Quando os Lobos Cantam escrita por Ladylake


Capítulo 13
Ignis


Notas iniciais do capítulo

Oi meus amores! Aqui estou eu de novo ♥

Boa Leitura e não se esqueçam do comentáriozinho de apoio no fim ♥



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Flashback

 

Seatle, Washinton, E.U.A, 1979, Inverno.

Na casa de uma das famílias mais ricas de Seatle, um piano embalava a noite de Natal.

Peter tocava de forma calma. Os seus dedos dançavam e voavam de tecla em tecla. Ele era um grande pianista com apenas 16 anos.

Lionel McQueen era o banqueiro da cidade. Era casado com Elisabeth McQueen e juntos tinham duas gémeas de apenas 6 anos, Violett e Charlotte.

—Pai! Pai! Pai! -chamam as meninas enquanto correm para Lionel_ nós não encontramos o Bear.

O piano para. Peter dá um pequeno sorriso de brincadeira.

—Eu mandei parar jovem? – pergunta Lionel.

—Não, Senhor. Peço imensa desculpa – desculpa-se o rapaz.

A música continua e, sentadas no colo do pai, as gémeas contava como não encontravam o seu cãozinho. Já tinham procurado pela casa toda. Mal sabiam elas que o seu animal de estimação era o jovem sentado a tocar piano.

—Ele deve de estar lá fora, queridas -tranquiliza Lionel.

Os criados começam a encher a sala para trazer o jantar de consoada. Peter finalmente tem um tempo de descanso. Os McQueen não gostam de música enquanto comem.

O jovem de 16 anos sai pela porta das traseiras. Está uma noite serrada e fria de 24 de dezembro e, para aquecer, nada melhor do que uma boa camada de pelo.

Peter, agora é “Bear”, e deixou de ser um jovem pianista para ser um cão de família. Bem, não um cão, mas sim um lobo.

Como ele conheceu esta família? Simples. Peter precisava de dinheiro. Na sua pequena comunidade de Loup Garou, não havia dinheiro envolvido e a curiosidade sobre os humanos era gigante.

Peter sabia cantar e tocar piano. Era ele que animava o seu pequeno grupo lupino nos subúrbios da cidade, então, aproveitou esse talento. Talvez as famílias ricas da cidade o contratassem. E assim foi.

A coisa tornou-se complicada quando as gémeas do casal o viram na verdadeira forma dele, no meio da propriedade. Pensavam que tinha encontrado um cãozinho abandonado e imploraram aos pais para ficarem com ele. Peter não resistiu á ternura das gémeas e acabou por aceitar viver as duas vidas.

A noite já ia alta quando todos se foram deitar. “Bear” transforma-se em humano e dá lugar a Peter para poder preparar algo para comer. Os restos do jantar de natal iriam servir perfeitamente.

Um estrondo de loiças a caírem do chão assustam Peter, que logo se vira para trás. Elisabeth, chocada, acabara de ver tudo.

—Oh meu Deus… - ela benze-se_ Lionel!!

Perdoem-me pelo resumo que irei fazer, mas nem os meus dedos ou a minha mente teriam paz de espírito e coragem de descrever o que acontecera a seguir.

“Bear” acabara na rua, num beco, nos subúrbios da cidade. Completamente esvaido em sangue, Bear tinha ficado sem língua. Agora, falar era impossível para ele e, para piorar, está a ficar sem vista do olho esquerdo. Lionell tinha sido sempre um dono 5 estrelas, até saber a atrocidade que o “cão” dele era.

Mas Bear não iria ficar sozinho durante muito tempo. Fraco, mas ainda com força para abrir os olhos, ele vê uma mão estendida diante dele. É Luckyan…

 

 

Flashback Off

 

Lá fora, a noite já cerrou. A luz do luar atravessa o vitral e cria um ambiente lunar incrivelmente belo. Nour, sob a sua verdadeira forma, está deitada na pouca escuridão que existe, virada para a parede.

A porta do quarto abre-se. É Ignis e traz uma cesta com alguma comida. A ruiva de olhos castanhos, está nervosa. Nour não sabe quem ela é e, além disso, nunca lidou com outro lobo sem ser Nanuk.

