— Como assim a culpa foi minha?! — Mica exclamou, enquanto eu puxava-a pela mão, através das mesas lotadas de gente. E gente importante, diga-se de passagem! Apesar da vontade de surtar só de ver alguns rostos ali, não tinha tempo pra isso. — Foi você que…

— Shiu! Olha o Rayan ali acenando pra gente — a interrompi e apontei para o professor/boy da Júlia, gesticulando discretamente para nós de uma das mesas.

Parecia que a sorte estava brincando com a gente e nos sentamos no que aparentava ser os únicos dois lugares livres no salão. Quem mandou nos atrasarmos para o evento mais importante de moda nas últimas semanas? 

— Obrigada — agradeci para ele com um sorriso simpático e vi-o balançar a cabeça, oferecendo-nos as taças livres em cima da mesa. 

— Disponha — ele respondeu e bebeu um pouco de sua taça. Espumante, talvez? — Admito que me sinto um pouco deslocado, então seria ótimo ter alguém para conversar — disse discretamente atrás da taça e escondi uma risadinha.

Olhei para as três pessoas que nos faziam companhia na mesa, vendo que parecia aquele povo esnobe e que só conversa com quem faz parte do mesmo grupo. Nem o Rayan, com toda sua chiqueza, se sentia confortável ali.

— Parece que vai começar! — Micalina exclamou um pouco alto, fazendo nossos acompanhantes desconhecidos finalmente perceberem que tinham companhia.

A música ambiente tinha parado àquela altura e a luz foi baixando um pouco, deixando o destaque para a passarela ao centro do salão, onde todas as mesas rodeavam. Duas mulheres com vestidos de gala entraram, sendo recebidas por aplausos discretos de todos, que acabei me juntando.

— Agradecemos a presença…

Uma delas começou um discurso de agradecimento, mencionando a B Agence, algum povo, os estilistas que desenharam os figurinos — e o noivo da Rosalya não estava no meio — e continuou por cerca de dois minutos. Fiquei olhando para as mesas ao redor, vendo Nathaniel em uma das mais próximas à passarela, junto do que parecia ser gente poderosa ali. Talvez representantes da marca e possíveis parceiros comerciais. A B Agence ia bombar ainda mais depois desse evento.

Alguns fotógrafos se aglomeravam na ponta da passarela, no que deveria ser o espaço reservado para que eles tivessem o melhor ângulo para fotos.  

As duas mulheres se retiraram — finalizando o discurso que acabei mal presentando atenção — e uma cantora loira surgiu desfilando na pista com seu vestido dourado de lantejoulas.

— É a Tania Twist — Mica cochichou no meu ouvido. — Ouvi dizer que contrataram ela porque aquela cantora que você gosta não pôde vir…

Arregalei os olhos e minha boca foi ao chão. Como assim o Nathaniel…

A batida de Style da Taylor Swift começou a tocar e Tania Twist parou no meio da passarela com a mão na cintura, o primeiro modelo desfilando ao lado dela.

"Midnight, you come and pick me up, no headlights

Long drive, could end in burning flames or paradise

Meia-noite, você vem me buscar, faróis apagados

Uma viagem longa

Poderia acabar em chamas ou no paraíso"

Fiquei em dúvida entre aplaudir ou não, quando o modelo deu as costas depois de parar na ponta da pista. Apesar de não ser modelo de passarela, eu deveria saber como me portar em eventos assim, mas, parecia que estar no meio de tanta gente importante fazia meu cérebro bugar e eu me esquecia até mesmo de como bater palmas.

"And when we go crashing down, we come back every time

'Cause we never go out of style, we never go out of style

E quando nós terminamos, voltamos todas as vezes

Porque nós nunca saímos da moda, nós nunca saímos da moda"

— Olha o Kentin! — Micalina exclamou um pouco alto demais, atraindo atenção de mais gente ao redor. É, não era só eu que tinha esse tipo de problema.

