Click! et Brille escrita por Biax, EsterNW


Capítulo 5
Nomes, nomes e mais nomes


Notas iniciais do capítulo

Ester:
Aesthetic da Marimar hoje pra vocês :3

Bia:
Oi, povo! Preparem-se para conhecerem muitos nomes, e não são de pessoas xD
Boa leitura!



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Desci as escadas do prédio com rapidez, quase pulando um degrau ou outro, até chegar ao térreo e ver meus bebês parados do lado de fora. Como tiveram coragem de deixá-los onde qualquer um poderia pegar e levar embora? Se houvesse um aplicativo para avaliar, com certeza daria uma estrela a menos por isso.

Em duas viagens, terminei de colocar todos os vasos para dentro do apartamento, com Júlia assistindo tudo à mesa, junto de uma caixa com minhas filhas menores, enquanto tomava uma xícara de café e comia um pedaço de brioche com manteiga.

— Você gastou seu salário todo com plantas, Mari? — ela perguntou outra vez, espalhando mais manteiga no brioche.

— Ah não, essas belezinhas aqui vieram direto do Brasil. Compra uma aqui, ganha outra ali e você viu como foi ficando... — Minha amiga apoiou o rosto sobre a mão e mastigou a comida, me encarando como se medisse onde pôr tudo aquilo. — Aqui, deixa eu te apresentar todo mundo.

Pigarrei e comecei:

— Temos Clóvis, o cacto; Rosinha e Chiclete, os gerânios; Clotilde, a samambaia; Violeta, a violeta; Cleusa e Gerusa, as begônias; Camilo, o lírio; Gomildo, o antúrio; Latifa, a bromélia; Zulmira e Alzira, as azaleias; Justina e Eustáquia, as orquídeas... — Respirei, depois da fala ininterrupta. — E é muita coisa pro seu apê, né? Desculpa, Jú, eu nem perguntei se podia trazer minhas plantas, eu devia ter pedido permissão, é muita coisa pra três cômodos só...

— Está tudo bem — a fotógrafa interrompeu meu pedido de desculpas subitamente. — Vamos tomar café e eu te ajudo a colocar tudo no lugar.

Corri para abraçá-la e quase fiz com que derrubasse café em cima de uma mancha seca no pijama.

—Obrigada, Jú! Você não sabe como eu amo essas plantas, sério mesmo. Não seria a mesma coisa sem elas, eu ia ligar todo dia pra minha mãe pra saber se elas estavam bem...

— Tudo bem, Mari, tudo bem. — Senti umas batidinhas nas minhas contas e a soltei. Talvez eu tivesse exagerado um pouquinho, porém, nada que Jú não estivesse acostumada. — Você traz a jarra da cafeteira, fazendo um favor? Acho que vou precisar de mais café...

Aquela manhã foi divida entre tomar o café com brioches e organizar todos meus bebês no lugar. Colocamos vasos em alguns lugares, mudamos de ideia, trocamos, e no fim da manhã o resultado foi o seguinte: Rosinha, Chiclete e Latifa ficaram na beirada do vitrô do banheiro, por serem as menorzinhas. Zulmira, Alzira, Cleusa e Gerusa ficaram no quarto que eu dividia com Júlia. Clóvis, meu filho mais especial, teve seu lugar perto do beliche. Clotilde ficou em um canto da sala, Justina e Eustáquia em outro, e, por fim, Camilo e Gomildo na janela do mesmo cômodo.

Quando todos estavam em seus devidos lugares, eu e Júlia nos jogamos no sofá para descasar.  Contudo, não durou muito tempo.

— Onde você vai? — perguntei quando ela se levantou pouco depois.

— Tomar um banho. Tenho uma sessão às duas e já é meio dia. Eu almoço no meio do caminho.

— Vou comprar terra pra trocar a de alguns vasos — gritei para Jú e ouvi algo como “tá” vindo do banheiro. 

Fui ao mercadinho ali perto e voltei em dez minutos. Já conhecia a maior parte dos comércios da rua, mas ainda tinha alguns para visitar. Perdi a hora do almoço e, quando terminei todo o meu trabalho com os bebês, vi que Júlia não estava mais lá. Não sabia que fiquei tão distraída assim.