—Hey… -ela anuncia-se. Nour permanece estática no escuro.

Ignis hesita em avançar. O coração dela bate tão forte que ela tem a sensação de que lhe vai saltar pela boca. Até a própria saliva custa-lhe a engolir.

Ignis avança. Ela está a 1 metro de Nour.

—Por favor… vira-te…

Ignis estende o braço para tocar no dorso dela. Péssima decisão.

Num movimento rápido, Nour vira-se e ataca Ignis, colocando-a no chão. Nour, por cima dela, rosna agressivamente. Ignis consegue ver o açaime rachado em algumas zonas. Ela tem estado a tentar parti-lo á horas.

—Por favor não me mates…vocês precisam de mim – implora Ignis. Nour afasta-se lentamente depois de olhar bem para ela.

A loba preta senta-se e espera que a ruiva continue. Ignis recompõe-se e pega numa maçã do cesto.

—Por favor, come. Eu arrisquei muito para te vir trazer algo para comer – ela estende a maçã. Nour olha desconfiada.

Ignis apercebe-se da desconfiança e trinca a maçã para que a loba preta veja que não está envenenada.

—Vou-te tirar o açaime okay? Tenta não me atacar desta vez.

Ignis aproxima-se de novo e coloca os braços á volta de Nour para desprender o açaime. Lentamente e sem movimentos bruscos, ela fica solta.

—Bem melhor aposto… - ela sussurra de forma meiga.

”Sim…” — responde Nour.

Ela começa a comer rapidamente. Estava á horas de estômago vazio. Assim que termina, algumas lambidelas são depositadas nas mãos de Ignis como forma de agradecimento.

—Vou tentar trazer mais amanhã – Ignis dá um leve sorriso enquanto volta a colocar-lhe o açaime_ faz-me apenas um favor… - Ignis entristece_ tenta entender o teu irmão…

Nour afasta-se bruscamente, como se tivesse ficado ofendida. Com um olhar repreensivo, ela caminha de volta ao canto escuro do quarto.

Ignis suspira e levanta-se para ir-se embora.

—Ele não é o vilão… - diz Ignis_ ele apenas fez más decisões… e foi a pensar em vocês dois…

 Ignis sai do quarto. Uma lágrima escorre dos olhos de Nour.

O corredor está escuro e frio. Ignis, arrepiada, esfrega as mãos nos braços para se aquecer. Com o seu vestido inspirado nas deusas gregas, em tons de rosa claro, Ignis só queria chegar ao seu quarto.

Os aposentos de Nanuk aparecem primeiro e ela não resiste em espreitar, na esperança de ver o lobo branco e preto já deitado e a dormir pacificamente. Ignis fica surpreendida por ver a cama vazia.

Com a testa franzida, ela dirige-se a sala de negócios de Raphael.

—Onde está o Nanuk? -pergunta a ruiva, sem pedir licença. Os soldados fazem silêncio ao ver a audácia dela.

—Ignis querida… - começa Raphael_ estou a tratar de coisas importantes…

—Peço desculpa… - ela baixa a cabeça e ajeita o vestido de seda antes de sair.

Ignis suspira. Nanuk não costuma desparecer por tanto tempo, e não sem avisar.

Ao fundo do corredor, Gabriel está encostado á parede a afiar o canivete. Ignis respira fundo e apressa-se para caminhar rapidamente.

—Á procura de alguma coisa? – pergunta ele, assim que ela passa.

—Nada que eu não ache sem a tua ajuda – responde.

Gabriel não gosta da resposta e, com um movimento violento, pega Ignis pelo pescoço e encosta-a á parede.

—Estás á procura do lobo? – pergunta. Ignis permanece firme, embora uma mão á volta do pescoço fino dela, não seja muito agradável.

—Talvez – devolve meio rouca.

—Estás apaixonada, Ignis? – devolve Gabriel.

—Tantas perguntas Gabriel. Estás com ciúmes?

Gabriel cerra os dentes e prensa um pouco mais os dedos na pele dela. De repente, Ignis tem dificuldade em respirar.