O modelo russo passou ao lado de Tania, desfilando com uma calça de seda cor champanhe, uma camisa caqui meio aberta por baixo e um blazer laranja por cima. Fora os óculos estilo Harry Potter no rosto, que deviam fazer parte do visual. Até que os estilistas não estavam tão loucos na inovação dessa vez.

— Não conheço os estilistas desse desfile, mas estou gostando do trabalho deles — Rayan comentou, parecendo concordar com o meu pensamento, mesmo que ele não lesse mentes. Ou acho que não. 

— Esse tipo de coisa parece com o que você costuma usar — respondi. — Tirando as cores berrantes, é claro.

O professor riu e olhei para o lado, vendo Micalina admirando toda encantada nosso amigo. E depois dizia que não estava apaixonada…

Kentin sumiu pelo lado esquerdo, talvez indo desesperado para a próxima troca, e outro modelo parou na ponta da passarela, porém, não foi isso que me chamou atenção. Lembram-se de quem mais está nesse desfile? É, ele mesmo, Castiel Perrot, em toda sua cara de menino mau, e que combina muito bem com os carões de modelo.

"I say: I've heard that you've been out and about with some other girl, some other girl

He says: What you've heard is true but I

Can't stop thinking about you and I

I said: I've been there too a few times'

Eu digo: eu ouvi que você estava por aí com alguma outra garota, alguma outra garota

Ele diz: O que você ouviu é verdade, mas eu

Não consigo parar de pensar em você e eu

Eu disse: Eu já passei por isso algumas vezes"

Ele usava uma calça prateada, que poderia ter saído direto do desenho dos Jetsons, uma camisa social branca e um blazer preto de veludo, abotoado apenas pelo meio e com um cinto da mesma cor em cima. Fora uns óculos estilo futurístico, que poderia servir muito bem como um tapa-olho para dormir.

Agradeci mentalmente por aquilo tapar a visão dos olhos dele e abaixei o olhar para minha taça de champanhe pela metade.

"'Cause you got that James Dean daydream look in your eye

And I got that red lip, classic thing that you like

Você tem aquele olhar sonhador de James Dean em seus olhos

E eu estou com aqueles lábios vermelhos, o clássico que você adora"

E por que justamente a música que sempre me fazia lembrar dele tinha que estar tocando naquele momento? Talvez o universo quisesse ver o ship dele de volta. 

Hoje não, universo, hoje não.

Ergui os olhos, vendo que Castiel já tinha saído da ponta da passarela e estava voltando, as mãos enfiadas no bolso da calça prateada. Suspirei, sabendo que ainda faltavam algumas trocas de roupa naquele desfile e aquela não seria a única vez que eu veria Castiel naquela noite.

…

Se eu estava super empolgada para aquele desfile, talvez minha empolgação tenha ficado no bar, bebendo algo junto dos famosos da festa. Ela tinha dessas. Mas eu não a culpava — e estou falando de um sentimento como se fosse uma pessoa, mas tudo bem —, pois ser paparicada por trocentos repórteres, jornalistas e pessoas chiques que queriam falar aleatoriedades incomodava, e muito.

Eu já havia me perdido de Micalina àquela altura, que estava procurando Kentin, e a única coisa que encontrei foi um fotógrafo, que pareceu se multiplicar em vinte num piscar de olhos. "Você ainda está com Castiel, Marimar?", "Poderia conceder uma entrevista para…", "Só uma foto, Marimar", e quando vi, já estava no meio do salão, com flashes na minha cara e gente desconhecida rindo, como se fossem meus amigos.

— Com licença! — Quase gritei para ser ouvida. Como eles queriam uma entrevista comigo se mal conseguiam me escutar? — Eu preciso ir ao banheiro.

Inventei como desculpa e tive que praticamente empurrar algumas pessoas para sair dali. Por sorte, o salão usado para a after party foi o mesmo em que fizemos a festa da Júlia, então eu já sabia como me movimentar por ali. E sim, aquele lugar era tão enorme que tinha dois salões, um para a festa e outro para o desfile.

