Me Encontre escrita por SouumPanda


Capítulo 13
A Proposta.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/786237/chapter/13

 

 

 

 

 

Tinha se passado uma semana desde que marquei a consulta, estava com certo gelo correndo pela espinha, que fazia meu corpo se arrepiar. Não queria cruzar a porta para ir em direção a cidade, não queria saber o que poderia ser. Eu tinha a convicção comigo que não estaria gravida, mas são tantas pessoas falando, Caleb perturbado com sonhos que começou a entrar na minha mente tudo que me falavam, me deixando mais ansiosa que o normal. Angelina me observava pegar minha bolsa e as chaves com certo desanimo, quando sorri me despedindo. Abri a porta e John estava parado ali. Levei um breve susto o vendo abrir um sorriso cordial.

— Nossa, ia apertar a companhia- Ele disse sem jeito e com os olhos brilhando e quando notou minha bolsa franziu a testa. – Quis chegar de surpresa e me peguei de surpresa te vendo sair.

— É. – Sorri sem jeito. – Tenho uma consulta. – Falei baixo e pressionei os lábios, ele me olhava com a boca semiaberta e engoli seco.

— Posso te acompanhar, assim nós vamos conversando. – Ele ofereceu cordialmente, engoli seco pensando o que ele pensaria ao saber que eu iria ao obstetra, respirei fundo e quando notei apenas afirmei com a cabeça. E ele saiu da frente para que eu passasse. E assim fiz, guardei a chave do carro e John com uma de suas mãos no meio das minhas costas me guiou para seu carro. Estávamos em silencio pelo caminho, meus dedos entrelaçados pelo nervoso, ele notava meu desconforto, paramos no semáforo notei que me olhava e sorri sem jeito. – Então, está doente? Que médico vamos?

— Obstetra. – Falei baixo, pressionando os lábios e o olhando. John estava com os olhos arregalados, respirei profundamente sentindo meu coração disparar, ele ficou em silencio não falou nada, apenas seguiu para o caminho que o orientei. Estava esperando o médico me atender e ele olhava ao redor as moças gravidas com suas barrigas e sorria, franzi a testa o observando, o que ele estava pensando.

— Zoey Johnson. – A secretária me chamou e olhou John que ficou sentado. – O seu namorado também pode entrar. – Antes de negar qualquer relacionamento, John estava colado em mim, quando entramos na sala, Thomas o obstetra veio em minha direção com um sorriso largo e me abraçou cordialmente, conhecia Thomas a alguns anos, quando ele ainda estava na faculdade, meu pai disse que se fosse consultada por um aprendiz mostraria que confiamos no futuro da nação, foi constrangedor, mas superamos isso e agora tinha conseguido marcar consulta com ele. Já que as mulheres adoravam passar com ele, acho que o fato dele ser novo, loiro com olhos da cor mel. John ficou nos olhando e quando Thomas me soltou o cumprimentou.

— Olá. – Ele apertou a mãos de John. – Nossa Zoey quanto tempo, fiquei surpreso quando vi que marcou uma consulta. Faz mais de um ano que não aparece. – Thomas disse dando volta na mesa e sentando na sua cadeira e apontando para que John e eu sentasse.

— Esperava não vir tão cedo. – Falei baixo e respirando fundo. – Mas você está ótimo, fico feliz que seu consultório viva cheio, foi difícil conseguir horário com você.

— Tudo está prosperando muito bem. – Ele disse satisfeito. – Mas me diz, o que posso fazer com você? Veio fazer exame de rotina? – Ele arqueou a sobrancelha me encarando.

— Pode parecer loucura, mas estava namorando a um tempo atrás e todo mundo acha que existe uma possibilidade de eu estar gravida. – Eu disse em tom irônico. – Uma loucura real, porque não acho que tenha possibilidade.

— Estava namorando? – Thomas disse curioso olhando John, me fazendo também olhar John e sorrir.

— Não, eu e John já fomos namorados, mas faz anos. – Eu disse sem graça e John apenas afirmou com a cabeça. – Então, o que tenho que fazer?

