculpa para aumentar os negócios na Ásia e nós dois sabemos que você precisa muito de dinheiro. – ela deu um sorriso irônico e Draco riu.

Ele tirou alguns fios de cabelo do rosto dela e depois a encarou, sem jeito. Parecia um gesto muito próximo, uma proximidade que eles não tinham.

— Você não pode voltar para casa. – ele disse, desviando o olhar, do mesmo modo que ela fez – Nem mesmo para o trabalho, é correr risco demais.

Ela se sentiu frustrada, mas sabia que Draco tinha razão. Agora conseguia admitir que estava correndo perigo, que tudo aquilo estava ficando perigoso demais.

— Pode ficar aqui. – Draco disse. – Tem quartos de hóspede de sobra nessa casa e é mais fácil para trabalharmos. Além disso, você também evita colocar qualquer outra pessoa em perigo.

— Eu não posso ficar aqui.

— Então onde vai ficar, Hermione? Somos as duas únicas pessoas que sabem do que está acontecendo. Quer colocar a segurança dos seus pais em risco? Ou do Potter e dos Weasley?

Hermione bufou.

— Detesto quando tem razão. – murmurou.

— Eu sei, mas pelo menos você consegue ver que eu tenho razão. Não vão imaginar que você está aqui, ainda mais depois da minha declaração desmentir tudo, tentei ser bem verossímil.

Depois de alguns segundos hesitantes, tentando encontrar algum argumento útil, ela simplesmente assentiu. Sua casa e sua segurança já haviam ido por água baixo, não poderia causar isso a mais ninguém. Seu trabalho provavelmente também não iria existir mais na segunda-feira, então ela não tinha mais nada para fazer além de se dedicar totalmente a tentar acabar com a Marca e ficar ali facilitaria isso.

Por outro lado, havia toda a questão de ficar na casa de Draco Malfoy, com Draco Malfoy. Convivência. Não sabia o que tudo aquilo poderia gerar e tinha medo de descobrir.

Além disso... Como contaria para todos? Ela teria que sumir do mapa para se manter e manter a todos que amava seguros, mas eles com certeza estranhariam o seu sumiço.

Era tudo muito confuso.

— E estaremos seguros aqui? – ela perguntou, olhando para Draco.

— Posso te assegurar que sim.

Ela suspirou e assentiu.

— Isso tudo é... horrível. – ela disse.

— Eu sei.

Hermione deu de ombros.

— Só vamos nos esforçar o máximo possível para descobrir tudo.

Draco assentiu e eles ficaram em silêncio.

Sua cabeça latejava e seu corpo estava um pouco dolorido; de repente, estava totalmente esgotada. As vozes no andar debaixo aumentaram e olha olhou para Draco.

— Seus convidados estão chegando. – falou.

Draco passou a mão pelos fios loiros, parecendo totalmente frustrado.

— Não preciso ir se você não quiser que eu vá. – ele disse, olhando para ela com os olhos cinzas hipnotizantes.

Ela queria que ele ficasse, mas não poderia privá-lo de continuar com a sua vida e seus negócios, ambos no andar debaixo. A vida de Hermione estava momentaneamente parada – teria que sumir do mapa, estava fora de casa, não poderia avisar nem seus pais e nem seus amigos, pois precisava protege-los... – e tudo aquilo era horrível, quase fisicamente dolorido, então no momento ela só sentia vontade de dormir, apagar totalmente.

— Eu vou ficar bem. – ela sorriu para ele de um jeito reconfortante.

— Qualquer coisa você pode gritar.

Ela riu e Draco a encarou mais alguns instantes, antes de ficar de pé, vestir o blazer e seguir em direção a porta do quarto. Olhou para ela novamente e Hermione assentiu, mostrando que estava bem e, por fim, ele saiu do quarto.

Hermione olhou ao redor, se sentindo estranha por estar no quarto dele deitada em sua cama, mas antes que sua cabeça conseguisse problematizar tudo aquilo, ela caiu no sono.

 

 

Acordou no meio da noite sem nenhum motivo aparente.