—Não testes a minha paciência… - ele murmura_ pergunto-me o que o teu lobinho iria achar se descobrisse que lhe mentiste este tempo todo… - Gabriel faz uma falsa cara de tristeza.

—Eu nunca lhe menti – ela responde séria e rouca.

— Mas também nunca lhe contaste a verdade toda – devolve.

Gabriel dá um sorriso doentio. Lagrimas começam a inundar os olhos de Ignis.

—Ignis, Ignis, Ignis… - ele toca com a ponta do dedo no nariz dela_ tu sabes que eu te adoro.

Um pequeno beijo, com travo a vinho invade-lhe o canto da boca. Gabriel prepara-se para se ir embora, quando olha novamente para a jovem de 28 anos encolhida na parede.

— Só mais uma coisa… - ele começa. Ignis levanta o olhar_ o teu lobo foi para as ruínas á umas horas atrás…

Ignis franze a testa e olha lá para fora através dos vidros. Está a chover torrencialmente. O que raio estaria Nanuk a fazer lá fora com um temporal destes?

Ignis segura as bainhas do vestido e corre lá para fora. Poças de lama inundam a lareira central. Ela pega um candeeiro a óleo e acende-o rapidamente antes de se meter debaixo da chuva.

Ignis não consegue parar de pensar no Gabriel dissera. A frase “Tu não estás a contar a verdade toda” faz replay na mente dela vezes e vezes sem conta. Não é algo mau, mas é certamente algo que Ignis já devia de ter contado, especialmente a Nanuk.

O candeeiro apaga-se assim que ela chega ás ruínas. Tudo fica escuro como breu. Ignis não vê nada.

Ela fecha os olhos e inspira fundo para se concentrar. Um formigueiro começa a subir-lhe pelo corpo e a respiração começa a ficar mais ofegante. Com um espasmo, Ignis abre os olhos.

 

Ela olha em volta, assustada e aflita por não saber como controlar o poder que tem. Ela nunca fizera isto antes.

Ao longe, ela vê algo deitado no chão e deixa cair o candeeiro no chão quando se apercebe de quem é.

 

—Nanuk!!

 

Ignis corre em direção ao jovem de 23 anos estendido no chão. Ele está a sangrar por todo o lado e frio como pedras de gelo. Ignis tenta reanimá-lo. O coração dele ainda bate lentamente, mas Nanuk não acorda. Mesmo encharcada, ela pega puxa-o para si, para um abraço.

Um relâmpago ilumina toda a zona em ruínas e Ignis consegue ver um lobo a olhar para ela. Seth voltara para trás, arrependido do que tinha feito.

—Hey!! – grita a ruiva completamente encharcada_ por favor ajuda-me!!

Seth hesita por uns segundos. Ignis implora por um pouco de misericórdia.

—Por favor!!

Seth corre para junto dela. Receoso pelo que vira, ele tenta não demonstrar muita confiança em Ignis.

”O que raio és tu?” – ele pergunta depois de a cheirar_  eu acabei de ver os teus olhos a mudarem de como como os nossos, mas no entanto, não sinto nenhuma “Aura” vinda de ti .

Ignis desvia o olhar. A “Aura” é o espirito-lobo que vive dentro de cada um deles. É aquilo que os distingue e os caracteriza como Loup Garou. Quando dois lobos se encontram, ambas as “Auras” se cruzam e saem dos corpos humanos para se conhecerem por uns segundos. É um espetáculo lindo, especialmente á noite.

Seth coloca Nanuk nas suas costas e carrega-o até ao centro da vila com bastante pressa. De repente, ele para.

”Não posso ir mais longe do que isto” – afirma.

Porquê? – pergunta Ignis. Seth não diz nada e apenas volta a colocar Nanuk no chão, antes de correr de volta para casa.

Ignis repara nos cinquenta metros que ainda tem que percorrer até á fortaleza. Vai ter que ser.

 

 

(…)

 

 

Já é quase de noite quando a porta da suite volta a abrir. Nour, humana, olha em frente para o amontoado de soldados que começam a entrar. Três deles carregam uma banheira de pedra, outros dois, caldeirões com o que parece ser água quente. Outro fica á porta.