Realmente fui até os banheiros, espantando qualquer um que quisesse falar comigo devido minha cara de limão azedo, e torcendo para encontrar Micalina, Kentin, Júlia, Nathaniel ou qualquer conhecido que aparecesse na minha frente. Ou quase todos, porque vai que eu encontrava Rosalya e ela tentava me arrastar de volta pro meio dos repórteres?

A grande questão é que parecia que o universo estava decididamente empenhado em unir o ship dele de volta. Quem encontrei saindo do banheiro? Sim, ele mesmo, Castiel Perrot. Dessa vez sem aquela roupa futurística criada por um estilista louco na inovação. Estava apenas com uma jaqueta de couro brilhante, que mais parecia coberta por plástico, e a roupa preta de sempre. O metaleiro raiz.

Dessa vez, não pude evitar e nossos olhares se cruzaram. Tinha pouca gente em volta daqueles banheiros e me pergunto por quê.

— Marimar — ele disse meu nome, talvez surpreso por finalmente me ver em pessoa. Depois de evitar até olhar na minha cara aquele tempo todo.

— Eu preciso ir no banheiro. — É, não segui o manual do clichê, onde deveria dizer o nome dele, criando uma cena de tensão romântica.

Eu não precisava usar o banheiro de verdade, estava apenas repetindo a mesma desculpa e sentindo meu cérebro bugar ainda mais, revirando em todas as pastas enquanto procurava respostas para o que fazer naquela situação. 

— Eu preciso conversar com você — disse outra vez aquela frase da mensagem que me mandou no Instagram. E que Lysandre e Kentin passaram para mim. 

— Eu… — Fiquei sem saber o que falar. Talvez eu estivesse seguindo o manual do clichê agora, era difícil evitar.

— Eu posso esperar você sair. Aqui ninguém vai nos incomodar — ele continuou e ergui as sobrancelhas.

Olhei para os lados, vendo apenas as portas para os banheiros e um cara maromba de terno ao lado do que parecia ser uma escadaria, liberando a entrada de duas modelos da B Agence.

— Cadê todo mundo? — questionei, tentando mudar de assunto.

— Essa é área VIP pra quem é da agência. — Apontou para a entrada da escadaria com a cabeça. — A imprensa não pode chegar aqui.

Minhas sobrancelhas quase foram parar na testa com a surpresa. Não é que o Nathaniel pensava em tudo mesmo? Pena que isso tirava minhas possibilidades de evitar aquela conversa.

— Não dá pra você me evitar pra sempre, Marimar. — Castiel jogou na minha cara, naquele jeito que ele tinha de mandar as coisas na lata.

Por que eu ficava fugindo assim? Não era eu que sempre fui sincera e falava tudo desembestadamente? Por que isso agora?

— Foi você quem ficou me evitando durante o último mês. — Fiquei na defensiva e vi Castiel suspirar.

— Por isso que quero conversar com você. Podemos? — Apontou de novo para a escadaria e dessa vez permiti que ele me guiasse.

É, toda na defensiva, pronta para dizer o discurso que estava tentando planejar aquele tempo todo. E que provavelmente iria falhar completamente na hora. Mas bastava eu falar o que precisava, ouvi-lo e ir embora, pronto, problema resolvido. Exceto que eu não fazia ideia do que ele iria falar. Ai, universo…

Subimos as escadas com poucas lâmpadas iluminando as paredes e chegamos ao terraço daquele prédio. Se a construção já era enorme, com dois salões, aquela parte tinha apenas ⅓ do tamanho dela. Podíamos ver o telhado, que provavelmente cobria parte do salão de desfile e do outro, e o restante era o terraço. Havia algumas mesas armadas, com um bar e duas pessoas preparando as bebidas para os poucos presentes ali, que basicamente eram pessoas que já conhecia de vista na agência. 

Nos dirigimos a uma das várias mesas vazias e nos sentamos de frente um para o outro, uma luminária no meio. Castiel fez um sinal para o garçom.

— Vai querer alguma coisa? —o modelo perguntou para mim.

— Só um espumante. Vou evitar passar vexame dessa vez — soltei como piada interna e vi Castiel rir, enquanto o funcionário se retirava. 

