Building Blocks escrita por Bia


Capítulo 6
Bloco 1: Perdão




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Bloco 1: Perdão

 

 

— Então…

O inédito dessa vez foi o Potter ter iniciado o assunto. Arrumou os óculos e, sorrindo, abaixou o copo de cerveja.

— Não vai me contar como foi o encontro?

Rony deu de ombros, fazendo-se desinteressado, mesmo sabendo que o amigo o conhecia bem demais para deixar de notar a curva no canto da boca e o bom humor demonstrado o dia inteiro.

— Foi bem divertido — admitiu por trás do copo. 

— Alguém que conheço?

Encarando-o com divertimento e malícia, um sorriso astuto deslizando por seus lábios, o Weasley jogou a cadeira para trás, apoiando-a em apenas duas pernas antes de responder.

— Sim. 

— Grande Rony! —  disse Harry com entusiasmo, batendo no ombro do amigo.

De repente, parou de sorrir. Enrugou a testa desconfiado. 

— Um minuto, não foi Lilá… Foi?

O Weasley voltou a apoiar a cadeira corretamente enquanto fazia uma careta e um gesto brusco com a mão esquerda.

— Claro que não, eu não me envolvo com mulheres casadas! — respondeu com rigor. — Lilá é passado.

Harry fez um som de entendimento bebericando sua cerveja com calma, esperando que o amigo lhe contasse o que quisesse contar. Viu quando colocou os cotovelos na mesa, parecendo desorientado antes de prosseguir:

— Não é nenhum segredo, sabe? Posso te contar, se você quiser saber… Na verdade, eu quero te contar. — encarou o Potter. — Gosto dessa pessoa e quero que dê certo. E é por isso que… — limpou a garganta, desconfortável. — Enfim, é por isso que eu quero que você me diga qual outro elemento não pode faltar em uma relação.

O ex-apanhador, confuso, arqueou as sobrancelhas e esfregou as mãos.

— Essa é uma pergunta difícil. Infelizmente, não existe uma receita mágica para relacionamentos.

— Eu sei. — Rony apressou-se em acrescentar. — Eu sei, Harry. Eu só quero a sua opinião.

Suspirando, o Potter cruzou os braços. Levantou a cabeça, refletindo e permaneceu quieto por diversos minutos. Mesmo com uma ânsia palpável, o amigo soube aguardar em silêncio. 

— Bom. — começou. — Se você quer saber o que eu penso, um outro elemento fundamental é o perdão.

— Perdão? — o ruivo exclamou surpreso — De uma traição, você diz? Desculpe, Harry, mas eu não concordo. 

— Não, não. Não quis dizer apenas de uma traição, mas dos erros em si. Dos vários erros que cometemos mesmo sem querer ou com as pessoas que amamos. Somos humanos, erramos, faz parte. 

O Weasley sacudiu a cabeça com veemência. 

— Harry, o que você está dizendo? Acredito que existem erros e erros e nem todos podemos perdoar.

O Potter fechou os olhos por alguns segundos enquanto coçava a testa, cansado. Respirou fundo e bebeu sua cerveja, depois virou-se na cadeira, apoiando o braço para encarar fixamente o amigo:

— Você pediu minha opinião, Rony, e, para mim, o perdão é um elemento muito importante. Do modo em que vejo, a questão não é somente o erro, mas o que uma pessoa é capaz de perdoar ou não. — deu de ombros. — Algumas vezes, em um relacionamento, e repito qualquer relacionamento, nos apegamos a erros pequenos e ignoramos o que importa de fato.

— Que? Como assim?

O Weasley, pasmo, se curvou sobre a mesa. Harry passou as mãos pelos cabelos e argumentou claramente: 

— Rony, é simples. Nossos pais erram ou erraram conosco e nós, com certeza, também vamos errar algum momento com os nossos filhos. Nós cometemos erros na amizade, no amor, no trabalho. É normal, é humano. A grande questão é: o que você é capaz ou quer perdoar, o que não é e o que vale a pena ser perdoado.

O rosto de Rony transformou-se em um mosaico de dúvidas e o Potter teve que se segurar para não rir. Observou o amigo ajustar a coluna na cadeira ainda com uma expressão perturbada. 

— Hum, é uma teoria.

Teoria? — foi a vez de Harry exclamar surpreso. —Vai me dizer que você nunca errou com ninguém?

Se encararam.

 — Não. — Rony afirmou com humildade — Eu já errei muito.

O moreno desviou o olhar, incômodo. Bebeu um pouco mais e continuou:

— O que eu digo é que nós temos que entender que as pessoas não são perfeitas e nem nós também. O perdão é necessário.

Rony ergueu o copo para não ter que responder de imediato. O gosto da cerveja encheu sua boca e sua mente foi bombardeada de lembranças; todos os erros que cometera com Harry, Hermione, com os irmãos ou com os pais, tendo ou não intenção. Toda aquela conversa sobre relacionamentos mesmo não tinha nascido de um erro seu? Remexeu-se na cadeira, constrangido, depois suspirou:

— Está coberto de razão, Harry. — admitiu sorrindo.

Harry ergueu o próprio copo a modo de cumprimento.

Continuaram a beber emendando assuntos mais leves quando, no final da noite, Rony bateu na mesa dizendo:

— Então... Meu encontro.

Harry virou-se para ele:

— Sou todo ouvidos.

O Weasley sorriu com malícia mesmo que estivesse corando até a raiz dos cabelos.

— Eu não vou contar o nome todo, mas você com certeza vai adivinhar.

O Potter empurrou a cadeira para frente.

— Ela é loira e suas iniciais são L e L.

Os olhos verdes de Harry saltaram e ele abraçou Rony com fervor honesto.

— Grande Rony!


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