Building Blocks escrita por Bia


Capítulo 5
Bloco 1: Inovação




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Bloco 1: Inovação

 

Um amor é como a rosa num jardim

A gente cuida, a gente olha

A gente deixa o sol bater

Pra crescer, pra crescer

A rosa do amor tem sempre que crescer

A rosa do amor não vai despetalar

Pra quem cuida bem da rosa

Pra quem sabe cultivar

 

Cruzou a esquina exatamente no mesmo instante em que o homem loiro ergueu-se para caminhar, confiante, em direção à mulher sentada na mesa ao lado, sozinha. Ele com as sobrancelhas arqueadas com presunção, calça jeans e sapatênis; ela distraída com sua taça de vinho, vestido preto decotado, olhos pintados e cachos presos.

Desabotoando o uniforme de auror, Harry moveu-se com firmeza alcançando-a antes do loiro. Ainda de pé, apoiou as mãos no encosto de uma cadeira encarando-o fixamente. Não é possível afirmar o que o intruso detectou em sua íris verde, mas afastou-se silencioso e carrancudo.

Hermione observou sua partida com indiferença, depois virou-se para o marido com um meio sorriso, dizendo entre censura e diversão:

— Querido...

Ele deu de ombros.

Curvou-se para beijá-la e puxou a cadeira, sentando com as pernas separadas o suficiente para que pudesse esfregar o joelho contra a coxa feminina. Ergueu a mão e fez o pedido – uma garrafa de cerveja, o mesmo de toda sexta-feira – antes que a ministra cruzasse os braços sobre a mesa e perguntasse maliciosa e sorridente:

— Foi difícil desvendar minhas pistas?

Harry bufou, orgulhoso:

— Se eu não te conhecesse tão bem...

Hermione jogou o corpo para trás e soltou a mais gostosa das gargalhadas, fazendo o marido sentir, de súbito, muito calor. Ele bebericou a cerveja e questionou:

— Então... Por que estamos aqui? 

— Bem, Rony está em um encontro. — começou corando e desviando o olhar como a menina inexperiente que tinha sido um dia. — Pensei que também pudéssemos ter um... Além disso, sexta é o seu dia, com seus amigos, não queria que você não aproveitasse.

— Bem... — Harry respondeu, a voz rouca e os olhos fixos no profundo decote — Eu posso garantir que a vista é muito melhor.

Fingindo-se ofendida, a Granger levou uma das mãos ao peito, com o intuito de cobri-lo enquanto, com o dorso da outra, desferia um leve tapa no braço masculino.

Riram.

— Talvez você consiga ver um pouco mais depois, já que as crianças estão com os meus pais. — provocou ela.

O Potter ergueu a mão, brincando.

— A conta, por favor.

A esposa agarrou sua mão no ar, puxando-a de volta para a mesa, entrelaçando seus dedos e rindo de um jeito que deixava Harry todo endurecido.

— Pare. Vamos conversar... Beber um pouco e depois voltamos a isso, ok?

— Ok. — concordou, sentindo-a deslizar os dedos por sua mão com delicadeza afim de soltá-la. — Sobre o que quer conversar?

Hermione alcançou sua taça de vinho e encostou-se na cadeira, permitindo ao marido deliciar-se com a visão do corpo amado no vestido justo, bem como a sobrancelha arqueada e o sorriso malicioso que surgiram simultaneamente.  

— Rony me contou que você está dando dicas de relacionamento para ele. É verdade?

Concordou com a cabeça, hipnotizado demais pelo vermelho do vinho nos lábios femininos.

— Então, você é um especialista?

Harry deu de ombros e também encostou-se em sua cadeira. Mãos nos bolsos.

— Não. Sou só um homem de sorte.

— Como assim?

O auror sorriu com sadismo, indeciso entre dar a resposta abreviada ou a completa. Os olhos da esposa estavam fixos e atentos, exatamente como ficavam quando ela ainda estava na escola assistindo aulas.

Tirou as mãos do bolso. Bebeu a cerveja, lentamente, ciente da ansiedade no olhar dela. 

— Amo uma mulher que me ama também.

A Granger jogou a cabeça para o lado esquerdo, um sorriso enorme iluminando todo o local, antes de curvar-se para beijar o marido. Antes que ele pudesse segurá-la pela cintura e aprofundar o contato, ela se afastou.

— E você acha que isso é o suficiente em um relacionamento? — perguntou, curiosa.

O Potter balançou a cabeça veementemente.

— Não. Não é o suficiente.

— Por quê? — perguntou ainda curiosa, apoiando o queixo nas mãos.

Harry manteve seus olhos nos dela e suspirou frustrado. Ficava feliz em ser o centro de sua atenção, mas não queria que fosse exatamente dessa forma. Beijou-a uma vez mais, mesmo sabendo que não conseguiria fugir dessa conversa.

— O amor... O amor é muito mais ação do que palavras, Mione. Porém, para mim, é um pouco além disso também... É abertura e comunicação.

Hermione concordava com a cabeça, concentrada em cada palavra. O auror sentiu vontade de rir, um pouco de divertimento outro tanto de vergonha.

Ele não precisava explicar isso a ela, foi ela quem lhe ensinou tudo.

— É por isso que estamos juntos até hoje, amor?

Alcançou a pequena mão e entrelaçou seus dedos.

— Eu acredito que estamos juntos até hoje, primeiro, porque começamos devagar, como amigos. Você não se surpreendeu com a minha personalidade e nem eu com a sua, pois já nos conhecíamos. Segundo, e sendo bem honesto, porque queremos.

— Por que queremos? — repetiu ela, parecendo confusa.

— Sim, você sabe... — Harry desejava ser muito claro em suas palavras nesse momento, não queria que houvesse qualquer ambiguidade no que fosse dizer. Respirou fundo e retomou:

— Gostamos e valorizamos a companhia um do outro. E queremos mantê-la, então nos esforçamos para que esse relacionamento dê certo. Mas, que fique claro, é um esforço conjunto e desejoso, não apenas seu ou apenas meu. E é algo que queremos, que gostamos de fazer. Nosso relacionamento é divertido. Veja, uma sexta-feira e nós dois estamos em um bar, rindo juntos, mesmo depois de anos de uma relação estável. Nos admiramos, nos apoiamos e ainda inovamos para que nosso relacionamento sempre pareça novo... Do modo positivo. Para mim, essa é base.

Hermione tornou a sorrir e o Potter sentiu o estômago encolher. Faria qualquer coisa contanto que ela o olhasse tão cheia de admiração como naquele momento. 

Mordendo o lábio inferior, então, a Granger se aproximou do corpo masculino. Harry fechou os olhos para apreciar seu calor, seu perfume e sentiu-se arrepiar e estremecer enquanto ela sussurrava em seu lóbulo:

— Sabe... Um homem tão sábio e realista me deixa tão... animada.

Deslizou os lábios pelo pescoço feminino sentindo-a refletir a sua reação anterior. Tornou a encará-la e disse firmemente:

— Eu amo você.

A intensidade com que Hermione corou, a força com que ela sorriu e o intenso brilho do seu olhar responderam a ele que era recíproco.


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Notas finais do capítulo

Música: Gilberto Gil e Maria Rita - Amor Até o Fim



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