JULIE

Fico por horas no telefone com a minha família. – Essa é a parte ruim de estar distante, infelizmente não pude comemorar o Natal com eles, mas sinto que estou cumprindo meu destino protegendo a amiga que amo. A irmã que considero.

E é me sentindo em paz e contente que vou até a casa da Clary para comemorar o Natal. – A noite foi agradável e divertida.

Mas não posso deixar de mencionar Nick. – O cara tímido e inteligente que abala minha estrutura – Não consigo entender o porquê ele me deixa tão envergonhada, ou porque faz meu estômago revirar e deixa minhas pernas bambas.

Quando a noite chegou ao fim na casa da Clary, Nick me oferece carona e eu aceito sem pensar duas vezes.

Desde a primeira vez que o vi, quando Clary me apresentou seu futuro – e agora marido. – Nick estava lá, e eu senti uma conexão com ele, como jamais antes havia sentido.

E é pensando em alguns momentos em que ele sorri ajeitando os óculos que sigo a curta viagem de carro ao seu lado.

Vejo ele fazer o caminho até o prédio onde estou morando, mas percebo que Nick parece incomodado. – Ele estaciona o veículo.

— Você tem mesmo que ir agora? – indaga rapidamente quando estou prestes a sair do carro.

— O que? – Sorrio com timidez.

— Pensei que talvez quisesse dar uma volta comigo... – Nick faz o convite e por mais que sua voz pareça firme, seus olhos me encaram com ansiedade.

— Porque não?! – digo sorrindo e ele retribuiu. – A onde estamos? – indago assim que vejo ele estacionar na frente de um prédio alto e antigo.

— Confia em mim? – Nick diz rindo.

— Talvez. – rebato rindo também.

O vejo abaixar perto da fechadura da porta e tirar algo do bolso da calça.

— Vai arrombar a porta?

— É uma das minhas especialidades. – diz em tom de brincadeira. Mas não demora para abrir a porta do local.

Entramos no lugar e só aí percebo onde estou e o quanto aqui é lindo. – Não posso acreditar que Nick me trouxe aqui.

— É a biblioteca de Nova Orlenas. – escuto ele dizer e alguns segundos depois o lugar fica iluminado. – Não posso acender todas as luzes pois pode acabar chamando atenção.

— Tudo bem. – digo observando o local maravilhada.

Cada livro, cada página, cada folha. – Isso é incrível.

— Você gostou? – pergunta me fazendo olhar em sua direção.

— Eu amei! – Não consigo conter o sorriso. – Isso é maravilhoso Nick. – sem pensar muito abraço ele.

Nick parece surpreso mas retribuiu. – Sinto o cheiro dele invadir meus pulmões, e penso o quanto é bom. – Seu abraço é aconchegante e carinhoso.

Assim que desfazemos o abraço sinto meu rosto ficar vermelho de vergonha. – Essa é a primeira vez que faço isso.

— Vamos conhecer esse paraíso? – Ele indaga e eu aceito sem pensar.

Depois de contemplamos tantos livros e Nick me dizer um pouco sobre o que já leu e eu também contar dos livros que já li. – Acabamos sentando entre umas prateleiras. – Pegamos alguns dos nossos livros preferidos e lemos trechos um para o outro.

Até discutimos sobre qual dali seria o melhor e percebo o quanto Nick é teimoso. – Conversamos sobre diversas coisas, me sinto livre ao lado dele, estar com Nick não me deixava pensar em mais nada além do momento com ele.

Encosto minhas costas em uma das prateleiras, me acomodando melhor no chão. – Ele está ao meu lado, um livro no colo e parece concentrado em narrar uma cena de ação.

Contemplo seu rosto. – Os detalhes tão lindos que chamam minha atenção. Sua boca parece chamar a minha silenciosamente. – Mas nunca teria coragem de beija-lo, como minha mente imagina a cada palavra que ele pronuncia.

Assim que Nick termina de falar ele fecha o livro. – Estamos em silêncio, mas é confortável.

— Sua família não mora aqui? – indago.

— Não. Eu não sou de Nova Orleans... – diz. – Essas datas festivas são ruins apenas por isso.

— Estar distante da família, eu sei o quanto é ruim.

— Sim é. Mas aqui também existem pessoas importantes pra mim. – Sinto sua mão tocar a minha. Viro meu rosto em sua direção.

É como se a gravidade me levasse em direção a ele. – Estamos próximos e estou prestes a fechar os olhos quando ouço um barulho.

— O que é isso? – indago me afastando dele.

— Acho que é o segurança... inferno! – Nick se levanta e estende a mão me ajudando a levantar também. – Temos que ir.

Caminhamos rapidamente em direção a porta e faltando apenas uma curta distância o tal segurança nos vê. – Começamos a correr enquanto o homem de meia idade nos xinga e tenta nos acompanhar.

Quando entramos no carro e Nick da partida não contemos o riso. – Toda essa situação, meu Deus!

Ele não demora pra chegar na frente do prédio onde estou morando. – Assim que estaciona o carro faço menção em abrir a porta, mas Nick me impede.

Olho em seus olhos enquanto vejo seu rosto se aproximar do meu. – Não me afasto e nem quero.

— Desde a primeira vez que te vi eu quis fazer isso... – Nick fala sustentando meu olhar.

— O que? – indago sentindo meu coração bater acelerado.

Sua mão toca meu rosto com carinho enquanto o vejo quebrar a distância entre nós. – Seus lábios são macios do jeito que imaginei. – Ele me beija lentamente, Nick pressiona sua boca contra a minha, enquanto nossas línguas se tocam devagar.

Não sei por quanto tempo o primeiro beijo durou. – Pois me perdi completamente naquele momento. – Mas todos os outros beijos que vieram depois foram tão intensos quanto o primeiro.

Esse Natal ficaria marcado pra sempre na minha memória. – Não sei se Nick faz ideia do quanto me fez feliz em apenas uma noite.  – Mas essa noite seria muito especial para mim.

— Tenho que ir... – digo recebendo mais um beijo carinhoso dele.

— Já? – Nick indaga. – Sabe quanto tempo esperei por esse momento? Me deixa aproveitar. – Ele sorri enquanto me olha.

— Tudo bem então... – concordo sentindo meu rosto corar. – Quer subir? Mas você vai dormir no sofá! – Fico ainda mais vermelha.

— Por mim seria maravilhoso dormir no seu sofá. – Nick diz respeitoso e logo depois sorrir.