Se espreguiçou, sentindo o conforto da cama e do lençol que provavelmente custavam mais do que todos os móveis do seu quarto juntos. Por um instante, não entendeu onde estava, mas ao ver Draco encostado no batente da porta que levava a varanda do quarto, ela se lembrou dos últimos acontecimentos.

Draco estava com a camisa totalmente desabotoada e as mãos nos bolsos da calça, os olhos fixos nela.

— Desculpe, não queria te acordar. – ele disse.

— Não acordou. – Hermione respondeu, ainda um pouco sonolenta – Que horas são?

— Uma e meia da manhã.

— E como foi o seu jantar?

Draco deu uma risada fraca.

— Bom.

— Toda a comida japonesa fez sucesso?

— Um grande sucesso,  inclusive.

Hermione sorriu, se ajeitando na cama para encará-lo melhor.

— Não está cansado? – perguntou.

Ele deu de ombros.

— Um pouco. Só vim ver como você estava.

— Estou bem.

— Minha cama foi suficientemente confortável para você? – ela ficou envergonhada com a pergunta, mas reparou que ele sorria.

— Um pouco.

Eles ficaram em silêncio por alguns segundos.

— Bom, eu já vou indo. – Draco disse – Estarei no quarto ao lado se precisar de mim.

— Esse é o seu quarto, eu deveria ficar no quarto de hóspedes, não você. – ela disse, sentando na cama, sentindo todos os seus músculos doloridos reclamarem.

— Está tudo bem, podemos trocar amanhã.

— Você pode ficar se quiser.

Ela disse sem nem mesmo pensar. Disse por que, sem mais nem menos, não queria mais ficar sozinha ou se sentir assim; queria companhia, mesmo que fosse a confusa e difícil companhia de Draco Malfoy.

Draco ficou estático, provavelmente absorvendo as palavras dela e o que aquilo significava.

— Tem certeza? – ele perguntou por fim.

— Deite-se de uma vez, Malfoy. – ela respondeu, sem encará-lo, sentindo-se desconfortável, mas sem querer negar a companhia.

Ele ficou mais alguns segundos parado e então tirou a blusa, jogou sobre a poltrona e deu a volta na cama, deitando-se ao lado de Hermione, pelo menos com uma distância de três palmos entre eles.

O quarto caiu em um silêncio estranho, como era na maioria dos momentos em que eles ficavam muito juntos. O único barulho vinha da lareira, a crepitação constante e sem ritmo do fogo.

— Se lembra de quando me deu um soco no terceiro ano? – ele perguntou, de repente, encarando o teto.

Os olhos de Hermione foram diretamente para ele, sem entender.

— Por que está lembrando disso agora? – perguntou.

Draco deu de ombros.

— Só estou... lembrando.

Ela ficou em silêncio alguns segundos antes de começar a rir e Draco a acompanhou.

— Você mereceu. – ela disse, ainda achando graça.

— Eu sei, eu conseguia ser muito insuportável quando queria. Eu realmente não imaginava que você era tão forte.

— Eu também não!

Eles riram de novo e o clima de repente estava mais leve, sem toda a tensão desconfortável de antes; Hermione gostou disso, mas detestava admitir.

— Precisamos resolver isso tudo rápido, Draco. – ela disse – Já vimos que eles não estão de brincadeira.

— Eu sei. Podemos tentar a poção para a memória amanhã de novo, vou tentar fortalecê-la de algum modo.

Hermione assentiu e eles ficaram em silêncio novamente.

— Eu não sabia que você gostava tanto de poções assim. – ela disse, por fim.

— Na verdade, é um dos meus talentos. Você só não teve tempo para descobrir, afinal, como eu iria fazer poções no meio daquelas florestas?

Hermione deu um pequeno sorriso lembrando-se daquela época, por mais tenebrosa e amedrontadora que fosse.

— Eram muitas florestas. – falou.

— Florestas demais. Foi difícil se adaptar a civilização depois daquilo. Não sabia nem mesmo como era não comer sopa todos os dias.

Hermione riu.

— A primeira vez que comi carne assada foi uma benção. – ela disse.

— Nem me diga!

