Quando os Lobos Cantam escrita por Ladylake


Capítulo 4
Luckyan


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoal! Mais um capitulo!

Preparem-se porque a partir de agora a história vai-vos agarrar!

Boa Leitura~



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Flashback

Nem mesmo o maior banquete, a lua mais brilhante ou o vestido mais bonito teriam tanta atenção de Peach. A jovem loira, de olhos azuis e lábios cor de carmesim, olhava secretamente para o seu amor clandestino. Voughan não sabia que ela estava a olhar para ele á mais de dez minutos.

Da pequena janela de madeira da sua cozinha, Peach desesperava.

Voughan tirara a camisa verde tropa e começara a ajudar na remodelação de uma casa. Não demorou até o suor começar a reluzir ao sol e fazer brilhar os músculos definidos.

Ela morde o lábio inferior e automaticamente as suas maçãs do rosto ficam rosadas, revelando assim alguns pensamentos impuros.

—Estás a olhar para quem? – uma voz pergunta.

Peach atrapalha-se com o susto e deixa escorregar alguma loiça de barro das mãos para dentro da água já fria. Ao seu lado, Sansa, a sua irmã mais nova, olha para ela de sobrancelha levantada e braços cruzados.

—Para ninguém – responde Peach depois de retirar os olhos da rua e começar a esfregar um copo.

Sansa espreita lá para fora e sorri assim que percebe.

—Era para o Voughan não era? – ela ri. Peach cerra o maxilar envergonhada.

—Não! Não era para ninguém! Deixa de ser chata. Não tens que ir brincar com a Kaira em algum lado? – devolve Peach irritada.

—Eu vou-lhe dizer!

Sansa corre lá para fora e vai em direção a Voughan. Peach entra em pânico e começa a chamar a irmã discretamente.

Sansa cutuca Voughan e este olha para baixo antes de se agachar. A pequena sussurra-lhe algo no ouvido e depois aponta para Peach, o que faz com que a irmã imediatamente se esconda. Peach está mais vermelha do que os tomates que tem no jardim.

Voughan e Sansa entram na cozinha e deparam-se com Peach agachada com o rosto escondido no meio das mãos. Ela retoma a postura assim que os vê.

—Ele está aqui – diz Sansa. Peach olha para Voughan e engole em seco.

—Onde é o buraco no teto? – pergunta Voughan. Peach não entende.

—O quê?

—Há uma fenda no quarto da mãe e quando chove, a água vem cá para dento. Vem, eu mostro-te!

Sansa pega na mão de Voughan e encaminha-o até ao quarto. A pequena de 8 anos olha para trás e mostra a língua para Peach. Esta faz gestos assassinos como ameaça.

 

Flashback Off

 

Nour tinha congelado. Os seus amendoados olhos verdes encaram o homem já com alguma idade ainda com a besta apontada para ela.

Atrás dele, um pequeno exército aguardava por ordens. Os soldados, equipados com proteções desde a ponta dos pés até á cabeça, não desviavam os olhos nem baixavam as armas.

Estava praticamente tudo em silêncio. Como se ambos esperassem alguma reação vinda do outro lado.

Nour tremia como varas verdes. Nunca tinha visto ninguém ser atingido bem na sua frente, muito menos alguém lhe mirar uma besta á cabeça.

Atrás dela, Peach lutava pela vida. 

Nour desvia o olhar do velho homem por um segundo e fita Peach, já nos braços de Seth. A sua melhor amiga cospe continuamente sangue e vai ficando visivelmente sem forças. Os olhos azuis claros dela vão fechando cada vez mais regularmente como se a loba tom de pêssego não dormisse á dias.

Desconfiada, Nour aproxima-se de Peach, mas sem nunca desviar o olhar do exército á sua frente. Assim que ela se agacha para segurar a mão da melhor amiga, uma segunda flecha acaba de vez com o sofrimento de Peach.

A seta passou tão perto de Nour que quando esta se vira novamente, um longo e largo  arranhão está marcado na sua bochecha. Ela sente o ardor na sua cara e toca levemente na ferida.

No meio da multidão, a mãe e a irmã de Peach choram agarradas uma á outra.