Depois de limpa toda a bagunça, era a hora de fazer o mesmo comigo e me preparei para andar um pouco pelas redondezas. Com os braços doendo daquele jeito, nem a pau que eu iria cozinhar alguma coisa. Eu estava faminta, precisava logo de comida.

Do lado de fora, vi que estava nublado. Talvez chovesse no começo da noite. Enquanto caminhava pela calçada, considerava para onde ir. A padaria eu já experimentei na semana passada, o restaurante iria para algum jantar... No final da rua, quase esbarrei em umas mesas armadas na calçada. Pedi desculpa para as pessoas que estavam sentadas e olhei para a parede de vidro, com os dizeres: Fulano Cantina Argentina. Bem, como espanhol e português eram idiomas próximos, me perguntava por que da escolha incomum para nome de cantina... Talvez o dono se chamasse Fulano? Vai saber.

Com meu estômago roncando de fome, resolvi entrar, sendo recebida por um ambiente aconchegante. Havia várias mesinhas, como as do lado de fora, a maioria de quatro lugares. Ao fundo, ficava um balcão e o caixa. O ambiente todo era decorado por um tom de marrom, dando a impressão de ser feito de madeira, e as luzes tinham iluminações de cores quentes.

Sentei em uma das mesas vagas e tive que aguardar um pouco, pois o único atendente disponível corria para atender todas as mesas ocupadas. Não eram tantas assim, talvez um pouco mais de meia dúzia, mas atender a todas... Coitado. Ocupei-me em analisar o menu deixado em cima da mesa.

— Boa tarde. Seja bem vinda à Cantina Argentina do Fulano. —Hyun, segundo dizia o nome em seu crachá, apareceu ao meu lado com um sorriso simpático, mesmo que tivesse uma cara de acabado após tanto trabalho. Pobre homem... — Em que poderia ajudar?

— Um alfajor, por favor — pedi, sendo a primeira coisa de todas que atraiu minha atenção no cardápio.

Hyun anotou meu pedido e sumiu, indo atender outra mesa. Tive que me ocupar em olhar meu Facebook no celular enquanto aguardava. Que a espera valesse a pena...

Quando tinha recarregado meu feed duas vezes, um prato foi posto à minha frente, acompanhado de garfo e faca. O atendente correu para outra mesa e, após guardar o celular no bolso da calça, encarei um pastel de massa assada. Aquilo não era o que eu pedi...

Suspirando, peguei meu prato e fui em direção ao balcão. Não tão surpresa assim, vi um moço loiro reclamando antes de mim. Bem, se meu prato foi trocado, alguém pegou o meu pedido...

— Com licença — pedi, atraindo a atenção do rapaz. Ele voltou os olhos quase dourados para mim. — Acho que esse é o meu alfajor. — Apontei para o prato dele e o sujeito viu o pastel no meu.

— Se não se importar... — Trocamos os pratos. — Está tudo resolvido — ele disse para a pessoa no caixa. O funcionário deve ter agradecido e voltou a atender a pessoa que esperava impaciente na fila. — Detesto doces e o Hyun trouxe justamente um alfajor para mim... — comentou enquanto retornávamos para as mesas e acabamos rindo juntos.

— Pelo menos eu gosto de pastel — brinquei e o homem deu um belo sorriso brilhante, achando graça. — Costuma ser sempre assim por aqui? — questionei e ele sentou-se em seu lugar. Fiquei parada ao lado da mesa.

— Normalmente não. A cantina costuma ter dois atendentes, porém, Layla faltou hoje. Hyun está tendo que trabalhar por dois. — Nossos olhares se dirigiram para o pobre rapaz que ainda corria feito doido para atender a todos. — Quer se sentar? Adoraria ter alguém para conversar. Eu costumo fazer isso com Hyun e a Layla, mas hoje... — Não precisou nem completar a frase. — Aqui.

O rapaz se levantou e puxou a cadeira do outro lado da mesa, para que eu me sentasse. Em seguida, voltou para a sua.

— Uau, é difícil ver alguém fazer isso esses dias — brinquei e coloquei o prato com o alfajor à minha frente.

Ele apenas deu um sorriso um pouco tímido e pegou garfo e faca para comer seu pastel. Era uma gracinha como algumas mechas do cabelo, mesmo com gel, caiam sobre o rosto. O loiro ergueu a face para tirar os cabelos que atrapalhavam e fui pega no flagra enquanto o observava. Peguei os talheres que estavam largados no meu prato e comecei a comer meu doce. Normalmente pegaria com as mãos, mas, como me sentia chique num ambiente como aquele, teria que ser chique igualmente.