— Bom, quero que se troque, eu posso te pedir um exame de sangue, mas para via de todas as dúvidas. Posso te fazer uma transvaginal e ver isso de vez. – Thomas falava pressionando os olhos. – Quando foi sua última menstruação? -  Ele questionou e eu tentei recordar, os dois me olhavam e eu realmente não recordava ao certo quando poderia ser.  – Bom, se troque na sala. – Ele apontou uma porta ao fundo. – E vamos ver. – Eu coloquei um roupão rosa, com o emblema bordado ao lado da clínica, respirei fundo por uns instantes me olhando no espelho, estava com um pouco de olheiras e pálida pelo pânico que sentia. Meu estomago embrulhado pensando no resultado do exame a ser feito, apertei minhas bochechas procurando dar cor no rosto, respirei algumas vezes. Quando abri a porta Thomas estava esperando próximo a maca de exames e John em pé onde iria ficar minha cabeça. Me ajeitei sem jeito, colocando o pé sobre o apoio e olhei John que sorrio de forma reconfortante, segurando minha mão e dando um leve aperto na mesma. Senti o aparelho melecado pelo gel, entrar no meio das minhas pernas e logo me ajeitei desconfortavelmente, não queria olhar para a tela a frente, diferente de John que não piscava. Sentia Thomas mexer o aparelho dentro de mim, respirei fundo pressionando o lábio e com os olhos marejados, quando ele pigarrou. – Bom Zoey. – Ele disse fazendo uma pausa, logo apertou em um botão e um batimento acelerado, alto emundou o ambiente meus olhos de pânico olharam para a tela toda preta que mostrava um pequeno ponto branco envolto por algo que logo o vi nomear como “saco gestacional. ” A sombra a volta mostrava um corpinho minúsculo e podia jurar que vi dedos, tem dedos dentro de mim. Olhei John que apertava minha mão e com os olhos lacrimejados, franzi a testa e Thomas estava com riso no rosto, porque todos sorriam e eu não conseguia? Quando ele tirou o aparelho e a imagem ficou ali congelada, eu não conseguia encontrar forças para sequer levantar. – Pode ir se trocar e vem aqui para a gente conversar. Apenas afirmei com a cabeça, indo até o banheiro no automático parei de frente com a pia fiquei me olhando no espelho, um choro silencioso e desesperado saiu, coloquei a mão na boca para abafar qualquer som. Passando alguns minutos respirei fundo me recompondo e me troquei, saindo sob o olhar de John e Thomas que escrevia incansavelmente em um bloco. Quando terminou me olhou com seu sorriso largo e eu forjei o melhor que tinha. – Aqui está todos os exames que precisa me trazer com máxima urgência. Entreguei para John a foto do seu ultrassom, bom você está indo para 16º semana.

— Como assim? Em mês isso quer dizer? – Eu estava em alfa.

— Quatro meses. – Thomas disse sorrindo e sendo educado. – Aqui estão as vitaminas que precisa tomar, tem sentido algo fora do normal?

— Ando vomitando muito. – Falei ainda sem acreditar no que estava acontecendo, John nem piscava com seus olhos verdes marejados.

— Então passarei um remédio, os exames ficando pronto. Anoto tudo certinho para começarmos o acompanhamento pré-natal. – Thomas disse se levantando. – Te espero logo então. – Apertei a mão de Thomas e sai sendo guiada e amparada por John, acho que nem conseguiria dirigir se tivesse vindo sozinha. Nem notei para onde ia o carro, quando paramos no semáforo John em silencio me olhava, quando encostou o carro em frente a cafeteria, ele me passou a foto, mas não quis pegar. Apenas comecei a chorar desesperadamente, John me amparou nos seus braços e despenquei no choro. Após minutos do choro desesperado ele segurou meu rosto e me olhou nos olhos sorrindo.

— Deixa eu te ajudar. – Ele disse com o rosto próximo ao meu.

— Como vai me ajudar? – Eu disse com a voz rouca. – Não quero compartilhar isso com Caleb, não mesmo, ele é louco. – Respirei fundo. – Você teve a prova da histeria dele. – O choro foi parando conforme John me amparava em silencio apenas ouvindo meus pensamentos alto. – Como cuidarei de uma criança? Como esconderei isso dele?

— Casando comigo. – John disse me olhando nos olhos e com seus olhos tão marejados quanto o meu, ficamos em silencio nos olhando, eu não conseguia pensar em nada, John selou seus lábios aos meus ternamente e tornamos a nos encarar. – Casa comigo e deixa ser pai desse bebê, ele não precisa saber que é dele. Eu quero isso Zoey, pode ser minha chance, nada acontece por acaso.

— Sua chance? – Eu disse baixo e rouco.

— Sim, não posso ter filhos legítimos. Não contei para ninguém sobre isso, quando eu e minha ex noiva estávamos tentando secretamente fiz o exame e tenho contagem baixa de espermatozoides, então acho que o destino te colocou na minha vida de novo para que eu pudesse ser pai do seu bebê. – Ele falava e eu estava em orbita tentando assimilar tudo que estava acontecendo. – Terminamos porque as tentativas frustradas nos levaram a brigas e desgastamos. Mas isso é perfeito. – John abria um sorriso largo. – Eu gosto de você, e vou amar seu bebê e de quebra você mantem o insano do seu ex longe.

— Você mora em Londres. – Eu disse com a voz chorosa.

— Posso me transferir para cá, tenho negócios pelo mundo Zoey. Posso trabalhar de onde achar que é meu lar. – Ele mordeu o lábio. – Mas seria mais seguro para vocês, se o bebê nascesse lá e Caleb nem ficasse sabendo, só se por infortúnio e não terá como duvidar. – Ele falava e era como se tivesse tudo planejado, pelo menos mais planejamento que eu. Eu apenas afirmei que sim, logo senti lagrimas escorrerem entre meus lábios e de John que se uniam em um beijo terno, John também chorava, mas era nítida sua felicidade.