Seth, em lágrimas, fecha os olhos de Peach para que esta descanse em paz. Ela está morta.

Alguns lobos começam a rosnar. Os narizes enrugados e ameaçadores não fazem tremer os soldados nem um pouco. Eles baixam as armas e o velho sorri antes de dizer:

—Se eu fosse a vocês começava a correr.

Todos ficam em pânico. Todos começam a caminhar para trás até finalmente começarem a correr. Alguns tentam a sorte no rio, na esperança de chegarem á outra margem.

O banho de sangue começa assim que os soldados começam a disparar. Corpos tanto de lobos como de humanos começam a tomar no chão como se peças de dominó se tratassem.

No meio da confusão, Kaira perde-se da mãe e Nour agarra-a imediatamente pela gola da camisola com a boca e coloca-a nas suas costas. Kaira segura-se aos pelos negros da irmã receosa.

 

 

****

 

 

Era oficial. O inverno tinha chegado. Por entre duas montanhas, o sol espreitava, dando início a um novo dia. A neve tinha acalmado o fogo quase na sua totalidade. Ao longe, ainda se podia ver pequenas chamas a queimar umas últimas árvores.

Nour e Kaira tinham-se perdido por completo. Á mais de 1 hora que tentavam seguir os rastos que alguns da sua espécie tinham deixado, mas a neve cobrira-os rapidamente.

Nour não sabe qual direção tomar. Para além disso, a fome, o cansaço e o frio começam a entranhar-lhe nos ossos.

Kaira tenta-se aquecer um pouco, aconchegando-se nos pelos grossos das costas da irmã mais velha, mas não lhe serve de muito.

Nour cambaleia enquanto arfa de cansaço e dor. O esforço que ela tem feito para carregar Kaira ás costas tem sido tremendo, mas o corpo começara a sucumbir. Ela não é feita de aço.

Nour para e as suas quatro pernas tremem como varas verdes. Kaira apercebe-se do estado físico da irmã e desce do dorso dela.

—Nu…? – pergunta a irmã num tom carinhoso_ Nu… nós temos que continuar…

Nour não responde. A loba preta apenas foca o olhar morto no longo caminho branco á sai frente. As suas patas e focinho queimados estão-lhe a ganhar. Ela não aguenta mais.

Ela tomba, mesmo ao lado de Kaira e a pequena de 10 anos tenta acudir a irmã, mas sem sucesso.

—Nour! -grita ela, mas Nour não acorda_ levanta-te por favor…! Nour! Por favor… tu tens que acordar…!

As lágrimas de Kaira escorrem-lhe pelo rosto. Ela abana a irmã mais velha com toda a sua força, desejando que ela acorde e que se levante, mas nada acontece. Nour não se mexe mais.

Os flocos de neve que ainda caem com firmeza disfarçam o choro de Kaira, fazendo parecer que ela está a chorar sem lágrimas. Ela olha em volta á procura de alguém. Ocorre-lhe uivar, mas a tenra idade ainda não lhe permite usar esse truque de localização e auxílio. Ela ainda nem se transformar consegue.

Ela olha para a irmã, estatelada no chão, aparentemente morta de cansaço e dor. Os flocos de neve já começaram a cobri-la.

Kaira, despedaçada, deita-se na neve e agarra-se á irmã com força. “Ao menos morro junto dela” – pensa. E assim ficam.

 

 

****

 

 

Kaira acorda com alguém a pegar nela. A pequena esfrega os olhos antes de se aperceber de quem chegou e arregala-os de seguida ao ver a sua mãe juntamento com um pequeno grupo de sobreviventes.

Liv sorri para a filha mais nova e dá um olhar de perda para Nour. Todos fazem uma cara triste ao vê-la já sem vida.

Kaira estica os braços, mas Liv puxa-a.

—Não podemos fazer nada por ela… vem…

Todos partem, sem olharem uma última vez para trás. Assim, Nour é deixada ali. O que ninguém sabia era que o seu coração ainda batia. Fraco, mas vivo.