Já tá nessa, Marimar? Para alguém que estava brava, tá de parabéns…

— Então… — comecei, respirando fundo e já me preparando para todo o discurso que eu havia preparado.

— É melhor eu começar a falar, senão você começa e não para mais — ele interrompeu, prevendo o que viria pela frente.

— Mas, mas… — gaguejei, porque tudo estava diferente do que montei na minha mente durante dias. — Você nem me deixou falar daquela vez!

— E por isso que eu quero falar com você. — Foi meio ríspido e nossos pedidos chegaram, mais rápido do que esperávamos. O de Castiel era incolor e com uma rodela de limão, com certeza tinha álcool. — Sinto muito pelo que eu falei pra você naquele dia na agência. As coisas estavam frescas demais e pensei que fosse mais uma…

— Mais uma das pessoas que se aproximam de você por interesse? — Vi-o assentir com a cabeça e tomou um gole da bebida. — Dá pra dizer que eu estou experimentando um gostinho disso nas últimas semanas. 

Peguei meu copo de espumante, batendo as unhas no vidro e nem me importando em beber. 

— Eu sei que eu errei, Castiel. Errei com você, com o Lysandre, com a Júlia, eu inclusive fiz a minha amiga perder o emprego por causa disso. — Abaixei a cabeça, envergonhada. — Não sei, talvez eu achasse que estava vivendo uma fanfic clichê, e sim, eu leio essas coisas, e que eu era uma daquelas garotas que vai pra outro país e encontra o ídolo famoso e tem um romance com ele…

— Esse é o problema, Marimar — Castiel interrompeu e ergui a cabeça, voltando a olhar para ele.

— Eu falei demais? Eu sei que é problemático de vez em quando…

— Não, o problema é você me ver como seu ídolo. Eu te disse daquela vez, sou só um cara qualquer que deu sorte de ficar famoso — relembrou o ocorrido na sorveteria, a primeira vez que saímos juntos.

— Eu sei, você disse aquelas coisas sobre arrotar e ter unha encravada. — Ri ao recordar. — Mas na época que eu e a Júlia bancamos Sherlock e Watson, eu ainda não era assim. Sei lá, sabe?

Vi-o me encarar com cara de "não, não sei". 

— Quando a gente começou a ficar junto, eu já tava saindo desse modo fangirl. Tipo, você não era o Castiel Perrot, o modelo que eu era fã, você era você, que me dava dicas de como ser uma modelo melhor, que cuidou de mim quando dei PT no bar, que achava graça da minha espontaneidade, que me fazia ficar ouvindo Style sem parar, porque me fazia lembrar da gente…

Castiel sorriu de canto e eu me derreti por dentro. Apesar de ter evitado aquele momento nas últimas semanas, não dava pra negar o óbvio: eu ainda gostava dele. Por mais que tenha tido aquela noite com Nathaniel, que eu sempre me lembrava com carinho, meu chefe estava certo e eu apenas queria tentar esquecer aquele sentimento por causa da raiva. 

E lá estava eu, caindo de amores outra vez. Pra alguém que estava com raiva no último mês, até que eu esquecia rápido das coisas.

— Eu sinto falta de passar o tempo com você, morena. — Castiel olhou para o próprio copo, talvez evitando o contato enquanto se abria assim.

Apesar da sinceridade ácida, falar sobre o que sentia parecia ser outra coisa para ele.

— Eu também sinto — repeti o que ficou óbvio no que eu disse anteriormente, vendo-o parecer escolher o que ia falar, talvez sem jeito com as palavras.

E instantes de silêncio, numa torta de climão que poderia ser cortada e servida entre nós.

— Eu só queria esclarecer as coisas, sabe? — recomecei a falar. — Eu fiz mil e uns discursos na minha cabeça, mas... — Parei, sentindo seu olhar sobre mim. Gelei por dentro e minha voz foi sumindo. — Mas acho melhor eu ir. A gente se acertou, não estamos mais com a cara virada um pro outro e...

Empurrei a cadeira e comecei a me levantar, quando sua mão segurou a minha, apoiada na beirada da mesa.