— Então... — Vasculhei minha mente em algum tópico para conversa. — Você vem sempre aqui? — Me repreendi mentalmente no exato momento em que essa pergunta saiu. Desse jeito pareceria que eu estava flertando descaradamente com ele! Eu não estava flertando.

— Sempre que posso. Uma amiga dos tempos de escola trabalha aqui e eu costumo vir para conversar — respondeu com naturalidade e voltou os olhos dourados para mim. Eles eram lindos. — E você? Não me lembro de tê-la visto por aqui antes.

— É a primeira vez que venho. Moro em Paris tem um pouco mais de uma semana e ainda estou conhecendo a cidade — respondi e olhei para meu prato, vendo que o doce já estava pela metade. — Isso aqui é muito bom. Acho que vou voltar mais vezes.

— Bem, eu adoraria conversar contigo mais vezes... — Deixou a frase no ar e olhou para mim, como se esperasse que eu completasse. Mas completar com o que?

O nome, criatura! Você não disse seu nome até agora.

— Marimar — me apresentei e sorri para ele, que acabou ficando confuso.

— Marimar... É um nome bem diferente — disse um pouco pensativo e tive que concordar. Obrigada, mãe. — Parece que já ouvi esse nome antes...

— Talvez na novela? Minha mãe escolheu esse nome por causa da novela da Thalía e para combinar com o da minha irmã, Mariana.— O rapaz encarou-me confuso, como se não soubesse do que eu estava falando. — Marimar — dei o gritinho da Tália, fazendo um sorriso surgir no rosto dele, — costeñita soy, com mis abuelos crescí yo — comecei a cantar a música tema da novela e enrolei a parte que não sabia. — Marimar, Marimar — continuei, mas a única coisa que consegui foi fazer com que ele risse. — Me zoavam tanto com isso na escola...

— É um nome bonito — disse por fim, quando parou de rir.

— Obrigada — agradeci e comi o último pedaço do meu alfajor. — E você? Também foi zoado pelo seu nome na escola?

— Não não. Nathaniel é um nome até um pouco comum... — ele terminou de comer o pastel e limpou os lábios com o guardanapo.

Peguei um e fiz a mesma coisa. Sabia que estava esquecendo algo.

— Eu nunca tinha visto um Nathaniel antes, só Natanael.

— Bem, já eu creio nunca ter visto um Natanael. Marimar também não é comum — brincou e levantou a mão, fazendo um gesto para pedir a conta. Hyun passou quase voando e deixou dois papéis sobre a mesa. — Sem trocas dessa vez . — Rimos e cada um ficou com sua nota correspondente.

Nathaniel pegou sua pasta-carteiro apoiada na cadeira e fomos para o caixa, esperando na fila. Continuamos conversando e cada um pagou o que devia. Logo, saímos para o lado de fora, vendo que já tinha escurecido. Parecia mais que ia chover com aquelas nuvens todas.

— Espero vê-la mais vezes, Marimar. Foi um prazer conhecê-la. 

Nathaniel ofereceu mais um daqueles sorrisos de garoto maravilha e eu devolvi um de menina boba. Um trovão ecoou.

— Desculpa, mas é melhor eu ir ou vou tomar chuva.

— Eu posso te dar uma carona... — ofereceu e desligou o alarme do carro, fazendo com que um veículo preto estacionado no meio preto fizesse barulho.

— Não precisa, eu moro naquele prédio mais pra frente. — Apontei para a construção de tijolos à vista, visível à distância.

— Te vejo amanhã? — questionou incerto e colocou as mãos dentro dos bolsos da calça social.

— Te vejo amanhã — respondi e continuaria sorrindo, se um trovão não me acordasse pra vida.

Corri pela calçada para longe dali. Com certeza aquele Fulano me veria mais vezes na cantina dele.


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Notas finais do capítulo

Ester:
A Cantina Argentina do Fulano é um lugar real, bem como todos os demais estabelecimentos da rua das meninas. Demais personagens citados puramente ficcionais.
Olha só quem é fã da culinária argentina...
Até mais, povo o/

Bia:
Hmm olha quem a Mari achou perdido! Esse Fulano ai será palco de muitas coisas x)
Até mais o/



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