—Hora do banho -diz um deles, enquanto se aproxima dela_ levanta-te.

Nour não se mexe um milímetro.

—Nós temos ordens para não te magoar – o soldado devolve_ Raphael foi bastante claro.

Nour levanta-se e fica de frente para o soldado, enquanto os outros enchem a banheira.

—Vira-te – ordena. Ela franze a testa_ vi…ra...te

Lentamente, ela obedece. Ele encosta-se a ela e Nour pensa que o soldado se vai aproveitar de forma maliciosa, quando um formigueiro a arrepia por inteiro. Nour sente a sua Aura sair-lhe do corpo para ir conhecer a do soldado que está atrás dela. Os outros soldados parecem não reparar em nada. Humanos não conseguem ver.

Ela olha para ele, por cima do ombro e ambos se encaram. Ele destranca-lhe o açaime e desprende-lhe os pés, seguido depois das mãos. Ela está livre.

—Tenta não demorar muito. O Raphael não gosta de esperar para comer – avisa ele, dando de seguida um último olhar para ela antes de sair. Nour paralisa por uns segundos.

O que um lobo está a fazer com eles?

Todos saem, menos um. Nour olha para a banheira com água quente e de seguida olha para o soldado que ficou de guarda. Ela faz sinal para que ele se vire e ele assim faz.

Ela despe-se rapidamente e entra dentro da banheira. Os instintos apurados do outro lado dela, dizem-lhe que o soldado não para de olhar discretamente. Nour olha para os pulsos, visivelmente marcados pelas correntes e tem uma ideia.

Ela vira-se de frente para o soldado e fica debruçada sobre as bordas da banheira de mármore com um olhar indecente. Lentamente, o soldado vira a cabeça para trás.

Ele é careca, alto, musculado, tatuagens na cara e com uns incríveis olhos azuis. Tem cara de alemão.

Nour morde o lábio e faz a maior cara de malicia que consegue. O soldado dá um sorriso. Com um dedo, ela chama-o para vir para junto dela na banheira. Ele hesita, mas quando ela se eleva um pouco de forma a mostrar os seios, ele não se retrai mais.

Mal sabia o alemão que estava a ir direto á sua morte. Como poderia ele ser tão idiota?

 Minutos depois, o soldado estava morto. Nour tinha-o afogado.

 

P.O.V. Ignis

O meu coração não poderia estar mais cheio por vê-lo. Nanuk estava deitado na sua cama, ainda inconsciente, mas a respirar de uma forma mais rítmica. Vejo as pestanas dele moverem-se finalmente. Ele está a acordar e eu aproximo-me para o tranquilizar.

—Estou aqui… - murmuro ao passar os meus dedos pelos cabelos pretos dele.

Nanuk olha para mim, confuso, e faz uma careta alguns segundos depois. Ele está com dores.

Apresso-me para pegar num pano e água limpa para lhe lavar as feridas. Marcas de dentadas e arranhões agora decoram o corpo dele.

—A…minha…nuca… - balbucia com dificuldade.

—Se achas que o teu pescoço está feio, não queiras ver as tuas orelhas.

Viro-me de costas para molhar o pano, quando de repente, oiço as molas da cama rangerem. Nanuk está a tentar levantar-se.

—Nanuk, não! – corro para o segurar_ tens que ficar deitado…

Empurro-o com cuidado para trás e ele deixa-se cair. O Husky fica a resmungar baixinho.

—Não vale a pena barafustares comigo – sorrio vitoriosa_ eu vou ficar aqui…

Ele fica neutro e olha para mim um pouco confuso enquanto eu me deito ao lado dele. Os meus dedos dançam acariciam-no.

Nanuk olha para mim novamente. Acabo por sorrir derretida depois de ele me fitar durante uns segundos. Ele percebe de que algo está diferente entre nós.

 


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Notas finais do capítulo

Nour irá fugir? Seth está a mudar? O que é a Ignis? Um conto de fadas entre Nanuk e a ruivinha?

Até ao próximo ♥



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