— Não vai. — Seus olhos cinzentos olharam para mim pedintes, querendo dizer tudo que ele não conseguia pôr pra fora. — Você pode ter dito tudo o que você planejava, mas eu não.

Voltei a bunda pra cadeira de leve, meio que pronta pra ir embora tão logo ele terminasse. Mesmo que minha vontade fosse ficar.

— Eu sinto muito pelas coisas que eu te disse, Marimar, por tudo. Você sabe que eu tenho problemas pra confiar nas pessoas que se aproximam de mim, mas eu devia ter te dado pelo menos um voto de confiança — desembestou a falar, me surpreendendo. Principalmente por me encarar fixamente. Mesmo que seus dedos batucando o próprio copo mostrassem seu nervosismo. — Mesmo que a gente não tenha tido tempo pra se conhecer mais a fundo, era o suficiente pra eu confiar em você...

Ele deixou no ar, talvez com seu discurso planejado chegando ao fim ali, talvez sem saber o que falar. Pisquei os olhos repetidas vezes, tentando processar o que estava acontecendo.

— Ai, Castiel... — Foi a única coisa que consegui dizer, agradecendo por não ter bugado ali mesmo. 

— Eu queria começar as coisas de novo. Se você quiser...

Ri alto, achando fofo, ao mesmo tempo que estava surpreendida por todo o rumo que aquela conversa tomou.

— Se é assim, então vamos lá. — Estendi a mão reta para ele, que franziu as sobrancelhas, estranhando. — Prazer, Marimar Garcia. É um prazer te conhecer, Castiel.

— O que você tá fazendo?! — exclamou, achando graça da minha cara de pamonha.

— Ué, começando as coisas de novo. — Dei de ombros. — Não era isso que a gente ia fazer.

— Não sei porque ainda me surpreendo com você, morena. — Balançou a cabeça, contendo o riso. — Eu quis dizer começar de onde a gente parou.

— Ah, isso... Mas eu nem sabia que lance a gente tinha, então... — O modelo franziu as sobrancelhas e tive que me explicar. — Tipo, por aqui se vocês beijam, quer dizer que estão automaticamente namorando, não é? Eu não sabia se você i...

— E o que você achou que a gente tivesse?

— Um lance... — me contive, já que eu até hoje não sabia o que a gente tinha tido naquela época. — Eu não sabia se éramos namorados ou não, você nunca disse nada!

— E você queria o que? Que eu aparecesse no seu portão com flores e chocolates, te pedindo em namoro? — Jogou naquele jeito delicado que só ele não tinha.

— Se você quiser fazer isso, já adianto que eu iria adorar — brinquei, vendo-o rir e me parabenizando mentalmente pelo feito. Talvez as coisas estivessem lentamente voltando aos eixos.

— Aí você já tá querendo demais, morena... — Cruzou os braços, me encarando como se eu fosse a coisa mais divertida do mundo.

— Ué, foi você quem propôs... — Dei um sorrisinho, pensando no que viria a seguir. — Mas você pode me pedir em namoro do jeito francês, por mim tá tudo bem.

O modelo levou alguns segundos pra processar a informação, as sobrancelhas quase se unindo quando conseguiu.

— Você não costumava ser assim, morena — disse com aquele sorriso, me derretendo um pouquinho. 

— Digamos que aprendi com alguém...

— Vou fazer a sua vontade dessa vez, mas longe daqui. Se você não quiser virar manchete amanhã. — Levantou-se da sua cadeira e fiz o mesmo.

Castiel deu uma nota para o garçom e saímos.

— Nem vai adiantar, porque só de ver a gente saindo juntos, já vai ser o suficiente pra virar primeira capa amanhã.

— Pelo menos não vou me importar com esse tipo de manchete. — Passou o braço pelos meus ombros, enquanto descíamos as escadas de volta para o salão.

— Nem eu.

Sorri feito uma boba e deixei que ele me levasse para longe dali, enquanto os flashes dos fotógrafos estouravam nas nossas vistas.