Por entre as árvores quase nuas, um par de olhos vermelhos encaravam a loba preta estendida no chão com alguma curiosidade e cautela. Ele finalmente aproxima-se e pega no corpo de Nour com algum cuidado e carrega-o nos seus braços pelo meio da floresta.

 

 

(…2 dias depois…)

 

 

Era como renascer. Como se tivéssemos acordado daquele sonho mau que tanto ansiávamos por acordar. Assim acorda Nour. Atordoada, mas com esperança que as suas últimas memórias não passem apenas de lembranças de um pesadelo. Os flashback’s de tiros, corpos inanimados no chão e das altas chamas vêm-lhe á cabeça.

Ela fecha os olhos e geme. Está com dores, embora não tão fortes como aquelas que a puserem inconsciente. Ela repara no ambiente á volta dela, mas a sua visão ainda não voltou ao seu estado normal.

Parece algo como uma gruta, mas ela não tem a certeza. O ambiente é meio escuro e a única luz que parece haver é de uma fogueira.

Ela apercebe-se de que alguém se aproxima dela e o desespero para que os seus músculos se mexam tomam conta dela instantaneamente.

—Eu se fosse a ti não me mexia… -sussurra uma voz. Nour não consegue focar o olhar.

Assim que essa pessoa se aproxima, ela consegue perceber as suas feições. Parece estar na casa dos 30 anos. Alto, cabelo preto e barba aparada. Os olhos azuis claros chamaram-na á atenção por uns milésimos de segundo.

Nour apalpa o chão á procura de algo para lhe acertar como uma pedra ou alguma coisa cortante. Ele imediatamente apercebe-se e encosta-lhe uma faca ao pescoço e exclama:

—Isso não foi nada prudente. Fica sabendo que eu já me arrependi de te ter salvo o couro, mas não me faças matar-te aqui e agora!

Nour não diz nada. A jovem de vinte anos apenas inspira e expira com bastante força e cerra os maxilares. Ela larga a pedra e ele desencosta a lâmina da faca do seu pescoço e levanta-se.

—Q-Quem é-és tu…? – pergunta ela num sussurro.

Ele não responde de imediato. Apenas olha para trás e encara-a de cima a baixo apesar de ela esta deitada. Nour apercebe-se que está praticamente nua. Apenas uma espécie de lençol lhe cobre as partes íntimas e uma mistela esverdeada reveste algumas zonas do corpo. Ela olha desconfiada.

—O-O que é i-isto…? -volta a perguntar.

—Eras mais aturável quando estavas inconsciente… - resmunga ele, enquanto prepara uma refeição_ fazes demasiadas perguntas.

—E tu não respondes a nenhuma delas.

Ele olha novamente para ela e os dois encaram-se. Ele suspira pesadamente antes de lhe responder:

Centelha asiática e açúcar – responde, terminando assim um prato de carne e pão_ é para as queimaduras.

—Onde foste buscar…? – Nour começa por perguntar, mas trava_ esquece…

Ele estende-lhe um prato de barro cheio de pão, carne e arroz. Nour senta-se, embora um pouco desleixadamente.

—É Luckyan… - ele sussurra_ o meu nome. Agora para de perguntas e come…

Luckyan encosta um pedaço de pão aos lábios dela, mas ela recusa-se a abrir a boca para comer. Ele respira fundo.

—Não é uma boa altura para seres desconfiada…

—Eu vi praticamente toda a gente que eu conhecia ser chacinada! Eu tenho o direito de estar desconfiada sim! eu não te conheço! E além disso, onde está a minha irmã? -devolve Nour irritada.

—Eu não sei do que estás a falar! – rebate.

—A minha irmã mais nova estava comigo mesmo antes de eu desmaiar! Onde é que ela está?!

—Quando eu te encontrei, estavas sozinha! O teu corpo estava praticamente enterrado na neve! Tiveste sorte em eu ter ouvido o teu coração ainda a bater!

Nour cala-se e engole o choro. Luckyan trinca come um pedaço de pão e estende-lhe o resto.

—Vês, não está envenenado. Come, senão os meus betas vão comer por ti.

—Os teus…betas? – ela entoa. Luckyan sorri antes de responder:

—Bem vinda á minha alcateia…


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Notas finais do capítulo

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