Building Blocks escrita por Bia
Bloco 1: Inovação
Um amor é como a rosa num jardim
A gente cuida, a gente olha
A gente deixa o sol bater
Pra crescer, pra crescer
A rosa do amor tem sempre que crescer
A rosa do amor não vai despetalar
Pra quem cuida bem da rosa
Pra quem sabe cultivar
Cruzou a esquina exatamente no mesmo instante em que o homem loiro ergueu-se para caminhar, confiante, em direção à mulher sentada na mesa ao lado, sozinha. Ele com as sobrancelhas arqueadas com presunção, calça jeans e sapatênis; ela distraída com sua taça de vinho, vestido preto decotado, olhos pintados e cachos presos.
Desabotoando o uniforme de auror, Harry moveu-se com firmeza alcançando-a antes do loiro. Ainda de pé, apoiou as mãos no encosto de uma cadeira encarando-o fixamente. Não é possível afirmar o que o intruso detectou em sua íris verde, mas afastou-se silencioso e carrancudo.
Hermione observou sua partida com indiferença, depois virou-se para o marido com um meio sorriso, dizendo entre censura e diversão:
— Querido...
Ele deu de ombros.
Curvou-se para beijá-la e puxou a cadeira, sentando com as pernas separadas o suficiente para que pudesse esfregar o joelho contra a coxa feminina. Ergueu a mão e fez o pedido – uma garrafa de cerveja, o mesmo de toda sexta-feira – antes que a ministra cruzasse os braços sobre a mesa e perguntasse maliciosa e sorridente:
— Foi difícil desvendar minhas pistas?
Harry bufou, orgulhoso:
— Se eu não te conhecesse tão bem...
Hermione jogou o corpo para trás e soltou a mais gostosa das gargalhadas, fazendo o marido sentir, de súbito, muito calor. Ele bebericou a cerveja e questionou:
— Então... Por que estamos aqui?
— Bem, Rony está em um encontro. — começou corando e desviando o olhar como a menina inexperiente que tinha sido um dia. — Pensei que também pudéssemos ter um... Além disso, sexta é o seu dia, com seus amigos, não queria que você não aproveitasse.
— Bem... — Harry respondeu, a voz rouca e os olhos fixos no profundo decote — Eu posso garantir que a vista é muito melhor.
Fingindo-se ofendida, a Granger levou uma das mãos ao peito, com o intuito de cobri-lo enquanto, com o dorso da outra, desferia um leve tapa no braço masculino.
Riram.
— Talvez você consiga ver um pouco mais depois, já que as crianças estão com os meus pais. — provocou ela.
O Potter ergueu a mão, brincando.
— A conta, por favor.
A esposa agarrou sua mão no ar, puxando-a de volta para a mesa, entrelaçando seus dedos e rindo de um jeito que deixava Harry todo endurecido.
— Pare. Vamos conversar... Beber um pouco e depois voltamos a isso, ok?
— Ok. — concordou, sentindo-a deslizar os dedos por sua mão com delicadeza afim de soltá-la. — Sobre o que quer conversar?
Hermione alcançou sua taça de vinho e encostou-se na cadeira, permitindo ao marido deliciar-se com a visão do corpo amado no vestido justo, bem como a sobrancelha arqueada e o sorriso malicioso que surgiram simultaneamente.
— Rony me contou que você está dando dicas de relacionamento para ele. É verdade?
Concordou com a cabeça, hipnotizado demais pelo vermelho do vinho nos lábios femininos.
— Então, você é um especialista?
Harry deu de ombros e também encostou-se em sua cadeira. Mãos nos bolsos.
— Não. Sou só um homem de sorte.
— Como assim?
O auror sorriu com sadismo, indeciso entre dar a resposta abreviada ou a completa. Os olhos da esposa estavam fixos e atentos, exatamente como ficavam quando ela ainda estava na escola assistindo aulas.
Tirou as mãos do bolso. Bebeu a cerveja, lentamente, ciente da ansiedade no olhar dela.
— Amo uma mulher que me ama também.
A Granger jogou a cabeça para o lado esquerdo, um sorriso enorme iluminando todo o local, antes de curvar-se para beijar o marido. Antes que ele pudesse segurá-la pela cintura e aprofundar o contato, ela se afastou.
— E você acha que isso é o suficiente em um relacionamento? — perguntou, curiosa.
O Potter balançou a cabeça veementemente.
— Não. Não é o suficiente.
— Por quê? — perguntou ainda curiosa, apoiando o queixo nas mãos.
Harry manteve seus olhos nos dela e suspirou frustrado. Ficava feliz em ser o centro de sua atenção, mas não queria que fosse exatamente dessa forma. Beijou-a uma vez mais, mesmo sabendo que não conseguiria fugir dessa conversa.
— O amor... O amor é muito mais ação do que palavras, Mione. Porém, para mim, é um pouco além disso também... É abertura e comunicação.
Hermione concordava com a cabeça, concentrada em cada palavra. O auror sentiu vontade de rir, um pouco de divertimento outro tanto de vergonha.
Ele não precisava explicar isso a ela, foi ela quem lhe ensinou tudo.
— É por isso que estamos juntos até hoje, amor?
Alcançou a pequena mão e entrelaçou seus dedos.
— Eu acredito que estamos juntos até hoje, primeiro, porque começamos devagar, como amigos. Você não se surpreendeu com a minha personalidade e nem eu com a sua, pois já nos conhecíamos. Segundo, e sendo bem honesto, porque queremos.
— Por que queremos? — repetiu ela, parecendo confusa.
— Sim, você sabe... — Harry desejava ser muito claro em suas palavras nesse momento, não queria que houvesse qualquer ambiguidade no que fosse dizer. Respirou fundo e retomou:
— Gostamos e valorizamos a companhia um do outro. E queremos mantê-la, então nos esforçamos para que esse relacionamento dê certo. Mas, que fique claro, é um esforço conjunto e desejoso, não apenas seu ou apenas meu. E é algo que queremos, que gostamos de fazer. Nosso relacionamento é divertido. Veja, uma sexta-feira e nós dois estamos em um bar, rindo juntos, mesmo depois de anos de uma relação estável. Nos admiramos, nos apoiamos e ainda inovamos para que nosso relacionamento sempre pareça novo... Do modo positivo. Para mim, essa é base.
Hermione tornou a sorrir e o Potter sentiu o estômago encolher. Faria qualquer coisa contanto que ela o olhasse tão cheia de admiração como naquele momento.
Mordendo o lábio inferior, então, a Granger se aproximou do corpo masculino. Harry fechou os olhos para apreciar seu calor, seu perfume e sentiu-se arrepiar e estremecer enquanto ela sussurrava em seu lóbulo:
— Sabe... Um homem tão sábio e realista me deixa tão... animada.
Deslizou os lábios pelo pescoço feminino sentindo-a refletir a sua reação anterior. Tornou a encará-la e disse firmemente:
— Eu amo você.
A intensidade com que Hermione corou, a força com que ela sorriu e o intenso brilho do seu olhar responderam a ele que era recíproco.
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Música: Gilberto Gil e Maria Rita - Amor Até o Fim