Após apenas explicar os fatos a Angelina que se mostrava já desconfiada de uma possível gravidez ela com sua lealdade prometeu guardar esse segredo. Seria estranho eu me casando assim com John, então ele tirou mais algumas semanas para ficar em Cambridge, saímos com o pessoal e em um dos jantares do Deuxave com todos meus amigos e Isaac ele deu o anel mais lindo que vi na vida. Um tanto escandaloso. Annabelle se mostrou muito surpresa dado que tinha me dito o quanto Caleb estava sofrendo, mas não deixou de nos parabenizar. Sentia meu estomago embrulhado e não queria que desconfiassem que isso era tudo por conta de uma gravidez. Apesar de que a bebê nasceria com meses que antecedesse o casamento, logo por motivos óbvios as pessoas notariam a diferença de tempo do anuncio da gravidez e do parto. Na semana seguinte, anunciamos o noivado a mídia, John por ser da casa dos Stewart na Inglaterra, fazendo parentesco distante com a família real britânica, era protocolo anunciarmos formalmente ao mundo nosso casamento, que foi visto como grande avanço com a relação do governo americano e os ingleses. Já que meu pai agora concorreria ao senado. Não queria que a vida fosse tão exposta, mas assim teria que ser. Quanto mais segurança em volta, seria melhor. Tinha algum tempo que não cruzava Caleb, o vi me olhando do outro lado de uma loja ao sair, cruzamos nossos olhares brevemente, não conseguia ver ele sem sentir a necessidade de chorar. Faltava poucas semanas para o casamento, queria casar o mais rápido possível e assim viajar para Londres e lá ficar por algum tempo até o bebê nascer. Peyton e Ellie me acompanharam à prova do vestido, era de seda, caído sobre a barriga para disfarçar a pequena pelota que ali se formava. Quando me viram Peyton caiu no choro abraçando Ellie que limpava o rosto na lagrima fluida que caia.

— Está tão linda Zoey. – Peyton falava emocionada. – Só não entendo a pressa em casar.

— John e eu já fomos namorados, não tem necessidade de ficar esperando. Já nos conhecemos bem e nos amamos. – Falei baixo um pouco incomodada.

— Claro. – Disse Ellie observando tudo e com tom de dúvidas.

— Os vestidos de vocês estão na outra sala, se quiserem provar para eu ver. – Eu disse apontando e elas saíram animadas e fiquei me olhando no espelho sozinha, passei a mão na barriga sobre o vestido para ver se marcava, eu não acreditava no que estava prestes a fazer, não acreditava no caos que tudo isso tinha virado, não queria enganar John com falsos sentimentos, eu gostava dele, sempre gostei. Ele é um ótimo amigo, companheiro e será um excelente pai, tenho certeza. Meu peito e meus pensamentos se enchiam de duvidas, fechei os olhos tentando focar meus pensamentos, pensando que quando me casasse era Caleb que queria no final do corredor, era ele que eu queria no nascimento, era ele que eu queria para minha vida. Com os olhos fechados era como se sentisse seu perfume e sua presença. Pressionei os lábios, sentindo um leve sopro na nuca, quando abri os olhos ele estava ali, deslizando seus dedos pela minha pele, até nossas mãos se entrelaçarem. Eu estava em orbita, ele me olhava pelo espelho, vendo meu rosto congelado em susto. Engoli seco voltando em si, pisquei algumas vezes e ele apenas me observava.

— Está tão linda. – Ele sussurrou tentando se aproximar e eu o pedindo para parar.

— Por favor, fique longe de mim. – Eu disse com a voz alterada já pelo choro entalado na garganta.

— Zoey. – Ele disse baixo e nos encaramos. – Não faz isso, não pode se casar com um cara assim, por estar com raiva de mim.

— Raiva de você? – Eu disse com a voz alterada. – Eu tenho magoa por você, mas não raiva. Não te odeio Caleb. – Eu disse pressionando os lábios. – E vou me casar com John, porque nos amamos e é o certo.

— Certo para quem? – Ele questionou dando curtos passos em minha direção.

— Para mim, para ele. – Fizemos silencio. – Agora por favor, saia daqui, não aguento olhar para você sem sentir vontade de chorar.

— Mas eu te amo. – Ele sussurrou.

— Eu lamento por você. – Eu disse com a voz chorosa e logo Peyton entrou com sua roupa para mostrar e o tocou dali vendo a situação que me encontrava. Vi Caleb sair com o semblante triste, meu estomago doía, queria vomitar, queria não sentir a maneira que me sentia. Queria não sentir assim, queria poder ser menos rancorosa e perdoa-lo. Mas não conseguia, ainda não. Fiquei ali por minutos abraçada com Peyton que me amparou vendo meu desespero ao ver Caleb, nos olhamos e respirei fundo.

— Tem certeza que está fazendo o certo? – Ela questionou.

— Eu sei exatamente o que devo fazer. – Eu disse forjando um sorriso e vendo meu reflexo ali no espelho com o rosto inchado do choro, com meu pensamento distante, mas decidido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Me Encontre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.