Antonietta era uma garota peculiar. Os olhos eram escuros como a noite, sua esclerótica também. Ela sempre causou medo onde ia. Na escola era menosprezada em todo momento, até mesmo os professores excluíam-na.

Sua mãe resolveu que ensinaria sua garotinha em casa. Ao seu ver, sempre seria seu pedacinho do paraíso na Terra, sua garota de ouro, sua esperança completa.

O nascimento de Antonietta foi algo milagroso e que tentavam explicar até o presente momento. Sua mãe era estéril desde que se entendia por gente e, ainda assim, carregou e gerou seu pequeno milagre.

Como se não bastasse todas as coisas impossíveis ao redor de seu nascimento. Assim que havia nascido e a primeira vez que abriu os olhos, eis que aparece outra surpresa, só que essa para todos que olhavam era algo absurdo, assombrado. No hospital era conhecida como Apocalipse ou Escuridão.

Tinham medo de lidar com ela. Os mais religiosos então, nem chegavam perto, chamavam-na de Anticristo, aberração, juravam a pequena garota milagrosa em morte. Amaldiçoavam sua existência e sua família.

Antonietta tinha 12 anos quando conheceu o doutor Alex. Ele dizia-se ateu e sentiu-se fascinado com o caso assim que chegou no hospital, jurou com todas as forças que descobriria todos os segredos que cercavam a garota.

Começaria seus testes na mãe: Isabel, pois ela sempre foi considerada estéril e mesmo assim gerou uma criança.

Ao receber o histórico de exames de Isabel, começou a observar cada pequena mudança que ocorria nos exames. Assim que todas as anotações foram feitas com os exames antigos, pediu um novo exame juntamente com uma biópsia do útero, perguntou para Isabel se a mesma concordava e conseguiu todas as assinaturas e permissões.

Biópsia do útero examinada, informação bombástica descoberta, o mesmo tinha se regenerado, havia todos os indícios de que tinha ocorrido uma mudança drástica, o útero estéril, sozinho, havia conseguido se regenerar, gerado uma criança e a cada momento voltava a morrer, estava apodrecendo, sendo exato.

Foi um descobrimento surpreendente, no entanto, Alex ainda não estava satisfeito, queria descobrir os segredos de Antonietta, arrumar explicações completas e lógicas sobre sua peculiaridade.

Exames e mais exames foram efetuados e a cada momento notava-se uma diferença aqui e ali no organismo de Antonietta, sendo totalmente exato, todo seu corpo tinha um avanço no DNA e no RNA. Era tudo o que a medicina vinha tentando criar em laboratório. Cada segredo nunca revelado, cada teste desumano já feito, tudo, simplesmente tudo podia se encontrar no corpo de Antonietta, para Alex, infelizmente não existia uma explicação. Isabel nunca foi exposta a radiação – mais do que o normal, pelo menos. Nunca havia participado de nenhum teste, inclusive, ele tentava juntar todas as peças, mas era impossível se encaixar, existiam testes em todo o globo e tudo ele encontrava em Antonietta, todas as melhorias imaginadas e até mesmo aquelas que eles ainda nem haviam sonhado. Por mais lógico que Alex fosse, não conseguia explicar, não havia como chegar em nenhum resultado exato e foi por isso que Alex começou a dizer uma única coisa quando o assunto era Antonietta:

— Ela é a Revolução!