Hermione sorriu para ele, voltando a encará-lo. Draco parecia leve, olhando para o teto com um sorriso tranquilo nos lábios.

— Como você tem tanta certeza de que estaremos seguros aqui? – ela perguntou, por mais que não quisesse estragar a tranquilidade daquele momento.

— Tenho muitos feitiços de proteção, precisaria de muito para atravessá-los. São feitiços bem aprimorados, na verdade, venho fortalecendo ao longo dos anos.

— Por quê?

— Bom, não é muito fácil ser um ex-Comensal da Morte, ter traído o maior bruxo das trevas de todos os tempos, não ter ido para Azkaban e ainda ter uma empresa bem sucedida... Algumas pessoas ficam com raiva. Recebi algumas ameaças de morte ao longo dos anos.

— Ameaças de morte? – ela realmente ficou assustada, não esperava isso.

Draco deu de ombros, como se não fosse nada demais.

— Não foram muitas, mas foram de Comensais. Eles não sabiam que o Ministério vigiava a correspondência deles, então sempre que eu recebia uma carta de algum deles o Ministério aparecia aqui para saber do que se tratava e sempre era uma descrição detalhada de como me torturariam e depois se livrariam do meu corpo moribundo. – Draco deu uma risada.

— Como consegue achar graça nisso?

— Porque aqueles Comensais eram estúpidos, Hermione. Eles nunca fariam nada comigo, até hoje o sobrenome Malfoy transpassa medo. Era simplesmente divertido ver a criatividade de cada um deles. No final todos voltavam para Azkaban depois que o Ministério via que estavam me ameaçando, confirmando que ainda eram um perigo para a sociedade.

Hermione revirou os olhos. A indiferença de Draco para aquilo era definitivamente irritante e preocupante.

— Mas agora é diferente. – ele continuou – Eles não estão sendo explícitos, estão planejando tudo para uma volta grandiosa e sem precedentes para que ninguém esteja preparado. Fortaleci ainda mais a proteção, então acredito que estamos bem seguros.

— Mesmo assim, eles continuarão procurando por mim, tentando entender como eu sabia de tanta coisa. Podem chegar até você.

Ele deu de ombros.

— Sou um ótimo ator.

— Malfoy! Isso não é brincadeira.

Draco riu, desviando os olhos pela primeira vez para ela.

— Você só me chama de Malfoy se está irritada. – ele disse e aquilo a tirou ainda mais do sério.

— Estou irritada. Você está muito indiferente a tudo isso e olhe o que Davies, o simpático homem com quem eu trabalhei por cinco anos, fez comigo! – ela apontou para o curativo na testa. – Eu quebrei algumas costelas! E eu nunca tinha quebrado nenhum osso!

Draco apenas sorriu diante de toda a preocupação de Hermione. Ele se aproximou um pouco dela e ela se retraiu, cautelosa.

— Eu estou preocupado, Granger, se eu não estivesse não teria a procurado para me ajudar a acabar com isso de uma vez por todas. – ele disse, com tranquilidade – Somos capazes de resolver isso tudo, com toda certeza você e seu cérebro são. A coisa que mais me preocupava nisso tudo era você, mas sei que agora está segura.

Ela não esperava por isso. Não esperava ficar sem reação, sem palavras, de sentir seu corpo se arrepiar com o pouco que ele havia dito, mas tudo isso aconteceu e era assustador. Isso não podia acontecer de novo, ele não podia virar o mundo dela de cabeça para baixo e depois sumir mais uma vez.

Hermione engoliu em seco e voltou os olhos para o teto, tentando acalmar seu coração. Ela virou de costas para ele, sua razão e emoção mais uma vez batalhando de um jeito que só Draco conseguia fazer acontecer. Não podia deixar o que aconteceu há seis anos acontecer de novo, então ela fechou os olhos, querendo se forçar a dormir.

— Boa noite, Draco.


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Notas finais do capítulo

será que podemos concordar o quando Hermione consegue ser orgulhosa? hahaha
capitulo mais tenso, pq as coisas estao ficando mais pesadas...

espero que tenha gostado!

até mais :)



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